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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Papiloma são as lesões verrugosas que aparecem na pele. • O vírus infecta e imortaliza queratinócitos para gerar essas verrigas e condilomas, pode levar a câncer. • Há vários tipos virais, a maioria é de IST, mas há outras que geram apenas verrugas nas mãos, nos pés... lesões benignas causadas pelo vírus. • Em 1894, o pesquisador chamado Litch começou a perceber que essas lesões não apareciam casualmente, mas que poderiam ser causadas por um agente etiológico. Ele raspou uma verruga no irmão e colocou em uma lesão da sua pele. Depois de umas semanas, percebeu que brotou no local uma verruga. Cada verruga é um ponto de infecção por HPV. • Em 1907, foi comprovado que o agente patogênico era um vírus (chamados de agentes filtráveis na época). Características gerais • Pertence à família Papillomaviridae e ao gênero Papilomavírus. • É um vírus com genoma de DNA fita dupla. • Não é envelopado. Isso faz com que seja bastante resistente no ambiente, já que os que têm esse envelope lipídico podem ser destruídos com qualquer detergente. • É de difícil cultivo em laboratório. • Possui tropismo pelo epitélio. Eles penetram e se replicam especialmente nos queratinócitos e em células da derme. • Há mais de 100 tipos virais do HPV. Ele é constituído por muitas linhagens, que recebem numeração de 1 a 100. • Tem tipos que possuem tropismo pelo epitélio queratinizado – é a pele, que possui uma camada de células mortas cheias de queratina. É nessa região que esses tipos virais se multiplicam, causando verrugas comuns. Principais tipos: 1, 2, 3, 4. • Há subtipos adaptados a se replicar no epitélio não queratinizado, ou seja, na mucosa. Principais tipos: 6 e 11, mais associados a verrugas virais e outros tipos virais, principalmente 16 e 18, associado ao desenvolvimento de câncer de colo de útero. • 70% dos carcinomas de colo de útero são causados pelos tipos 16 e 18. Por isso, são chamados de tipos de alto risco. • As verrugas genitais, mais de 90% são causadas pelos tipos 6 e 11. Por isso, são denominados tipos de baixo risco. • Essa classificação é importante ao fazer o diagnóstico de uma paciente com uma infecção no colo de útero. Pode-se dizer se é de baixo ou alto risco para câncer. Lembrando que é risco, 6 e 11 podem causar câncer, mas é muito menos provável. Dinâmica dos queratinócitos • São as células onde o HPV tem tropismo. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Os queratinócitos se renovam o tempo inteiro. • Tem derme, a camada mais subjacente da pele, onde nascem os novos queratinócitos, com núcleo grande – o que indica um ciclo celular ativo e conforma o tempo passa, eles vão paralisando sua divisão celular e entram em apoptose, perdendo o núcleo. Quando isso acontece, a célula morre. • No epitélio queratinizado tem essas células mortas se enchendo de queratina, o que não acontece na mucosa. Na mucosa elas têm o mesmo processo de morte, mas não vão ser preenchidas com queratina, porque a mucosa não é queratinizada. • Na pele, é importante que haja uma cobertura de queratina e células mortas, pois elas protegem e impermeabilizam a pele. E, por não ter células vivas e expostas, faz com que a pele não seja de fácil acesso para um vírus. • Para que o HPV possa atuar, precisa entrar por uma microfissura – lesão onde ele se localiza. Não consegue ultrapassar a camada córnea sozinha. • Esses queratinócitos demoram de 2 a 2 meses e meio para sair da derme e chegar à parte mais superficial, onde já morreram. Eles são descamados normalmente, ao coçar, esbarrar na pele... • Então, todo esse processo do queratinócito sendo induzido a parar sua produção e entrar em apoptose dura mais ou menos 2 meses. Com isso, chega à parte superficial e é substituído por novas células. • Como o HPV se estabelece em um queratinócito morto? • Ocorre a infecção e se o HPV não tivesse nenhum mecanismo, não haveria nenhuma nova infecção, porque o vírus morreria junto com o