Buscar

PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO Livro Texto - Unidade II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

44
Unidade II
Unidade II
5 DISTÚRBIOS DA ALIMENTAÇÃO
Os distúrbios alimentares são de extrema importância para o nutricionista e cabe a esse 
profissional lidar com esse problema juntamente com uma equipe multiprofissional. Nesse sentido, 
a psicologia, por exemplo, destaca os pressupostos teóricos da terapia cognitiva e da terapia 
comportamental. A abordagem cognitiva trata do trabalho terapêutico sobre os fatores cognitivos que, 
de alguma forma, estão na origem do distúrbio, enquanto a abordagem comportamental possibilita 
a compreensão dos fatores que mantêm os distúrbios. Cabe destacar que o psicólogo, a partir de sua 
formação teórica, pode fazer uso de outras teorias psicológicas.
Os distúrbios alimentares apresentam algumas características comuns importantes:
• desvio do comportamento alimentar; 
• obsessão pela perfeição do corpo; 
• obsessão pela magreza; 
• distorção da autoimagem;
• preocupação excessiva com o peso; 
• medo patológico de engordar. 
Podemos dizer que os indivíduos que apresentam esses transtornos geralmente estão insatisfeitos 
com o corpo real, então, recorrem a fórmulas milagrosas, como plásticas, regimes inconsequentes e sites 
que estimulam a magreza.
Esses transtornos são considerados uma epidemia mundial que afeta principalmente adolescentes e 
adultos jovens, em especial as mulheres. Esse aumento está relacionado com a valorização, da sociedade 
como um todo, através da mídia, do corpo magro, a chamada cultura da magreza, estabelecendo que o 
aspecto físico parece ser o único aspecto válido de sucesso, felicidade e saúde.
Para Cybelle Weinberg (2016):
No dia a dia da clínica, é comum nos depararmos com os ecos de 
problemáticas alimentares vividas por nossos pacientes no passado, 
frequentemente na adolescência, às vezes também na infância. Muitos 
45
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
relatos revelam sintomas de anorexia ou de bulimia propriamente ditas, 
ou mesmo de outras manifestações sintomáticas ligadas à inibição ou aos 
excessos no campo alimentar. Tais ecos nos trazem informações de uma 
época em que corpo, comportamento e relação com o outro faziam parte de 
uma mesma unidade. Embora superada ao longo da vida, essa sintomática 
deixa suas marcas em uma história de traumatismos precoces. A presença 
desses transtornos e seus efeitos sobre o psiquismo pode ser reconhecida 
na vida do sujeito muitos anos depois, manifestando-se clinicamente de 
diferentes formas (WEINBERG, 2016, p. 7).
Tais transtornos fazem o paciente desenvolver uma relação doentia com a comida, além de 
apresentarem uma obsessão pela forma física levando a uma distorção da autoimagem. 
A seguir alguns dados, apresentados por pesquisadores, que corroboram o problema dos 
distúrbios alimentares.
Segundo Claudino e Borges (2002), Bucaretchi (2003) e Cordás (2007), estima-se que 90% dos 
casos dos distúrbios alimentares sejam desenvolvidos por mulheres, que sofrem de inúmeros prejuízos 
psicológicos e sociais, grupo cujo aumento da morbimortalidade não cessa. Já segundo Oliveira e Hutz 
(2010), os distúrbios são caracterizados pelo medo excessivo de engordar, e as inúmeras causas podem 
estar relacionadas a fatores individuais, familiares e culturais.
Eles também podem ser caracterizados como alterações no comportamento alimentar, que podem 
ser desenvolvidas durante a infância e a adolescência, podendo resultar no emagrecimento ou obesidade 
(APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).
Os distúrbios alimentares são classificados em diversos tipos, que serão apresentados a seguir. 
No entanto, há transtornos alimentares não específicos (Tane). Segundo Mattos (2006), o Tane 
caracteriza-se por: 
• perda de apetite; 
• hiperfagia; 
• ruminação; 
• picamalácia (vontade de comer coisas estranhas);
• vômitos; 
• transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP). 
Com relação ao TCAP, Nunes (2012) o define como um transtorno que acontece, no mínimo, uma vez 
por semana por três meses seguidos. O indivíduo ingere grande quantidade de alimento sem nenhum 
46
Unidade II
controle em um curto período (aproximadamente duas horas). Em seguida, ocorre um sentimento 
de culpa, raiva, vergonha, tristeza, sensação de perda de controle, resultando no arrependimento do 
comportamento tomado.
Diante desse quadro dos distúrbios alimentares, espera-se que os profissionais da área da saúde 
adotem medidas preventivas para o controle do problema, por meio de ações que incentivem mudanças 
efetivas no estilo de vida, nos padrões alimentares e de atividade física, assim como o apoio nas questões 
ambientais, familiares e sociais (PEREZ; ROMANO, 2004; KATZ et al., 2005; FRANÇA et al., 2012).
5.1 Anorexia nervosa
Figura 7 – Representação da anorexia nervosa
A anorexia nervosa normalmente ocorre com as adolescentes entre 14 e 18 anos e envolve componentes 
psicológicos, fisiológicos e sociais. Esses pacientes costumam apresentar os seguintes sintomas:
• Obsessão pela magreza.
• Recusa alimentar que leva à caquexia (grau extremo de enfraquecimento).
• Distúrbio de percepção.
• Amenorreia (interrupção da menstruação).
• Manutenção do peso abaixo do normal.
• Exercícios físicos em excesso.
• Uso de diuréticos, laxantes e emagrecedores.
47
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
• Interesse exagerado por alimentos.
• Comportamentos ritualizados durante a refeição.
• Não assumem a fome.
• Autocrítica demasiada e intolerância.
• Consumo majoritário de produtos magros ou de baixo valor calórico.
• Protelação da maturidade sexual.
• Visão do corpo de forma distorcida, enxergam gordura onde não existe.
Na literatura médica encontramos subtipos de anorexia: a restritiva, com dietas e exercícios; e a 
compulsão periódica purgativa. Suas causas podem ser derivadas de componentes sociais, psicológicos, 
biológicos, familiares e culturais.
Com relação às complicações médicas, destacam-se: desnutrição e desidratação, anemia, hipotensão, 
osteoporose, problemas cardíacos, problemas renais, deterioração do tecido muscular, perda da massa 
óssea, fadiga, fraqueza, tonturas e frio. Seu tratamento consiste em uma intervenção de uma equipe 
multidisciplinar que pode indicar hospitalização, uso de antidepressivos e orientação familiar.
De acordo com Dahlke e Dethlefsen (2000), a anorexia carrega o que denominaram de um “lado 
irônico e outro cômico”. Isso significa que uma pessoa pode recusar-se a comer porque não tem apetite 
e morrer por causa disso, sem nunca ter desenvolvido a sensação de que estava doente. Os autores 
destacam também as dificuldades e esforços de parentes e médicos com esse tipo de paciente:
A recusa peremptória de comer alguma coisa às vezes se transforma no 
comportamento oposto: quando estão sós e pensam que ninguém as 
está observando, elas comem em enormes quantidades. Por conseguinte, 
esvaziam a geladeira durante a noite, consumindo tudo o que encontram. 
Contudo, não desejam reter a alimentação e têm o cuidado de vomitar 
tudo outra vez. Descobrem todos os truques possíveis para iludir as pessoas 
com quem convivem em seu ambiente, no que se refere a seus hábitos 
alimentares. É extremamente difícil chegar a uma conclusão exata sobre o 
que uma pessoa anoréxica de fato come ou não come, sobre quando cede à 
tentação de saciar seu apetite e quando não.
Entretanto, quando comem, esses doentes preferem coisas que mal merecem o nome de alimentos: 
limões, maçãs verdes, saladas ácidas, em outros termos, coisas de baixo valor nutritivo e poucas calorias. 
Além disso, em geral, esses pacientes usam laxantes a fim de eliminar tão depressa quanto possível o 
pouco ou o nada que ingeriram. Também sentem uma grande necessidade de se movimentar. [...]. Outro 
dado que desperta nossa atenção é o evidente altruísmo demonstrado por essas pessoas cujo auge é 
48
Unidade II
alcançado quando se oferecem para cozinhar, e de fato o fazem com bastante cuidado, para as outras 
pessoas. Não se importam de cozinhar para os outros, nem de servi-los ou ficar vendo-os comer, desde 
que não sejamforçadas a tomar parte da refeição. No mais, têm uma grande tendência ao isolamento 
e gostam de ficar a sós. Muitas vezes as pacientes com anorexia nervosa não têm menstruação, e quase 
sempre apresentam problemas e distúrbios nesse setor (DAHLKE; DETHLEFSEN, 2000, p. 139).
Com relação à rejeição de alimentos, os mesmos autores afirmam que a recusa dos anoréxicos em 
relação à comida significa uma negação do corpo e de todas as suas exigências. O ideal exclusivo das 
pessoas determinadas a ficarem magras é algo que ultrapassa o âmbito da alimentação. Além disso, 
o anoréxico não se considera doente e não aceita qualquer medida terapêutica, visto que elas só são 
direcionadas ao corpo do qual querem se livrar. Normalmente, os anoréxicos sentem medo de tudo o 
que é redondo, amorfo, feminino, fecundo, impulsivo e que tenha conotação sexual, assim como da 
proximidade e do calor humanos. Por isso, não participam de refeições em grupo, já que sentar-se à 
mesa em companhia de outros e alimentar-se junto é parte de um ritual primitivo de todas as culturas, 
nas quais imperam a proximidade e o afeto humanos. Para Dahlke e Dethlefsen (2000), é justamente 
essa intimidade que amedronta a pessoa anoréxica.
 Lembrete
A anorexia nervosa ocorre principalmente em mulheres. A justificativa 
dessa incidência tipicamente feminina é devido à mídia, que costuma 
valorizar a magreza em detrimento de qualquer outro tipo de padrão de beleza.
5.2 Bulimia nervosa
Figura 8 – Representação da bulimia nervosa
A bulimia é um distúrbio que acomete principalmente mulheres a partir dos 17 anos de idade. São 
pacientes que vivem em função do corpo e da imagem, que têm horror de engordar e serem gordos, 
mas que não têm determinação de seguir uma dieta. Essas pessoas frequentemente comem de forma 
descontrolada e impõem a si mesmos punições com práticas compensatórias. Elas costumam apresentar 
os seguintes sintomas: 
49
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
• Ingestão de grandes quantidades de alimentos (episódios de hiperfagia).
