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ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de atividade individual Disciplina: DIREITO SOCIETÁRIO / SOCIEDADE ANONIMA Módulo: Aluno: NATALIA ELIZA SAMPAIO SAUNDERS Turma: 0221-1-2 Tarefa: ATIVIDADE INDIVIDUAL Parecer 1. DO PROBLEMA: Uma companhia de capital aberto, que funcionou regularmente por determinado lapso temporal, até se encontrar em uma situação econômica, financeira e patrimonial desgastada, requer a sua recuperação judicial. Após ver o encerramento formal da recuperação judicial com o reequilíbrio da atividade empresarial, o Conselho de Administração propôs uma cisão total da empresa, o que foi aprovado em assembleia geral extraordinária. O protocolo e a justificação previam uma conversão total do patrimônio em três pessoas jurídicas novas, criadas para receber o patrimônio da companhia cindida a ser extinta. Nesse contexto, um dos acionistas se apresenta na condição de ter amortizado o investimento feito no passado, detendo no seu poder ações de fruição. Considerando que a cisão acarretará redução patrimonial e que os acionistas serão reembolsados parcialmente, como se deve proceder em relação ao titular da ação de fruição?” 2. DA CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES: Previamente é importante avaliar a natureza da companhia em questão, sendo ela uma empresa de capital aberto, assim, uma Sociedade Anônima com suas ações abertas ao mercado de valores, podendo quem desejar adquirir suas ações, ora vejamos: Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. (Art. 4º da Lei 6.404/76) 2 Passando a classificação das açõses são elas: • Ordinárias, sendo as que não oferecem diferenciais mas poder de voto na assembleia (e obviamente receber os dividendos). • Preferênciais, que dão algumas prioridades, podendo ser: de reembolso de capital, recebimento de dividendo entre outros conforme visto no artigo 17 da Lei 6.404/76: Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir: I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II. (…) • Fruição, sendo que em situacão de liquidação, será antecipado o recebimento das ações que as tornará amortizada. Vamos supor que o acionista quer receber o o seu investimento inicial nas ações, assim as amortizando. A empresa paga esse investimento, mas não de seu capital social, e sim do próprio lucro, o que é benéfico a companhia, pois aumenta assim seu capital. Nesse momento, o acionista ainda é detentor da fruição, ou seja de fruir, gozar dos lucros, mas sua ação não pertence ao capital social. Por isso, em caso de extinção da compahia, ele não é considerado credor como os outros acionistas, mas receberá o líquido, junto com os demais acionistas após a quitação do passivo. Essa operação pode ocorrer somente com autorização através do estatuto social ou de uma assembleia geral extraordinária, onde vão deliberar sobre tal amortização, conforme dispões o artigo 44, parágrafo 5º da Lei 6.404/76. Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no resgate ou na amortização de ações, determinando as condições e o modo de proceder-se à operação. § 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações não a amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente. O acionista da questão abordada já recebeu os valores de seus investimentos das ações que foram amortizadas, que nada mais é que a sua ação de fruição. Importante salientar que existem algumas restrições na ação de fruição, pois elas ficam sujeitas as restrições estatutárias, as quais são: Perda do direto de voto, perda do direito do dividendo preferencial e restrições legais e em caso a liquidação da companhia as ações amortizadas serão liquidadas somente após a quitação das ações não amortizadas. 3. DA CISÃO: A Cisão é como uma reprodução solitária, onde uma sociedade se divide em duas ou mais socidades, sendo que estas podem ser novas ou já existentes. Conforme Borba, 2021: No primeiro caso, não haverá protocolo, pois todo o processo se desenvolverá no âmbito interno da sociedade cindida. No segundo, como as parcelas patrimoniais serão incorporadas por outras sociedades, entre estas e a cindida celebrar-se-á o protocolo. A assembleia geral da sociedade que se vai cindir deverá receber dos administradores informações detalhadas sobre a operação, inclusive, quando não houver protocolo, todas as indicações que deste constariam.11 Decidida a cisão, serão indicados os peritos que avaliarão o patrimônio a ser transferido, cabendo à nova assembleia que for convocada para a apreciação do laudo pericial, se o aprovar, funcionar como assembleia de constituição das novas sociedades. Tratando-se de cisão com incorporação em sociedades existentes, realizarão estas as assembleias previstas para uma operação de incorporação. (BORBA, 2021 p. 591) Assim, no caso em tela, a cisão importa em completa transferência do patrimônio, o que importará na extinção completa da sociedade cindida se extinguirá, por isso, os acionistas da sociedade cindida receberão as ações integralizadas com as parcelas patrimoniais transferidas, na proporção das anteriormente possuídas. É possível aos acionistas negociarem novas ações junto as companhias quem que se cindem, ao seu critério e desejo de livre mercado. Borba ainda nos elucida: 4 As sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da cindida sucedem a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; as obrigações e os