Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profa. MSc. Sandra Moretto UNIDADE I Estudos Disciplinares Perspectiva global das contaminações químicas dos alimentos e medicamentos I O que são contaminantes em alimentos? São substâncias que têm potencial para causar danos à saúde. Essas substâncias, de natureza inorgânica ou orgânica, não são adicionadas, intencionalmente, aos alimentos. Elas podem estar presentes em várias fontes alimentares como resultado da produção, da fabricação, do processamento, da preparação, do tratamento, da embalagem, do transporte ou do armazenamento de alimentos ou rações, ou também por causa da contaminação ambiental. Contaminação em alimentos Um alimento não pode configurar-se em um meio de transmissão de doenças ou um instrumento para causar danos a quem o consumir. Medidas de controle preventivo devem ser observadas em todo o processo produtivo a fim de evitar que um alimento se transforme em um meio de disseminação de doenças ou danos ao consumidor. Boas práticas de fabricação, além de normas internacionais. Contaminação em alimentos Se provenientes do próprio processamento: Exemplo: durante a torrefação do café. O café tem sido alvo de pesquisa com relação à OTA (ocratoxina), uma vez que essa micotoxina é potencialmente carcinogênica, podendo causar danos irreversíveis nos homens. Ou ambientais: são impurezas que ocorrem naturalmente no ambiente ou que são introduzidas pela ação humana. Exemplo: a contaminação ambiental pode acontecer por meio da absorção pelos vegetais e pelos pescados de substâncias contaminantes presentes no solo ou na água. Contaminação em alimentos Os prejuízos à saúde dos consumidores dependem: a) da toxicidade dos contaminantes; b) da quantidade ingerida; c) das características do indivíduo, como o peso corporal. Para proteger a saúde da população, é preciso conhecer o nível em que esses contaminantes ocorrem e mantê-los dentro de limites que sejam aceitáveis. Contaminação em alimentos Os contaminantes alimentares são classificados em biológicos, químicos e físicos. a) Contaminantes físicos: vidros, metais, madeira ou qualquer tipo de material palpável ou objeto que possa causar dano ao consumidor. b) Contaminantes químicos: Contaminantes inorgânicos tóxicos (metálicos por exemplo). Anabolizantes, antibióticos, herbicidas, pesticidas, aditivos e coadjuvantes alimentares tóxicos, tintas, lubrificantes, desinfetantes e produtos químicos de limpeza, desinfetantes etc. c) Contaminantes biológicos: bactérias, vírus, parasitos patogênicos e protozoários. Contaminação em alimentos São aqueles contaminantes de natureza física, representados por objetos ou matérias estranhas que são capazes de injuriar fisicamente um consumidor. Os contaminantes físicos, bem como os biológicos, são capazes de contaminar os alimentos em qualquer etapa de sua produção. É importante se ter em mente que qualquer substância estranha pode se constituir em um perigo à saúde se for capaz de produzir dano ao consumidor. Isso é de fundamental importância para os alimentos produzidos para crianças, quando pequenos pedaços de papel, provenientes dos envoltórios da embalagem, podem significar risco de vida. a) Contaminantes físicos São introduzidos nos alimentos a partir das matérias-primas durante o processo produtivo e de embalagem. Prevenção a) Adequada manutenção preventiva dos equipamentos, considerando corrosões, pintura danificada, partes soltas ou frouxas a fim de evitar sua queda nos produtos. Obs.: uma prática que se verifica com certa frequência e que deve ser evitada é o uso de grampeadores (grampos metálicos) para fechamento das embalagens. Metais Bastante perigosos, pois podem causar cortes na boca dos consumidores e, se engolidos, causam sérias consequências. O vidro pode estar presente nas matérias-primas, como um contaminante proveniente de um ponto de produção ou a partir da embalagem delas ou, por exemplo, quedas acidentais nas luminárias das áreas de produção e expositores de alimentos. Vidros Fragmentos de madeira podem constituir um perigo ao consumidor, sendo causa de corte na língua e na garganta e até perfurações. Prevenção Evitar a entrada de caixas e pallets de madeira em áreas de produção de alimentos, bem como evitar o uso de utensílios de madeira, tais como colheres de pau, rolos de massa, tábuas de corte e palitos nas preparações culinárias. No caso de pedras, matérias-primas de origem vegetal comumente são contaminadas