queratinócito ao terminar o ciclo. Por isso, o HPV desencadeia um processo particular: a imortalização do queratinócito. Patogênese • A transmissão do HPV que causa verruga – tropismo pelo epitélio queratinizado, são transmitidos por contato com superfícies infectadas – mãos, ferramentas, utensílios, cadeiras.... • O vírus entra através de microlesões na pele, atingindo e infectando as células da camada basal da pele (a primeira camada, com células ainda vivas). • Ele se instala na célula, a qual começa a produzir o vírus e algumas proteínas, dentre elas as mais importantes: E6 e E7. A proteína E6 vai interferir com a proteína p53 dos queratinócitos. E, a proteína E7 vai interferir com a proteína pRB. Isso causa um grande impacto nas células epiteliais. • A proteína do retinoblastoma (pRB) é a que vai induzir que a célula epitelial pare de se multiplicar. Ela dá o primeiro sinal para que a célula morra. Depois, a proteína p53 vai induzir o início do apoptose, fazendo com que a célula perca seu núcleo. Esse processo de primeiro parar a replicação e entrar em apoptose é essencial para que todo queratinócito e célula epitelial chegue ao fim, cumpra se ciclo, e após 2 meses esteja localizado na superfície para ser disperso, dando origem para a nova célula ocupar seu ligar. • Quando a proteína E7 se liga à pRB há o processo de paralisação da limitação da multiplicação, ou seja, ela vai continuar se proliferando. Ao mesmo tempo, ela não entra mais em apoptose, pela ação da E6. • Logo, há a geração de queratinócitos imortalizados se proliferando. • Células que não morrem e se proliferam constantemente, começam a apresentar alterações malignas com capacidade de invasão de tecidos, podendo levar a uma neoplasia – câncer. • Toda essa patogenia é principalmente com relação aos tipos virais que causam câncer. A patogênese da formação da verruga é similar, mas não há uma evolução para câncer. É uma lesão benigna, podendo ser retirada apenas por questões estéticas. Contudo, a ciência ainda não conhece como é a patogênese da formação da verruga. Até mesmo por ser benigno, não gera tanto interesse. • Até os tipos irais que se instalam no epitélio e levam ao câncer, a maioria das infecções são eliminadas pelo sistema imune. Há muitos casos de câncer do colo do útero todos os anos, mas isso é uma pequena porcentagem dos casos de pessoas Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez infectadas por HPV, já que a maioria das infecções nem chegam a se manifestar, pois são controladas pelo próprio sistema imune antes dos sintomas aparecerem. Formação da verruga • Aparecimento de verrugas de pele. É normal. • A patogênese d averruga deve seguir o mesmo raciocínio: tem o epitélio queratinizado, onde as células jovens começam a receber o sinal para começar a morrer, sendo substituídas por novas células. Quando há a infecção pelo HPV, essas células recebem o sinal da proteína pRB, mas a B7 do vírus se liga a ela, impedindo sua atuação. • Com isso, as células continuam se multiplicando. Ao mesmo tempo, a B6 interrompe o funcionamento da proteína p53, então além de se multiplicar, não entram em apoptose. Elas continuam vivas e se multiplicando. • O problema é que todo esse mecanismo de renovação da pele não para. Logo, há sempre novas células epiteliais nascendo e encontram a massa de células que não morreram, empurrando- as para cima, gerando a lesão/verruga: grupo de células epiteliais que não morreram e estão sendo empurradas cada vez mais para fora. Manifestações clínicas • Verrugas cutâneas simples: - Chamadasde verrugas vulgares; - Lesões benignas, retiradas por questões estéticas. - Normalmente tem aspecto hiperpigmentado, como consequência da produção de melanina na região. - Quando se apresentam nas regiões de mãos e pés, costumam ser hiperqueratinizadas também. - Verrugas que se apresentam na axila ou pescoço costumam ser múltiplas, por ser uma região de dobra e a pele por movimentar-se muito acaba contagiando regiões adjacentes com o vírus. Também pelo uso de acessórios que geram microlesões e o espalhamento do vírus. - Processo benigno. • Verruga plantar: - É a mesma coisa que a verruga vulgar, o problema é a localização. Quando localizada na planta do pé, com a qual pisamos o tempo todo, as células jovens que estão sendo produzidas não conseguem formar a elevação, pela pressão constante. A partir disso, a verruga se forma para dentro. Essa verruga pode ser bastante dolorosa, por ser interna. - Podem ser confundidas com calos. - Normalmente se manifestam de forma única. - Fácil de pegar ao andar descalço, pois o chão está cheio de HPV. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Condinoma acuminado ou verrugas genitais: - São múltiplas, por causa do atrito e bem delimitadas. - Tem aspecto de couve-flor, com superfície muito rugosa. - Podem ser causados por tipos de baixo ou alto risco. - Causam lesões no pênis, vulva, períneo e ânus, podendo atingir o colo do útero. - Se ocorre uma relação sexual, os vírus localizados na superfície podem chegar ao colo do útero e se forem de alto risco tem grande chance de evoluir a um câncer de colo de útero. • HPV oral: - Transmitida principalmente através do sexo oral. - Pode causar câncer bucal. - Aspecto de verruga externa ou uma lesão plana e esbranquiçada. Neoplasia intraepitelial e carcinoma cervical • Quando o HPV atinge o colo do útero, pode haver alterações celulares que causam mais que uma lesão estética. Pode ter uma alteração celular que vai afetar toda a região do tecido. Eventualmente, pode atravessar o tecido, saindo do colo do útero, se transformando em um carcinoma invasor. • Aspecto normal na primeira imagem. A superfície é formada por célula achatadas, sem queratina. O que acontece é que as células epiteliais começam a ficar achatadas, com o núcleo bem pequeno e é descamada, dando lugar a outra célula. • Quando o HPV se instala, gera lesões que de início são pequenas – lesões de baixo grau. Se não tratadas, aumentam em extensão e ¨qualidade de alteração¨ - vão ficando cada vez mais visíveis e intensas no tecido. • Com uma grande quantidade de células muito alteradas, são lesões de alto grau. Até este ponto é tratável, mesmo com muitas células tomadas. Se as alterações estiverem restritas a esse tecido, podem ser retiradas. • O problema é quando a membrana basal é rompida e há o extravasamento de célula alteradas para outro tecido. Isso seria um carcinoma invasor. • Lesões no colo do útero provocadas por HPV estão envolvidas com dois eventos: um é a neoplasia intraepitelial e o outro é o carcinoma cervical. • Ambos se referem ao câncer do colo do útero e são causados pelos tipos de alto risco, especialmente os tipos 16 e 18. • A neoplasia intraepitelial se refere à presença de células com alterações malignas. Porém, ainda limitadas ao tecido daquela região específica. As células ainda não estão em grande quantidade e não saíram daquele tecido. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • A transmissão é sexual, de uma pessoa com HPV para outra, ou porque no ato sexual são carreados vírus da parte externa para a interna do trato genital feminino. • Evolução lenta, com uma média de 5 anos. Os exames ginecológicos periódicos podem detectar lesões pré-malignas que podem ser tratadas, antes de que haja um câncer instalado. • O câncer de colo de útero sempre segue o caminho de uma neoplasia intraepitelial que vai aumentando de extensão, até que chega no carcinoma cervical – que é o câncer de fato. • Quando a paciente é jovem, retira-se só o colo do útero, caso ela queira engravidar posteriormente. Em pacientes mais velhas ou que não queiram ter filhos, pode-se retirar o útero e o colo. Útero extraído contendo uma lesão muito visível no colo. Diagnóstico da infecção pelo HPV • É clínico, por meio do exame ginecológico. • Analisa-se o colo do útero e vê se há alguma alteração. • Também e principalmente é citopatológico, pelo qual é possível visualizar a infecção antes de que apareçam alterações visuais. - Realizado através de um esfregaço de células da