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PESQUISA DOUTRINARIA ACERCA DO INSTITUTO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ INCAPACIDADE PERMANENTE DIVERSOS AUTORES DIREITO PREVIDENCIARIO

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PESQUISA DOUTRINÁRIA ACERCA DO INSTITUTO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/ INCAPACIDADE PERMANENTE. DIVERSOS AUTORES DEVIDAMENTE REFERENCIADOS. LIVROS DE 2020, DE ACORDO COM A REFORMA.
Doutrina: Aposentadoria por Invalidez
Aposentadoria por invalidez
A cobertura da contingência invalidez/incapacidade permanente está prevista no art. 201, I, da CF, com a redação dada pela EC n. 103/2019, e restou prevista nos arts. 42 a 47 da Lei n. 8.213/91, regulamentada nos arts. 43 a 50 do RPS. Antes que venha alteração legislativa, valem as disposições da Lei n. 8.213/91, que trata da aposentadoria por invalidez, cobertura previdenciária ao segurado incapaz de forma total e permanente para o trabalho.
A Reforma da Previdência de 2019 alterou a denominação da invalidez para incapacidade permanente.
O art. 42 do PBPS dispõe:
Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.
Note-se que a invalidez tem definição legal: incapacidade total e impossibilidade de
reabilitação para o exercício de atividade que garanta a subsistência do segurado. Trata-se da incapacidade que impede o segurado de exercer toda e qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, sem prognóstico de melhoria de suas condições, sinalizando que perdurará definitivamente, resultando na antecipação da velhice. A incapacidade configuradora da contingência é, exclusivamente, a incapacidade profissional.
Por ser esclarecedora, convém transcrever a lição: “(...) tomado em sua totalidade o risco invalidez — considerado como ‘enfermidade prolongada’ ou como ‘velhice prematura’, e sempre dominado pela ideia de que seu traço definidor é a redução ou eliminação da possibilidade de obter renda com o trabalho — tem múltiplas dificuldades de cobertura, entre outras razões, por sua variedade; o inválido é uma abstração, sob a qual existem os indivíduos inválidos, ‘todos diferentes, cada um com seus próprios problemas psicológicos e sociais, e com sua própria e peculiar invalidez’”.
Contingência: incapacidade total e permanente. A perícia médica a cargo do INSS deve
comprovar a impossibilidade de o segurado exercer a mesma ou qualquer outra atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, § 1º).
Ao se submeter à perícia médica do INSS, o segurado poderá ser acompanhado por médico de sua confiança. Porém, deverá custear os gastos decorrentes da contratação desse profissional.
Atenção: para que se configure a contingência, não é necessário que o segurado, esteja, antes, em gozo de auxílio-doença, uma vez que a incapacidade total e permanente pode existir desde logo.
Na análise do caso concreto, deve-se considerar as condições pessoais do segurado e conjugá-las com as conclusões do laudo pericial para avaliar a incapacidade. Não raro o laudo pericial atesta que o segurado está incapacitado para a atividade habitualmente exercida, mas com possibilidade de adaptar-se para outra atividade. Nesse caso, não estaria comprovada a incapacidade total e permanente, de modo que não teria direito à cobertura previdenciária de aposentadoria por invalidez. 
Porém, as condições pessoais do segurado podem revelar que não está em condições de adaptar-se a uma nova atividade que lhe garanta subsistência: pode ser idoso, ou analfabeto; se for trabalhador braçal, dificilmente encontrará colocação no mercado de trabalho em idade avançada. “O que constitui a incapacidade não é a incapacidade, considerada exclusivamente como tal, na sua realidade biológica, mas a incapacidade declarada, isto é, verificada nos termos legalmente estabelecidos, que nem sempre é exclusivamente médica, mas por vezes também socioprofissional”.
A jurisprudência tem prestigiado a avaliação das provas de forma global, aplicando o princípio do livre convencimento motivado, de modo que a incapacidade, embora negada no laudo pericial, pode restar comprovada com a conjugação das condições pessoais do segurado. Atividades concomitantes: se o segurado exercer atividades concomitantes, a incapacidade total só estará configurada se tiver que se afastar de todas as atividades (art. 44, § 3º, do RPS).
Nesse sentido, Hermes Arrais Alencar ensina:
“(...) Para os segurados que desempenham simultaneamente diversas atividades, de rigor
apurar o alcance da incapacidade, se restrita a uma atividade específica (uniprofissional); abrangente de diversas atividades profissionais (multiprofissional), ou, por fim, se resulta obstáculo, de forma genérica, a todas as atividades laborativas (omniprofissional). Verificado o exercício de atividades concomitantes, a concessão de aposentadoria por invalidez será exclusiva a incapacidade ‘omniprofissional’. Dito de outro modo, ainda que a incapacidade seja ‘definitiva’ para uma das atividades concomitantes, o benefício cabível será o de auxílio-doença, por prazo indeterminado, porque este benefício permitirá a continuidade do trabalho desenvolvido nas outras atividades.”
O tema será retomado quando analisado o auxílio-doença (item 5.3.5.6, infra). Doenças ou lesões preexistentes: são as que já acometiam o segurado antes de ingressar no RGPS.
A preexistência da doença ou da lesão tira do segurado a cobertura incapacidade permanente, é a regra. Entretanto, há situações em que o segurado ingressa no RGPS já portador da doença, por vezes assintomática; contribui para o custeio e só depois de algum tempo é que surge a incapacidade, em razão da progressão ou agravamento da doença ou lesão.
Essa situação está prevista no § 2º do art. 42 do PBPS e no § 2º do art. 43 do RPS: a doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.
Exemplo: a Doença de Chagas é contraída em tenra idade pelo futuro segurado, que passa muito tempo de sua vida sem ter conhecimento disso. Já avançado na idade, passa a ter problemas cardíacos e vem, então, diagnóstico da doença e a incapacidade total e permanente para o trabalho. Embora preexistente, a doença era assintomática, tanto que o segurado trabalhou e contribuiu para o custeio do RGPS por longo tempo.
A jurisprudência do STJ tem sido no mesmo sentido:
“(...) 1. Os benefícios por incapacidade foram idealizados com o intuito de amparar o
Trabalhador em situações excepcionais, quando, por eventos cujas ocorrências não podem ser controladas, o Segurado tem reduzida sua capacidade para exercer sua atividade de trabalho. Concretizam, assim, a proteção garantida ao Trabalhador no contrato de seguro firmado com a Previdência Social. 2. Importante a compreensão de que o requisito legal para a concessão do benefício é a existência de incapacidade para exercício da atividade laboral e que tal incapacidade não seja preexistente à filiação do Segurado ao Regime Geral de Previdência. 3. Assim, não há óbice que a doença que atinge o Segurado seja preexistente à sua filiação, desde que tal enfermidade não interfira em sua capacidade para o trabalho e fique comprovado que a incapacidade se deu em razão do agravamento ou da progressão da doença ou lesão que já acometia o segurado. 4. Na hipótese dos autos, a Corte de origem, com base no acervo probatório dos autos, concluiu que a incapacidade da Segurada é decorrente do agravamento progressivo da patologia que apresenta, não merecendo, assim, qualquer reparo o acórdão neste ponto. 5. O laudo pericial ou o laudo da junta médica administrativa norteiam somente o livre convencimento do Juiz quanto aos fatos alegados pelas partes, portanto, não servem como parâmetro para fixar termo inicial de aquisição de direitos. 6. O termo inicial da aposentadoria por invalidez corresponde ao dia seguinte à cessação do benefício anteriormenteconcedido ou do prévio requerimento administrativo; subsidiariamente, quando ausentes as condições anteriores, o marco inicial para pagamento será a data da citação. Precedentes (...)” (REsp 1471461, 1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 16.04.2018).
Apreciando a questão em pedido de aposentadoria por invalidez de segurado acometido de Doença de Chagas, a 9ª Turma do TRF da 3ª Região, em acórdão de nossa relatoria, decidiu:
“(...) III — Incapacidade total, permanente e insuscetível de reabilitação atestada por laudo oficial, afirmando ser o autor portador de doença de Chagas, com insuficiência cardíaca (cardiopatia chagásica), constatadas através de exame clínico e exames complementares. IV — Não há como aferir a data exata do início da doença de Chagas. Porém, ainda que fosse preexistente à época em que o autor começou a trabalhar, trata-se de um mal degenerativo, que permitiu o trabalho até progredir, se agravar e causar limitações ao grau de esforço físico que ele tem condições de despender, não obstando o deferimento ao benefício de aposentadoria por invalidez. Aplicação da 2ª parte do art. 42 da Lei n. 8.213/91 (...)” (AC 96030704474, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, DJU 05.11.2004, p. 417).
Outra situação que tem se apresentado com frequência é a dos portadores do HIV. A jurisprudência se divide diante da situação peculiar que a contaminação por esse vírus apresenta.