direitos não relacionados permanecerão com a sociedade primitiva, mas, se a cisão se fizer com extinção, àquelas sociedades se transferirão na proporção dos patrimônios líquidos para elas deslocados. (BORBA, 2021 p. 591) Deve-se esclarecer que a responsabilidade da sociedade cindida e a das que absorverem parcelas de seu patrimônio será solidária, sedo possível a determinação de exceção por meior de ato de cisão, sendo resguardado os credores após o 90 dias da publicação da cisão o direito de a contestar. Importante ressaltar que a prática de fraude, (depedrar patrimônio de uma companhia para proveito de outra, pode ser independente de prazo, motivo para caracterizar solidariedade. A Cisão pode ser parcial ou total, quando parcial somente uma parte do patrimônio da sociedade é transferida e a sociedade subiste, quando total todo o patrimônio da sociedade é transferido e a sociedade se extingue. Conforme dispões a Lei 6.404/76 em seus artigos. Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. § 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhiacindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados. § 2º Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a operação será deliberada pela assembléia-geral da companhia à vista de justificação que incluirá as informações de que tratam os números do artigo 224; a assembléia, se a aprovar, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser transferida, e funcionará como assembléia de constituição da nova companhia. § 3º A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre incorporação (artigo 227). § 4º Efetivada a cisão com extinção da companhia cindida, caberá aos administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o arquivamento e publicação dos atos da operação; na cisão com versão parcial do patrimônio, esse dever caberá aos administradores da companhia cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio. § 5º As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na proporção das que possuíam; a atribuição em proporção diferente requer aprovação de todos os titulares, inclusive das ações sem direito a voto. Os acionistas da companhia cindida que não tiveram amortização de suas ações, são integrantes da nova sociedade, pois, suas ações são o capital social da companhia cindida, que por consequencia, tornam-se o capital social das novas sociedades. Seguira as regras do artigo 109 da Lei 6.404/76: Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia- geral poderão privar o acionista dos direitos de: I - participar dos lucros sociais; II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172 V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. § 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares. § 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembléia- 6 geral. § 3o O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que especificar. Contudo, cabe ressaltar que as ações de fruição, já amortizadas por sua vez, não participar do novo capital social das empresas fundadas, pois já não eram parte do capital social da empresa cindida. 4. CONCLUSÃO Entendemos que a cisão da companhia irá a acionistas de ação de fruição, reverter as seguintes consequencias: 1oà a liquidação da companhia, onde está pegará seu ativo para quitar seu passivo. Momento em que os acionista podem se dispor como credores da empresa, desejosos em receber seu investimento, em formato de ações nominativas. Neste momento, os acionistas detentores de ações de fruição NÃO tem valores a recebem, tendo em vista que já receberem antecipadamente os valores, através da amortização de suas ações. 2oà o recebimento de valores quanto ao Acervo liquido, decorrente da cisão da empresa, os acionistas desse tipo de ação (de fruição) participarão; 3oà quanto a participar das novas três companhias: os acionistas das ações de fruição não detem o direito de participação nas novas companhias tendo em vista que um dos efeitos da amortização é que suas ações não fazem parte do capital social. Do mais, importante ressaltar que estatuto da companhia poderá apresentar leves variações a regras, quanto a recibimento de valores da sucessora, integralização de capital social das novas empresas. Porém é fato que o acionista de fruição já teve a amortização de suas ações, sendo determinante que não há direito em participar de nova sociedade. Por fim, cabe esclarecer que o reembolso indagado na questão esta presente no art. 45 da Lei 6.404/76, sendo: Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberação da assembléia geral o valor de suas ações. (…) Sendo a diferença ocorrida da liquidação dessa sociedade, o acionista de fruição teria direito em caso de existencia da mesma. Contudo, sendo uma cisão não ocorre a liquidação , mas transferência de valores para nova sociedade, sendo indevido para o acionista de fruição direito a recebimento de qualquer reembolso. 5. BIBLIOGRAFIA: CAMPINHO, Sérgio. Curso de Direito Comercial E Sociedade Anônima. 4ª edição, 2018, fls. 413. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em 31/03/2021 GONÇAVES, Pablo e MENDONÇA, Bichara Saulo. Direito Societário Sociedade Anônima. São Paulo FGV 2020. MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial, Sociedade Anônima, Ed. Ver. E atual, 2005 BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 18. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
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