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ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA AVANÇADA EXPEDIENTE PROFESSOR CONTEUDISTA: Renan Carlos Klichowski Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquiv- ada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Adtalem Educacional do Brasil. Dados PRESIDENTE Thiago Aguiar Sayao VICE PRESIDENTE DE OPERAÇÕES Geraldo Magela DIRETORA SENIOR DE INOVAÇÃO E ENSINO Maira Habimorad DIRETOR SENIOR DE OPERAÇÕES Pedro Henrique Regazzo GESTÃO DE MATERIAL INSTRUCIONAL – GMI GERENTE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Rodrigo Oliveira Santos PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO Aline Lima de Oliveira Claudia Cristina Ramos Barbosa Adriane Baia Costa Guilherme Bezerra Antônio Luiz Henrique Martins REVISÃO E DIAGRAMAÇÃO Creare Inovação em Produtos Educacionais LTDA www.creareinova.com.br / creare@creareinova.com.br 3 SUMÁRIOSUMÁRIO Unidade 1 - Pressupostos da administração mercadológica ................................................. 5 Unidade 2 - Conceitos e tipos de estratégias, análise de ambiente e suas variáveis.. 16 Unidade 3 - Tendências e megatendências.................................................................................. 24 Unidade 4 - Elementos componentes à percepção do risco e a tratativa por ferramentas de gestão .................................................................................................................................................. 35 Unidade 5 - Sociedade de consumo; globalização e internacionalização de produtos ... ........................................................................................................................................................................ 45 O consumidor moderno......................................................................................................................... 57 Unidade 6 - Clientes: a razão de ser de uma organização.................................................... 65 Comunicação mercadológica............................................................................................................. 76 Conquistando clientes.......................................................................................................................... 86 Unidade 7 - Tecnologias de informação e comunicação: perspectiva e resultados .....95 Compartilhamento de recursos na construção coleiva de conhecimento ....................... 108 Economia do conhecimento .............................................................................................................. 119 Unidade 8 - Marketing na estrutura da organização: papel e propósitos ..................... 130 Planejamento estratégico de marketing: ações integradoras e colaborativas ............. 141 Diretrizes para tomada de decisão e avaliação mediante indicadores ............................151 Unidade 9 - Princípios fundamentais de administração de marketing .............................162 Planejamento e Controle de Marketing......................................................................................... 169 Marketing, lucratividade e o valor para o cliente ......................................................................178 Unidade 10 - Marketing um a um individualizado: satisfaçõ e criação de benefícios mútuos ....................................................................................................................................................... 183 Retenção do cliente e relacionamento vitalício.......................................................................... 191 Processos de fidelização e a gestão do relacionamento com o cliente .......................... 199 Unidade 11 - Programas de fidelização do cliente: origem plano tático; estruturação; diferenças relacionadas aa programas de relacionamentos com o cliente .................... 205 Os três pilares da fidelização; caracterização ........................................................................... 213 Pressupostos e a percepção de valor; e escala de fidelização ............................................ 220 Unidade 12 - Planejamento estratégico de marketing: aspectos relacionados aos cenários mercadológicos da empresa ............................................................................................................. 229 Planejamento estratégico de marketing: aspectos relacionados ao posicionamento da empresa .................................................................................................................................................... 231 Planejamento estratégico de marketing: aspectos relacionados aos objetivos definidos e recursos existentes para alcança-los, e ao tempo .................................................................... 235 Sistema de informação de marketing (SIM): componentes de um sistema de informação ...................................................................................................................................................................... 