Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Síntese do corante Vermelho de Monolite I) OBJETIVO Sintetizar o corante Vermelho de Monolite a partir de quatro etapas e discutir todos os aspectos reacionais e experimentais observados durante o processo. II) RESULTADOS E DISCUSSÃO II.1) Síntese da acetanilida – Etapa 1 Inicialmente, a solução de anilina (C6H7N) apresentou uma coloração negra por conta de contaminações oriundas da anilina comercial (reagente inicial), mediante a este fato, utilizamos HCl concentrado para que a anilina forme um sal de cloreto com, fazendo com que a segregue do meio reacional, permitindo apenas sua solvatação. As impurezas foram retiradas utilizando carvão ativado, onde por se tratar de um material adsorvente, ficaram retiradas nos pequenos poros do sólido. O uso da solução de acetato de sódio teve como objetivo a criação de um meio tamponante onde impedia a protonação da amina da anilina. Após versão das soluções de acetato de sódio e anilina pós-filtração, seguindo de submissão do conteúdo em banho de gelo, formou-se um sólido branco (acetanilida - C8H9NO) que fora filtrado em sistema de filtração à vácuo para retirada da parte líquida do meio. O banho de gelo foi feito para tornar a acetanilida mais insolúvel possível, na qual a baixa temperatura auxilia no processo de cristalização. Todo o sólido obtido foi seco e serviu-se como precursor para síntese da p-nitro acetanilida (Etapa 2). II.1.1) Cálculo de rendimento Como não foi possível observar no vídeo a massa final de acetanilida encontrada, foi considerado que o experimento teve um rendimento de 100%, e obteve-se uma massa (teórica) de aproximadamente 4,46 g de acetanilida. OBS: Foi considerada uma conversão de 100% de reagentes em produtos. II.2) Síntese da p-nitro acetanilida – Etapa 2 O uso do ácido acético glacial (CH3COOH) foi de suma importância, pois é um reagente isento de água, evitando assim a hidrólise da amida da acetanilida, transformando-a de volta em anilina. Por se tratar de uma reação muito exotérmica, após a adição de ácido sulfúrico concentrado (H2SO4) gelado no balão de fundo redondo contendo acetanilida, submeteu-se o sistema em banho de gelo (nunca ultrapassando os 65ºC). A adição da solução de HNO3 ao balão contendo a acetanilida + ácido sulfúrico, foi primordial para a formação do íon nitrônio (ligante do anel aromático), que por sua vez realizou nitração no anel aromático. Figura 1. Reação global para formação de acetanilida. Para um controle maior da cinética de reação, a solução de HNO3 foi adicionada vagarosamente de modo que o conteúdo do balão não ultrapassasse os 20ºC, além de evitar a nitração dupla da acetanilida (formação do produto secundários, como o 2,4-dinitro-acetanilida e 2-nitro-acetanilida). A preferência pela formação do produto para dirigente está relacionada ao fato da orientação orto ser impedida estericamente (presença do grupamento amida na obstrução), além da estrutura para possuir mais uma estrutura de ressonância o que confere uma maior estabilidade para a molécula. A configuração meta na molécula não existe pois os pares de elétrons do nitrogênio presentes na acetanilida que fazem ressonância com o anel, serão atraídos íon nitrônio, fazendo com que esses elétrons não se encontrem na terceira posição do anel (meta) pois este local não possuirá densidade de carga negativa, no qual o íon nitrônio (NO2+) não será atraído. A coloração amarelada observada na solução é oriunda da formação de pequenas quantidades de o-nitro acetanilida, na qual também se observou ao adicionar esta solução à 200 mL de água e gelo, levando a formação de um precipitado amarelo. O uso da água neste formato foi essencial para que não se projetasse nenhum ácido contido na solução ou explosão do becker, uma vez que se trata de uma reação extremamente exotérmica, além do produto p-nitro acetanilida ser insolúvel em baixa temperaturas. Ao realizar a filtração à vácuo, observou-se que a parte liquida retida no Kitasato era amarela, resultante da solubilização do produto o-nitro acetanilida em presença de água gelada. O sólido obtido, após as rinsagens, possuía uma coloração levemente amarelada (ainda com traços de contaminantes), seu volume era significativamente maior que a quantidade inicial de acetanilida, isso se deu por conta da absorção de água das várias adições ao meio. II.2.1) Cálculo de rendimento Como não foi possível observar no vídeo a massa final de p-nitro acetanilida encontrada, foi considerado que o experimento teve um rendimento de 100%, e obteve-se uma massa (teórica) de 45,04 g de p-nitro acetanilida. OBS: Foi considerada uma conversão de 100% de reagentes em produtos. II.3) Síntese da p-nitro anilina – Etapa 3 Após a submissão do sólido levemente amarelado (p-nitro acetanilida + traços de o-nitro anilina), juntamente com HCl concentrado ao refluxo no condensador reto, esta irá gradativamente se solubilizar em solução, onde o grupamento acil presente nos dois isômeros da acetanilida se hidrolisem, indo a o-nitro anilina e p-nitro anilina. A solução de hidróxido de amônio (NH4OH), foi utilizada para protonar os compostos, que antes da adição da base, encontravam-se na forma de íon anilinium. Após a precipitação completa do produto, este foi submetido à filtração à vácuo onde a parte sólida foi lavada com água gelada a fim de garantir ambos os compostos foram extraídos e evitar perdas por solubilização, além de eliminar os resíduos solúveis do meio. O sólido final apresentou uma coloração