• Indução de vômitos.
• Prática exagerada de exercícios.
• Medo mórbido de engordar.
• Episódios compulsivos compensatórios (duas vezes por semana durante três meses).
• Uso de laxantes e diuréticos.
• Comer em segredo.
• Ida ao banheiro após as refeições.
• Variação de humor intensa.
• Inchaço anormal em volta dos maxilares.
A bulimia apresenta dois subtipos: purgativo, com vômitos e uso de laxantes; e não purgativo, com 
jejum e exercícios. As complicações médicas mais observadas em pacientes bulímicos são: inflamação 
da garganta, destruição do esmalte dentário e vômitos com sangue.
Podemos destacar como principais causas desse transtorno os fatores biopsicossociais. Em relação 
ao tratamento, é importante que se tenha uma abordagem multidisciplinar aliada à psicofarmacologia 
e à orientação familiar.
5.3 Vigorexia
Figura 9 – Representação da vigorexia
50
Unidade II
Esse distúrbio se caracteriza pela adição ou dependência de exercícios físicos. Mais comum em 
homens, os pacientes costumam apresentar os seguintes sintomas:
• Fanatismo pelo corpo perfeito.
• Utilização de medicamentos não controlados, como anabolizantes.
• Preocupação em ficar forte a todo custo.
• Vergonha do próprio corpo, se veem como magros e fracos.
• Dar valor extremo à imagem.
• Obsessão por alguma parte do corpo em específico.
As consequências desse distúrbio são: insônia; falta de apetite; problemas circulatórios; irritabilidade; 
redução dos níveis de testosterona; desinteresse sexual; fraqueza; cansaço; dificuldade de concentração; 
problemas no fígado; problemas ósseos e articulares; e encurtamento de músculos e tendões.
5.4 Comer compulsivo
Esse distúrbio caracteriza-se por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos (duas 
vezes por semana por seis meses) e geralmente ocorre com mulheres entre 20 a 30 anos de idade. Além 
disso, observam-se os seguintes sintomas:
• Não há métodos compensatórios.
• Falta de controle sobre o ato de comer.
• Sentimento de culpa e vergonha.
• Comer rapidamente.
• Comer até sentir-se cheio.
• Comer mesmo sem estar com fome.
• Comer sozinho por vergonha.
• Sentir repulsa de si mesmo.
• Oscilação de peso.
As complicações médicas mais presentes no comer compulsivo são: obesidade; infarto; pressão alta; 
e aumento de colesterol. Em relação ao tratamento, esse distúrbio requer tratamento multidisciplinar 
aliado à psicofarmacologia.
51
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
Dahlke e Dethlefsen (2000) dissertam sobre esse tipo de gula compulsiva:
[...] é possível substituir a “alimentação espiritual” pela nutrição física, cuja 
incorporação leva apenas a uma expansão física. Se nossa fome de viver não 
é satisfeita através da experiência real, ela se precipita para o corpo onde se 
manifesta como sensação de fome. Essa, porém, é uma sensação que não 
pode ser satisfeita, pois o vazio interior nunca poderá ser preenchido por 
nutrientes físicos. [...] os gulosos, no entanto, vivem seu amor unicamente 
através do corpo, sendo incapazes de lidar com ele no nível da consciência. 
Anseiam por amor, mas, em vez de abrirem os limites de seu ego, abrem 
apenas a boca e comem tudo o que estiver à vista. O resultado se torna 
visível no que costumamos chamar de “a gordura do desgosto”. Os gulosos 
compulsivos estão à procura do amor, da aprovação, da recompensa; todavia, 
infelizmente, num nível inadequado (DAHLKE; DETHLEFSEN, 2000, p. 229).
5.5 Ortorexia
A ortorexia é o diagnóstico de pacientes que são obsessivos por alimentos naturais e têm uma 
preocupação excessiva com o tipo de alimento consumido. Como consequência desse distúrbio temos: 
anemia, carência vitamínica, danos sociais e isolamento e seleção de amizades. 
5.6 Drunkorexia
Nesse distúrbio ocorre uma substituição de refeições por bebidas. Trata-se de uma anorexia 
alcóolica com restrição alimentar. O distúrbio provoca, além das complicações físicas, alterações no 
comportamento da pessoa, como agressividade e problemas de relacionamentos.
5.7 Obesidade
Figura 10 – Representação da obesidade
52
Unidade II
A obesidade é um acúmulo excessivo de gordura associado a problemas de saúde. As principais 
consequências são:
• alteração do patrimônio genético;
• problemas psicológicos, culturais e familiares;
• limitações de movimento;
• degenerações das articulações;
• doença varicosa;
• doenças cardiovasculares;
• apneia;
• hipertensão arterial;
• resistência à insulina e à glicose.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM):
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal 
no indivíduo. Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado mais 
comumente é o do índice de massa corporal (IMC). O IMC é calculado 
dividindo-se o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. É o 
padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que identifica 
o peso normal quando o resultado do cálculo do IMC está entre 18,5 e 24,9. 
Para ser considerado obeso, o IMC deve estar acima de 30. A obesidade 
é fator de risco para uma série de doenças. O obeso tem mais propensão 
a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, 
diabetes tipo 2, entre outras. São muitas as causas da obesidade. O excesso 
de peso pode estar ligado ao patrimônio genético da pessoa, a maus hábitos 
alimentares ou, por exemplo, a disfunções endócrinas (SBEM, 2008).
A obesidade é uma doença crônica motivando vários estudos a respeito desse distúrbio. Incialmente 
é preciso diferenciar em termos numéricos o conceito de sobrepeso e obesidade: considera-se como 
sobrepeso o Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 25 kg/m2 e obesidade ≥ 30 kg/m2.
 A seguir destacaremos algumas pesquisas realizadas sobre o tema. 
Sua etiologia é multifatorial e envolve fatores genéticos, endócrinos, metabólicos, alimentares, 
socioculturais e psicológicos. A doença pode ser considerada como uma epidemia, pois é observada em 
53
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃOvários países independentemente de sua condição socioeconômica (FRANÇA et al., 2012; VERDOLIN et 
al., 2012). 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também considera o problema como uma epidemia, tanto 
que publicou um informe sobre o referido assunto, evidenciando que a quantidade de mulheres afetadas 
em países como Brasil, Estados Unidos, Cuba, Barbados e Jamaica é maior que a dos homens. Assim, 
de acordo com os dados de prevalência, presume-se que a obesidade é um problema de saúde pública 
(OMS, 2018).
De acordo com Lawrence e Kopelman (2004), a obesidade e o sobrepeso podem gerar riscos 
relacionados por causa de outras enfermidades, como diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e, 
ainda, danos psicológicos, como depressão, transtornos alimentares, baixa autoestima, distorção da 
imagem corporal, entre outros.
O diagnóstico da obesidade e do sobrepeso podem ser realizados por medidas como o IMC e a 
circunferência de cintura. O IMC relaciona peso e altura e pode classificar a obesidade em:
• Obesidade grau I: IMC entre 30-34,9 kg/m2.
• Obesidade grau II: IMC entre 35-39,9 kg/m2.
• Obesidade grau III ou mórbida: IMC superior a 40 kg/m2.
O IMC pode ser considerado um excelente dado, indicando de maneira generalizada o excesso de 
gordura, além de ser de baixo custo e de fácil execução. A circunferência da cintura caracteriza melhor 
a obesidade central, sendo definida como ponto de corte ≥ 80 centímetros para o gênero feminino e 
≥ 94 centímetros para o masculino. Entretanto, a OMS sugere o uso dessa medida com cautela, pois 
ainda são necessários estudos que indiquem o ponto de corte ideal para as diferentes populações (OMS, 
1997; IRWIN, 2009; VASQUES et al., 2010).
De acordo com Nunes (2012), apesar de a etiologia da doença ser multifatorial, a maior parte da causa 
da obesidade está relacionada ao comportamento alimentar e aos hábitos alimentares inadequados 
associados aos determinantes demográficos, biológicos, econômicos e sociais, que impõem um padrão 
de beleza. Estima-se que a obesidade relacionada aos fatores ambientais perfaz entre 95% a 98% dos 
casos, restando 2% associados a fatores fisiológicos.
Donato et al. (2004) consideram a obesidade como uma síndrome, e não como uma doença, como 
é definida por outros autores, uma vez que apresenta sinais e sintomas que podem ser provenientes 
de mais de uma causa. De modo geral, consideram também a obesidade como o resultado de um 
desequilíbrio entre a energia utilizada pelo indivíduo e a energia consumida.
O aumento do consumo de alimentos pode estar associado aos fatores cognitivos e emocionais, logo, 
a mudança de comportamento pode ser utilizada como uma ferramenta fundamental para o sucesso do 
tratamento. Essa mudança requer uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde, identificando 
54
Unidade II
as causas da obesidade, apresentando uma educação alimentar e nutricional, inserindo atividades físicas 
além de dar apoio aos familiares do paciente. É importante também o automonitoramento, que consiste 
na observação de sentimentos, pensamentos e atitudes no ato de se alimentar. Assim, a realização 
de práticas de saúde fundamentadas pode ser um incentivo para que ocorra uma mudança real do 
comportamento alimentar pelo indivíduo (ATCKINSON et al., 1992; FOREYT; GOODRICK, 1993; FRANÇA 
et al., 2012).
Para Segal (2002) e Cordás (2007), as pessoas obesas costumam apresentar índices elevados de 
ansiedade e depressão em relação aos demais, ocasionados pelas complicações que o excesso de peso 
traz. Essas complicações podem ser caracterizadas pela desvalorização da autoestima, diminuição da 
sensação de bem-estar, sensação de não se adequar à sociedade, entre outros.
Borges e Jorge (2000) mostraram que pesquisas indicam que aproximadamente 30% dos 
indivíduos obesos apresentam transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), presente em 20% 
a 50% dos obesos que participam de programas de redução de peso. Ainda, no grupo dos Comedores 
Compulsivos Anônimos, em 71% dos casos prevalece essa condição. Já no grupo dos Vigilantes do 
Peso, 16% das mulheres obesas apresentaram o transtorno.