Nem sempre estamos diante de pessoa incapaz para o trabalho do ponto de vista da medicina. Mas não se pode negar que o preconceito e o estigma que alcançam os portadores do vírus acabam por transformá-los em incapazes do ponto de vista social. Há, por isso, decisões que entendem configurada a incapacidade apenas quando as doenças oportunistas que caracterizam a AIDS acometem o segurado, e outras decisões que entendem configurada a incapacidade pela simples contaminação.A simples contaminação pelo HIV impede a aprovação em exame admissional a emprego, de modo que o segurado contaminado, embora possa exercer normalmente sua atividade em períodos assintomáticos, acaba por se tornar incapacitado socialmente. Nessas situações, a contaminação, a idade, o grau de instrução e o grupo social, analisados conjuntamente, podem levar à conclusão de que o segurado está total e definitivamente incapacitado para o trabalho. 
Não se pode, então, negar a cobertura previdenciária porque, em tese, o segurado pode trabalhar. A questão é objeto da Súmula 78 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais:
“Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença”. Em matéria de doenças preexistentes, a jurisprudência dominante está firmada no sentido de que a contingência só se configura com a existência da incapacidade total de permanente, e não com a existência da doença.
Súmula 53 da TNU dos Juizados Especiais Federais: “Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de Previdência Social”.
Carência: em regra, é de 12 contribuições mensais (art. 25, I).
Atenção: a partir da Lei n. 13.457, de 26.06.2017, que incluiu o art. 27-A na Lei n. 8.213/91, uma vez perdida a qualidade de segurado, este só terá direito ao benefício se cumprir novamente metade da carência, ou seja, 6 meses de contribuição. A disposição foi mantida pela Lei n. 13.846/2019.
Há hipóteses em que a carência é dispensada (art. 26, II): acidente de qualquer natureza ou causa, doença profissional ou do trabalho e as doenças previstas no art. 151 do PBPS.
Sujeito ativo: o segurado.
Sujeito passivo: INSS.
Termo inicial: o termo inicial do benefício varia conforme o tipo ou situação do segurado.
a) Segurado em gozo de auxílio-doença: a aposentadoria por invalidez é devida a partir do dia imediato ao da cessação do auxílio-doença (art. 43 do PBPS). Isso porque a situação comum é justamente a de cobertura previdenciária inicial de auxílio-doença e, após, constatada a incapacidade total e definitiva, a conversão em aposentadoria por invalidez.
b) Segurado empregado:
b.1) a partir do 16º dia do afastamento da atividade; é que os primeiros 15 dias de afastamento são remunerados pela empresa como salário (art. 43, §§ 1º, a, e 2º, do PBPS). Convém alertar que a MP 664/2014 alterou o termo inicial para o 31º dia de afastamento, e deveria vigorar a partir de 1º.03.2015. Entretanto, a alteração não foi acolhida pela Lei n. 13.135/2015.
b.2) a partir da data da entrada do requerimento, se entre esta e a do afastamento decorrerem mais de 30 dias. Aqui também a MP 664/2014, que fixava o prazo de 45 dias, não foi convertida em lei.
c) Segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, segurado facultativo e segurado especial:
c.1) a partir da data do início da incapacidade;
c.2) a partir da data do requerimento se entre esta e a do início da incapacidade decorreram mais de 30 dias.
d) Benefício requerido ao Poder Judiciário: o termo inicial será fixado se o pedido for julgado procedente, conforme tenha ou não o segurado antes requerido o benefício administrativamente:
d.1) na data da citação; a jurisprudência se dividia, fixando o termo inicial na data da citação, na data do laudo pericial ou na data da juntada do laudo pericial aos autos, quando não tivesse sido feito pedido administrativo. Entretanto, o STJ decidiu pela citação no julgamento de Recurso Especial Representativo de Controvérsia:
“(...) A citação válida informa o litígio, constitui em mora a autarquia previdenciária federal e deve ser considerada como termo inicial para a implantação da aposentadoria por invalidez concedida na via judicial quando ausente a prévia postulação administrativa (...)” (REsp 1.369.165, 1ª Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 07.03.2014);
d.2) na data do requerimento administrativo (DER), se indeferido o benefício administrativo e o pedido judicial for julgado procedente.
“(...) Nos termos da jurisprudência do STJ, o benefício previdenciário de cunho acidental ou o decorrente de invalidez deve ser concedido a partir do requerimento administrativo, e, na sua ausência, a partir da citação. A fixação do termo a quo a partir da juntada do laudo em juízo estimula o enriquecimento ilícito do INSS, visto que o benefício é devido justamente em razão de incapacidade anterior à própria ação judicial. No caso dos autos houve pedido administrativo de concessão do benefício. Todavia, o laudo pericial atestou que a incapacidade do autor só ocorreu anos após a interposição do recurso administrativo. 3. Determinar como início da concessão do benefício a data do requerimento administrativo seria conceder benefício sem o preenchimento de um dos requisitos essenciais para tal, qual seja, a incapacidade. In casu, o benefício deve ser concedido a partir da constatação da incapacidade atestada no laudo pericial como estabelecido na sentença de primeiro grau (...)” (STJ, REsp 201303408190, 2ª Turma Rel. Min. Humberto Martins, DJe 25.10.2013).
RMI: com as alterações trazidas pela EC n. 103/2019, a aplicação do princípio tempus regit actum dirá qual a regra aplicável. Há três hipóteses a considerar:
a) requisitos cumpridos até 12/11/2019: 100% do salário de benefício, mesmo que a invalidez seja decorrente de acidente do trabalho (art. 44 do PBPS). O salário de benefício corresponderá à média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição a partir de julho/1994.
b) Requisitos cumpridos a partir de 13/11/2019, data da vigência da EC n. 103/2019: 60% do salário de benefício, acrescidos de 2% a cada ano de contribuição que exceder 20 anos, para homem, e 15 anos, para mulher. O salário de benefício corresponderá a 100% da média aritmética simples de todos os salários de contribuição a partir de julho de 1994.
c) Requisitos cumpridos a partirde 13.11.2019, data da vigência da EC n. 103/2019, quando a incapacidade resultar de acidente do trabalho, doença profissional e doença do trabalho: 100% do salário de benefício.
O salário de benefício também corresponderá a 100% da média de todos os salários de
contribuição a partir de julho de 1994.
O art. 45 do PBPS trata da aposentadoria valetudinária: o valor da aposentadoria por
invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25%. O art. 45 do RPS determina a observância de seu Anexo I, que relaciona as situações em que o aposentado por invalidez terá direito ao acréscimo de 25%:
	SITUAÇÕES EM QUE O APOSENTADO POR INVALIDEZ TEM DIREITO À MAJORAÇÃO DE 25%
	Cegueira total
	Perda de 9 dedos das mãos ou superior a esta
	Paralisia dos 2 membros superiores ou inferiores
	Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível
	Perda de uma das mãos e de 2 pés, ainda que a prótese seja possível
	Perda de 1 membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível
	Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social
	Doença que exija permanência contínua no leito
	Incapacidade permanente para as atividades da vida diária
A pessoa que dará assistência permanente ao segurado não será, necessariamente, de sua família. Se a lei não faz restrições, não pode o intérprete fazer. É o que entende a jurisprudência. Com o acréscimo de 25%, pode resultar renda mensal inicial que ultrapasse o teto legal. A lei permite, expressamente, que, nessa hipótese, a RMI seja superior ao teto (art. 45, parágrafo único, a, do PBPS), disposição repetida pelo art. 45, I, do RPS.
A nosso ver, o acréscimo de 25% só se aplica à aposentadoria por invalidez e não pode ser estendido a outras espécies de aposentadoria porque equivaleria a criar novo benefício por decisão judicial, violando, assim, o princípio da legalidade.
A TNU uniformizou entendimento no sentido de que “(...) o acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) à aposentadoria por invalidez é devido, independentemente do requerimento administrativo, desde a concessão do benefício, se verificada, na época, a necessidade de auxílio permanente de terceiros (...)”.Esse valor será recalculado sempre que for reajustado o benefício que lhe deu origem. 
Com a morte do segurado aposentado, o acréscimo de 25% deixa de ser pago, não se incorporando ao valor da pensão por morte. Há ações judiciais que pleiteiam a concessão do acréscimo de 25% para segurados aposentados por tempo de contribuição ou por idade que, posteriormente à concessão da aposentadoria, passam a necessitar do auxílio permanente de outra pessoa em razão de complicações em seu estado de saúde.
A nosso ver, o acréscimo de 25% só se aplica à aposentadoria por invalidez e não pode ser estendido a outras espécies de aposentadoria porque equivaleria a criar novo benefício por decisão judicial, violando, assim, o princípio da legalidade.