bem amarela. Figura 3. Reação global para formação da p-nitro acetanilida. A recristalização com etanol como solvente foi a escolhida no processo, uma vez que o etanol consegue solubilizar a o-nitro anilina presente, além de utilizar um décimo da quantidade que usaria de água e entrar em ebulição mais rápido, dessa forma foi possível separar eficientemente a o-nitro anilina da p-nitro anilina (dois isômeros presentes na solução). Ao final da recristalização pode-se observar que a p-nitro anilina encontrava-se na forma de cristais (parcialmente solúvel em etanol), enquanto a o-nitro anilina encontrava-se solúvel no meio reacional. Na filtração à vácuo, todo os cristais presentes no funil de Buchner foram lavados com etanol gelado para que se solubilize o restante dos compostos orto dirigentes. O sólido final obtido possui uma coloração amarela, diferentemente da cor alaranjada que este possui ao recristalizar com água. II.3.1) Cálculo de rendimento Como não foi possível observar no vídeo a massa final de p-nitro anilina encontrada, foi considerado a massa inicial de p-nitro acetanilida sendo igual à quantidade teórica obtida no item II.2 e que o experimento teve um rendimento de 100%, obtendo assim massa (teórica) de 34,53 g de p-nitro anilina. OBS: Foi considerada uma conversão de 100% de reagentes em produtos. II.4) Síntese do corante Vermelho de Monolite – Etapa 4 A adição do H2SO4 foi essencial para que se protonasse a p-nitro anilina e solubilizasse o grupamento amina, formando um sal de anilinium. O uso do H2SO4 durante solubilização do nitrito de sódio (NaNO2) serve como agente protonador para formação de ácido nitroso (HNO2), que por sua vez irá protonar novamente, indo a íon nitrosônio (NO+). A adição da solução de NaNO2 é feita em um banho de gelo com NaCl pois permite que o banho atinja temperaturas menor que 0ºC, uma vez que o NaCl irá formar uma solução com o gelo, diminuindo seu ponto de solidificação. A adição da solução de NaNO2 deve ser carreada de forma lenta uma vez que esta irá aumentar rapidamente a temperatura do meio, não podendo ultrapassar os 0ºC, pois o grupamento amina é um excelente grupo de saída à altas temperaturas, e para que se reaja o íon nitrosônio com a amina é necessário manter o processo à baixas temperaturas. Ao final deste processo irá se formar o sal de diazônio. O uso de solução de NaOH para solubilizaçãodo β-naftol foi feito para que se desprotone o fenol da molécula de β-naftol, tornando o anel aromático mais ativo. Ao adicionar à solução resfriada do sal de diazônio a solução de β-naftol (reação de acoplamento), verificou-se a formação de um precipitado bastante avermelhado, conhecido como 1-(p-nitro-fenil-azo)-2- naftol. Figura 4. Reação global para formação da p-nitro anilina. OBS: A adição de NaCl ao meio reacional faz com que todo o corante solúvel em água se torne insolúvel ao excluir esta da fase aquosa, também conhecido como fenômeno Salting Out. Durante a filtração à vácuo foi utilizado o mesmo líquido extraído da filtração (água mãe), no qual se fez necessário para que todo o precipitado permanecesse insolúvel (ação decorrente do fenômeno de Salting Out). Ao final da etapa pode-se obter um sólido seco com uma coloração bastante vermelha, onde essa coloração é oriunda das diversas ligações duplas que existem na molécula que se conjugam entre suas ligações simples, que acabam conferindo coloração à substância. II.4.1) Cálculo de rendimento Partindo-se da massa inicial de 1,494 g de p-nitro anilina obteve-se uma massa final de 2,4 g do corante Vermelho de Monolite, atingindo um rendimento de 75,7%. OBS: Foi considerada uma conversão de 100% de reagentes em produtos. III) CONCLUSÃO Ao término das quatro etapas foi possível sintetizar o corante Vermelho de Monolite com perfeição, mostrando que os métodos utilizados são eficientes e de claro entendimento, no entanto vale a pena ressaltar alguns pontos acerca das etapas realizadas. Na Etapa 1, uma recristalização poderia ser feita utilizando o líquido retido no Kitasato, para obtenção de um rendimento maior para o processo todo. Já na Etapa 3 a escolha do condensador reto não foi ideal para realizar um refluxo na solução, sendo o condensador de bolas o mais indicado devido à sua maior área para refluxo. A escolha do etanol como solvente para recristalização da p-nitro anilina é mais indicado que a água, uma vez que torna a p-nitro anilina mais parcialmente solúvel e solubiliza em grandes quantidades a o-nitro anilina (contaminante), além de ser um processo mais rápido do que o uso da água. IV) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Silvio Cunha, Otelício Bispo dos Santos da Costa, Lourenço Luis Botelho de Santana e Wilson Araújo Lopes. Acetanilida: Síntese verde sem solvente. Quim. Nova, Vol. 38, No. 6, 874-876, 2015 REVILLA, D. Síntesis de acetanilida. YouTube, 19 jan. 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P3UDwtk9Zjo. Acesso em: 18 jan. 2021 BRUNET-ROMERO, E. PARA RED Step 3. YouTube, 26 nov. 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kuuBfkDXyHw. Acesso em: 18 jan. 2021 NILERED. Making a carbon snake with P-Nitroaniline. YouTube, 7 abr. 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=YKHUnHDphTc. Acesso em: 18 jan. 2021 ALLINGER, N. L, Química Orgânica. Editora Guanabara Dois S.A, 2ª ed., 1978 Figura 5. Reação global para formação o corante Vermelho de Monolite. SOLOMONS, T. W. Graham; Fryhle, Craig B. Química Orgânica, vol. 1 e 2. Editora LTC, 9ª ed., 2009
Compartilhar