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Texto complementar Educação Ambiental como Política Pública

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Educação Ambiental como 
Política Pública 
 
Por: Tânia Maria do Nascimento Ferreira 
 
 A palavra política origina-se do grego e significa limite. Dava-se o nome de polis 
ao muro que delimitava a cidade do campo; só depois se passou a designar polis o que 
estava contido no interior dos limites do muro. O resgate desse significado, como limite, 
talvez nos ajude a entender o verdadeiro significado da política, que é a arte de definir 
os limites, ou seja, o que é o bem comum (GONÇALVES, 2002, p. 64). 
 Para compreender a Educação Ambiental como Política Pública, faz necessário 
entender o que é política e o termos “política” e “público”. 
 O termo “política”, segundo Bobbio (2007, p. 954-955), significa: 
Conjunto de atividades que de alguma maneira, tem como termo de 
referência a pólis, ou seja, o Estado. Dessa atividade, a pólis é, por vezes, 
o sujeito, quando referidos à esfera da Política atos como o ordenar ou 
proibir alguma coisa com efeitos vinculadores para todos os membros 
de um determinado grupo social, o exercício de um domínio exclusivo 
sobre um determinado território, o legislar através de normas válidas 
erga omnes, o tirar e transferir recurso de um setor da sociedade para 
outro. 
 Para Arendt (2007, p. 59-62), o termo “público” denota dois fenômenos 
intimamente correlatos, mas não perfeitamente idênticos: 
Significa em primeiro lugar, que tudo que vem a público pode ser visto e 
ouvido por todos e tem a maior divulgação possível e em segundo lugar, 
o termo “público”, significa o próprio mundo, na medida em que é 
comum a todos nós e diferente do lugar que nos cabe dentro dele. 
 Segundo a autora em evidência, não necessariamente o que é público é comum 
a todos, pois há desigualdades de acesso a algo que deveria ser para todos. 
 Ao juntar o pensamento dos autores supracitados sobre os termos “política” e 
“público”, constata-se que as políticas públicas estão relacionadas às competências 
de responsabilidade do Estado. Sobre essas competências pode-se exemplificar alguns 
temas com funções sociais, como a saúde, educação, previdência social, programas 
de moradia, saneamento básico, dentre outras que possam atender as necessidades 
básicas do cidadão. Seguindo esse raciocínio sobre políticas públicas, Teixeira (2002, p. 
2) se posiciona: 
“Políticas públicas” são diretrizes, princípios norteadores de ação do 
poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder 
público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e do 
Estado. São, nesse caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou 
formuladas em documentos (leis, programas, linhas de financiamentos) 
que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos 
públicos. 
 Assim, de acordo com o autor em referência, as políticas para serem “públicas”, é 
preciso considerar a quem se destinam os resultados ou benefícios, e se o processo de 
elaboração e de sistematização é submetido ao debate e discussões públicas, 
principalmente com a presença ativa de representantes de diferentes grupos sociais da 
 
 
sociedade civil organizada, para legitimar a transparência da elaboração e a 
participação democrática em espaços públicos e não a elaboração realizada em 
gabinetes governamentais. 
 Dentre as conceituações sobre política pública, é necessário mencionar a 
colocada por Sorrentino et al (2005, p. 289), por se tratar da temática Educação 
Ambiental: 
Considerando a ética da sustentabilidade e os pressupostos da 
cidadania, a política pública pode ser entendida como um conjunto de 
procedimentos formais e informais que expressam a relação de poder e 
se destina à resolução pacífica de conflitos, assim como à construção e 
ao aprimoramento do bem comum. Sua origem está nas demandas 
provenientes de diversos sistemas (mundial, nacional, estadual, 
municipal) e seus subsistemas políticos, sociais e econômicos, nos quais 
as questões que afetam a sociedade se tornam públicas e formam 
correntes de opinião com pautas a serem debatidas em fóruns 
específicos. 
 