A questão foi decidida pelo STJ no REsp 1.648.305/RS, no rito dos recursos repetitivos (Tema 982), em 22.08.2018, onde foi fixada a tese: “Comprovada a necessidade de assistência permanente de terceiro, é devido o acréscimo de 25%, previsto no art. 45 da Lei n. 8.213/91, a todas as modalidades de aposentadoria.” O Acórdão foi publicado no DJe de 26.09.2018. A polêmica, entretanto, está longe de ser encerrada. A 1ª Turma do STF suspendeu o andamento todos os processos, individuais ou coletivos, em qualquer fase e em todo o território nacional, que versem sobre a extensão do acréscimo de 25% previsto no art. 45 da Lei n. 8.213/91 para os segurados aposentados por invalidez, às demais espécies de aposentadoria do RGPS (Ag Rg Pet 8002/RS, DJe 1º.08.2019), de modo que o tema aguarda ainda decisão de mérito pelo STF.
Termo final:
a) a data do retorno do segurado aposentado à atividade, se o fizer voluntariamente (art. 46 do PBPS). Se o segurado aposentado por invalidez retorna, voluntariamente, à atividade laborativa, a aposentadoria por invalidez é automaticamente cancelada a partir da data do retorno (art. 46 do PBPS). O cancelamento do benefício, nessa hipótese, tem caráter punitivo e pode ensejar a devolução das quantias indevidamente recebidas a título de aposentadoria por invalidez após a volta ao trabalho.
Para que isso não aconteça, o segurado que se julgar apto a retornar ao trabalho deve requerer a realização de nova perícia no INSS, que, se concluir pela recuperação da capacidade laborativa, cancelará o benefício (art. 47, parágrafo único, do RPS). O cancelamento do benefício, assim, não terá o caráter de penalidade.
b) a data da recuperação da capacidade para o trabalho. Nessa hipótese, a cessação do benefício pode ocorrer de forma gradativa, tendo em vista o lapso de tempo decorrido entre o termo inicial do benefício e a recuperação da capacidade de trabalho, na forma do art. 47 do PBPS, e do art. 49 do RPS.
Quando a capacidade para o trabalho é recuperada dentro dos 5 anos contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou, se for o caso, do auxílio-doença que a antecedeu, há 2 termos finais diferentes: de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava na empresa ao se aposentar, na forma da legislação trabalhista; após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados.
Pode ocorrer, também, de a capacidade para o trabalho ser recuperada parcialmente, ou após os 5 anos anteriormente referidos, ou, ainda, o segurado ser declarado apto para o exercício de atividade diversa da que habitualmente exercia quando se aposentou por invalidez. Nessas hipóteses, o pagamento da aposentadoria por invalidez deverá cessar gradualmente: será pago o valor integral, durante 6 meses contados da data em que for verificada a recuperação da capacidade; após esses 6 meses, será pago com redução de 50%, no período seguinte de 6 meses; após esses 12 meses, será pago com redução de 75%, também por igual período de 6 meses. Decorridos esses 18 meses, o pagamento será definitivamente cessado.
c) a data da morte do segurado. Concedido o benefício, o segurado aposentado por invalidez, independentemente de sua idade, deve cumprir as obrigações previstas no art. 101 do PBPS, sob pena de sustação do pagamento: submeter-se à perícia médica, no INSS, a cada dois anos (art. 46, parágrafo único, do RPS), a processo de reabilitação profissional prescrito e custeado pelo INSS, e a tratamento gratuito. Não está obrigado, porém, a procedimentos cirúrgicos e de transfusão de sangue, que são facultativos.
O segurado aposentado por invalidez pode ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que deram origem ao benefício, ainda que concedido judicialmente (art. 43, § 4º, PBPS), observado o disposto no art. 101. A partir da Lei n. 13.847/2019, que acrescentou o § 5º ao art. 43, está dispensada dessa avaliação a pessoa com HIV/AIDS.
O aposentado por invalidez estará isento de comparecer a nova perícia em duas hipóteses:
a) após completar 55 anos ou mais de idade e quando decorridos 15 anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu;
b) após completar 60 anos de idade.
Há, porém, exceções a essa regra: deverá submeter-se à perícia, mesmo após os 55 ou 60 anos de idade, para apuração da necessidade do auxílio permanente de outra pessoa, com vistas ao pagamento do acréscimo de 25%; a seu pedido, para verificação da recuperação de sua capacidade para o trabalho; e para subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela.
	APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
	Contingência
	Incapacidade total e permanente
	Carência
	-12 meses _ regra
-dispensada em casos de acidente de qualquer natureza ou causa, doença profissional ou do trabalho e doenças previstas no art. 151 do PBPS.
	Sujeito Ativo
	Segurado
	Sujeito Passivo
	INSS
	RMI
	a) requisitos cumpridos até 12.11.2019: 100% do salário de benefício, mesmo quea incapacidade seja decorrente de acidente do trabalho;
- salário de benefício: média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição a partir de
julho/1994
b) requisitos cumpridos a partir de 13.11.2019: 60% do salário de benefício + 2%/ano de contribuição que exceder 20 anos (homem) e 15 anos (mulher)
 - salário de benefício: 100% da média aritmética simples de todos os salários de contribuição a partir de
julho/1994
c) requisitos cumpridos a partir de 13.11.2019 quando a incapacidade resultar de acidente do trabalho, doença profissional e de doença do trabalho: 100% do salário de benefício
- salário de benefício: 100% da média aritmética simples de todos os salários de contribuição a partir de
julho/1994
	Termo Inicial
	- o dia imediato ao da cessação do auxílio-doença;
- o 16º dia do afastamento da atividade (segurado empregado);
- a DER, se entre esta e a do afastamento transcorrer mais de 30 dias (segurado empregado);
- a data do início da incapacidade (empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, segurado facultativo e segurado especial);
- a DER, se entre esta e a do início da incapacidade decorreram mais de 30 dias (empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, segurado facultativo e segurado especial);
- a DER, se indeferido o benefício administrativo e o pedido judicial for julgado procedente;
- a data da citação, se não houve requerimento administrativo.
	Termo Final
	- a data do retorno do segurado aposentado à atividade, se voluntário;
- a data da recuperação da capacidade para o trabalho;
- a data da morte do segurado.
Aposentadoria por invalidez/incapacidade permanente e auxílio-doença (incapacidade temporária). Trabalhador rural.
a) Trabalhador rural segurado empregado, avulso, contribuinte individual e facultativo: a aposentadoria por invalidez/incapacidade permanente e o auxílio-doença (incapacidade temporária), para esses segurados, estão submetidos às mesmas regras do segurado urbano dessas espécies, porque todos têm idêntica forma de participação no custeio.
b) Segurado especial: em se tratando de segurado especial, a aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença são concedidos na forma do art. 39 do PBPS. No lugar da carência, a lei exige do segurado especial a comprovação do efetivo exercício da atividade no período imediatamente anterior ao do requerimento, ainda que de forma descontínua, pelo prazo de 12 meses.
A renda mensal da aposentadoria por invalidez e do auxílio-doença do segurado especial é igual a um salário mínimo. O termo inicial do benefício é a data do início da incapacidade ou, se for requerida depois de 30 dias, a data do requerimento. O termo final segue regras iguais às da aposentadoria por invalidez dos segurados urbanos.
	APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/INCAPACIDADE PERMANENTE E AUXÍLIO-DOENÇA (INCAPACIDADE
TEMPORÁRIA)
	Trabalhador rural segurado empregado, avulso, contribuinte individual e facultativo
	Segurado Especial
	Regras iguais às aplicáveis ao trabalhador urbano.
	Art. 39 do PBPS.
	
	Efetivo exercício da atividade por 12 meses.
	
	Renda mensal: 1 salário mínimo.
	
	Termo inicial: a data do início da incapacidade; a DER, se requerido depois de 30 dias.
	
	Termo final: igual aos urbanos.
(Fonte: Santos, Marisa Ferreira dos Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos Santos. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 10. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.)
Da aposentadoria por invalidez – após a EC 103 – aposentadoria por incapacidade permanente
Diploma legal
A aposentadoria por invalidez/aposentadoria por incapacidade permanente está amparada pela Constituição Federal, art. 201, I; Lei 8.213/1991, arts. 42 a 47; Decreto 3.048/1999, arts. 43 a 50; e Instrução Normativa INSS/Pres 77/2015, arts. 213 a 224.
Conceito
A aposentadoria por invalidez é um benefício concedido ao segurado que, quando necessário, tenha cumprido a carência exigida e teve sua vida profissional retalhada por doença física, mental, acidente de trabalho ou de qualquer natureza e que não tenha condições de exercer qualquer outra atividade, nem por meio do programa de habilitação ou reabilitação profissional.
A EC 103, no art. 201, I, da Constituição Federal, traz um novo conceito: cobertura do evento de “incapacidade permanente para o trabalho”.