por pedras, principalmente o feijão, podendo ocasionar danos ao consumidor. Prevenção: seleção adequada de fornecedores e matérias- primas. Madeiras e pedras Fragmentos de plástico, rígido ou flexível, liberados por utensílios ou superfícies de trabalho podem ser perigosos aos consumidores. O treinamento de funcionários para o uso adequado de utensílios e a substituição desses quando danificados são medidas de controle para evitar esse tipo de contaminante nos alimentos. Cabelo: o principal dano físico ocasionado por um fio de cabelo no alimento é emocional, já que são carreadores de micro-organismos patogênicos aos alimentos. Plásticos e cabelo BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE DO COLABORADOR! Além de todo potencial patogênico, podem ser vetores de contaminação química por intermédio das iscas tóxicas utilizadas para seu controle. São também considerados perigos físicos que podem ocasionar danos emocionais. Prevenção: como medida preventiva à sua ocorrência em locais de produção ou manipulação de alimentos é a manutenção de um programa eficaz de controle e combate às pragas. Pragas (insetos) São considerados contaminantes químicos em alimentos: a) As micotoxinas são compostos tóxicos produzidos por diferentes fungos, principalmente os do gênero Aspergillus, Penicillium e Fusarium por alimentos contaminados ou plantações contaminadas (principalmente cereais). b) Elementos como arsênio, cádmio, chumbo e mercúrio são alguns dos metais presentes naturalmente no solo, na água e na atmosfera. c) Os príons, agentes proteicos infecciosos, associados diretamente com doenças neurodegenerativas, podem ser transmitidos pelo consumo de produtos bovinos contendo materiais de risco, como tecido cerebral. d) Os parasitas, como tênias (Echinococcus spp ou Taenia solium), podem infectar pessoas por alimentos ou contato direto com animais. e) O vírus da hepatite A pode causar doenças de fígado de longa duração e se espalha, tipicamente, por frutos do mar crus ou mal cozidos. Interatividade Resposta São considerados contaminantes químicos em alimentos: a) As micotoxinas são compostos tóxicos produzidos por diferentes fungos, principalmente os do gênero Aspergillus, Penicillium e Fusarium por alimentos contaminados ou plantações contaminadas (principalmente cereais). b) Elementos como arsênio, cádmio, chumbo e mercúrio são alguns dos metais presentes naturalmente no solo, na água e na atmosfera. c) Os príons, agentes proteicos infecciosos, associados diretamente com doenças neurodegenerativas, podem ser transmitidos pelo consumo de produtos bovinos contendo materiais de risco, como tecido cerebral. d) Os parasitas, como tênias (Echinococcus spp ou Taenia solium), podem infectar pessoas por alimentos ou contato direto com animais. e) O vírus da hepatite A pode causar doenças de fígado de longa duração e se espalha, tipicamente, por frutos do mar crus ou mal cozidos. Existe hoje uma preocupação mundial com o estabelecimento de limites que precisam ser respeitados em relação à presença de substâncias indesejáveis em alimentos, principalmente os estabelecidos pelo Codex Alimentarius, que é o organismo internacional que estabelece normas utilizadas na regulamentação do comércio de alimentos. No Brasil, a Anvisa regulamenta e controla. b) Contaminação química Compostos potencialmente tóxicosnos alimentos constituem um problema de saúde pública global. A área de Toxicologia Regulatória atua para estabelecer níveis seguros. Compostos químicos chegam nos alimentos de diferentes fontes: Aditivos alimentares, resíduos de fármacos veterinários, contaminantes, agentes tóxicos naturais ou provenientes de adulteração intencional. Contaminantes químicos É necessário o conhecimento da real incidência desses resíduos nos alimentos consumidos para avaliar riscos que suas presenças podem trazer à saúde dos consumidores. Uma vez que se conhece a quantidade de resíduos de medicamentos veterinários a que estamos expostos, podemos compará-la com os limites toxicológicos tolerados e avaliar os riscos. Esse conhecimento permite que medidas relativas à vigilância sanitária sejam tomadas, quando necessário, auxiliando o governo a estabelecer políticas de segurança pública alimentar. Contaminantes em alimentos relacionados a resíduos de medicamentos veterinários Os medicamentos veterinários constituem um dos temas que dominam a agenda tanto do Ministério da Saúde (MS) como do Ministério da Agricultura (Mapa), tanto que cada um deles mantém programas para monitoramento da presença de resíduos de medicamentos veterinários em alimentos e o fazem, respectivamente, por meio da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Plano Nacional de Controle de Resíduos (PNCR). Medicamentos veterinários O acúmulo desses resíduos no corpo pode causar diversas doenças como: câncer, alergias, aborto, deformação em fetos, entre outras doenças. Em doses altas pode causar intoxicação aguda, envenenamento ou morte. Os principais perigos químicos são: Agrotóxicos são produtos químicos aplicados para combater pragas e agentes de doenças nas lavouras. Alguns agrotóxicos são venenos e podem causar sérios problemas à saúde do consumidor se alguns cuidados não forem tomados pelo produtor. Outros contaminantes químicos Alguns fertilizantes podem conter metais pesados como mercúrio, chumbo, cádmio, cromo etc. que podem ser acumulados pelas plantas e atingir níveis perigosos para a saúde das pessoas. Metais pesados também podem ser encontrados no solo e na água. Por isso é preciso saber de onde vem a água e fazer análise para avaliar a qualidade. Também é preciso conhecer bem o histórico de uso da terra da unidade de produção e as atividades na vizinhança. Contaminantes químicos – metais pesados e outros resíduos tóxicos Os requisitos de segurança das embalagens são definidos por regulamentos técnicos da Anvisa harmonizados com o Mercosul (GMC) desde 1992, com listas positivas, ensaios de migração e boas práticas de fabricação. A RDC 91 de 2011 como legislação-mãe com critérios gerais para embalagens e classificação dos materiais em contato com alimentos. Migração de contaminantes das embalagens para o alimento De acordo com a Resolução RDC 91/01, somente podem ser utilizadas na fabricação de embalagens para alimentos substâncias presentes nas listas positivas presentes em regulamentos específicos. Para uma substância ser adicionada em uma lista positiva, sua segurança tem que ter sido demonstrada por meio de estudos toxicológicos e as restrições de uso são estabelecidas com base no potencial de migração e na estimativa do risco de exposição do consumidor à ingestão da substância. Migração de contaminantes das embalagens para o alimento As embalagens para alimentos devem cumprir com o limite de migração total estabelecido (< 50 mg/kg) e com os limites de migração específica estabelecidos para certos componentes. O potencial de migração depende das composições química e estrutural do material, processo de fabricação, concentração do componente migrante, entre outros fatores. Ensaios de migração Possuem importante papel na manutenção da estabilidade farmacêutica, uma vez que os componentes da embalagem podem interagir com o produto farmacêutico promovendo a sua instabilidade. Durante o desenvolvimento de um produto é essencial a escolha de um recipiente de acondicionamento compatível com a substância ativa e/ou excipientes e adequado à forma farmacêutica. Por esses motivos, os estudos de estabilidade de fármacos e medicamentos devem ser conduzidos com o produto acondicionado na embalagem proposta para comercialização. As embalagens utilizadas para o acondicionamento de produtos farmacêuticos Recipientes plásticos Os plásticos podem conter resíduos do processo de polimerização, plastificantes, estabilizadores, antioxidantes, pigmentos e lubrificantes. Os fatores como a composição do plástico, processamento e procedimentos de limpeza, tratamento de superfície, meios de contato, corantes, adesivos, absorção e permeabilidade de conservantes e condições do armazenamento, também podem afetar a adequação de um plástico para um uso específico. Os testes de extraíveis são planejados para caracterizar os componentes extraídos e identificar os possíveis migrantes. Embalagens para medicamentos Entre os problemas encontrados com o uso de plásticos nos acondicionamentos estão: A permeabilidade dos recipientes aos gases atmosféricos e ao vapor úmido. A lixiviação dos constituintes do recipiente para o conteúdo. A alteração do recipiente durante o período de estocagem. Plásticos Tampas Fonte: Farmacopeia, 6. ed, V. 1. Tabela 1 – exigências dos testes das tampas e as responsabilidades do fornecedor. Tipos de tampas (como fornecidos ou usados) Testes físico-químicos Testes de funcionalidade Testes biológicos Tampas com ou sem revestimento de silicone Os testes devem ser realizados O uso do silicone é opcional