 No Brasil, as temáticas ambientais como política pública, surgem com a Política 
Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938/1981 e inclusive alguns órgãos ambientais são 
criados para inserir em suas pautas o desenvolvimento das temáticas ambientais. 
Ressalta-se a criação do Sistema Nacional de Meio Ambiente-SISNAMA como a 
estrutura adotada para a gestão ambiental no Brasil, formado pelos órgãos e entidades 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis pela proteção, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental. 
 
 Em relação à Educação Ambiental, somente em 1977 após a I Conferência de 
Tibilisi, é que foi introduzida como estratégia para conduzir a sustentabilidade ambiental 
e social em todo o mundo. As primeiras ações de Educação Ambiental começam, a 
partir da realização dos grandes eventos internacionais, porém, como política pública, 
essas ações se afirmam com a Lei n° 9.795/99 que instituiu a Política Nacional de 
Educação Ambiental - PNEA. Essa lei expressa as atribuições e as competências dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na esfera de sua competência e nas áreas 
de sua jurisdição, definindo diretrizes, normas, princípios e objetivos. Foi o marco inicial 
para o processo de institucionalização da Educação Ambiental no País. 
 
 No Maranhão, existe desde 2010 toda a estrutura no que se refere à Educação 
Ambiental como Política Pública por meio da Lei nº 9.279/2010, que instituiu a Política e 
do Sistema Estadual de Educação Ambiental-PEEA e regulamentada pelo Decreto 
Estadual n° 28.549/2012. Como desdobramento da PEEA, o Estado conta também com 
o Plano Estadual de Educação Ambiental, Lei n° 10.796/2018, instrumento balizador das 
políticas, planos, programas e projetos ambientais do Estado. 
 A Educação Ambiental como política pública propõe fortalecer o Sistema 
Estadual de Meio Ambiente. Essa lei regula a Educação Ambiental no Estado e disciplina 
a Educação Ambiental como componente essencial e permanente da educação 
estadual, sendo trabalhada de forma transversal e em todas as modalidades de ensino. 
Determina que o poder público, as instituições educativas, os órgãos ambientais, os 
meios de comunicação de massa, as empresas, entidades de classe, instituições 
públicas e privadas e a sociedade como um todo têm a incumbência de promover a 
Educação Ambiental. 
 A lei em referência traz dimensões da Educação Ambiental para ser 
implementada sempre transversalizada: 
 
1- Educação ambiental não formal: 
- É desenvolvida fora do ambiente Escolar, os seja, nas comunidades; 
 
 
- As ações e práticas educativas são voltadas à sensibilização, conscientização, 
mobilização e formação da coletividade para proteção, preservação e defesa do 
meio ambiente, bem como à melhoria da qualidade da vida. 
 
2- Educação ambiental difusa: 
- É desenvolvida como campanhas educativas. 
 
3- Educação ambiental formal: 
- É realizada no âmbito escolar; 
- É desenvolvida no campo curricular das instituições escolares públicas, privadas e 
comunitárias de ensino; 
- Abrange todos os níveis e modalidades previstos na legislação educacional. 
 
 Dessa forma, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais - SEMA, 
é responsável em implementar ações de Educação Ambiental Não Formal e Difusa e a 
Secretaria de Estado de Educação - SEDUC é responsável em implementar ações de 
Educação Ambiental Formal. 
 A PEEA expressa as competências da SEMA, SEDUC e Municípios para que seja as 
atividades sejam desenvolvidas com eficiência. 
 
- À SEMA e aos órgãos do Sistema Estadual de Meio Ambiente compete coordenar, 
fomentar e promover a Educação Ambiental Não Formal e Difusa no Estado; 
- À SEDUC compete fomentar, promover e desenvolver a Educação Ambientalde forma 
transversal no currículo escolar e integrá-la como pratica educativa contínua e 
permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal; 
- Aos Municípios compete estruturar seus Órgãos Gestores de Educação Ambiental e 
definir programas locais, diretrizes, normas e critérios para a Educação Ambiental, 
articulando-se com grupos e coletivos territoriais de formação, respeitados os princípios 
e objetivos da Política de Educação Ambiental do Maranhão. 
 