Risco de cobertura
O risco coberto por essa espécie de aposentadoria é a invalidez/incapacidade definitiva para exercer a atividade profissional diante da doença ou acidente.
Da carência
O art. 25 da Lei 8.213/1991, inciso I, regulamentado pelo art. 29, I, do Decreto 3.048/1999, define a carência da aposentadoria por invalidez, ou seja, exigem-se 12 contribuições mensais. Existem duas exceções da exigência da carência: 
1) Na ocorrência de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;
2) Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26. Como exceção, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (Aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada (art. 151 da Lei 8.213/1991).
Quanto à carência, o tema resta pacificado na jurisprudência, e por isso deve ser muito bem observado para não se cometer equívoco na análise da data de início da incapacidade; pois, na data em que o segurado tenha buscado a aposentadoria por invalidez, pode estar há anos sem verter contribuições previdenciárias e ter, inclusive, “perdido a qualidade de segurado”. Porém, como a data de início da incapacidade existe desde quando tinha qualidade de segurado, deve fazer o requerimento da aposentadoria por invalidez, comprovando que a incapacidade vem desde a época em que era contribuinte. A aposentadoria por invalidez é devida, apenas não foi requerida.
Do critério material
O critério material da aposentadoria por invalidez é a incapacidade física ou mental para o exercício laboral por mais de 15 dias. No caso de aposentadoria por invalidez por deficiência mental, faz-se necessário um curador (pessoa que cuida dos interesses do doente). Porém, a curatela não está vinculada à concessão do benefício, bastando somente anexar um protocolo do pedido judicial para tal recebimento.
Da perícia médica
Para a concessão do benefício, será necessário o segurado passar por uma perícia médica conforme determina o art. 42, § 1º, da Lei 8.213/1991, podendo ser, às suas expensas, acompanhado pelo seu médico particular, para o INSS analisar se o segurado de fato está incapaz ou inválido para exercer sua atividade laboral. Vale ressaltar que o médico pode preliminarmente conceder o benefício auxíliodoença em vez da aposentadoria por invalidez diretamente, caso encontre dificuldade em identificar se tal incapacidade inabilitou realmente o segurado de exercer qualquer trabalho. Nesses casos concederá a aposentadoria por invalidez numa próxima perícia médica. Mas vale destacar que o médico perito pode conceder a aposentadoria por invalidez diretamente.
Perícia médica bienal
O aposentado por invalidez fica obrigado, sob pena de sustação do pagamento do benefício, a submeter-se a exames médico-periciais, a realizarem-se bienalmente, porémnada impede o INSS, a qualquer tempo, sob pena de suspensão do benefício, de submeter o aposentado por invalidez a exame médico a cargo da Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos, conforme dispõe o art. 46 do Decreto 3.048/1999.
Critério temporal
Data do início do benefício
Para o empregado: concluindo a perícia médica, realizada pelo INSS (podendo ser acompanhado pelo médico particular, óbvio arcando com as despesas), identificando a incapacidade total para o exercício da atividade profissional, a aposentadoria será devida a partir do 16.º dia do afastamento ou a partir da data de entrada do requerimento, caso a protocolização do benefício seja após o 30º dia do afastamento.
Para o segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial ou facultativo: será devida a partir da incapacidade ou partir da data de entrada do requerimento, caso a protocolização do benefício seja após o 30º dia da descoberta da incapacidade.
Data da cessação do benefício
Encerramento e ou término ocorrerá com o óbito do segurado; com a recuperação parcial ou total, abandono ou recusa do processo de reabilitação ou o retorno voluntário às atividades profissionais.
Uma das hipóteses de cessação da aposentadoria por invalidez ocorre por vontade do aposentado por invalidez, quando se sente apto ao trabalho. Nesse caso, terá de solicitar uma nova perícia médica no INSS, e, entendendo-se que realmente há a capacidade laboral, a aposentadoria é cessada, observado o disposto no art. 49 do Decreto 3.048/1999, que é a prestação de recuperação, tópico que abordaremos a seguir. Por fim, o aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cessada, a partir da data do retorno.
Da desnecessidade de perícia médica
O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não tenham retornado à atividade estarão isentos do exame de que trata o caput do art. 101 da Lei 8.213/1991 quando completarem 55 anos ou mais de idade e quando decorridos 15 anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu, após completarem 60 anos de idade ou quando o segurado for portador de HIV/Aids, novidade advinda pelo § 5º do art. 43 da Lei 8.213/1991, e incluída na Lei 13.847/2019.
Da prestação de recuperação
O art. 46 da Lei 8.213/1991 reza que o aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cessada, a partir da data do retorno. Nesse sentido, caso o segurado volte a trabalhar de forma deliberada, por vontade própria, sem comunicar o INSS, não receberá a prestação de recuperação.
Enquanto, segundo o art. 47 do Decreto 3.048/1999, o aposentado por invalidez que se julgar apto a retornar à atividade deverá solicitar a realização de nova avaliação médico-pericial, e se a perícia médica do INSS concluir pela recuperação da capacidade laborativa, a aposentadoria será cancelada; à luz da prestação de recuperação disposta no art. 49 do Decreto supra, ou seja, caso comunique o INSS, não terá a punição e receberá a prestação de recuperação.
O art. 49 do Decreto 3.048/1999 define que, na cessação da aposentadoria por invalidez, uma vez verificada a recuperação da capacidade de trabalho, será aplicada a prestação de readaptação da seguinte forma:
I – quando a recuperação for total e ocorrer dentro de cinco anos contados da data do
início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava na empresa ao se aposentar, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela
previdência social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados; e
II – quando a recuperação for parcial ou ocorrer após o período previsto no inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:
a) pelo seu valor integral, durante seis meses contados da data em que for verificada a recuperação da capacidade;
b) com redução de 50%, no período seguinte de seis meses; e
c) com redução de 75%, também por igual período de seis meses, ao término do qual cessará definitivamente.
O art. 50 do Decreto 3.048/1999 regula que, caso o segurado retorne à atividade, poderá requerer, a qualquer tempo, novo benefício previdenciário, sendo esse processamento normal. Seu parágrafo único traz a exceção:
Se o segurado requerer qualquer benefício durante o período citado no art. anterior, a aposentadoria por invalidez somente será cessada, para a concessão do novobenefício, após o cumprimento do período de que tratam as alíneas b do inciso I e a do inciso II do art. 49.
Pois então, o art. 50 reza que se o segurado requerer qualquer benefício durante o período da prestação de recuperação, a aposentadoria por invalidez somente será cessada, para a concessão do novo benefício, após o cumprimento do período de que tratam as alíneas: b do inciso I do art. 49: após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxíliodoença e da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados, além de empregados; a do inciso II do art. 49: pelo seu valor integral, durante seis meses contados da data em que for verificada a recuperação da capacidade; Somente será cessada, para a concessão do novo benefício, portanto, se após o cumprimento do período ocorrer:
1 – O pagamento pelo seu valor integral, durante seis meses contados da data em que for verificada a recuperação da capacidade ou,
2 – Após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados, além de empregados. Nesse sentido, a concessão de uma nova aposentadoria poderá cumular com a prestação de readaptação.
Do critério espacial
Diante dos acordos que a Previdência Social brasileira tem com outros países, recomenda-se analisar a possibilidade da concessão da aposentadoria por invalidez dependendo do país em que o segurado exercer sua atividade. A aposentadoria por invalidez é devida, portanto, em todo o território nacional, prevalecendo, nesse âmbito, o princípio da territorialidade.
Da doença preexistente
O art. 42, § 2º, da Lei 8.213/1991 é categórico: não será devida a aposentadoria por invalidez ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, exceto quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento da doença ou da lesão.
Para que não ocorra uma interpretação equivocada, o segurado pode se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão, desde que capaz para as atividades laborais e sociais. O que não pode é ingressar no sistema previdenciário incapaz somente para receber uma prestação previdenciária. Assim, caso ocorra a filiação ao sistema previdenciário já doente ou lesionado, porém capaz para as atividades laborais e sociais, receberá a aposentadoria por invalidez na ocorrência do agravamento da enfermidade.
Critério quantitativo
A base de cálculo é o salário de contribuição, e a alíquota é 100% do salário de benefício, ou seja, a aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de acidente do trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 100% do salário de benefício, observado o disposto na Seção III, especialmente no art. 33 da Lei 8.213/1991. Quando o acidentado do trabalho estiver em gozo de auxílio-doença, o valor da aposentadoria por invalidez será igual ao do auxílio-doença se este, por força de reajustamento, for superior ao previsto no art. 44 da Lei 8.213/1991.O único benefício previdenciário que pode ter um acréscimo de 25% é a aposentadoria por invalidez. Caso o segurado necessite de assistência de outra pessoa, ainda que receba um benefício de 100%, a renda mensal poderá ser acrescida em mais 25%, sendo essa porcentagem extinta quando o benefício for revertido em pensão por morte ao dependente do segurado, conforme dispõe o art. 45 da Lei 8.213/1991.