243 Critérios de pesquisa de marketing; sistema de suporte para o gerenciamento de marketing ................................................................................................................................................. 250 Mensuração e previsão da demanda ............................................................................................ 257 4 SUMÁRIO Unidade 13 - Composto de marketing e ferramentas do mix de comunicação .......... 267 Recursos digitais voltados para a comunicação .......................................................................272 Gerenciamento da comunicação para posicionamento do produto e da marca ..........279 Gerência de produtos e serviços e a formação do preço: estratégias orientadas pela concorrência ........................................................................................................................................... 286 Estratégias baseadas em custo ......................................................................................................293 Estratégias orientadas para o valor percebido pelos clientes e no mercado ................300 Unidade 14 - Força e tipos de vendas de acordo com a estrutura organizacional e objetivos da empresa ..........................................................................................................................265 Importância da aderência dos profissionais de venda da empresa ao plano de marketing ......................................................................................................................................................................273 A relação entre plano de marketing e plano de vendas ....................................................... 280 Geomarketing: origem; proposta; vantagens; diagnóstico de mercados e mercados potenciais................................................................................................................................................ 287 Sistema de informações de tratamento de dados................................................................... 294 Métodos aplicados para elaboração de informações de apoio à decisão .................... 300 5 INTRODUÇÃO Prezado/a estudante, nesta unidade, você terá contato com conceitos básicos relacionados ao marketing que são necessários para seu entendimento em níveis mais avançados. Para essa compreensão, em um primeiro momento, faremos uma retomada na história relacionada ao marketing para, na sequência, explorarmos concepções essenciais para o estudo, como a do próprio marketing, trocas, demanda e composto de marketing. A partir dos pressupostos da administração mercadológica trabalhados, é possível discutir sobre objetivos e metas da empresa e definições de ações táticas e ações operacionais. 6 UNIDADE 1PRESSUPOSTOS DA ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA Para iniciar nossas conversas a respeito de administração mercadológica, é necessário empreendermos uma pequena reflexão conceitual relacionada a marketing. Se fizermos um estudo histórico, iremos perceber que as primeiras ideias relacionadas a marketing são vistas por muitos autores e teorias originárias dos anos de 1950. A proposta inicial era criar valor para as coisas por meio de práticas mercadológicas para satisfazer as necessidades e desejos das pessoas. Ao longo dos anos, essa concepção de marketing foi se desenvolvendo e criando uma forma mais completa. Um dos conceitos mais aceitos é o apresentado por Kotler (1998, p. 27), que diz que marketing é “um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação de oferta e troca de produtos de valor com outros”. Veja que, nesse conceito, é possível perceber que criar valor para atender a necessidades ainda faz parte da concepção, mas os processos sociais de relacionamento e seu gerenciamento, bem como o exercício de oferta e troca de valor e produtos deram maior força à ideia. 7 UNIDADE 1 Richers (2000, p. 05) traz um conceito mais reduzido, explicando que marketing é “simplesmente a intenção de atender e entender o mercado”. De qualquer forma, o que fica evidente é que a relação com o mercado é o ponto principal de estudo. Marketing é um processo amplo e pode trazer variações de leitura a respeito de seus sentidos e, consequentemente, de nomes. Por exemplo, diversos especialistas apontam que, didaticamente e na prática, marketing e administração mercadológica são a mesma coisa. Na nossa leitura, adotaremos ambos os conceitos como sinônimos. Baseado nessa ideia inicial, perceba que, para que tenhamos as diversas atividades que envolvem o marketing, é necessário que exista alguém com uma necessidade e outro alguém com algo para oferecer que atenda a essa demanda. Se essas pessoas se relacionarem efetivamente e a necessidade for atendida, teremos uma troca entre as partes. As atividades do marketing são baseadas nas trocas entre indivíduos e organizações em uma sociedade, sejam trocas que acontecem por uma necessidade existente ou por uma demanda criada. Nesse sentido, as finalidades de atividades da administração mercadológica irão envolver, em algum momento, o objetivo final da troca. Para que tenhamos trocas, são necessárias algumas condições básicas (LAS CASAS, 2019, p. 3, adaptado): • Existência de pelo menos duas partes envolvidas; • Que cada parte tenha algo que pode ser de valor para a outra; • Que cada parte tenha capacidade de comunicação e de entrega; • Que cada parte seja livre para aceitar ou rejeitar a oferta; • Que cada parte acredite estar em condições de lidar com a outra. 