Silva (2015), em um estudo com 100 mulheres obesas, verificou que 19% das pacientes apresentavam 
compulsão alimentar, sendo 23% com obesidade grau I, 14,3% obesidade grau II e 20% obesidade grau III. 
Logo, esse transtorno é considerado como um dos mais presentes na obesidade quando relacionado aos 
fatores ambientais como causa do problema (CORTEZ; ARAÚJO; RIBEIRO, 2011).
Apesar de esse transtorno ter algumas características específicas, ainda não apresenta um 
diagnóstico definido, sendo por esse motivo classificado pelo Manual de Diagnóstico e Estatística das 
Perturbações Mentais como um transtorno alimentar não específico. Contudo, com o objetivo de auxiliar 
a identificação do quadro, a American Psychiatric Association (2003) sugere como critérios de avaliação:
• Recorrência dos episódios do excesso de ingestão alimentar associado à perda ou não de controle.
• Apresentar pelo menos três comportamentos associados à compulsão alimentar, como:
— comer rapidamente;
— comer até sentir-se cheio;
— comer em grandes quantidades mesmo não sentindo fome;
— comer sozinho por vergonha pela quantidade de alimento;
— sentir repulsa, depressão, angústia e culpa após a compulsão alimentar.
• Ocorrer em média dois dias por semana por seis meses consecutivos.
• Não utilização de métodos compensatórios inadequados.
55
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
Assim, o diagnóstico do TCAP fundamenta-se em particularidades que o define. Porém, por ter 
características imprecisas e conflitantes, é um tema que necessita de diretrizes mais específicas para que 
seja feita uma classificação e um diagnóstico mais coerentes (CORTEZ; ARAÚJO; RIBEIRO, 2011).
Em decorrência desse distúrbio, foi criada uma ferramenta a ser utilizada na identificação e 
classificação da gravidade, de indivíduos obesos e portadores de TCAP: é a Escala de Compulsão Alimentar 
Periódica. Trata-se de um questionário com 16 itens e 62 afirmativas, com escala Likert de quatro 
pontos. O paciente responde de acordo com o que melhor representa sua relação com o comportamento 
alimentar. Segundo Borges e Jorge (2000), Borges et al. (2002) e Vitolo, Bortolini e Horta (2006), a 
classificação da gravidade do problema é a seguinte:
• ≤17: não apresenta TCAP.
• Entre 18 e 26: TCAP moderada.
• ≥27: TCAP grave.
O tratamento do TCAP requer orientação nutricional adequada, psicoterapia cognitivo-comportamental, 
uso de inibidores seletivos de recaptação de serotonina, como fluoxetina, fluvoxamina e sertralina, ou o uso 
de sibutramina e topiramato, quando o paciente se encontra em fase inicial (SHAPIRA; GOLDSMITH; 
MCELROY, 2000). 
No entanto, Freitas et al. (2001) afirmam que não há abordagens terapêuticas definidas como 
superiores a outras, logo, o tratamento mais apropriado consiste em associar terapia medicamentosa, 
intervenções psicológicas e nutricionais.
Embora os pacientes com TCAP se apresentem como obesos, observa-se resistência com grande 
frequência em relação aos tratamentos propostos para a obesidade em geral. Assim, segundo Marques 
e Baldessin (2016), nesses casos a aplicação de técnicas psiquiátricas é fundamental, em conjunto com 
as demais medidas terapêuticas, para a efetividade do tratamento.
O tratamento consiste basicamente em reduzir o excesso de peso por meios diversos, uma vez 
que sua causa é multifatorial. A terapia nutricional, a atividade física e a terapia medicamentosa 
são instrumentos muito utilizados, entretanto, a mudança do comportamento frente à alimentação 
também deve fazer parte do tratamento, por meio de estratégias fundamentadas na psicologia e 
na psiquiatria. O tratamento cirúrgico é indicado apenas a pacientes com obesidade de grau III, ou 
de grau II que apresentem outras doenças associadas e/ou após o insucesso do tratamento clínico 
(CARVALHO-FERREIRA et al., 2012).
56
Unidade II
 Saiba mais
Segundo um estudo de2018, o mundo está maior, mais alto, mais gordo 
e difícil de alimentar. Saiba mais sobre o assunto em:
MUNDO está maior, mais alto, mais gordo e difícil de alimentar, diz 
estudo. Uol, São Paulo, 25 nov. 2018. Ciência e Saúde. Disponível em: https://
www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redacao/2018/11/25/populacao-
mundial-esta-cada-vez-maior-mais-alta-e-mais-gorda.htm. Acesso em: 
30 mar. 2020.
Em relação ao tratamento, é importante que o profissional promova as ações a seguir:
• Não sugerir mudanças de peso: com metas irreais e na eventualidade de não serem conseguidas, 
elas podem causar mais frustração e desistência do processo terapêutico.
• Não controlar a vida do paciente: evitar fazer o paciente sentir que determinadas companhias, 
locais ou eventos são proibidos, o que pode incentivar a mentira e/ou omissão e, portanto, a 
quebra de confiança entre os dois.
• Não fazer da comida o foco da conversa.
• Não comentar sobre sua aparência: com exceção de pequenos apontamentos que valorizem o seu 
esforço, quando for abordado pelo próprio paciente, por exemplo: “Já visto menos um número!”.
• Não falar com os outros médicos sem o conhecimento do paciente: sem confiança não é possível 
manter a relação terapêutica.
• Não fazer promessas que não se tem certeza de que podem ser cumpridas.
Para Kotaka (2011), na consulta, o paciente espera auxílio para manter uma relação saudável com 
a alimentação, sem fugir dos hábitos familiares e de outras necessidades nutricionais, das porções 
necessárias e dos exercícios adequados, espera um plano alimentar individual. O nutricionista deve 
encorajar o paciente a mudar o comportamento alimentar, passando informações sobre os valores 
nutricionais dos alimentos e mostrando a importância de fazer escolhas alimentares, a fim de estabelecer 
progressivamente um comportamento alimentar saudável.
Segundo a American Dietetic Association (2006), o nutricionista deve realizar uma anamnese 
detalhada para coletar os hábitos do paciente e o histórico da doença. O profissional deve estar atento às 
crenças nutricionais e sua relação com os alimentos, que pode ser dividida em duas fases: a educacional 
e a experimental.
57
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
Na primeira fase, o nutricionista realiza a educação nutricional. Esse é o momento diferencial do 
tratamento, ao passo que trabalha para desmistificar mitos e crenças que são um problema para o 
paciente. Aqui, ele deve informar ao paciente tanto as informações quanto os conceitos de alimentação 
saudável, tipos, funções e as fontes dos nutrientes, além das consequências da compulsão alimentar. 
Em seguida, vem a fase de aconselhamentos, que tem como objetivo a mudança de comportamentos 
alimentares, ocasião em que há um trabalho mais intenso na relação que o paciente tem com seu corpo.
Por fim, ressaltamos a importância dos profissionais nutricionistas e da equipe multidisciplinar 
de utilizarem estratégias que possam ser efetivas no tratamento dessas doenças associadas ao TCAP. 
Mesmo os profissionais de especialidades diferentes precisam ter coerência no que tange o tratamento 
que vão oferecer ao paciente, pois a diversidade de conhecimento pode contribuir na compreensão da 
doença e sua possível cura.
 Observação
A seleção de alimentos diz respeito às preferências relacionadas ao 
prazer associado ao sabor dos alimentos. Essas atitudes são aprendidas 
na família e envolvem crenças e outros fatores psicológicos e sociais. 
Atualmente, observa-se o aumento do consumo de gorduras e açúcares, 
além da chamada globalização das dietas. Verifica-se também um paradoxo: 
nos países ricos procura-se convencer, por razões de saúde, os cidadãos a 
consumirem mais cereais e fibras vegetais e menos gorduras. Já nos países 
em desenvolvimento, a melhoria do rendimento per capita traduz-se no 
aumento de gorduras e açúcares.
6 O ESTRESSE E AS DEFICIÊNCIAS DE NUTRIÇÃO
6.1 Estresse
O estresse é uma resposta do organismo frente a um perigo que prepara o corpo para fugir ou 
lutar contra uma ameaça. O eustresse é o estresse bom, aquele que permite que o indivíduo atue para 
solucionar problemas e a aceitar desafios. O distresse, ao contrário, é o estresse ruim, em que o indivíduo 
não age, paralisa-se. Ele está presente nos animais com a finalidade de preservação da espécie, por 
exemplo, para fugir de um predador. Atualmente, não precisamos nos defender de predadores, mas há 
muitas outras coisas que disparam o gatilho do estresse: fatores externos, internos, agudos ou crônicos.
Os fatores externos incluem condições físicas adversas, como dor, frio ou calor excessivos, e situações 
psicologicamente estressantes, como más condições de trabalho, problemas de relacionamentos, 
insegurança etc. Os internos também incluem as condições físicas (doenças em geral) e psicológicas.
O estresse agudo é uma reação a uma ameaça imediata, que pode ser qualquer situação 
experimentada como um perigo. Algumas pessoas, por exemplo, têm verdadeiro pavor de viajar de 
avião, e quando o fazem apresentam um estresse passageiro. Na maioria dessas circunstâncias, uma vez 
58
Unidade II
eliminado o fator estressante, a resposta do organismo se inativa e os níveis dos hormônios voltam ao 
normal. Entretanto, a vida moderna frequentemente nos expõe a situações cronicamente estressantes 
e a resposta do organismo ao estresse não é suprimida. Entre os fatores estressantes crônicos estão a 
pressão no trabalho, problemas de relacionamento, solidão, problemas financeiros e insegurança.
O estresse tem um papel vital no desempenho de atividades, como nas competições esportivas, 
nas reuniões importantes ou em situações de perigo, em que ele pode ser um importante aliado, 
proporcionando um aumento da capacidade física, raciocínio, memória e concentração por meio de 
alterações em todo o organismo. No entanto, se o estresse for persistente toda essa estrutura biológica 
pode ser danificada.
Algumas condições podem favorecer o aparecimento dos efeitos negativos sobre o organismo:
• Acúmulo de situações persistentemente estressantes e de difícil controle, como a pressão no 
trabalho ou um relacionamento infeliz.
• Estresse persistente seguido de uma resposta aguda a um evento traumático, como um acidente 
automobilístico.