A EC 103 traz no art. 26, § 3º, II, que, no caso de aposentadoria por incapacidade permanente, quando decorrer de acidente de trabalho, de doença profissional e de doença do trabalho, o valor do benefício continua sendo 100% da média. Caso contrário, ou seja, nos benefícios de origem não acidentários, será de 60%, mais 2% para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição, até o máximo de 100%, conforme o art. 26, § 2º, III, da EC.
	Hipótese de
Incidência
	Diploma legal:
arts. 42 a 47 da Lei 8.213/1991;
arts. 43 a 50 do Decreto 3.048/1999; e
arts. 213 a 224 da Instrução Normativa INSS/PRES 77/2015.
	Carência
	12 contribuições mensais, com exceção às aposentadorias por
invalidez advindas de acidentes ou doenças elencadas no art. 151 da Lei 8.213/1991.
	Critério
material
	A incapacidade física ou mental para o exercício de qualquer
atividade laboral, sem a possibilidade de reabilitação.
Obs.: no caso de aposentadoria por invalidez por deficiência
mental, se faz necessário um curador (pessoa que cuida dos
interesses do doente), porém, a curatela não está vinculada à
concessão do benefício, bastando somente anexar um protocolo
do pedido judicial para tal recebimento.
	Critério
Temporal
	Para o empregado: concluindo a perícia médica, realizada pelo INSS (podendo ser acompanhado pelo médico particular, obviamente arcando com as despesas), identificando a incapacidade total para o exercício da atividade profissional, a aposentadoria será devida a partir do 16.º dia do afastamento ou a partir da data de entrada do requerimento, caso a protocolização do benefício seja após o trigésimo dia do afastamento.
Para o segurado empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso, especial ou facultativo:
será devida a partir da incapacidade ou a partir da data de entrada do requerimento, caso a protocolização do benefício seja após o trigésimo dia da descoberta da incapacidade.
Encerramento e ou término: Com o óbito do segurado; coma recuperação parcial ou total, abandono ou recusa do processo de reabilitação ou o retorno voluntário às atividades profissionais.
	Critério
Espacial
	Território Nacional, prevalecendo, o princípio da territorialidade.
	Critério
Pessoal
	Sujeito ativo: Todos os segurados.
Sujeito passivo: INSS.
	Critério
Quantitativo
	Base de cálculo: salário de benefício.
Alíquota: 100% do salário de benefício.
Aumento de 25%, caso o segurado necessite de assistência de outra pessoa: mesmo com um benefício de 100%, a renda mensal poderá ser acrescida em mais 25%, sendo esta porcentagem extinta quando o benefício for revertido em pensão por morte ao dependente do segurado. Com a Reforma da Previdência: A EC 103 traz, no art. 26, § 3º, II, que no caso de aposentadoria por incapacidade permanente, quando decorrer de acidente de trabalho, de doença profissional e de doença do trabalho, o valor do benefício continua sendo 100% da média. Caso contrário (não acidentário), será de 60%, mais 2% para cada ano de contribuição que exceder o tempo de
20 anos de contribuição, até o máximo de 100%, conforme art. 26, § 2º, III, da PEC.
Documentos para requerer essa espécie de benefício
	Documentos
Pessoais
	RG, CPF e Comprovante de endereço em nome do segurado
Obs.: xerox autenticada ou levar o original para o INSS
autenticar.
	Documentos
para provar
o tempo de
serviço
	EMPREGADO:
CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho (apresentado pela
empresa); Carteiras de trabalho originais;
Em caso de perda de Carteira de Trabalho: breve relatoda empresa (para provar que a empresa existe, retirar na Junta Comercial ou no Cartório), Ficha de Registro de Empregado (FRE) e Declaração Conforme Modelo (DCM) do
INSS, da empresa afirmando que o segurado exerceu sua atividade. Obs.: Para adiantar o trâmite processual, vale levar a FRE original para o INSS autenticar para evitar a pesquisa (diligência do INSS na empresa para ver se realmente a FRE é original).
EMPRESÁRIO:
Contrato social e alterações contratuais
Encerramento da empresa ou alteração de saída do segurado. Os carnês de contribuições e as guias de recolhimentos (se existir);
Obs.: Se o sócio não teve retirada pró-labore o tempo de serviço
não será considerado; Laudo do médico atestando que se encontra em tratamento;
	Provas
profissionais
em geral
	Certidão de Serviço Militar (caso tenha servido exército); Certidão de Tempo de Serviço: serviço público: requerida na autarquia em que exerceu atividade; serviço rural: requerida no sindicato dos trabalhadores rurais;
(Fonte: Alves, Hélio Gustavo Guia prático dos benefícios previdenciários : de acordo com a Reforma Previdenciária – EC 103/2019 / Hélio Gustavo Alves. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.)
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU POR INCAPACIDADE PERMANENTE
A Lei n. 8.213/1991 denominou o benefício decorrente da incapacidade laborativa permanente como aposentadoria por invalidez. Com a EC n. 103/2019, o nome utilizado passa a ser aposentadoria por incapacidade permanente, consoante nova redação do art. 201, I, da CF.
Utilizando-se do conceito de Russomano, “aposentadoria por invalidez é o benefício decorrente da incapacidade do segurado para o trabalho, sem perspectiva de reabilitação para o exercício de atividade capaz de lhe assegurar a subsistência”. 
De acordo com Wladimir Novaes Martinez: “Juntamente com o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez é benefício de pagamento continuado, de risco imprevisível, devido à incapacidade presente para o trabalho. É deferida, sobretudo, se o segurado está impossibilitado de trabalhar e insuscetível de reabilitar-se para a atividade garantidora da subsistência. Trata-se de prestação provisória com nítida tendência à definitividade, geralmente concedida após a cessação do auxílio-doença (PBPS, caput do art. 43)”.
Nos termos do art. 42 da Lei n. 8.213/1991, a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. Nos termos do Manual de Perícias Médicas do INSS (2018), a invalidez pode ser conceituada como a incapacidade laborativa total, permanente ou com prazo indefinido,omniprofissional/multiprofissional e insuscetível de recuperação ou reabilitação profissional, em consequência de doença ou acidente.
O Perito Médico deverá considerar a gravidade e irreversibilidade da doença/lesão, a impossibilidade de se determinar um prazo de recuperação, sua repercussão sobre a capacidade laborativa, bem como a insuscetibilidade à reabilitação profissional.
A aposentadoria por invalidez pode ter como causa acidente ou doença não relacionada ao trabalho, quando será considerada como previdenciária (espécie B 32). Quando for relacionada a acidente do trabalho ou doença ocupacional, será considerada como invalidez acidentária (B 92).
A incapacidade que resulta na insuscetibilidade de reabilitação pode ser constatada de plano em algumas oportunidades, em face da gravidade das lesões à integridade física ou mental do indivíduo. Nem sempre, contudo, a incapacidade permanente é passível de verificação imediata. Assim, via de regra, concede-se inicialmente ao segurado o benefício por incapacidade temporária – auxílio-doença – e, posteriormente, concluindo-se pela impossibilidade de retorno à atividade laborativa, transforma-se o benefício inicial em aposentadoria por invalidez. Por esse motivo, a lei menciona o fato de que o benefício é devido, estando ou não osegurado em gozo prévio de auxílio-doença.
Sobre os critérios de avaliação da incapacidade que gera direito ao benefício, o STJ definiu importantes parâmetros que reputamos adequados para ampliação da proteção aos segurados em situação de risco, superando obstáculos de perícias médicas dissociadas da realidade social do trabalhador mais humilde:
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUSIVO PELA INCAPACIDADE PARCIAL DO SEGURADO. NÃO VINCULAÇÃO. CIRCUNSTÂNCIA SOCIOECONÔMICA, PROFISSIONAL E CULTURAL FAVORÁVEL À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Os pleitos previdenciários possuem relevante valor social de proteção ao Trabalhador Segurado da Previdência Social, devendo ser, portanto, julgados sob tal orientação exegética. 2. Para a concessão de aposentadoria por invalidez devem ser considerados outros aspectos relevantes, além dos elencados no art. 42 da Lei 8.213/91, tais como, a
condição socioeconômica, profissional e cultural do segurado. 3. Embora tenha o laudo pericial concluído pela incapacidade parcial do segurado, o Magistrado não fica vinculado à prova pericial, podendo decidir contrário a ela quando houver nos autos outros elementos que assim o convençam, como no presente caso. 4. Em face das limitações impostas pela avançada idade, bem como pelo baixo grau de escolaridade, seria utopia defender a inserção do segurado no concorrido mercado de trabalho, para iniciar uma nova atividade profissional, motivo pelo faz jus à concessão de aposentadoria por invalidez. 5. Agravo Regimental do INSS desprovido. (AGRESP 200801032030, 5ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJE 9.11.2009).