8 UNIDADE 1 A troca, basicamente, é uma comercialização que pode ser simples ou mais complexa, envolvendo ferramentas, pessoas e meios de comunicação. Compreendendo que os objetivos das ações de marketing envolvem práticas para facilitar ou permitir que existam comercializações no mercado, podemos afirmar, em outras palavras, que o marketing é uma área que, além de ajudar nas vendas, é responsável por coordenar processos de troca. Assim, as organizações utilizam o marketing e suas ferramentas para que aconteçam trocas entre as pessoas. Acontece que nem sempre existe o interesse claro por algo que é oferecido por uma empresa e por isso são necessários meios que façam que se desperte a demanda pelo produto ou serviço disponibilizado no mercado. A demanda pode variar de diferentes formas e, para cada uma delas, existem ferramentas e técnicas de marketing que irão ajudar a comercialização. A seguir, relacionam-se alternativas para os tipos demanda (LAS CASAS, 2019): • Demanda negativa: acontece quando produtos e serviços oferecidos no mercado não são desejados pelos consumidores, mas são necessárias. Por exemplo, uma vacina, o serviço médico ou odontológico, todos são demandas inevitáveis, mas preferencialmente são evitadas pelas pessoas. O marketing pode agir de forma que vise mudar atitudes e crenças a respeito desse tipo de demanda. 9 UNIDADE 1 • Demanda indesejada: consiste em um tipo de demanda que é prejudicial à saúde, ao meio ambiente ou à sociedade de alguma forma. Por exemplo, o cigarro, a bebida alcoólica e as drogas de todos os tipos, que são demandas não consideradas de consumo positivo. O marketing trabalha no sentido de desestimular o consumo. • Demanda inexistente: demanda na qual os consumidores inicialmente não possuem o interesse. Por exemplo, novos aplicativos de celular e novos cursos universitários. O marketing tem o papel de desenvolver meios de conectar os benefícios dos produtos com as necessidades e interesse das pessoas. • Demanda latente: esse tipo de demanda envolve necessidades que existem e não são plenamente atendidas, não existe alguém que forneça alternativas ou existem poucas alternativas. Por exemplo, remédios que curem a Aids e o câncer ou veículos extremamente econômicos. O marketing pode atuar identificando esse tipo de demanda e estudar o desenvolvimento de produtos para satisfazer tais necessidades. 10 UNIDADE 1 • Demanda em declínio: quando uma demanda está gradualmente diminuindo ao longo do tempo. Por exemplo: veículos que consomem combustível excessivamente; a igreja católica perdendo muitos fiéis; time de futebol perdendo associados. O marketing deve atuar no sentido de reverter essa queda, seja indicando alterações nos produtos ou atuando em campanhas que trabalhem a visão das pessoas. • Demanda irregular: tipo de demanda que é concentrada em épocas ou dias específicos. Por exemplo: cinema em dias de segunda a quinta-feira ou sorvete, pouco consumido no inverno. O marketing tem o papel de atuar no sentido de criar meios de distribuir a demanda com promoções e campanhas. • Demanda plena: tipo de demanda pela qual as pessoas têm um interesse natural, existindo um volume satisfatório de negociações para as empresas. Por exemplo: celulares, mercado de games. O papel do marketing irá atuar de forma a acompanhar tendências e trabalhar os ajustes necessários. • Demanda excessiva: demanda de volume muito alto, quando existe um desequilíbrio entre a oferta e a procura. Por exemplo: a energia elétrica. O marketing costuma atuar com um demarketing, ou seja, no sentindo de desestimular o consumo. Os conceitos apresentados são fundamentais para auxiliar no entendimento dos usos do marketing. Vê-se que os objetivos são além da venda em si, pois reúnem diversos estudos que dão apoio as trocas, demandas, mercado, organizações, pessoas, etc. A venda certamente ainda é o principal objetivo do marketing, mas muitas variáveis são fundamentais para as relações de marketing, sejam elas anteriores, durante e depois da comercialização. 