Responsabilidade: fornecedor e usuário final Os testes devem ser realizados O uso do silicone é opcional Responsabilidade: fornecedor e usuário final Os testes devem ser realizados O uso do silicone é opcional Responsabilidade: fornecedor e usuário final Tampas com revestimentos lubrificantes (materiais não oclusivos, são silicone) Os testes devem ser realizados em tampas revestidas Responsabilidade: fornecedor e usuário final Os testes devem ser realizados em tampas revestidas Responsabilidade: fornecedor e usuário final Os testes devem ser realizados em tampas revestidas Responsabilidade: Fornecedor e usuário final Tampas com revestimentos oclusivos Os testes devem ser realizados em tampas revestidas Responsabilidade: fornecedor e usuário final E: Os testes devem ser realizados em tampas não revestidas (fórmula base) Responsabilidade: fornecedor Os testes devem ser realizados em tampas revestidas Responsabilidade: fornecedor e usuário final Os testes devem ser realizados em tampas revestidas OU: Os testes devem ser realizados em tampas não revestidas (formula base) e material laminada/ revestida (reportar os resultados separadamente) Responsabilidade: fornecedor e usuário final. O alumínio é utilizado em forma flexível em envelopes e blisters. Apresenta resistência térmica, barreira à luz, a gases e à umidade; entretanto folhas muito finas apresentam microfuros que permitem trocas gasosas entre o interior e o exterior da embalagem. O alumínio, sendo um material menos resistente, é protegido por algum tipo de revestimento, quando esse revestimento é aplicado internamente, permite a termossoldagem da folha de alumínio, para essa finalidade são utilizados vernizes e filmes plásticos. Alumínio Entre os problemas encontrados com o uso de plásticos nos acondicionamentos de medicamentos, podemos considerar todos, exceto: a) A permeabilidade dos recipientes aos gases atmosféricos e ao vapor úmido. b) A lixiviação dos constituintes do recipiente para o conteúdo. c) Adsorção dos fármacos para o recipiente, a passagem da luz pelo recipiente. d) A alteração do recipiente durante o período de estocagem. e) Falta de reconhecimento por parte da Anvisa desse tipode recipiente para acondicionar medicamentos. Interatividade Resposta Entre os problemas encontrados com o uso de plásticos nos acondicionamentos de medicamentos, podemos considerar todos, exceto: a) A permeabilidade dos recipientes aos gases atmosféricos e ao vapor úmido. b) A lixiviação dos constituintes do recipiente para o conteúdo. c) Adsorção dos fármacos para o recipiente, a passagem da luz pelo recipiente. d) A alteração do recipiente durante o período de estocagem. e) Falta de reconhecimento por parte da Anvisa desse tipo de recipiente para acondicionar medicamentos. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável pelo processo de registro de aditivos, pesticidas e drogas veterinárias e pela condução de avaliação do risco da exposição humana a essas substâncias e a contaminantes em alimentos. A avaliação de risco é um processo com base científica, o gerenciamento do risco envolve tomada de decisões pelas agências reguladoras que levam em consideração, além de informações técnicas relevantes relacionadas ao dano à saúde e ao risco, fatores políticos, sociais e econômicos. Avaliação de risco A troca de informações sobre o risco entre avaliadores, gerenciadores, mídia, grupos de interesse e público em geral se dá no âmbito da comunicação de risco. A avaliação, o gerenciamento e a comunicação do risco são processos que interagem entre si, sendo partes de um processo maior, a análise do risco. Avaliação de risco Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422009000700036 Análise do risco Avaliação do risco Gerenciamento do risco Comunicação do risco Caracterização do risco Avaliação da exposição Relação dose/resposta Identificação do dano/perigo O Codex Alimentarius, criado em 1963, é um fórum internacional de normalização do comércio de alimentos e segurança alimentar. O Codex define a análise de risco como sendo constituída pela avaliação, pela supervisão e pela comunicação do risco. Esse risco deve ser caracterizado pelos comitês científicos, a curto e também a longo prazo (acúmulo). Avaliação de risco Pesticidas organofosforados: embora esses pesticidas se degradem rapidamente em água, existe sempre a possibilidade de permanecerem resíduos e subprodutos, em níveis relativamente nocivos para o consumo humano. Fármacos