região do colo durante o exame ginecológico por meio de uma espátula que vai raspar o colo de útero. - O esfregaço é tratado com a coloração de Papanicolau. O exame normalmente é chamado de Papanicolau, mas esse é realmente o nome da coloração. - Células normais serão de aspecto achatado, como uma folha, com núcleo pequeno e coloração uniforme. - As células infectadas por HPV vão apresentar alterações no núcleo – núcleo grande, que indica que está com atividade, o que é anormal; com halo branco em volta do núcleo, chamado de coilócitos – ele dá certeza de que há uma infecção por HPV. • Se aparecerem alterações que sugerem infecção por HPV, sugere-se uma colposcopia: - Exame que permite melhor visualização do útero, para verificar se não tem nenhuma alteração. Já que quando o HPV começa a realizar alterações, essas vão ocorrer não apenas a nível celular, mas também visual. O colo do útero começa a apresentar algumas características anormais: sangramento, mudança de coloração, fica esbranquiçado, feridas... - Lesões ainda pequenas são chamadas de NIC 1 – ainda é uma neoplasia intraepitelial de nível I. - O NIC 3 é quando quase todas as células estão tomadas. - O NIC 3 com lesão é sangue é chama do de carcinoma in situ, quando todas as células estão tomadas. Carcinoma que ainda não atravessou o tecido. • Histopatologia: Solicitada ao verificar alteração na colposcopia. Retira-se uma parte do tecido e verifica-se o grau de alteração no colo do útero. - Proliferação anormal de células atingindo até 1/3 da camada basal, seria uma displasia leve, denominada NIC- 1. Até 100% dos casos são tratáveis. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez - Atingindo 2/3 da camada basal, displasia moderada, denominada NIC-2; - Atingindo toda a camada basal, Carcinoma in situ, NIC- 3. Câncer localizado. Até aqui pode haver um tratamento. - Atingindo toda a camada e invadindo o tecido abaixo, carcinoma invasivo. Tratado como outros tipos de cânceres, já que invade outros tecidos também. Tratamento • Verrugas cutâneas: remoção com bisturi, laser ou crioterapia. Não é recomendado retirar em casa, pois retiraria apenas a parte superficial e o HPV está infectando células mais internas, então a verruga vai voltar. • Condiloma acuminado: tratamento com ácido tricloroacético, o qual faz com que as verrugas regridam ou caiam. • Neoplasias intraepiteliais: começar a remover o tecido, para não deixar as células alteradas se espalhares, por meio de conização – remoção do colo do útero ou histerectomia – remoção do útero todo. Em mulheres jovens é possível tentar conização – possui esse nome pois sai em forma de cone. Caso essa mulher engravide, tem que ser feito um processo chamado de cerclagem, para fechar a área a não haver um aborto espontâneo pela criança cair ou escorregar. Em mulheres mais velhas, é recomendado retirar tudo. Prevenção • Vacinação, com o objetivo de reduzir os casos de colo de útero no futuro. Não previne contra verrugas. • A vacinação é feita em crianças e adolescentes de ambos os sexos,preferencialmente antes do início da vida sexual. Previne contra os tipos 6, 11, 16 e 18. • O HPV é amplamente disseminado na população. Tanto os tipos de verrugas, os de baixo risco que causam condilomas e os tipos de alto risco que causam as lesões de alto grau. • A vacina só é efetiva antes de iniciar a relação sexual, porque depois disso a chance de nos primeiros contatos haver uma contaminação por HPV é altíssima. • O uso do preservativo é sempre recomendado, mas não previne totalmente, porque mesmo sem a transmissão de uma pessoa para outra, se a pessoa tiver verrugas genitais na vulva, o ato sexual com ou sem preservativo vai fazer o carreamento de vírus para o colo do útero. • A forma de prevenção mais importante é fazer o exame preventivo anualmente, o qual detecta NIC em estágio inicial. Esse exame anualmente elimina as chances de desenvolvimento para um grau grave. • Se detectado em NIC1 a taxa de cura é de 100%.
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