No mesmo sentido decidiu a TNU:
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DIVERGÊNCIA ENTRE LAUDO PERICIAL E ATESTADOS MÉDICOS. DESVINCULAÇÃO DO JUIZ EM RELAÇÃO AO LAUDO PERICIAL. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. AUSÊNCIA DE HIERARQUIA ENTRE OS MEIOS DE PROVA. INCIDENTE NÃO PROVIDO. (PEDILEF n. 0052127-08.2009.4.01.3500, Relator Sérgio Murilo Queiroga, Sessão de 11.2.2015).
Merece destaque ainda decisão da TNU acerca da análise dos aspectos sociais da incapacidade laborativa. Segundo a relatora, juíza federal Maria Divina Vitória, “a incapacidade para o trabalho é fenômeno multidimensional e não pode ser avaliada tão somente do ponto de vista médico, devendo ser analisados também os aspectos sociais, ambientais e pessoais. Há que se perquirir sobre a real possibilidade de reingresso do segurado no mercado de trabalho. Esse entendimento decorre da interpretação sistemática da legislação, da Convenção da OIT – Organização Internacional do Trabalho, e do princípio da dignidade da pessoa humana. A restrição ao idoso aliada ao estado de saúde do trabalhador, na prática, inviabilizam o seu retorno à atividade que lhe proporcione meios de subsistência, razão do deferimento da aposentadoria por invalidez” (PEDILEF 2005.83.00506090-2/PE, julgado em 17.12.2007).
O STJ também firmou orientação de que para a concessão de aposentadoria por invalidez, na hipótese em que o laudo pericial tenha concluído pela incapacidade parcial para o trabalho, devem ser considerados, além dos elementos previstos no art. 42 da Lei n. 8.213/1991, os aspectos socioeconômicos, profissionais e culturais do segurado (AgRg no AREsp 283.029-SP, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, Dje de 15.4.2013).
Cabe ressaltar que a avaliação das condições pessoais e sociais só se mostra necessária quando existente alguma incapacidade laboral. Nesse sentido, a Súmula n. 77 da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.
A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, a suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança – § 1º do art. 42 da Lei n. 8.213/1991. O art. 162, § 1º, do Regulamento da Previdência Social, com a redação dada pelo Decreto n. 4.729, de 9.6.2003, estabeleceu como exigência para a concessão de aposentadoria por invalidez decorrente de doença mental a apresentação do termo de curatela, ainda que provisória.
A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao RGPS não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. Isso porque a necessidade de ser futuro e incerto o risco faz com que se exclua da proteção o segurado que, ao tempo da vinculação, já era portador da moléstia ou da lesão que venha a ser invocada como suporte material do direito à prestação. Em relação à doença congênita ou adquirida antes da filiação, o TRF da 4ª Região entendeu que não impede a concessão do benefício, desde que o agravamento da enfermidade seja posterior à filiação (Apelação Cível n. 2001.04.01.024579-4/RS, 6ª Turma, Rel. Des. Luiz Fernando Wowk Penteado, sessão de 13.11.2001).
Sobre a concessão dos benefícios por incapacidade, além da Súmula 77, já mencionada, temos importantes orientações da TNU expressas nas seguintes Súmulas:
– 47: “Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez”.
– 53: “Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de Previdência Social”.
– 78: “Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença”.
As regras gerais sobre a aposentadoria por invalidez estão disciplinadas no art. 201, I, da Constituição (com redação conferida pela EC n. 103/2019), nos arts. 42 a 47 da Lei n. 8.213/1991 e arts. 43 a 50 do Decreto n. 3.048/1999.
Período de carência
O período de carência para a concessão da aposentadoria por invalidez é de 12 contribuições mensais. A concessão independe de carência no caso de o segurado ter ficado inválido em razão de acidente de qualquer natureza ou causa (inclusive o ligado ao trabalho), ou ser acometido de doença ocupacional ou alguma das doenças especificadas no art. 151 da Lei n. 8.213/1991.
Ou seja, para a aposentadoria por invalidez acidentária (espécie B 92) nunca se exige carência, bastando a comprovação da qualidade de segurado e do nexo de causalidade entre a invalidez e a atividade laborativa. Já para a aposentadoria por invalidez previdenciária (espécie B 32), não se exige carência para os acidentes de qualquer natureza e para as doenças consideradas graves, contagiosas ou incuráveis, tipificadas em lei. Sobre o tema, encaminhamos o leitor às observações feitas no Capítulo anterior (Acidente do Trabalho e Doenças Ocupacionais), em que levantamos algumas teses sobre a inaplicabilidade do prazo carencial em doenças não tipificadas na norma legal.
A lista atual de doenças consideradas para fins de concessão do benefício sem exigência de carência é a seguinte:
-tuberculose ativa;
-hanseníase;
-alienação mental;
-esclerose múltipla;
-hepatopatia grave;
-neoplasia maligna;
-cegueira;
-paralisia irreversível e incapacitante;
-cardiopatia grave;
-doença de Parkinson;
-espondiloartrose anquilosante;
-nefropatia grave;
-estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante);
-síndrome da deficiência imunológica adquirida (AIDS);
-contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada
Os segurados especiais estão isentos do cumprimento do período de carência – entendida esta como número mínimo de contribuições mensais, devendo, todavia, comprovar o exercício de atividade rural nos doze meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício.Data de início do benefício
Quando a aposentadoria por invalidez decorrer de transformação de auxíliodoença, ela é devida a partir do dia imediato ao da cessação do auxílio-doença.
Quando não decorrer de transformação de auxílio-doença, ela é devida nas seguintes Datas de Início do Benefício – DIB: para os segurados empregados (exceto o doméstico): a contar do 16º dia de afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, quando postulado após o 30º dia do afastamento da atividade (os 15 primeiros dias de afastamento são de responsabilidade da empresa, que deverá pagar ao
segurado empregado o salário); e para o segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial, facultativo e intermitente: a partir da data do início da incapacidade, ou da data de entrada do requerimento, quando ocorrido após o 30º dia da incapacidade.
Em todos os casos, o requerimento do benefício deve ser formulado no prazo fixado, de 30 dias a partir da data da incapacidade, sob pena de ser a data daquele o termo inicial do benefício. Evidentemente, se o segurado se encontra incapacitado não apenas para o trabalho, mas para quaisquer atos da vida civil, não se pode exigir tal prazo (por exemplo, quando o segurado tenha ficado em estado de coma, ou inconsciente), pois contra os totalmente incapazes não são oponíveis quaisquer prazos legais.
Na hipótese em que a aposentadoria por invalidez é solicitada exclusivamente na via judicial, sem que exista prévia postulação administrativa, é a citação válida que deve ser considerada como termo inicial para a implantação do benefício. Isso porque a citação, além de informar o litígio, constitui o réu em mora quanto à cobertura do evento causador da incapacidade, tendo em vista a aplicação do art. 240 do CPC/2015.
Nesse sentido, a Súmula n. 576 do STJ: “Ausente requerimento administrativo no INSS, o termo inicial para a implantação da aposentadoria por invalidez concedida judicialmente será a data da citação válida”. Ou seja, o STJ tem afastado a data do laudo médico-pericial como marco inicial de aposentadoria por invalidez. Assim, o início da concessão de aposentadoria por invalidez deve coincidir com a data do requerimento administrativo ou, na ausência deste, da citação do INSS, na hipótese em que a incapacidade definitiva apenas seja comprovada após a apresentação do laudo pericial em juízo e o segurado não esteja em gozo de auxílio-doença decorrente do mesmo fato gerador. Nesse sentido: STJ, REsp 1.311.665, 1ª Turma, Relator p/ acórdão Ministro Sérgio Kukina, DJe de 17.10.2014.
Um questionamento faz-se oportuno: quando o segurado acometido de mal incapacitante busca a prestação jurisdicional com o intuito de obter auxílio-doença, mas a perícia constata que a incapacidade não é temporária, mas sim permanente, poderá o juiz conceder a aposentadoria por invalidez?
Na hipótese de concessão da aposentadoria por invalidez por decisão judicial, a perícia deve avaliar, necessariamente, qual a condição de saúde do segurado quando do requerimento administrativo do benefício e, uma vez que o órgão judicial se convença da presença dos requisitos naquela data, é fundamental que seja deferida com efeitos retroativos à data em que deveria ter sido pago pelo INSS, sob pena de cometer-se grave injustiça com o autor da demanda. Neste sentido:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO LEGAL (ART. 557, § 1º, DO CPC). APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TERMO INICIAL. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. 1. Tendo o expert asseverado que a incapacidade para o labor iniciou-se em momento anterior à perícia, de rigor a fixação do termo inicial da aposentadoria por invalidez na data do requerimento administrativo (25/06/2008), momento em que o demandante reuniu todos os requisitos para a concessão do benefício. 2. Agravo legal parcialmente provido (TRF da 3ª Região, AC 0013610- 69.2012.4.03.9999, 9ª Turma, Relator Desembargador Federal Nelson Bernardes, Data de Julgamento: 30.7.2012).