• Relaxamento ineficiente ou insuficiente.
• Estresse agudo em pessoas com doenças graves.
Estudos sugerem que a incapacidade de se adaptar ao estresse está associada ao início da depressão 
ou ansiedade. A liberação repetida do hormônio de estresse diminui a liberação de serotonina, substância 
importante para a sensação de bem-estar. O estresse diminui a qualidade de vida na medida em que 
reduz os sentimentos de prazer e realização, prejudicando os relacionamentos. Outras consequências 
desse estado são:
• aumento da pressão arterial;
• maior risco de derrame;
• maior susceptibilidade a infecções;
• distúrbios gastrointestinais, como diarreia e constipação;
• desordens alimentares, ganho ou perda excessivos de peso;
• resistência à insulina, que está associada ao diabetes tipo 2 e exacerbação do diabetes;
• dor de cabeça do tipo tensional;
• insônia;
59
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
• diminuição do desejo sexual e impotência temporária nos homens;
• exacerbação da tensão pré-menstrual;
• diminuição da concentração, inibição do aprendizado e redução da memória;
• exacerbação de lesões de pele, por exemplo, a acne.
Antes de tratarmos sobre as estratégias de como diminuir o estresse, algumas considerações devem 
ser feitas. É importante ressaltar que nenhum método isolado é infalível, uma combinação de vários 
fatores é geralmente mais efetiva. Além disso, o que funciona para uma pessoa não necessariamente 
funcionará para todo mundo. O estresse pode ser tanto negativo como positivo, o apropriado e controlado 
melhora o interesse e motiva o indivíduo; a falta dele pode gerar tédio e depressão. Por fim, um médico 
ou psicólogo deve ser procurado quando forem identificadas condições físicas e psicológicasassociadas 
ao estresse, como sintomas cardíacos, dor significativa, ansiedade ou depressão.
Novaes e Knobel (2008) dão a seguinte explicação sobre o assunto:
Foi Hans Selye (1907-1982) quem, na década de 1930, descreveu o que hoje 
conhecemos como síndrome geral de estresse. Selye observava que os 
organismos diferentes apresentavam um mesmo padrão de resposta 
fisiológica como forma de adaptação e estímulos sensoriais ou psicológicos, 
descritos como “fatores estressores”, e que isso, invariavelmente, produzia 
efeitos, possivelmente nocivos, em quase todos os órgãos, tecidos ou 
processos metabólicos (NOVAES; KNOBEL, 2008, p. 231).
A síndrome geral de estresse descrita por Selye (LIPP, 2002) apresenta três estágios:
• Reação de alarme: mudança característica do organismo em resposta ao estímulo. Nessa fase, o 
organismo é exposto à situação de estresse.
• Estágio de resistência: ação do estressor é prolongada, exigindo uma adaptação do organismo. 
No caso de a pessoa conseguir retirar ou eliminar aquilo que provocou o estresse, ou se lograr o 
restabelecimento do equilíbrio, o processo de estresse se encerra. Caso não consiga, ela entrará na 
fase de esgotamento.
• Estágio de esgotamento: ação do estressor é prolongada, exigindo uma adaptação do organismo. 
Nesse momento, reaparecem os sintomas do estágio de alarme. O organismo é atingido no plano 
biológico ou físico e no psicológico ou emocional.
Pesquisadora do estresse, Lipp (2002) identificou uma fase intermediária no trabalho desenvolvido 
por Seley em 1936, a que denominou de quase exaustão. Ela descreve as fases do estresse da 
seguinte maneira:
60
Unidade II
• Fase de alerta: considerada a fase positiva do estresse. O ser humano energiza-se por meio 
da produção de adrenalina, a sobrevivência é preservada e uma sensação de plenitude é 
frequentemente alcançada.
• Fase de resistência: a pessoa automaticamente tenta lidar com seus estressores para manter a 
homeostase interna. Se os fatores estressantes persistirem em frequência e intensidade, há uma 
quebra na resistência e ela passa à fase de quase exaustão.
• Fase de quase exaustão: o processo de adoecimento se inicia e os órgãos que possuírem maior 
vulnerabilidade genética ou adquirida passam a mostrar sinais de deterioração. Caso não haja 
alívio para o estresse pela remoção dos estressores ou pelo uso de estratégias de enfrentamento, 
ele atinge a fase de exaustão.
• Fase de exaustão: quando doenças graves podem ocorrer nos órgãos mais vulneráveis, como 
enfarte, úlceras e psoríase, entre outras. A depressão passa a fazer parte do quadro de sintomas 
do estresse na fase de quase exaustão e se prolonga na fase de exaustão.
O estresse é algo sério e necessita ser encarado dessa forma. Há casos de pessoas que são acometidas 
por doenças graves e até vítimas de morte súbita, o que pode ter ocorrido pelo fato de ela estar na 
fase de exaustão. Entretanto, muitas vezes a pessoa se queixa e até admite que precisa mudar, mas 
infelizmente acaba deixando que o pior lhe aconteça.
De acordo com Morris e Maisto (2004), o termo “estressor” refere-se a qualquer exigência do ambiente 
que cria um estado de tensão ou ameaça e requer mudança ou adaptação. Muitas situações nos levam a 
mudar nosso comportamento de alguma maneira, mas somente algumas provocam o estresse.
O estresse não está limitado apenas a situações perigosas ou desagradáveis. As coisas boas também 
provocam estresse porque “[...] requerem mudança ou adaptação se o indivíduo quiser ir ao encontro de 
suas necessidades” (MORRIS; MAISTO, 2004, p. 374).
Lazarus (MORRIS; MAISTO, 2004) afirma que não são os acontecimentos dramáticos que fazem 
a diferença, mas os do dia a dia, sejam provocados ou não por acontecimentos maiores. Ambos são 
estressantes porque ocasionam sentimentos de pressão, frustração e conflito, que são definidos como 
se vê a seguir:
• Pressão: ocorre quando a pessoa se sente forçada a acelerar, intensificar ou mudar a direção de 
do comportamento, ou quando se sente compelida a melhorar o desempenho.
• Frustração: ocorre quando uma pessoa é impedida de alcançar um objetivo pelo fato de haver 
alguma coisa ou alguém no caminho.
• Conflito: provavelmente o mais comum, surge quando a pessoa se depara com oportunidades, 
necessidades, objetivos ou demandas incompatíveis.
61
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
Não é possível resolver totalmente um conflito sem abrir mão de alguns objetivos, modificá-los, 
adiar sua busca ou aceitar o fato de que nunca serão alcançados. O que quer que se faça, é inevitável 
sentir frustração e, por consequência, aumentar o nível de estresse nos conflitos.
É importante estar atento não apenas às pessoas a nossa volta, mas a nós mesmos, pois é fato que 
há um nível de exigência cada vez maior em cima de todos. A competitividade e a necessidade de galgar 
níveis cada vez maiores tanto no pessoal como no profissional faz com que a pessoa não perceba que 
está adoecendo, pois não relaciona isso com o seu nível de estresse.
6.2 Burnout
De acordo com Lipp (2002), burnout, além de significar consumir-se em chamas, é considerado um 
estresse ocupacional, caracterizado pelo sentimento profundo de frustração e exaustão com relação ao 
trabalho. Em geral, atividades profissionais que exigem o cuidado para com o outro são mais propensas 
a desenvolver a síndrome em seus profissionais, como ocorre com as pessoas da área da saúde e 
professores.
A pessoa com burnout gradativamente passa a ter sentimentos de desânimo com relação ao seu 
trabalho, que aos poucos vai tomando conta de todas as áreas de sua vida. Inicialmente como uma 
sensação de inquietação, tira a disposição dela para o que até então era motivo de alegria. Lipp (2002) 
explica que:
O burnout se instala muitas vezes a partir de expectativas elevadas e não 
realizadas. Pessoas que trabalham em profissões sociais são frequentemente 
dotadas de grande idealismo, desejam intensamente ajudar os outros, e 
esperam ter um alto grau de liberdade pessoal e autonomia em seu trabalho. 
É importante estar atento para que as expectativas com relação ao outro não 
estejam além da possibilidade do que ele pode desenvolver; caso contrário, 
haverá a frustração para o profissional, e o acúmulo de expectativas acabam 
por gerar o burnout (LIPP, 2002, p. 65).
Vale notar que os sinais de burnout surgem gradativamente, sendo quase imperceptíveis no início. 
De modo acumulativo, levam a pessoa a desenvolver rejeição pelo seu trabalho. Suas fases, conforme 
descritas por Lipp (2002), são as seguintes:
• Idealismo: momento de energia e entusiasmo.
• Realismo: profissional percebe que suas expectativas iniciais são irreais.
• Estagnação e frustração: o entusiasmo e a energia iniciais se transformam em frustração. Há diminuição 
na produtividade e na qualidade do trabalho, acompanhada de sentimento de frustração.
• Apatia e burnout total: sensação de desespero, fracasso, perda da autoestima e da autoconfiança, 
pessimismo e falta de perspectiva.
62
Unidade II
Além de sintomas físicos, o burnout provoca sintomas psíquicos, conforme descreve 
Benevides-Pereira (2002):
• Falta de atenção e concentração: a pessoa demonstra dificuldade de ater-se ao que está fazendo, 
parece estar sempre distante. Por vezes, sua atenção é seletiva, isto é, mostra-se distraída, sem 
interesse, concentrando-se por alguns instantes quando o assunto ou acontecimento tem alguma 
importância pessoal, mas retorna ao estado anterior em seguida.
• Alteração de memória: tanto evocativa como de fixação. Apresenta lapsos de memória; para 
de realizar uma atividade que estava em curso por não saber mais por que a realizava e precisa 
retornar ao local ou ao momento anterior para tentar recordar-se: “O que foi mesmo que vim 
fazer aqui?”.
• Lentificação do pensamento: os processos mentais tornam-se mais lentos, como o tempo de 
resposta do organismo.
• Sentimento de alienação: a pessoa sente-se distante do ambiente e das pessoas que a rodeiam, 
como se nadativesse a ver com ela e as coisas fossem irreais.
• Sentimento de solidão: muitas vezes decorrente da alienação, a pessoa sente-se só e não 
compreendida pelos demais.
• Impaciência: há uma constante pressão no que se refere ao tempo, sempre menor do que gostaria. 