ativos de uso veterinário; possíveis consequências prejudiciais à saúde humana podem surgir como resultado da exposição aguda e/ou crônica a resíduos de medicamentos veterinários. Micotoxinas são compostos tóxicos produzidos por diferentes fungos, principalmente os dos gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium por meio de alimentos contaminados ou plantações contaminadas (principalmente cereais). Substâncias que se acumulam Identificação do dano/ameaça: É a primeira etapa do processo de avaliação de risco. Faz-se uma revisão inicial de propriedades e características do composto químico capaz de produzir efeitos nocivos sobre a saúde, em função dos prováveis níveis de exposição e então decide se será necessária uma avaliação de risco completa. É fundamental no uso de aditivos, pesticidas e fármacos de uso veterinário. Etapas na avaliação de risco Essas substâncias devem passar por uma avaliação de risco antes de serem liberadas para comercialização. Nesse processo, podem ser utilizadas diferentes fontes de informações, incluindo a relação da estrutura molecular e atividade (Structure-Activity Relationship – SAR), testes in vitro, estudos com animais de laboratório e estudos com seres humanos. Estudos com animais de laboratório são atualmente as principais fontes de informação para identificar e caracterizar o dano ao homem de substâncias químicas presentes em alimentos. Etapas na avaliação de risco Avaliação dose/resposta: Avalia a relação dose-resposta entre a exposição e o aparecimento dos efeitos adversos, sendo utilizada para estabelecer um nível de exposição real ou previsto à substância. Tudo é tóxico e apenas a dose é o que torna algo venenoso. Somente a partir da década de 1990 que a necessidade de se acessar o risco da exposição aguda a substâncias químicas na dieta foi reconhecida internacionalmente, especificamente com relação à exposição a pesticidas. Etapas na avaliação de risco Por esse motivo é necessário determinar qual a dose que não causa efeitos à saúde. Nessa etapa são feitos testes de toxicidade. Avaliação da exposição examina os riscos de exposição reais ou previstos à substância. A Dose de Referência Aguda (Acute Reference Dose – ARfD) indica a quantidade de uma substância presente no alimento e/ou água que pode ser ingerida num período de 24 horas ou menos sem que haja apreciável risco para a saúde do consumidor. Etapas na avaliação de risco A IDA (Ingestão Diária Aceitável) é normalmente definida para aditivos alimentares, drogas veterinárias e pesticidas. A ingestão diária tolerável máxima provisória (Provisional Maximum Tolerable Daily Intake – PMTDI) e a ingestão tolerável semanal provisória (Provisional Tolerable Weekly Intake – PTWI). Para contaminantes, parâmetros de ingestão crônica segura são a PMTDI e a PTWI (para substâncias com potencial de acumulação no organismo). Esses parâmetros representam a quantidade da substância presente no alimento e/ou água que pode ser ingerida diariamente ao longo da vida sem que ocorram efeitos adversos à saúde. Parâmetros de ingestão crônica Utilizada para contaminantes que se acumulam (mercúrio, cádmio). Representa permissão da exposição humana semanal a contaminantes inevitavelmente associados ao consumo de alimentos nutritivos e saudáveis. Ex.: mercúrio inorgânico – ISTP= 4 μg/kg pc (2010). Ingestão tolerável semanal provisória ISTP (Provisional Maximum Tolerable Daily Intake – PMTDI) Tabela 2. Parâmetros de ingestão segura estabelecidos pelo JECFA e JMPR Categoria Substância Parâmetro, µg/kg pc Estabelecida pelo1 Metal pesado Mercúrio (total) Metil mercúrio 5 (PTWI) 3,3 (PTWI) 1,62 (PTWI) JECFA 1978 JECFA 2004 Chumbo 25 (PTWI) JECFA 1999 Pesticida Acefato 0-30 (IDA) 100 (ARfD) JMPR 2005 Mancozeb 0-30 (IDA) JMPR 1993 Droga veterinária Neomicina 0-60 (IDA) JECFA 1998 Eritromicina 0-0,7 (IDA) JECFA 1998 Aditivo Sacarina 0-5000 (IDA) JECFA 1993 Ácido benzoico 0-5000 (IDA) JECFA 1996 Micotoxina Fumonisinas 2 (PMTDI) JECFA 2001 Ocratoxina A 0,1 (PTWI) JECFA 2001 Fonte: https://www.scielo.br/img/revistas/qn/v32n7/html/36t02.htm IDA é a quantidade de uma substância, expressa em mg/kg p.c., que pode ser ingerida diariamente na alimentação, mesmo por toda uma vida, sem dano à saúde humana, com base em informações toxicológicas disponíveis na época da avaliação. Ex.: neotame – IDA = 2 mg/kg pc (2003). Avaliação da exposição Avaliação da exposição é definida como a estimativa qualitativa e/ou quantitativa