Renda mensal inicial
Até o advento da EC n. 103/2019, a aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de acidente do trabalho, consistia numa renda mensal correspondente a 100% do salário de benefício, apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% do período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994 até a data de início do benefício. No entanto, a EC n. 103/2019 estabeleceu (art. 26) novos coeficientes de cálculo.
Vejamos:
- aposentadoria por incapacidade permanente (não acidentária): corresponderá a 60% do salário de benefício, com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição, no caso dos homens, e dos 15 anos, no caso das mulheres. Por exemplo:
- segurado homem: 20 anos de tempo de contribuição = 60% do salário de benefício; 30 anos de tempo de contribuição = 80% do salário de benefício; 40 anos de tempo de contribuição = 100% do salário de benefício;
- segurada mulher: 15 anos de tempo de contribuição = 60% do salário de benefício; 30 anos de tempo de contribuição = 90% do salário de benefício; 35 anos de tempo de contribuição = 100% do salário de beneficio.
- aposentadoria por incapacidade permanente quando decorrer de acidente de trabalho, de doença profissional e de doença do trabalho: corresponderá a 100% do salário de benefício que leva em consideração todos os salários de contribuição (desde julho de 1994, ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência).
Essa mudança no cálculo representa uma perda significativa de renda do segurado que se tornar incapaz de forma permanente para o trabalho, salvo na hipótese de a incapacidade ter resultado de acidente do trabalho, em situações assemelhadas ao acidente-típico, em casos de doença profissional e de doença do trabalho. Este tema deverá acarretar grandes controvérsias também porque, em caso de incapacidade permanente não acidentária, o valor do benefício de aposentadoria pode, e bem possivelmente será, calculado em valor menor que o auxílio-doença que o antecedeu, situação que pode acarretar a arguição de que há violação quanto à irredutibilidade do valor do benefício, pois não há sentido receber um valor de benefício menor (incapacidade permanente) por uma situação menos grave (que a de uma incapacidade temporária).
Semelhante diferenciação ocorreu no passado, na redação original da Lei n. 8.213/1991, sendo corrigida posteriormente pela Lei n. 9.032/1995. E agora volta à baila essa regra discriminatória, sem razão de ordem contributiva que justifique pagar menor valor para situações isonômicas. Tema a ser questionado na via judicial!
No caso da aposentadoria por invalidez, precedida de auxílio-doença e sem o retorno do segurado ao trabalho, deve ser calculada pelo valor da remuneração anterior ao início do recebimento do auxílio. Nesse caso, a limitação do salário de benefício do auxílio-doença, introduzida pelo § 10 do art. 29 da Lei de Benefícios pela Lei n. 13.135/2015, ainda que seja tida por constitucional, não poderá ser aplicada à aposentadoria por invalidez.
Outra situação relacionada ao tema é o cômputo dos salários de benefício como salários de contribuição. Nos termos do art. 29, II (com a redação dada pela Lei n. 9.876/1999) e § 5º, da Lei n. 8.213/1991, somente é admitida se, no período básico de cálculo, houver contribuições intercaladas com os afastamentos ocorridos por motivo de incapacidade. A matéria foi sumulada pelo STJ: Súmula n. 557 – “A renda mensal inicial (RMI) alusiva ao benefício de aposentadoria por invalidez precedido de auxílio-doença será apurada na forma do art. 36, § 7º, do Decreto n. 3.048/1999, observando-se, porém, os critérios previstos no art. 29, § 5º, da Lei n. 8.213/1991, quando intercalados períodos de afastamento e de atividade laboral”.
Para o segurado especial, o benefício será no valor de um salário mínimo; comprovando contribuições para o sistema, terá a renda mensal calculada com base no salário de benefício.
Os questionamentosjudiciais envolvendo o cálculo do valor da renda mensal da aposentadoria por invalidez foram abordados no Capítulo denominado “Reajustamento e revisão do valor dos benefícios”, ao qual remetemos o leitor. O valor da aposentadoria por invalidez ao segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25%, podendo chegar, assim, a 125% do salário de benefício. O acréscimo será devido, ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal; será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado e cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão. As situações em que o aposentado terá direito a essa majoração estão relacionadas no Anexo I do Regulamento da Previdência Social (Decreto n. 3.048/1999), quais sejam:
1) Cegueira total;
2) Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta;
3) Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores;
4) Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível;
5) Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível;
6) Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível;
7) Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e
social;
8) Doença que exija permanência contínua no leito;
9) Incapacidade permanente para as atividades da vida diária.
Essa relação não pode ser considerada como exaustiva, pois outras situações podem levar o aposentado a necessitar de assistência permanente, o que pode ser comprovado por meio de perícia médica.
Constatado por ocasião da perícia médica que o segurado faz jus à aposentadoria por invalidez deverá o perito, de imediato, verificar se este necessita da assistência permanente de outra pessoa, fixando-se, se for o caso, o início do pagamento na data do início da aposentadoria por invalidez. Trata-se de situação em que o INSS deve conhecer de ofício do direito, independentemente de requerimento. Caso não seja concedido de imediato, ou deferida por via judicial, deve retroagir à data de início da aposentadoria por invalidez, portanto – já que não há prazo para o requerimento do acréscimo – obedecida, quando for o caso, a prescrição.
É de se ressaltar que não há previsão de requerimento administrativo para o acréscimo de 25% – não se consegue, por exemplo, postular pela internet ou pelo telefone 135 – de modo que tal situação justifica a retroação à data de início da aposentadoria por invalidez, ou quando a necessidade de assistência permanente ocorrer após, à data em que o segurado passou a estar enquadrado na regra legal.
Constatado por ocasião da perícia médica que o segurado faz jus à aposentadoria por invalidez, deverá o INSS, de imediato, verificar se este necessita da assistência permanente de outra pessoa, fixando-se, se for o caso, o início do pagamento na data do início da aposentadoria por invalidez.Nesse mesmo sentido: TJDFT, Apelação Cível 20050111015645, 3ª Turma Cível, Rel. Desembargador Mario-Zam Belmiro, DJE 27.1.2011; TNU, PEDILEF 5006445-20.2012.4.04.7100, Relatora Juíza Federal Kyu Soon Lee, julgado em 11.9.2014; TNU PEDILEF 50090847420134047100, Juiz Federal Bruno Leonardo Câmara Carrá, TNU, DOU 10.7.2015. Importante salientar que, a respeito da incidência de imposto de renda sobre proventos de aposentadoria:
– CARF – Súmula n. 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda.
– TRF da 4ª Região – Súmula n. 84: Concedida a isenção do imposto de renda incidente sobre os proventos de aposentadoria percebidos por portadores de neoplasia maligna, nos termos art. 6º, inciso XIV, da Lei 7.713/88, não se exige a persistência dos sintomas para a manutenção do benefício.
Recuperação da capacidade de trabalho
A aposentadoria por invalidez suspende o contrato de trabalho (CLT, art. 475) e cessa com a recuperação da capacidade de trabalho. Por isso, o aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno – art. 46 da Lei do RGPS.
Questão bastante presente é o alcance da regra do art. 475 da CLT a outros direitos do empregado que não o pagamento do salário. O mais comum dos direitos vindicados em ações trabalhistas movidas por empregados aposentados por invalidez é a manutenção do plano de saúde em modalidade empresarial, custeado pelo empregador, que muitas vezes é suprimido justamente no período de concessão da aposentadoria por invalidez. A esse respeito, a posição da jurisprudência é firme no sentido da ilicitude de tal procedimento:
RECURSO DE REVISTA. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. Nos termos do art. 475 da CLT, “o empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício”. Suspenso o ajuste, paralisam-se apenas os efeitos principais do vínculo, quais sejam, a prestação de trabalho, o pagamento de salários e a contagem do tempo de serviço. Todavia, as cláusulas contratuais compatíveis com a suspensão continuam impondo direitos e obrigações às partes, porquanto subsiste intacto o vínculo de emprego. Considerando que o direito ao acesso ao plano de saúde, tal como usufruído antes da aposentadoria por invalidez, não decorre da prestação de serviços, mas diretamente do contrato de emprego – resguardado durante a percepção do benefício previdenciário –, não há motivo para sua cassação. Recurso de revista conhecido e não provido. (TST, RR 501300-30.2003.5.01.0341, Relatora Ministra Rosa Maria Weber, 3ª Turma, publ. 14.8.2009).
O segurado em gozo de aposentadoria por invalidez está obrigado, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, a processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e a tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos, independentemente de idade. De acordo com o parágrafo único do art. 46
do Decreto n. 3.048/99, a periodicidade de submissão do aposentado à perícia é bienal. Consta, também, no art. 43, § 4º, da LB, incluído pela Lei n. 13.457/2017, que “O segurado aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou administrativamente, observado o disposto no art. 101”.