Torna-se intransigente com atrasos e a espera passa a ser insuportável.
• Sentimento de impotência: sensação de que não pode fazer nada para alterar a atual situação, 
pois sente-se vítima de uma conjuntura superior às suas capacidades.
• Labilidade emocional: presença de mudanças bruscas do humor. Em um momento pode estar bem 
e rindo, mas passa a um estado de tristeza ou agressividade em poucos minutos, por vezes sem 
motivo manifesto ou diante de um acontecimento aparentemente insignificante.
• Dificuldade de autoaceitação, baixa autoestima: a imagem idealizada e observada em si mesmo 
encontra-se distante. Sente que a percepção de si e de seus ideais está longe do que vem 
apresentando, traz uma sensação de insuficiência e fracasso, o que provoca uma deterioração de 
sua autoimagem.
• Astenia, desânimo, disforia e depressão: realizar uma atividade, mesmo que de pouca monta, 
é sempre custoso. Suas reações tardam mais que o habitual. Há um decréscimo do estado de 
ânimo, perda do entusiasmo, levando à disforia, que, sem a devida intervenção, pode evoluir 
para uma depressão.
Tão importante quanto o estresse é também o burnout, portanto, é fundamental que o profissional 
esteja atento e evite chegar ao esgotamento extremo, que culminará com os sintomas descritos. 
63
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
Vale lembrar que o estresse é negativo, mas em sua primeira fase encontra-se o aspecto positivo, ou 
seja, a fase de alerta. Já no caso do burnout não há lado positivo.
6.3 Deficiências de nutrição
Originadas do estresse ou geradoras dele, as deficiências de nutrição podem gerar dois tipos de 
disfunção: da tireoide e das suprarrenais.
A tireoide é a glândula responsável pela regularização do metabolismo energético do organismo. Ela 
produz os hormônios T3 (Tri-iodo-tironina) e T4 (tiroxina). As principais consequências da disfunção da 
tireoide são:
• síndromes depressivas e agravamento da depressão;
• humor deprimido (tristeza, desamparamento, desesperança e inutilidade);
• sentimento de culpa;
• ideia de suicídio;
• insônia;
• perda de interesse nas atividades;
• sentimento de incapacidade e fadiga quando inserido em um ambiente de trabalho e de atividades;
• lentidão de ideias e fala;
• dificuldade de concentração;
• atividade motora diminuída;
• agitação;
• ansiedade psíquica;
• sintomas somáticos;
• sintomas genitais (perda da libido e distúrbios menstruais);
• hipocondria;
• perda ou ganho de peso;
• despersonalização;
64
Unidade II
• perda ou noção de realidade;
• sintomas paranoides;
• sintomas obsessivo-compulsivos.
Com relação à disfunção das suprarrenais, a principal consequência é o estresse, o cansaço e a 
desvitalização. Esse quadro provoca uma exaustão adrenal em que as glândulas (córtex adrenal e medula 
adrenal) tornam-se exauridas em consequência de constantes exigências do organismo. A partir disso, 
ocorre uma descompensação emocional com consequências na parte corporal, desencadeando, por 
exemplo, uma gastrite.
A gastrite de origem inflamatória apresenta como característica o ataque à mucosa gástrica. Existem 
dois tipos:
• Aguda: de aparecimento súbito e evolução rápida: associada a medicamentos. São decorrentes 
de infecções (má alimentação ou alimentação carregada) ou estresse físico ou psíquico. As 
principais queixas são: dor e queimação no abdômen, perda de apetite, sangramento digestivo, 
náuseas e vômitos.
• Crônica: presença da bactéria Helicobacter pylori no estômago, redução da produção do ácido 
gástrico e inflamação.
7 DISTÚRBIOS PSICOSSOMÁTICOS
7.1 Sistema digestório
O sistema digestório é responsável por realizar a digestão alimentar, conjunto de processos pelos 
quais os componentes dos alimentos são transformados em substâncias assimiláveis pelas células. 
Ao serem ingeridos, os alimentos passam por cada estrutura que compõe o aparelho digestivo. 
Cada uma delas realiza uma função e qualquer uma pode apresentar mal funcionamento, como, por 
exemplo, em uma doença psicossomática em alguns dos órgãos relacionados ao sistema digestivo.
Responsável pela geração de energia para o crescimento e desenvolvimento do corpo, o sistema 
digestório é diferente do neuroendócrino, que realiza a integração dos órgãos do sistema digestivo 
para seu adequado funcionamento e melhor aproveitamento das substâncias introduzidas para as 
necessidades do corpo.
As funções do sistema digestório são: ingestão de alimentos, digestão, absorção e defecação. 
Os processos digestórios são compostos de seis compartimentos:
• Bucal: local em que se forma o bolo alimentar, composto pela junção do alimento mais a saliva.
• Deglutitório (faríngeo-esofágico): com o fim da mastigação ocorre a deglutição do bolo alimentar, 
que percorre a faringe e chega ao estômago.
65
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
• Estocagem gástrica: ao chegar ao estômago, o bolo alimentar é armazenado sem muitas alterações. 
Porém, pela degradação, a ação da saliva e a secreção gástrica, forma-se o quimo, que caminha 
para o duodeno-intestinal.
• Duodeno-entérico (duodeno-intestinal): ocorrem as transformações digestórias, determinando a total 
degradação dos alimentos e a absorção dos alimentos e dos nutrientes, auxiliados pelas secreções biliar 
pancreática e entérica. Portanto, o duodeno é responsável pelo esvaziamento do estômago e absorção 
dos alimentos e nutrientes pelo corpo e, por isso, é considerado o coração digestório.
• Coprogênico (intestino grosso proximal): recepciona apenas o conteúdo intestinal, ou seja, os 
elementos que não foram absorvidos pelo duodeno, sendo transformados em fezes (compostos 
de 30% dos alimentos não digeridos, 30% de massa bacteriana, 30% de células descamativas 
intestinais e 10% de muco e água).
• Defecatório (intestino grosso distal): as fezes ficam armazenadas até a defecação.
Estudos mostram a existência de simbologias relacionadas ao sistema digestório e fenômenos 
somáticos que acompanham as diferentes emoções ou afetos nessa região, que são agrupadas em duas 
categorias: a angústia, que representa perigo; e a depressão, que representa perda ou mudança.
No intestino delgado ocorre a digestão dos alimentos, por meio de um processo de divisão em seus 
elementos componentes para uma possível assimilação. Tanto no intestino delgado como no cérebro, por 
exemplo, ocorrem modificações importantes nesse processo, enquanto o primeiro digere as impressões 
do nível imaterial, o segundo digere os mais variados elementos materiais. De acordo com Dahlke e 
Dethlefsen (2000):
A função desse órgão é analisar, separar as partes, verificar os detalhes. 
Pessoas que sofrem do intestino delgado, via de regra, tendem a uma 
análise e a uma crítica excessivas dos fatos, encontrando defeitos em tudo. 
O intestino delgado também indica muito bem o medo que temos no sentido 
de nossa sobrevivência (DAHLKE; DETHLEFSEN, 2000, p. 131).
Os autores nos chamam a atenção também para as diferentes simbologias que os órgãos envolvidos 
na digestão assumem:
No caso do intestino grosso, ainda vemos outro importante fator simbólico. 
Assim como o intestino delgado corresponde ao pensamento consciente, 
analítico, o intestino grosso corresponde ao inconsciente, no sentido literal 
“ao submundo”. Simbolicamente, o inconsciente sempre foi considerado o 
reino dos mortos, pois nele são encontrados todos aqueles elementos que 
não podem ser trazidos à vida. Também é onde pode ocorrer a fermentação 
(DAHLKE; DETHLEFSEN, 2000, p. 132).
Não menos importante é o pâncreas, que produz os sucos digestivos vitais. Sua parte endócrina 
contém os grupos de células conhecidas como placas celulares que produzem a insulina, e a redução 
66
Unidade II
de sua produção pode ocasionar a diabetes. Trata-sede um dos maiores órgãos do corpo humano e é o 
elemento central do metabolismo intermediário. Ainda segundo Dahlke e Dethlefsen (2000): 
Distúrbios hepáticos sugerem problemas de avalição e valorização, indicam 
incapacidade de optar pelo que é útil ou inútil (nutrição ou veneno?). Enquanto 
formos capazes de avaliar o que nos serve e o que não nos serve e soubermos 
até que ponto podemos processar e digerir os alimentos, nunca surgirá o 
problema de “cometer excessos” (DAHLKE; DETHLEFSEN, 2000, p. 135).
 Observação
Os sintomas apresentados a seguir podem ser bastante expressivos: 
tendências retentivas se manifestam pela constipação; vômitos são 
a expressão de alguma coisa simbólica que está no estômago, algo 
insuportável; gases com dores abdominais e diarreias funcionais podem ser 
desencadeadas por uma angústia aguda.
Os sintomas comunicam que algo não está bem. Cabe-nos, então, a seguinte pergunta: O que 
devemos fazer para entendermos esses sinais? Dahlke e Dethlefsen (2000) apresentam a solução pelo 
que eles denominam princípio da sombra:
Se num sintoma descobrimos um princípio de que carecemos, isso já deve 
bastar para aprender a amar o sintoma, visto que ele concretiza aquilo que nos 
falta. [...] O sintoma vive o princípio da sombra. Se o aceitarmos, dificilmente 
poderemos ao mesmo tempo combatê-lo. Eis aí a chave. A aceitação do sintoma 
torna-o desnecessário. A resistência provoca uma pressão em sentido contrário. 
O sintoma desaparece muito mais depressa quando o paciente o analisa com 
indiferença. A atitude indiferente mostra que o paciente compreendeu a 
validade do princípio manifestado pelo sintoma e que pode aceitá-lo. Tudo isso 
só pode ser conseguido através da “observação”.
Medidas práticas nunca abordam o tema da “cura”; tanto faz se são ou não 
eficazes. A cura só pode ocorrer na consciência. Fica em aberto a questão 
da honestidade do paciente para consigo mesmo. [...] Esse processo de nos 
insinuarmos nos pontos fracos das pessoas (aqueles para os quais elas 
estão cegas) é o que hoje em dia se descreve como psicoterapia (DAHLKE; 
DETHLEFSEN, 2000, p. 251).
