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PPrroottooccoolloo cciirrúúrrggiiccoo EExxooddoonnttiiaa A exodontia pode ser indicada nos casos de doença periodontal ou cárie, reabsorções internas ou externas, motivos ortodônticos, fraturas ou por presença de patologias associadas. Este procedimento pode ser dividido em 4 etapas: ↪ Diérese: Afastamento intencional de tecidos localizados em torno do dente (sindesmotomia, incisão, divulsão, descolamento, osteotomia e ostectomia). ↪ Exérese: Remoção do dente. ↪ Hemostasia: Controle do sangramento. ↪ Síntese: Aproximação e contenção dos tecidos que sofreram rompimento. A exodontia é dividido essencialmente em técnica fechada (exodontia convencional) e técnica aberta (necessidade de retalho, osteotomia ou odontossecção).: ● Retalho mucoperiostal: Dentes com ampla destruição coronária, dentes retidos e demais dentes que não podem ser desinseridos de suas estruturas apenas com sindesmotomia, requerem a realização de um retalho. Este é composto por incisão e descolamento mucoperiostal, permitindo uma melhor visualização e acesso ao dente. ↪ Incisão intrassulcular/retalho em envelope: Indicada para abordagens vestibulares, linguais ou palatinas de exodontia de dentes permanentes e decíduos, dentes retidos, restos radiculares e dentre outras. É realizada através de um trajeto intrassulcular e descolamento das papilas interdentais. Quanto mais papilas forem descoladas neste retalho, maior será nosso campo operatório. Fonte: Hupp (2015b). ↪ Incisão em L aberto/Neumann: indicada para abordagens em regiões alveolares dentadas e por vestibular para realização de exodontia de dentes permanentes e decíduos, dentes retidos, restos radiculares, cirurgias parendodônticas, remoção de cistos e tumores, cirurgia pré-protética e outras. Inicia como uma incisão envelope (circundando a cervical dos dentes e descolando as papilas), mas terá uma incisão relaxante em uma de suas extremidades. Esta relaxante é feita a partir da papila dentária em direção à linha mucogengival e fundo de sulco Fonte: Hupp (2015b). ↪ Incisão de Neumann modificada: Semelhante à anterior, mas possui 2 incisões relaxantes. Indicada para abordagens que necessitem maior exposição do campo operatório. Fonte: Hupp (2015b). IMPORTANTE Sempre que um retalho apresentar uma incisão relaxante (como é o caso da Neumann e Neumann modificada) devemos observar dois pontos: → A incisão relaxante deve estar a no mínimo um dente de distância do nosso a ser extraído. → A base do retalho deve ser maior do que a porção do retalho localizada próxima à gengiva inserida. ↪ Incisão de Wassmund: Incisão trapezoidal com maior aplicabilidade para regiões alveolares desdentadas, permitindo acesso a cistos e tumores intraósseos e cirurgias pré-protéticas. Ainda, pode ser utilizada para acesso à região apical ou a cisto e tumores intraósseos, onde os dentes envolvidos apresentam algum comprometimento (como doença periodontal). ↪ Incisão semilunar de Partsch: Indicada para acesso vestibular à região apical dos elementos dentários, em procedimentos paraendodônticos que envolvam um ou dois dentes e, preferencialmente, que apresentem raízes longas. Realizamos uma incisão semicircular na região apical das raízes dentárias, evitando assim o descolamento das papilas e da gengiva marginal livre. Sua extensão dependerá do campo operatório que necessitamos. ↪ Incisão em Y ou duplo Y: indicada para cirurgias no palato, como a remoção e regularização de superfícies ósseas exofíticas (ex: tórus). Fonte: Adaptado de Hupp (2015b). ● Luxação dentária: Para a luxação dentária, pode-se lançar mão de fórceps odontológicos ou de alavancas dentais. ↪ Alavancas: o uso destes instrumentos requer a aplicação do conceito de cunha, de roda-eixo e de alavanca. Em outras palavras, o instrumento é colocado entre o dente e o tecido ósseo, permitindo a expansão do tecido ósseo e a criação de ângulo para amplitude de movimento. Logo após, com um movimento de roda-eixo, a ponta ativa do instrumento estará em posição perpendicular e realizará o movimento de deslocamento do dente, movimentando-o em um sentido de extrusão e remoção