 Por fim, as ações de Educação Ambiental como política pública são de 
responsabilidade, principalmente, do Estado que, ao cumpri-la, confirma sua 
responsabilidade, respeito e os cuidados com o meio ambiente para as presentes e 
para as gerações futuras. 
 
Saiba mais... 
O link a seguir trata-se de um artigo sobre Educação Ambiental como Política Pública 
que demonstra como o Estado deve desenvolver ações de Educação Ambiental, ou 
seja, de forma contínua e permanente e como política pública. Todos conteúdos 
disponibilizados contribuem para que cidadãos e cidadãs aprendam a exigir direitos e 
respeitar os dos outros no que concerne aos cuidados com o meio ambiente em que 
vivem. 
Artigo: Educação ambiental como política pública. Disponível em: 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S151797022005000200010&script=sci_arttext&tlng
=pt 
 
 
REFERÊNCIAS 
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S151797022005000200010&script=sci_arttext&tlng=pt
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S151797022005000200010&script=sci_arttext&tlng=pt
 
 
BOBBIO, Noberto. Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2007. 
BRASIL. Lei n° 6.938 de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional de Meio 
Ambiente. Diário Oficial da União de 02. 09.1981. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%206.938%
2C%20DE%2031%20DE%20AGOSTO%20DE%201981&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%2
0Pol%C3%ADtica%20Nacional,aplica%C3%A7%C3%A3o%2C%20e%20d%C3%A1%20outr
as%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 07 out. 2020 
_______. Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1.999, que instituiu a Política Nacional de Educação 
Ambiental. Diário Oficial da União de 24 de abril de 1.999. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 07 out. 2020 
MARANHÃO. Lei n° 9.279 de 20 de outubro de 2010, que institui a Política e o Sistema 
Estadual de Educação Ambiental. Diário Oficial do Estado do Maranhão. São Luís, 20 de 
outubro de 2010. Disponível em: http://stc.ma.gov.br/legisla-
documento/?id=4699#:~:text=LEI%20N%C2%BA%209.279%20DE%2020,de%20Educa%C3
%A7%C3%A3o%20Ambiental%20do%20Maranh%C3%A3o. Acesso em: 07 out. 2020. 
__________. Decreto Estadual n° 28. 549, de 31 de agosto de 2012, que a regulamentou a 
Lei nº 9.279, de 20 de outubro de 2010. Diário Oficial do Estado do Maranhão, São Luís, 
31 de agosto de 2012. Disponível em: http://stc.ma.gov.br/legisla-documento/?id=4700. 
Acesso em: 07 out. 2020. 
 
__________. Lei nº 10. 796 de 01 de março de 2018, que instituiu o Plano Estadual de 
Educação Ambiental do Maranhão. Diário Oficial do Estado, São Luís, 01 de março de 
2018. Disponível em: http://stc.ma.gov.br/legisla-documento/?id=5185. Acesso em: 07 
out. 2020. 
 
SORENTINO, Marco Marcos et al. Educação Ambiental como Política Pública. Revista 
Educação e Pesquisa. São Paulo, vol. 31, nº 2, p. 285-299 maio-agosto, 2005. Disponível 
em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-
97022005000200010&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 07 out. 2020. 
TEIXEIRA, Elenaldo Celso. O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na 
Transformação da Sociedade. Revista AATR-BA, 2002. Disponível em: 
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/aatr2/a_pdf/03_aatr_pp_papel.pdf. Acesso em: 
07 out. 2020. 
 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm
http://stc.ma.gov.br/legisla-documento/?id=4699#:~:text=LEI%20N%C2%BA%209.279%20DE%2020,de%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20Ambiental%20do%20Maranh%C3%A3o
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http://stc.ma.gov.br/legisla-documento/?id=4700
http://stc.ma.gov.br/legisla-documento/?id=5185
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022005000200010&script=sci_arttext&tlng=pt
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022005000200010&script=sci_arttext&tlng=pt
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/aatr2/a_pdf/03_aatr_pp_papel.pdf

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