da ingestão provável de agentes biológicos, químicos ou físicos via alimento, bem como a exposição de outras fontes, se relevante. Para estimar a exposição humana às substâncias químicas presentes nos alimentos são necessários três dados essenciais: A concentração da substância no alimento (mg/kg), o consumo do alimento (kg) e o peso corpóreo (kg) (individual ou da população em estudo). Etapas na avaliação de risco Exposição Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S01 00-40422009000700036 Concentração da substância X consumo do alimento Peso corpóreo Caracterização do risco A caracterização do risco pode ser definida como a estimativa qualitativa ou, sempre que possível, quantitativa, incluindo as incertezas esperadas, da probabilidade de ocorrência de um efeito adverso de um dado agente num dado organismo ou população sob condições definidas de exposição. As metodologias utilizadas para caracterizar o risco variamde acordo com as características toxicológicas da substância, isto é, se a substância necessita de um limiar de dose no organismo para exercer sua ação tóxica (substâncias não genotóxicas) ou não (substâncias carcinogênicas e genotóxicas). Etapas na avaliação de risco O limite máximo de ingestão diária aceitável (IDA) de ácido fosfórico (H3PO4), aditivo em alimentos, é de 4,9 mg/kg de peso corporal. Qual a quantidade em gramas que no máximo uma pessoa com 60 kg pode ingerir ao longo de 10 dias? a) 2940 g. b) 440 g. c) 294 g. d) 4,9 g. e) 4 g. Interatividade Resposta O limite máximo de ingestão diária aceitável (IDA) de ácido fosfórico (H3PO4), aditivo em alimentos, é de 4,9 mg/kg de peso corporal. Qual a quantidade em gramas que no máximo uma pessoa com 60 kg pode ingerir ao longo de 10 dias? a) 2940 g. b) 440 g. c) 294 g. d) 4,9 g. e) 4 g. São utilizados para garantir a estabilidade dos alimentos e constituem um grupo de compostos químicos que já foram testados no que se refere à segurança. Eles ajudam a manter paladar, aspecto e estocagem. Não oferecem risco significativo à saúde, mas podem contribuir para o aparecimento de algumas doenças, como é o caso da pressão alta com o sal. Alguns desses compostos foram banidos ao longo do tempo, como é o caso do ácido bórico. Aditivos alimentares A Food and Drug Administration, agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos que controla e regulamenta a segurança alimentar no país – e que baliza ações de muitas agências reguladoras –, autoriza o uso de mais de 3 mil aditivos alimentares. No Brasil, a Anvisa considera aditivo alimentar “qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais”. Aditivos alimentares RDC n. 272, de 14 de março de 2019. Estabelece os aditivos alimentares autorizados para uso em carnes e produtos cárneos. Aditivos alimentares Fonte: https://www.in.gov.br/web/guest/materia/- /asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/67378977/do1- 2019-03-18-resolucao-da-diretoria-colegiada-rdc-n-272-de- 14-de-marco-de-2019-67378770 8.2.2.1 SALGADOS CRUS: produtos salgados não submetidos a um processo de cozimento. Função INS Nome do aditivo Limite máximo (g/100 g) Notas ACIDULANTE 270 Ácido lático (L-, D- e DL-) Quantum satis - 330 Ácido cítrico Quantum satis - 575 Glucono-delta-lactona Quantum satis - REGULADOR DE ACIDEZ 325 Lactato de sódio 3,5 - 326 Lactato de potássio 3,0 - 327 Lactato de cálcio Quantum satis - 331iii Citrato trissódico, citrato de sódio Quantum satis - 332ii Citrato tripotássico, cintrato de potássio Quantum satis - 333 Cintrato tricálcico, cintrato de cálcio Quantum satis - ANTIOXIDANTE 300 Ácido ascórbico (L-) Quantum satis - 301 Ascorbato de sódio Quantum satis - Principais substâncias adicionadas para melhorar a aparência de alimentos e garantir a saúde ao consumidor. Antioxidantes: Os antioxidantes alimentares BHA (hidroxianisol butilado) e BHT (hidroxitolueno butilado), por exemplo, são apontados como possíveis indutores de urticária e dermatite eczematosa. Esse tipo de substância, usada na conservação de alimentos ricos em gordura e também nos secos, como os cereais, é proibida em alguns países. Tipos de aditivos Conservantes: inibem o aparecimento e a reprodução de micróbios e por isso são adicionados a alimentos para auxiliar na conservação deles. O ácido benzoico, por exemplo, é classificado como um conservante e seu uso está relacionado com sintomas de asma, o que também se refere ao dióxido de enxofre e sulfito de potássio. Corantes: ajudam no aspecto visual do produto. A indústria usa de artifícios para chamar a atenção. Experimentos vêm mostrando a ação cancerígena e tóxica dos corantes, por exemplo, o vermelho escarlate ou corante azoico, que desenvolve adenomas hepáticos e crescimento anormal na pele. Das substâncias químicas utilizadas atualmente como aditivos alimentares, os corantes sintéticos foram considerados os mais genotóxicos, induzindo danos ao DNA. Tipos de aditivos Corantes utilizados no Brasil Fonte: http://insumos.com.br/aditivos_e_ingrediente s/materias/119.pdf Nome Usual Tartrazina Amarelo Crepúsculo Azorrubina Amaranto Ponceau 4R Eritrosina Vermelho 40 Nome Químico Sal tri-sódico 5-hidroxi-1-(4- sulfofenil)-4- [(4-sulfofenil) azo]-pirazole- 3-carboxilato Sal di-sódio 6- hidroxi-5-[(4- sulfofenil) azo]-naftaleno- 2-sulfonato Sal di-sódico 4-hidroxi-3-[(4- sulfo-1-naftil) azo]-naftaleno- 1-sulfonato Sal tri-sódico do ácido 3- hidroxi-4-(4- sulfo-1- naftilazo)- naftaleno-2,7- di-sulfonato Sal tri-sódico 7-hidroxi-8-(4- sulfo-1- baftilazo)- naftaleno-1,3- di-sulfonato Sal di-sódico 2,4,5,7- tetraiodo fluoresceina Sal di-sódico de 1-(2- metoxi-5-metil- 4- sulfofenilazo)- 2-naftol-6- sulfonato Classe Monoazo Monoazo Monoazo Monoazo Monoazo Xanteno Monoazo Fórmula C16H3N4Na3O9 S2 C16H10N2Na2O 7S2 C20H12N2Na2O 7S2 C20H11N2Na3O 10S3 C20H11N2Na3O 10S3 C20H6I4Na2O5 C18H14N2Na2O 8S2 Massa Molar 534,35781 452,36374 502,42354 604,46361 604,46361 879,86194 496,41674 CAS Number 1934-21-0 2783-94-0 3567-69-9 915-67-3 2611-82-7 16423-68-0 25956-17-6 Color Index (C.I.) 19140 15985 14720 16185 16255 45430 16035 Código Brasil E-102 E-110 E-122 E-123 E-124 E-127 E-129 Absorção Máxima λmax = 426nm λmax = 480nm λmax = 515nm λmax = 523nm λmax = 505nm λmax = 526nm λmax = 502nm Absortividade (em água) 1% E1cm = 527 1% E1cm = 551 1% E1cm = 545 1% E1cm = 438 1% E1cm = 431 1% E1cm = 1154 1% E1cm = 556 Solubilidade (g/100mL) a 25 C Água 20 Glicerina 18 Propileno 7 Etanol < 0,1 Água 19 Glicerina 20 Propileno 2,2 Etanol < 0,1 Água 5-10 g/100mL a 19- C Água 8 Glicerina 1,5 Propileno 0,4 Etanol < 0,1 Água 25 Glicerina 1,4 Propileno 1,4 Etanol 0,02 Água 9 Glicerina 20 Propileno 20 Etanol 1 Água 22 Glicerina 3 Propileno 1,5 Etanol 0,001 IDA (mg/Kg peso corpóreo) 7,5 2,5 4,0 0,5 4,0 0,1 7,0 Espessantes: aumentam a viscosidade do produto. Estabilizantes: aditivos para garantir que o produto não perca as características (cor, consistência etc.) adquiridas durante seu processamento. Melhorador de farinha (FLO) Substância que, agregada à farinha, melhora sua qualidade tecnológica para os fins a que se destina. Exemplo: lactato de cálcio. Tipos de aditivos Fermento químico (RAI) Substância ou mistura de substâncias que liberam gás e, assim, aumentam o volume da massa. Exemplo: ácido glucônico. Glaceante (GLA) Substância que, quando aplicada na superfície externa de um alimento, confere uma aparência brilhante ou um revestimento protetor. Exemplo: ácido esteárico. Tipos de aditivos Estabilizante de cor (EST COL) Assegura as características físicas de emulsões e suspensões, aplicado em conservas, doces, sobremesas, laticínios, sopas, caldos concentrados, panificação, massas, alimentos processados, biscoitos, sorvetes, achocolatados e sucos. Exemplo: hidróxido de magnésio. Tipos de aditivos O Sistema Internacional de Numeração de Aditivos Alimentares foi elaborado pelo Comitê do Codex sobre Aditivos Alimentares e Contaminantes de Alimentos para estabelecer um sistema numérico internacional de identificação dos aditivos alimentares nas listas de ingredientes como alternativa à declaração do nome específico do aditivo. Anvisa – Sistema Internacional de Numeração (INS) Parte da tabela Fonte: https://www.gov.br/agricultura/pt- br/assuntos/inspecao/produtos- vegetal/legislacao-1/biblioteca-de-normas- vinhos-e-bebidas/sistema-internacional-de- numeracao-de-aditivos-alimentares-ins.pdf Tabela 3ª: Aditivos de uso quantitativo livre desde que atendam as boas práticas de fabricação (Resolução n. 386, de 05 de agosto de 1999)Número INS ADITIVO: FUNÇÃO / NOME ACIDULANTE 260 Ácido acético 270 Ácido láctico 296 Ácido málico 297 Ácido fumárico 330 Ácido cítrico 574 Ácido glucônico 575 Glucona-delta-lactona AGENTE DE FIRMEZA 170(i) Carbonato de cálcio 327 Lactato de cálcio 333 Citrato de cálcio, citrato tri-cálcico 509 Cloreto de cálcio O corante tartrazina tem seu uso autorizado para remédios e alimentos como balas, caramelos e similares, de grande