dentária. Ainda, poderemos aplicar o conceito de alavanca, onde o instrumento é inserido entre o dente e o tecido ósseo e aplicaremos uma força de elevação do dente, expulsando-o do alvéolo 1. Movimento de cunha: 2. Movimento de roda e eixo. 3. Movimento de alavanca. ↪ Fórceps: são instrumentos cuja parte ativa (mordente) se adapta ao formato da coroa dentária. Possuem desenhos e formas próprias. Sendo assim, existe uma certa especificidade entre fórceps e o tipo de dente a que seu uso se destina. NÚMERO DO FÓRCEPS INDICAÇÃO 01 Incisivos e caninos superiores 65 Incisivos e raízes superiores 150 Incisivos, caninos e pré-molares superiores 99A Incisivos, caninos e pré-molares superiores 151 Incisivos, caninos e pré-molares inferiores 213 Caninos e pré-molares superiores 101 Pré-molares superiores 203 Pré-molares e raízes inferiores 32 Pré-molares e molares superiores 53L Molares superiores do lado esquerdo 53R Molares superiores do lado direito 18L Molares superiores do lado esquerdo 18R Molares superiores do lado direito 23 Molares inferiores 17 Molares inferiores 16 Molares inferiores com extensa destruição coronária 210H Terceiros molares superiores 222 Terceiros molares inferiores 69 Raízes de dentes superiores e inferiores 68 Raízes de dentes inferiores Os fórceps destacados em vermelho são os mais comumente usado. ↪ Forma de utilizar. ↪ Adaptar o mordente na face palatina/lingual, seguido pelo posicionamento vestibular. ↪ Impulsão ou pressão apical. ↪ Luxação vestibular e palatino/lingual. ↪ Rotação (este somente no caso de dentes monorradiculares). ↪ Tração e remoção do elemento dentário. A impulsão rompe os ligamentos periodontais e a lateralidade força a expansão das tábuas ósseas alveolares. ● Ostectomia A ostectomia é a remoção do tecido ósseo. No caso das cirurgias dentoalveolares, é realizada para que se tenha uma via de acesso cervical ao colo e à raiz do dente, facilitando o manuseio de fórceps e alavancas. A ostectomia está indicada para os casos onde não seja possível luxar o dente sem que haja uma maior exposição do mesmo, como, por exemplo, nos casos de dentes retidos, dentes com grande destruição coronária, dilacerações apicais e anquiloses. Ela é realizada com brocas esféricas (nº 2, 4 ou 6) e, prioritariamente, deve ser realizada na região vestibular, circundando o dente. Ao realizarmos o contorno do tecido ósseo associado ao colo do dente, é possível observarmos a criação de uma canela, que servirá de apoio para a introdução de alavancas. A remoção de tecido óssea será feita até que uma quantidade suficiente de tecido dentário seja exposta. Este tecido dentário exposto deve ser sadio e o espaço criado pela ostectomia deve possibilitar a introdução de instrumentos que realizem luxação dentária, como alavancas e fórceps. Caso ainda não haja apoio para a luxação dentária, deveremos realizar maior desgaste de tecido ósseo. Entretanto, se temos espaço para a introdução dos instrumentos, mas a luxação não ocorre, deveremos realizar a divisão do dente (odontossecção). ● Odontoseccção A odontossecção é a divisão programada do dente com finalidade de diminuir o volume e a resistência do dente, facilitando sua remoção. Assim como a ostectomia, a odontossecção é necessária nos casos onde a incisão/sindesmotomia e luxação não são suficientes para que o dente seja removido. Outro ponto importante ligado à odontossecção é o fato dela ser utilizada para reduzir a quantidade de tecido ósseo removido, prevenindo fraturas. Ou seja, quando já realizamos ostectomia de forma demasiada, devemos lançar mão da odontossecção, para preservaçãode tecido ósseo, evitando gerar alguma fratura. A odontossecção pode ser realizada no sentido longitudinal do dente (dividindo-o em uma parte mesial e outra distal) ou no sentido coroa-raiz (dividindo o dente em porção coronária e porção radicular). Ela será iniciada com o uso de brocas e, após o desgaste, a divisão do dente será feita com o uso de alavancas. Iniciaremos a odontossecção com uma broca troncocônica (no caso de utilizarmos peça de mão, a broca poderá ser 701, 702 ou 703; e, no caso de utilizarmos alta rotação, a broca indicada é a zekrya®). Após