Alguns estudos relacionados à psicologia e à nutrição explicam que os alimentos têm um simbolismo, 
e todas as etapas envolvidas nesse processo de alimentar-se carregam uma razão que extrapola o 
aspecto físico. Destacaremos a seguir algumas considerações a esse respeito. 
De acordo com Dahlke e Dethlefsen (2000, p. 121): “Comer é a satisfação do desejo através da 
integração, através da ingestão e da satisfação”. Os autores destacam o quanto o estado emocional de 
67
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
uma pessoa pode determinar o tipo e a quantidade de alimentos consumidos como, por exemplo, pessoas 
insatisfeitas emocionalmente podem ingerir exageradamente alimentos doces. Eles destacam também 
que dependendo dos traços de personalidade, as pessoas adotam determinadas escolhas de alimentos:
Homens de moral conservadora dão preferência a alimentos em conserva, 
especificamente produtos defumados, além de apreciarem chás fortes 
que tomam sem açúcar (em geral alimentos ricos em tanino). Pessoas que 
preferem comidas bem temperadas, até apimentadas, mostram que estão 
em busca de novos estímulos e impressões. São pessoas que gostam de 
desafios, mesmo quando estes são insuportáveis e de difícil digestão. 
O oposto acontece com os que adotam uma dieta sem sal e sem temperos. 
Essas pessoas se poupam de todas as novas impressões. Lidam medrosamente 
com os desafios do caminho, sentem temor diante de toda confrontação. 
Esse medo pode chegar a ponto de terem de adotar uma dieta líquida, típica 
para os que sofrem do estômago (DAHLKE; DETHLEFSEN, 2000, p. 122).
Existe também uma explicação tanto para o engolir, cujo comportamento está associado a 
integrarmos, aceitarmos ou incorporarmos algo, quanto para náuseas e vômitos. O último caso sinaliza 
que recusamos algo e como resultado surge o mal-estar e a náusea, chegando ao ponto máximo do 
vômito. Livramo-nos das coisas e das impressões que não desejamos, que não queremos assimilar nem 
integrar. Vomitar é uma expressão evidente de resistência e de recusa. Vomitar é não aceitar. 
Fica claro, então, a partir dessa relação entre o aspecto corporal e psicológico, que se algo não está 
bem, o físico pode apresentar determinados distúrbios no sistema digestório.
 Observação
É importante que o nutricionista, juntamente a uma equipe 
multidisciplinar, investigue, primeiramente, se os sintomas apresentados 
pelo cliente são ocasionados por problemas físicos. Após a investigação, se 
for o caso, deve-se relacionar os sintomas a suas causas psicológicas.
O homem adoece quando há um desequilíbrio em sua totalidade e unidade. A doença deve sinalizar 
um caminho para a cura, como apontam Dahlke e Dethlefsen, (2000): 
A cura sempre está associada a uma ampliação de consciência e a um 
amadurecimento pessoal. Se o sintoma apareceu no corpo, porque parte da 
sombra aí se precipitou, a cura é a inversão desse processo, na medida em que 
torna consciente o princípio por trás do sintoma, e assim ele simplesmente 
desaparece do corpo físico (DAHLKE; DETHLEFSEN, 2000, p. 60).
Há também uma qualidade temporal da sintomatologia, pois ela pode detectar informações da 
área problemática. Dessa forma, é preciso estar atento ao ponto exato no tempo em que o sintoma se 
68
Unidade II
manifestou. Por meio da área da psicossomática, é possível verificar que a conscientização dos sintomas 
permite que o indivíduo modifique seu comportamento:
A sequência temporal em que os sintomas aparecem é bastante 
interessante e reveladora. O ponto exato no tempo em que o sintoma 
se manifesta pode nos dar informações importantes sobre a área 
problemática na qual ele se manifesta daquela maneira. Todos os 
acontecimentos sincrônicos que provocam o aparecimento de um 
sintoma formam o contexto sintomático e devem ser levados em conta.
Não se deve considerar unicamente os fatos exteriores, mas sobretudo os 
processos interiores. Que pensamentos, assuntos e divagações ocupavam 
nossa mente quando o sintoma apareceu? Qual era nosso estado de 
ânimo? Acaso recebemos alguma notícia, ou houve alguma mudança em 
nossa vida? O que verificamos com frequência é que justamente aqueles 
acontecimentos que consideramos sem significado e sem importância 
eram de fato os únicos dados significativos. Visto que um sintoma é a 
manifestação de algo que está reprimido, todos os acontecimentos 
relacionados a ele têm seu valor minimizado e são avaliados como algo 
sem importância (DAHLKE; DETHLEFSEN, 2000, p. 75).
 Saiba mais
Conheça mais sobre os distúrbios psicossomáticos em:
DAHLKE, R.; DETHLEFSEN, T. A doença como caminho. São Paulo: 
Cultrix, 2000.
8 DEPRESSÃO E ALTERAÇÕES ALIMENTARES
Figura 11 – Representação da depressão
69
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
Ausência 
Por muito tempo achei que a ausência é falta. 
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, 
Que rio e danço e invento exclamações alegres,
Porque a ausência, essa ausência assimilada, 
Ninguém a rouba mais de mim.
Fonte: Andrade (1984, p. 31).
O poema de Drummond apresenta um dos sintomas muito presente no indivíduo que sofre de 
depressão, que diz respeito a um sentimento de ausência, no sentido de estar só, de se sentir só. De 
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a depressão é a doença do século.
A depressão sempre foi um tema que despertou muita preocupação nos profissionais, pois a baixa 
disposição e o estado de ânimo da pessoa com depressão dificultam o desenvolvimento do trabalho 
com o paciente.
Frequentemente ouvimos as pessoas falarem que estão deprimidas e mais comum ainda é a 
expressão “estou deprê”. Mas será que depressão é tão simples que em um dia se tem e em outro 
não? Não, a depressão é um quadro psíquico sério que se não for adequadamente tratado pode levar 
a pessoaa desenvolver comportamentos que trarão transtornos enormes tanto para si mesma como 
para sua família. A pessoa com depressão, além de ter afetada sua relação com o mundo, apresenta 
certa mudança na postura corporal. Se não houver orientação e tratamento, a motivação para sair do 
episódio depressivo será muito difícil.
A Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID10 (OMS, 2007) coloca a depressão 
como parte dos transtornos de humor (afetivos), sob o código F32 – episódio depressivo. Nos episódios 
típicos de cada um dos três graus de depressão (leve, moderado ou grave), o paciente pode apresentar:
• rebaixamento do humor;
• redução da energia e diminuição da atividade;
• alteração da capacidade de experimentar o prazer;
• perda de interesse e diminuição da capacidade de concentração, associadas à fadiga acentuada, 
mesmo após um esforço mínimo;
• problemas de sono;
• diminuição do apetite;
70
Unidade II
• diminuição da autoestima e da autoconfiança;
• surgimento de ideias de culpabilidade e/ou indignidade, mesmo nas formas leves;
• humor inconstante;
• despertar matinal precoce, várias horas antes do horário habitual;
• lentidão psicomotora acentuada;
• agitação;
• perda de apetite;
• perda de peso;
• perda da libido.
O número e a gravidade dos sintomas permitem três graus de um episódio depressivo – leve, moderado 
e grave – e inclui episódios isolados de: depressão psicogênica, depressão reativa e reação depressiva. 
Vamos definir aqui as depressões conforme sua variedade descrita na CID10 (OMS, 2008):
• Episódio depressivo leve: presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados anteriormente. 
O paciente usualmente sofre com a presença desses sintomas, mas normalmente é capaz de 
desempenhar a maior parte das atividades.
• Episódio depressivo moderado: presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente, o 
paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades rotineiras.
• Episódio depressivo grave sem sintoma psicótico: vários dos sintomas são acentuados e 
angustiantes, como a perda da autoestima e ideias de desvalia ou culpa. As ideias e os atos 
suicidas são comuns e observa-se geralmente uma série de sintomas somáticos. Pode ser: agitada, 
maior (episódio único sem sintomas psicóticos) ou maior vital.
• Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos: episódio depressivo correspondente à 
descrição de um episódio depressivo grave (F32.2) acompanhado de alucinações, ideias delirantes, 
lentidão psicomotora ou de estupor de tal gravidade que todas as atividades sociais normais 
se tornam impossíveis. Pode existir risco de morte por suicídio, desidratação ou desnutrição. As 
alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo. 
Há episódios isolados de: depressão maior com sintomas psicóticos, depressão psicótica, psicose 
depressiva; depressão psicogênica e depressão reativa.
• Outros episódios depressivos: depressão atípica, episódios isolados de uma depressão mascarada 
SOE, episódio depressivo não especificado, depressão SOE e transtorno depressivo SOE.
71
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
A depressão pode se manifestar de diversas formas e em todas elas existe certeza de um grande 
sofrimento para a pessoa e para aqueles que a cercam. Seja qual for a característica da depressão, há em 
comum entre todos os tipos o sentimento de inutilidade e a perda da autoestima e da autoconfiança, entre 
outros. Consequentemente, há também a perda do equilíbrio e da disposição para o enfrentamento de 
situações do dia a dia. Morris e Maisto (2004) enumeram os sintomas para o diagnóstico da depressão 
de acordo com DSMIV, que orienta que ao menos cinco dos sintomas a seguir, incluindo pelo menos 
um dos dois primeiros, devem estar presentes:
• Temperamento deprimido: a pessoa se sente triste ou vazia na maior parte do dia ou quase todos 
os dias. Os outros também podem observar esses sintomas.
• Perda de interesse no prazer: a pessoa perde interesse em desempenhar as atividades normais, 
como trabalhar ou ir a eventos sociais. Parece estar simplesmente levando a vida diária, sem obter 
qualquer prazer dela.
• Perda ou ganho significativo de peso: a pessoa ganha ou perde mais de 5% do peso corporal em 
um mês. Perda de interesse em comer ou reclamação de que a comida perdeu o sabor.
• Transtornos de sono: a pessoa tem dificuldades para dormir ou, ao contrário, dorme demais.
• Transtornos nas atividades motoras: os outros observam uma mudança no nível de atividade da 
pessoa, que pode ficar parada ou demonstrar agitação e inquietação incomuns.
• Fadiga: a pessoa se queixa de estar constantemente cansada e sem energia.
• Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva: a pessoa expressa sentimentos como “você ficaria 
melhor sem mim” ou “sou o mal e arruíno tudo para todos que amo”.
• Incapacidade de concentração: a pessoa reclama de falta de memória (“simplesmente não consigo 
me lembrar de mais nada”) ou da incapacidade de concentrar a atenção em tarefas simples, como 
a leitura de um jornal.
• Pensamentos recorrentes de morte: a pessoa fala em cometer suicídio ou expressa o desejo de 
estar morta.
 Lembrete
A depressão geralmente começa na puberdade e persiste até a fase 
adulta. A OMS projeta que em 2020 ela será a doença mais incapacitante 
do planeta.
72
Unidade II
Daniel Delouya (2001) conceitua a depressão da seguinte forma:
A depressão, assim como a dor e a angústia, denota um estado afetivo, 
porém privado – ou que, talvez, prive o sujeito – das qualidades e figuras 
singulares que animam e dotam o afeto de sua especificidade. Trata-se, 
então, de uma patologia? Sim, se entendermos essa palavra não como 
termo médico, de doença, mas como atributo da impossibilidade, por mais 
passageira que seja, de exercer ou possuir algo que é fundamental para o 
viver humano (DELOUYA, 2001, p. 9).
Já de acordo com Maria Salete Lopes Legname de Paulo (2005):
Muitos estudos têm sido realizados para analisar os problemas relacionados 
à depressão. Apesar do progresso alcançado pelos pesquisadores, o aumento 
dos transtornos depressivos entre a população geral continua preocupando 
profissionais de saúde das diversas áreas, em busca de alternativas e soluções 
adequadas (PAULO, 2005, p. 27).
 Observação
Há opiniões controversas a respeito do estudo da depressão na área 
da psicanálise. No entanto, os que acreditam que Freud interessou-se pelo 
assunto destacam que isso ocorreu porque ele sofria dessa doença.
Podemos observar que a depressão causa vários sintomas que variam conforme o indivíduo e 
sua história de vida. Geralmente, começa com sentimento comum de tristeza que vai se agravando. 
Diferentemente de uma pessoa que normalmente recupera a esperança e a energia após situações 
conflituosas, na pessoa deprimida, a disposição para reagir está limitada e o quadro avança interferindo 
negativamente em diversas esferas. Todos esses fatores causam um desequilíbrio psicológico, o que 
leva a pessoa depressiva a reagir de forma pessimista, desqualificando-se e apresentando angústia, 
desespero, raiva e medo.
Zimerman (1999) apresentou uma sistematização dos principais tipos de depressão de acordo com 
a fundamentação psicanalítica. Assim, resumidamente, na depressão narcisista está presente um alto 
grau de ideal de ego e, consequentemente, muita exigência interna, a qual dificilmente o indivíduo 
consegue responder. A decepção torna-se inevitável e a depressão decorre desse fracasso, em que há 
uma permanente comparação com os demais e o sucesso alheio é sentido como uma insuportável 
derrota que fere a sua autoestima.
Há também a depressão por perdas, que decorre da sensação de perda que pode ser real ou fantasiada.
Na depressão por culpas, o indivíduo sente-se continuamente julgado e sujeito a condenações e penas. 
73
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
De acordo com Dahlke e Dethlefsen (2000):
Encontramos na depressão sobretudo um grande número desintomas 
colaterais físicos, como cansaço, distúrbios do sono, falta de apetite, prisão 
de ventre, dores de cabeça, taquicardia, dores na coluna, descontrole 
menstrual nas mulheres e queda do nível corporal da energia. [...] A questão 
que surge de imediato se refere ao que a pessoa deprimida sente, se está 
sendo subjugada ou se está de fato reprimindo alguma coisa. Para responder 
à questão temos de considerar três âmbitos relativos ao assunto:
1. Agressividade: [...] A agressividade reprimida acaba sendo responsável não 
só pela sensação de culpa, mas também pelos inúmeros sintomas colaterais 
que a acompanham, com seus vários tipos de sofrimento.
2. Responsabilidade: à exceção do suicídio, a depressão sempre é, em última 
análise, um modo de evitar responsabilidades. [...] O medo de assumir 
responsabilidades passa para o primeiro plano exatamente quando essas 
pessoas têm de entrar numa nova fase da vida, tornando-se bastante visível, 
por exemplo, na depressão puerperal.
3. Recolhimento – solidão – velhice – morte: [...] A depressão provoca o 
confronto dos pacientes com o polo mortal da vida. As pessoas que 
sofrem de depressão são privadas de tudo o que de fato está vivo, como o 
movimento, a mudança, o companheirismo e a comunicação. Em sua vida, 
e o polo oposto que se manifesta, ou seja, a apatia, a rigidez, a solidão, 
os pensamentos voltados para a morte. Na verdade, embora esse aspecto 
mortal da vida seja sentido com intensidade na depressão, ele nada mais 
é do que a própria sombra do paciente. Nesse caso, o conflito está no fato 
de a pessoa deprimida ter tanto medo de viver como de morrer (DAHLKE; 
DETHLEFSEN, 2000, p. 221).
 Saiba mais
Conheça mais sobre a evolução dos estudos da depressão em:
DELOUYA, D. Depressão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. (Coleção 
Clínica Psicanalítica).
Portanto, a depressão provoca instabilidade emocional e dificuldade para aqueles que convivem 
com ela. Nos primeiros sinais dessa doença é importante buscar ajuda, pois somente um profissional 
especializado pode diagnosticá-la e fazer o acompanhamento medicamentoso. No entanto, é comum 
a pessoa recusar ajuda e principalmente o tratamento, alegando que está bem e que não gosta de 
tomar remédio.
74
Unidade II
Como profissional da área da saúde, é importante o diálogo com o paciente e a comunicação 
também com a família, pois ela deve ser o apoio no dia a dia do paciente. A pessoa que apresenta as 
características descritas no quadro de depressão simples, se não tratada gradativamente, pode evoluir 
para o moderado e, finalmente, para o episódio grave com risco de suicídio. Quanto mais demorado for 
o diagnóstico e o tratamento, mais difícil será o tratamento.
Além do acompanhamento com o médico psiquiatra, é necessário o trabalho com o psicólogo, 
visto que a pessoa precisa entender o que está acontecendo com ela, aceitar o seu diagnóstico 
e, consequentemente, o tratamento, a fim de buscar o equilíbrio perdido. Assim, como outras 
psicopatologias, a depressão pode acometer todas as pessoas, independentemente do nível 
socioeconômico, cultural ou idade. Isso significa que todos estamos vulneráveis a ela, portanto, estar 
atento aos sinais do paciente e às queixas da família e do próprio paciente são meios de ajudar no 
encaminhamento e na detecção do diagnóstico precoce. 
Quanto ao profissional da área da nutrição, essa é uma questão delicada quando o indivíduo 
apresenta um quadro de depressão. Geralmente, pelas próprias características da doença, a pessoa 
tende a não acreditar que é possível melhorar. Não se deve esquecer que são sintomas da depressão a 
perda da autoestima e da autoconfiança, o que é suficiente para levar a pessoa a não acreditar que sua 
melhora é possível ou mesmo que vale a pena o tratamento e/ou a cura.
 Resumo
Os transtornos alimentares geralmente demonstram características 
como: desvio do comportamento alimentar; obsessão pela perfeição do 
corpo; obsessão pela magreza; distorção da autoimagem; preocupação 
excessiva com o peso; e medo patológico de engordar. Entre os diversos 
transtornos, podemos destacar: anorexia nervosa, bulimia nervosa, 
vigorexia, comer compulsivo, ortorexia, drunkorexia e obesidade.
O estresse também pode ocasionar deficiências nutricionais, pois 
trata-se de uma resposta do organismo frente a um perigo, preparando 
o corpo para fugir ou lutar de uma ameaça. Há vários níveis de estresse, 
entre eles: o eustresse, estresse bom, que permite que o indivíduo atue 
para solucionar problemas e aceitar desafios; e o distresse, o estresse ruim, 
em que o indivíduo não age. Originadas do estresse ou geradoras dele, as 
deficiências de nutrição abrangem dois tipos de disfunção: da tireoide e das 
suprarrenais, sendo que ambas devem ser consideradas pelo nutricionista.
A psicossomática estuda a relação existente entre o corpo e a mente, 
explicando que o adoecer é uma resposta do organismo frente a algum 
sentimento “mal digerido” pela pessoa. Muitos estudos determinam que 
a maior parte das doenças é de origem psicossomática. Esses distúrbios 
75
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
podem se manifestar na forma de úlceras, dispepsias, colites, gastrites, 
constipações e diarreias, por exemplo.
Por fim, a depressão e as alterações alimentares decorrentes dessa 
doença provocam instabilidade emocional e dificuldade para aqueles que 
convivem com a pessoa depressiva. Essa doença normalmente começa na 
adolescência e se arrasta pela fase adulta e, se não tratada, pode evoluir 
gradativamente até o estado mais grave, o de risco de morte.
 Exercícios
Questão 1. Leia atentamente as afirmativas a seguir:
I – Anorexia nervosa, bulimia nervosa, vigorexia, comer compulsivo, drunkorexia e obesidade podem 
ser considerados transtornos alimentares.
Porque
II – Transtornos alimentares são desvios do comportamento alimentar causados por um ou mais dos 
seguintes fatores: obsessão pela perfeição do corpo; ditadura da magreza; distorção da autoimagem; 
preocupação excessiva com o peso; medo patológico de engordar.
Assinale a alternativa correta e analise a relação proposta entre elas.
A) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras e a II justifica corretamente a I.
B) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica corretamente a I.
C) A afirmativa I é uma proposição verdadeira e a II é falsa.
D) A afirmativa I é uma proposição falsa e a II é verdadeira.
E) As afirmativas I e II são proposições falsas.
Resposta correta: alternativa A.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: esses quadros clínicos figuram entre os transtornos alimentares.
76
Unidade II
II – Afirmativa correta. 
Justificativa: por conta da estreita relação entre corpo e psiquismo, muitos transtornos alimentares 
são de caráter psicossomático, ou seja, possuem origem psicológica.