consumo pela faixa infantil. Entretanto, o consumo do corante tartrazina pode provocar reações adversas em pessoas sensíveis, não tendo sido essas reações comprovadas dentro de uma relação de causa e efeito. Em alimentos Com o objetivo de proteger a saúde da população, adotando medidas para prevenir riscos associados ao consumo de alimentos que contenham o aditivo INS 102, corante tartrazina, a Anvisa obriga as empresas fabricantes de alimentos que contenham na sua composição o corante, a declarar na rotulagem, especificamente, na lista de ingredientes, o nome do corante por extenso. Riscos do corante tartrazina em alimentos e medicamentos Em medicamentos Os medicamentos que possuem o corante tartrazina em sua formulação devem conter na bula a advertência: “Este produto contém o corante amarelo de Tartrazina que pode causar reações de natureza alérgica, entre as quais, asma brônquica e urticária, em pessoas suscetíveis”, conforme Resolução n. 572. Riscos do corante tartrazina em alimentos e medicamentos Com relação aos aditivos alimentares é incorreto afirmar que: a) No Brasil, a Anvisa dispõe sobre os aditivos alimentares autorizados para uso segundo as boas práticas de fabricação e publica uma lista com os nomes e os códigos dos aditivos alimentares, bem como dos alimentos em que eles podem ser utilizados (e os limites máximos), e aqueles nos quais existe restrição de uso. b) Pela legislação brasileira, para que um aditivo alimentar ou coadjuvante de tecnologia possa ser aprovado, são consideradas referências internacionalmente reconhecidas, como o Codex Alimentarius. c) Na avaliação de risco, leva-se em consideração a quantidade máxima que se pode colocar no alimento, a porção ingerida e o resultado dessa relação em mg por quilo de peso corporal. d) Aditivo alimentar é definido, pelo Ministério da Saúde, como todo e qualquer ingrediente adicionado intencionalmente ao alimento, com propósito de aumentar o valor nutritivo. e) O uso dos aditivos deve ser limitado a alimentos específicos, em condições estabelecidas e ao menor nível para alcançar o efeito desejado, de maneira que sua ingestão não supere os valores de ingestão diária aceitável (IDA) que variam conforme o tipo de aditivo. Interatividade Resposta Com relação aos aditivos alimentares é incorreto afirmar que: a) No Brasil, a Anvisa dispõe sobre os aditivos alimentares autorizados para uso segundo as boas práticas de fabricação e publica uma lista com os nomes e os códigos dos aditivos alimentares, bem como dos alimentos em que eles podem ser utilizados (e os limites máximos), e aqueles nos quais existe restrição de uso. b) Pela legislação brasileira, para que um aditivo alimentar ou coadjuvante de tecnologia possa ser aprovado, são consideradas referências internacionalmente reconhecidas, como o Codex Alimentarius. c) Na avaliação de risco, leva-se em consideração a quantidade máxima que se pode colocar no alimento, a porção ingerida e o resultado dessa relação em mg por quilo de peso corporal. d) Aditivo alimentar é definido, pelo Ministério da Saúde, como todo e qualquer ingrediente adicionado intencionalmente ao alimento, com propósito de aumentar o valor nutritivo. e) O uso dos aditivos deve ser limitado a alimentos específicos, em condições estabelecidas e ao menor nível para alcançar o efeito desejado, de maneira que sua ingestão não supere os valores de ingestão diária aceitável (IDA) que variam conforme o tipo de aditivo. https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/veterinaria/tipos-de- contaminantes/29208 http://www.ufrgs.br/sbctars-eventos/ssa4/wp-content/uploads/2011/12/maria-ToledoMCF-Limtes- de-Consumo-Consciente-SSA4-2012.pdf https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/854894/1/BOASPRATICASAGROP perigosvegetal.pdf https://foodsafetybrazil.org/101142-2/ https://foodsafetybrazil.org/como-avaliar-a-conformidade-de-uma-embalagem-para-alimentos/ https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/13452/1/8.pdf https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422009000700036 https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2017/07/conhe ca-os-aditivos-quimicos-usados-nos-alimentos-e-saiba-os-riscos- do-consumo-em-excesso-9835563.html https://www.researchgate.net/publication/290004222_Aditivos_ali mentares_aplicacoes_e_toxicologia http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_fram e.asp?cod_noticia=1452 Referências ATÉ A PRÓXIMA!
Compartilhar