realizarmos o desgaste dentário com as brocas, iremos introduzir a alavanca na caneta criada e faremos uma rotação da mesma, gerando a separação dos segmentos Antes de iniciarmos qualquer divisão do dente, devemos lembrar sempre de realizar uma tentativa de luxação prévia. Esta manobra reduzirá o risco de fraturas indesejadas de ápices radiculares ou de insucesso na remoção dentária após a odontossecção. ● Cuidado com a ferida operatória. Ao final da exodontia, devemos realizar a sondagem do alvéolo dentário e palpação da gengiva marginal, observando a presença ou ausência de espículas ósseas, regularidade dos bordos, estabilidade dos septos interdentais e lesões periapicais. Se não realizarmos este diagnóstico no transoperatório, a presença de espículas ósseas ou lesões periapicais residuais poderão causar dor e desconforto pósoperatório, atraso na cicatrização ou, até mesmo, necessidade de uma segunda intervenção cirúrgica. Após avaliação da presença de alguma irregularidade de tecido mole, devemos realizar a curetagem do mesmo e o tecido removido deverá ser encaminhado para exame anatomopatológico. Se, durante a palpação, observarmos qualquer irregularidade óssea, devemos realizar a regularização dos tecidos com uso de brocas, limas para osso, pinçagoiva ou osteótomos, plastia dos tecidos. Ainda, na maxila, deve-se realizar a manobra de Valsava para avaliação de comunicação bucossinusal. Esta manobra é feita através do selamento do nariz do paciente com uma gaze. Assim que a via nasal estiver ocluída, devemos solicitar que o paciente tente expelir o ar pelo nariz, mas de boca aberta (como se estivesse assoando o nariz). Se neste momento, observarmos a saída de ar pelo alvéolo, confirmamos a existência de comunicação bucossinusal. 1. Manobra de vasalva: Após a revisão da ferida operatória, faremos a compressão alveolar bidigital (manobra de Chompret- Hirondel). Esta manobra é feita através da compressãobigital (associada ou não ao uso da gaze) das paredes vestibular e palatina/lingual do alvéolo dentário. Esta é a forma mais simples de realizarmos alveoloplastia e correção de pequenas irregularidades, mantendo um contorno de rebordo ósseo adequado. ● Sutura: Após os cuidados com a ferida operatória, devemos realizar a aproximação dos tecidos moles, através de pontos de sutura, com finalidade de conter o coágulo, permitindo a cicatrização e reparo do alvéolo dentário. No caso de extrações dentárias unitárias, podemos lançar mão de pontos isolados (simples ou em X). Já nos casos de exodontias múltiplas, suturas contínuas são indicadas. Ponto simples: passagem única entre os dois bordos da ferida. Ponto em X: Introduz-se a agulha de um lado para outro como se fosse executar um ponto simples. Entretanto, ao invés de fechar o nó, faz-se uma segunda passagem de igual maneira, lateralmente à primeira, seguindo o mesmo sentido, unindo os pontos livres. Ponto U horizontal: a agulha penetra em um mesmo plano, de um ao outro bordo da incisão (por exemplo, de vestibular para lingual). Logo em seguida, em um ponto lateral, a agulha penetra novamente para o bordo inicial (seguindo o exemplo, agora, de lingual para vestibular). Este ponto permite uma eversão dos bordos com menor profundidade do que o U vertical. E como aplicação prática, está indicada nos casos de comunicação bucosinusal. ↪ Hemostasia: A abordagem cirúrgica produz sangramento. O controle deste através de hemostasia é importante para a visualização do campo operatório, para reduzir ao mínimo a perda sanguínea e, em alguns casos, para conter uma hemorragia. A forma clássica e eficaz de controle da hemostasia para a maioria dos casos de exodontia é a compressão com gaze úmida. Após o término da exodontia e da revisão da ferida, podemos comprimir o alvéolo dentário com o uso de uma gaze, como mostrado na figura abaixo. Em casos onde o paciente seja portador de algum distúrbio sanguíneo ou que haja algum tipo de hemorragia transoperatória, podemos lançar mão de outros métodos como cera para osso, suturas em massa, ligadura de vasos, eletrocoagulação, esponjas hemostáticas, entre outros.
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