Análise da questão
A afirmativa II justifica a I, ou seja, transtornos alimentares tais como anorexia nervosa, bulimia 
nervosa, vigorexia, comer compulsivo, drunkorexia e obesidade são causados por fatores como: obsessão 
pela perfeição do corpo; ditadura da magreza; distorção da autoimagem; preocupação excessiva com o 
peso; e medo patológico de engordar.
Questão 2. Observa-se na atualidade um aumento alarmante da incidência de transtornos 
alimentares caracterizados pelo desenvolvimento de uma relação doentia com a comida. 
Considere as colunas A e B apresentadas a seguir com palavras ou expressões sobre o tema e 
identifique a relação correta entre os elementos:
Quadro 2
A – Transtorno alimentar B – Características 
I - Anorexia nervosa
1. Distúrbio caracterizado por episódios de ingestão 
exagerada e compulsiva de alimentos. Caracteriza-se 
pela falta de controle sobre o ato de comer, 
acompanhado de sentimento de culpa e vergonha. 
Com ele a pessoa pode comer rapidamente, até 
sentir-se cheia ou mesmo sem fome.
II - Bulimia nervosa
2. Distúrbio caracterizado pela adição (ou 
dependência) por exercícios em virtude de umfanatismo pelo corpo. Suas principais características 
são: vergonha do próprio corpo; valor extremo 
atribuído à imagem; e obsessividade relativa à alguma 
parte do corpo.
III - Vigorexia
3. Distúrbio caracterizado pela obsessão por alimentos 
naturais e pela preocupação com o tipo de alimentos 
consumidos.
IV - Comer compulsivo
4. Distúrbio caracterizado pelo exagero no consumo 
de alimentos (hiperfagia) em uma única refeição para 
depois vomitá-la. A pessoa vive em função do corpo e 
da imagem e, embora não queira ser gorda, não tem 
determinação para seguir dietas. Normalmente se 
come de forma descontrolada e são ingeridas grandes 
quantidades de alimentos.
V - Ortorexia 5 Distúrbio caracterizado pelo acúmulo excessivo de gordura.
VI - Drunkorexia
6. Distúrbio caracterizado pela obsessão com a 
magreza. Com ele a pessoa enxerga seu corpo de 
forma distorcida, vendo gordura onde não tem, o que 
muitas vezes a induz a parar de comer.
VII - Obesidade 7. Distúrbio caracterizado pela substituição de refeições por bebidas. 
77
PSICOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
Assinale a alternativa correta.
A) I - 5; II - 3; III - 6; IV - 2; V - 1; VI - 4 e VII - 7.
B) I - 6; II - 5; III - 4; IV - 3; V - 2; VI - 1 e VII - 7.
C) I - 6; II - 4; III - 2; IV - 1; V - 3; VI - 7 e VII - 5.
D) I - 2; II - 4; III - 6; IV - 1; V - 3; VI - 5 e VII - 7.
E) I - 6; II - 4; III - 2; IV - 5; V - 3; VI - 1 e VII - 7.
Resposta correta: alternativa C.
Análise da questão
Somente a alternativa C está correta e todas as demais incorretas.
78
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 4
SKINNER_BOX_DE.PNG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/
Skinner_box_de.png. Acesso em: 30 mar. 2020. Adaptada.
REFERÊNCIAS
Textuais
AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION. Position of the American Dietetic Association: nutritional 
intervention in the treatment of anorexia nervosa, bulimia nervosa and binge eating. Journal of the 
American Dietetic Association, v. 12, p. 2073-2082, 2006.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 
Porto Alegre: Artmed, 2003. 
ANDRADE, C. D. de. Obra poética. v. 4-6. Lisboa: Publicações Europa, 1984. 
APPOLINARIO, J. C.; CLAUDINO, A. M. Transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, 
São Paulo, v. 22, supl. 2, p. 28-31, 2000.
ATCKINSON, R. L. et al. Combination of very-low-modification in the treatment of obesity. American 
Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v. 56, n. 1, 1992.
BENEVIDES-PEREIRA, A. M. T. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. 
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.
BOCK, A. M. B. Psicologia: uma introdução ao estudo da psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
BOCK, A. M. B.; TEIXEIRA, M. de L. T.; FURTADO, O. Psicologia fácil. São Paulo: Saraiva, 2011.
BORGES, M. B. F. Estudo do transtorno da compulsão alimentar periódica em população de obesos e sua 
associação com depressão e alexitimia. Dissertação. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 1998.
BORGES, M. B. F.; JORGE, M. R. Evolução histórica do conceito de compulsão alimentar. Psiquiatria na 
Prática Médica, v. 33, n. 4, p.1138, 2000.
BORGES, M. B. F. et al. Binge eating disorder in Brazilian women on a weight-loss program. Obesity 
Research, v. 10, n. 11, p.1127-1134, 2012.
BUCARETCHI, H. A. Anorexia e bulimia nervosa: uma visão multidisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
79
CAMBRAIA, R. Aspectos psicobiológicos do comportamento alimentar. Revista de Nutrição, Campinas, 
v. 17, n. 2, abr. 2004. 
CARVALHO-FERREIRA, J. P. et al. Interdisciplinary lifestyle therapy improves binge eating symptoms 
and body image dissatisfaction in Brazilian obese adults. Trends Psychiatry Psychother, Porto Alegre, 
v. 34, n. 4, 2012.
CLAUDINO, A. M.; BORGES, M. B. F, Critérios diagnósticos para os transtornos alimentares: conceitos 
em evolução. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 24, supl. 3, p. 7-11, 2002.
CORDÁS, T. A. Imagem corporal nos transtornos alimentares. Revista Psiquiátrica Clínica, n. 31, v. 4, 
p. 154-57, 2007.
CORDÁS, T. A.; CLAUDINO, A. de M. Transtornos alimentares: fundamentos históricos. Revista Brasileira 
de Psiquiatria, v. 24, supl. 3, p. 3-5, 2002.
CORTEZ, C. M.; ARAÚJO, A. A.; RIBEIRO, M. V. Transtorno de compulsão periódico e obesidade. Binge 
eating disorder and obesity. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 40, n. 1, 2011.
DAHLKE, R.; DETHLEFSEN, T. A doença como caminho. São Paulo: Cultrix, 2000.
D’ACRI, G.; LIMA, P.; ORGLER. S. Dicionário de gestalt-terapia: gestaltês. Rio de Janeiro: Summus, 2007.
DE MATOS, A. A. Fundamentos da teoria piagetiana: esboço de um modelo. Revista Ciências Humanas, 
v. 1, n. 1, 2008.
DELOUYA, D. Depressão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. (Coleção Clínica Psicanalítica).
DOLLE, J. M. Para compreender Jean Piaget: uma iniciação à psicologia genética piagetiana. São Paulo: 
Casa do Psicólogo, 1994.
DONATO, A. et al. Obesidade. In: BUSSE, S. R. (org.). Anorexia, bulimia e obesidade. Barueri: Manole, 
2004. p. 329-366.
DUNKER, K. L. L.; FERNANDES, C. P. B.; CARREIRA FILHO, D. Influência do nível socioeconômico 
sobre comportamentos de risco para transtornos alimentares em adolescentes. Jornal Brasileiro de 
Psiquiatria, v. 58, n. 3, p. 156-161, 2009.
EYSENCK, H. J. Personality and individual diferences: a natural science approach. New York: Plenum 
Press, 1985.
FOREYT, J. P.; GOODRICK, G. K. Evidence for success of behavior modification in weight loss and 
control. Annals of Internal Medicine, Filadélfia, v. 119, n. 7, p. 698-701, 1993.
80
FRANÇA, C. L. et al. Contribuições da psicologia e da nutrição para a mudança do comportamento 
alimentar. Estudos de Psicologia, v. 17, n. 2, p. 337-345, 2012.
FREITAS, B. I. et al. Respostas a uma intervenção baseada em ACT de acordo com a severidade da 
compulsão alimentar em mulheres. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 19, 
n. 3, p. 49-62, 2001.
FRUTUOSO, M. A.; GAMBARDELLA, A. M. D. Excesso de peso e insatisfação corporal em adolescentes. 
Revista de Nutrição, v. 18, n. 4, p. 491-497, 2005.
GADE, C. Psicologia do consumidor e da propaganda. São Paulo: EPU, 1998.
GARDNER, H. A nova ciência da mente: uma história da revolução cognitiva. São Paulo: Edusp, 2003.
GIGLIO, E. M. Comportamento do consumidor. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
GINGER, A.; GINGER, S. Gestalt: uma terapia do contato. São Paulo: Summus, 1995.
HERCULANO-HOUZEL, S. Sexo, drogas, rock’n roll & chocolate: o cérebro e os prazeres da vida 
cotidiana. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2003.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde. 
Rio de Janeiro: IBGE, 2013.
IRWIN, M. L. Physical activity interventions for cancer survivors. British Journal of Sports 
Medicine, v. 43, n. 1, p. 32-38, 2009. 
JACQUES, M. da G. C. et al. Psicologia social contemporânea. Petrópolis: Vozes, 1998.
KATZ, S. et al. An interactive course to enhance self-efficacy of family practitioners to treat 
obesity. BMC Medical Education, v. 5, p. 4-11, 2005.
KOTAKA, L. Descobrir motivo de compulsão por comida é vital para emagrecer. Minha Vida, 
2011. Disponível em: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/13370-descobrir-motivo-de-
compulsao-por-comida-e-vital-para-emagrecer. Acesso em: 30 mar. 2020.
KROM, M. As influências que percorrem as gerações. In: KROM, M. Família e mitos, prevenção e 
terapia: resgatando histórias. São Paulo: Summus, 2000. p. 15-24.
LAWRENCE, V. J.; KOPELMAN, P. G. Medical consequences of obesity. Clinical Dermatolology, v. 22, 
p. 296-302, 2004.
LEONARDO, M. Antropologia da alimentação. Revista Antropos, v. 3, dez. 2009.
81
LIMA FILHO, A. O experimento em gestalt-terapia. In: LIMA FILHO, A. Gestalt e sonhos. 2. ed. São 
Paulo: Summus, 2002. 
LIMEIRA, T. M. V. Comportamento do consumidor. São Paulo: Saraiva, 2008.
LINDZEY, G.; HALL, C. S.; THOMPSON, R. F. Motivação: teorias da personalidade. São Paulo: Editora 
Pedagógica e Universitária,

Outros materiais