O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não tenham retornado à atividade estarão isentos do exame médico-pericial após completarem 55 anos ou mais de idade e quando decorridos 15 anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu; ou após completarem 60 anos de idade (art. 101 da LBPS com redação conferida pela Lei n. 13.846/2019). A Lei n. 13.847/2019 também dispensou da perícia a pessoa com HIV/AIDS (art. 43, § 5º, da LBPS).
A norma excetua as perícias médicas com as seguintes finalidades: 1) verificar a necessidade de assistência permanente de outra pessoa, situação em que será concedido acréscimo de 25% sobre o valor do benefício; e 2) verificar a recuperação da capacidade de trabalho, mediante solicitação do beneficiário; subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela.
O STJ, em caso de cancelamento de aposentadoria por invalidez deferida judicialmente, tem dois entendimentos diversos. Vejamos: 
a) o cancelamento deve ser também por meio de ação judicial, nos termos do art. 471, inciso I, do CPC/1973 (art. 505, I, do CPC/2015) e em respeito ao princípio do paralelismo das formas: REsp 1.201.503/RS, 6ª Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 26.11.2012; Resp 1.408.281/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 7.3.2017; 
b) considera inaplicável o princípio do paralelismode formas para o cancelamento dos benefícios, utilizando-se dos seguintes argumentos (Resp 1.429.976/CE, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 24.2.2014):
1) a legislação previdenciária, que é muito prolixa, não determina essa exigência, não podendo o Poder Judiciário exigir ou criar obstáculos à autarquia, não previstos em lei;
2) foge da razoabilidade e proporcionalidade, uma vez que, por meio do processo administrativo previdenciário, respeitando o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, é suficiente para apurar a veracidade ou não dos argumentos para a suspensão/cancelamento do benefício, e não impede uma posterior revisão judicial;
De qualquer forma, ficou assentado nesse último precedente do STJ que é indispensável a observância do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, sempre que houver necessidade de revisão do benefício previdenciário, por meio do processo administrativo previdenciário, impedindo com isso o cancelamento unilateral por parte da autarquia, sem oportunizar apresentação de provas que entender necessárias.
A aposentadoria por invalidez decorrente de ação judicial pode ser submetida a procedimento de revisão a cada dois anos, na forma e condições fixadas em ato conjunto com a Procuradoria-Geral Federal (art. 223 da IN INSS/PRES n. 77/2015).
A aposentadoria por invalidez não é concedida em caráter irrevogável. Como a incapacidade para o trabalho pode deixar de existir, em face de uma série de fatores, a lei prevê a possibilidade de cessação do pagamento quando ocorrer o retorno ao trabalho. É que “a Previdência Social Brasileira, há muitos anos, abandonou o critério da irrevogabilidade da aposentadoria por invalidez, que, no direito anterior, se configurava pelo transcurso do tempo (cinco anos de manutenção do benefício pelo órgão previdencial)”.9 Essa regra foi mitigada em face da nova redação conferida ao art. 101 da LBPS (cuja redação atual é conferida pela Lei n. 13.063/2014).
A cessação do recebimento do benefício, uma vez constatada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado, obedece às regras do art. 47 da Lei n. 8.213/1991, abaixo relacionadas, procurando permitir ao segurado o retorno gradual ao mercado de trabalho para tornar a prover os meios necessários à manutenção de sua subsistência.
Para os segurados empregados, urbanos ou rurais, uma vez estando suspenso o contrato de trabalho, na forma do art. 475 da Consolidação das Leis do Trabalho, e tendo sido verificada a recuperação total da capacidade de trabalho, o benefício cessará de imediato, caso não tenham se passado cinco anos entre a concessão do benefício e a recuperação. Se a recuperação do segurado empregado for apenas parcial, e este for considerado apto para função diversa da que exercia, ou aquele cuja “alta” sobrevier em tempo posterior a cinco anos da concessão do benefício, então a estes será assegurada a percepção do benefício por mais dezoito meses, sem prejuízo do retorno à atividade, sendo que, nos primeiros seis meses da volta à ativa, o benefício será pago integralmente, do sétimo ao décimo segundo mês será pago com redução de 50% em seu valor e, nos seis últimos meses – do décimo terceiro ao décimo oitavo mês, será pago o benefício com redução de 75%.
Aos empregados aplicam-se as regras do art. 475 da Consolidação das Leis do Trabalho. Para isso, o INSS emitirá certificado de capacidade para o empregado postular seu emprego de volta. Segundo este artigo da Consolidação, o empregado que for aposentado por invalidez, recuperando a capacidade de trabalho e sendo a aposentadoria cancelada, terá direito a retornar para a função que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador o direito de indenizá-lo em resilição contratual sem justa causa, salvo na hipótese de ser o empregado portador de estabilidade, quando esta deverá ser respeitada.
Ante a inaplicabilidade dos arts. 477, 478 e 497 da Consolidação das Leis do Trabalho, a partir da adoção do FGTS como regime único de proteção do emprego contra a despedida imotivada, há que se interpretar que o empregador que desejar dispensar o empregado não estável pagará a indenização compensatória da dispensa imotivada igual a 40% do montante dos depósitos do FGTS devidos no curso do contrato de trabalho e, no caso de estável, pagará a indenização equivalente ao período de garantia de emprego, mais a indenização de 40% do FGTS.
Concordamos novamente com Russomano:
Assim sendo, após dezoito meses de recebimento do valor da aposentadoria com reduções sucessivas e crescentes, cessará, definitivamente, o benefício. Nessa hipótese, a aposentadoria será mantida, nas condições indicadas, sem prejuízo – diz o legislador – da volta do segurado ao trabalho (...) Esse dispositivo sempre nos autorizou a afirmação de que o segurado tem direito de retornar à sua atividade normal e, no caso de estar protegido pela Consolidação das Leis do Trabalho, de ser readmitido no cargo que exercia, anteriormente, na empresa, ou receber indenização (...)
Não discrepa o entendimento jurisprudencial trabalhista a respeito, preconizado na Súmula n. 160 do Tribunal Superior do Trabalho: “Cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos, o trabalhador terá direito de retomar ao emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo na forma da lei”.
Aos demais segurados aplica-se o seguinte: sobrevindo a recuperação plena nos cinco anos subsequentes à concessão do benefício, a estes será concedido o benefício ainda por tantos meses quantos foram os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez. Já se a recuperação for parcial, ocorrer após os cinco anos, ou o segurado for declarado apto para o exercício de função diversa da que exercia antes da aposentação, aplicar-se-á a mesma regra da supressão gradativa do benefício, em dezoito meses.
É garantido ao segurado que retornar à atividade que este possa requerer, a qualquer tempo, novo benefício, tendo este processamento normal. Ou seja, o aposentado por invalidez que volte a trabalhar, caso seja vítima de nova incapacidade, ou implemente direito a outro benefício de aposentadoria, poderá requerê-lo a qualquer tempo, não havendo obrigação de prazo carencial entre os dois benefícios, ou compensação de valores percebidos a título de aposentadoria por invalidez.
Cabe ainda consignar que há decisões do STJ dando conta da possibilidade de cumulação de aposentadoria por invalidez e subsídio decorrente de exercício de mandato eletivo, reconhecendo que a incapacidade para o exercício da atividade profissional não significa necessariamente invalidez para os atos da vida política (AgRg no REsp 1.412.872/CE, 1ª Turma, Ministro Ari Pargendler, DJe de 18.12.2013; AgRg no REsp 1.307.425/SC, 2ª Turma, Ministro Castro Meira, DJe de 2.10.2013).
Comprovados os requisitos para a aposentadoria por invalidez e sobrevindo o óbito do autor no curso do processo, é possível a conversão daquele benefício em pensão por morte, não caracterizando julgamento ultra ou extra petita, por ser este benefício consequência daquele. Nesse sentido: STJ, REsp 1.108.079/PR, 6ª Turma, Rel. Min. Maria Tereza de Assis Moura, DJe de 3.11.2011.
Da possibilidade de transformação da aposentadoria por invalidez em aposentadoria por idade
De acordo com a regra contida no art. 55 do Decreto n. 3.048/1999, a aposentadoria por idade poderia ser decorrente da transformação de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, desde que requerida pelo segurado e observado o cumprimento da carência exigida na data de início do benefício a ser transformado.
No entanto, esse dispositivo foi revogado pelo Decreto n. 6.722, de 2008, impossibilitando essa transformação direta que muitas vezes representava um acréscimo de renda em face da aplicação do fator previdenciário positivo.
Após isso, o art. 212 da IN 45/2010 previu que: “É vedada a transformação de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença em aposentadoria por idade para requerimentos efetivados a partir de 31 de dezembro

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