11 UNIDADE 1 Nesse sentido, para que tenhamos trocas ou comercializações, são necessários alguns elementos essenciais, sem os quais não teríamos uma venda e muito menos o marketing. Pense na receita de um bolo de caixinha: suponha que você precise de mistura para bolo, água (ou leite), ovos, etc. Sem a mistura para bolo, por exemplo, é capaz que não tenhamos o bolo no final, certo? Pois com o marketing podemos fazer a mesma analogia. ? A receita no marketing se inicia com um produto ou serviço, sem ele, não existe nenhuma relação de comercialização. Consideramos que temos alguns produtos que produzimos: livros. A partir daí, temos o elemento primordial para oferecermos no mercado: o produto, mas é necessário um segundo ingrediente para que as pessoas envolvidas na relação comercial possam utilizar para a troca, um valor comercial ou o preço. Sem um preço ou uma moeda de troca, a comercialização não tem como acontecer. 12 UNIDADE 1 Com o produto e o preço ainda nãotemos nosso “bolo”, pois precisamos pensar em uma forma de fazer o produto chegar ao cliente, ou seja, uma forma de distribuí-lo. Essa decisão irá envolver o ponto de venda, a distribuição das estantes onde ficarão nossos livros, a forma de transporte das caixas com os volumes de livro, como iremos armazenar para não pegar umidade, bem como será feita a logística entre estoque, loja e entrega ao cliente. O último ingrediente de nosso bolo é o que irá fazer o cliente conhecer o produto, afinal de contas, um livro pode ser uma demanda inexistente, tendo em vista que somos autores de primeira viagem. Precisamos fazer com que o cliente tenha interesse em comprar. Para isso, precisamos desenvolver uma promoção, ou seja, trabalhar com propaganda, publicidade, promoção de vendas, merchandising, etc. Agora estamos completos, temos todos os ingredientes para o bolo do marketing: produtos, preço, praça (ponto de venda ou distribuição) e promoção. Conceitualmente, esses quatro elementos são chamados de composto de marketing, mix de marketing ou até “os quatro p” de marketing. Em cada um dos elementos desse composto são tomadas decisões, feitos estudos e formuladas estratégias que envolvem objetivos em comum em uma organização, como pode ser visto abaixo. PRODUTO Tipo de produto, embalagem, qualidade, garantia, marca, diferenciação, etc. PREÇO Política de preços e prazos, descontos por quantidades, crédito, formas de recebimentos, etc PRAÇA Canais de distribuição, ponto de venda, forma de distribuição, armazenamento, transporte, logística, etc. PROMOÇÃO Publicidade, propaganda, promoção de vendas, merchandising, relações públicas, etc. 13 UNIDADE 1 As decisões do composto de marketing apresentadas no quadro 01, apesar de aparentemente parecerem simples, são conceitualmente e na prática complexas e demandam estratégias precisas. Uma decisão errada relacionada ao preço pode trazer prejuízos ou mesmo inviabilizar o negócio. Alguns casos reais também mostram que decisões equivocadas relacionadas à praça, como o lado da rua, a falta de estacionamento no ponto de venda e a falta de visibilidade da faixada, pode desfavorecer um negócio diante de outros concorrentes. O produto e a promoção também exigem muita atenção. Por exemplo, vender um produto sem observar a existência da assistência técnica próxima ou mesmo não cuidar da imagem pública de um produto pode reduzir as chances de sucesso de uma empresa. Em suma, a administração mercadológica é uma área com alto grau de importância em uma empresa. São necessários estudos, ferramentas, objetivos e estratégias bem definidas na organização para que existam trocas, comercializações de forma satisfatória para o negócio. E os objetivos e metas de uma empresa? Como se relacionam com o marketing? Se relacionam, em geral, com tudo que for traçado pela empresa. Por exemplo, uma indústria de bebidas do estado de Goiás define como meta atender as principais cidades do sul do Brasil em até cinco anos. Para atingir esse objetivo de longo prazo, precisará lançar metas produtivas de curto prazo, metas de médio prazo para chamar atenção dos clientes nas primeiras cidades e então dar andamento no desenvolvimento da meta final. 14 UNIDADE 1 Veja que, no nosso exemplo, o marketing irá trabalhar desde a definição da meta principal de longo prazo, ajudando a estudar a viabilidade, prospectando clientes. Dará apoio nas decisões relativas aos pontos de venda. Também será responsável por campanhas de publicidade, propaganda, merchandising, com o objetivo de criar imagem positiva ao produto e de despertar o interesse dos consumidores. Mesmo o exemplo sendo bem simples, podemos ter uma ideia do envolvimento da área de marketing com os mais diversos objetivos e metas de uma organização. Didaticamente, devemos reconhecer objetivos e seus prazos: estratégico, tático e operacional. Um objetivo estratégico está ligado ao longo prazo, normalmente levando de 5 a 10 anos, a definição que irá permear todas as ações de uma empresa, ligada à missão e à visão da organização. Por exemplo, ser uma empresa reconhecida pelas ações sustentáveis em até dez anos. Isso demanda tempo e muitos trabalhos menores ao longo dos anos para que se tenha o posicionamento e as demais ações alinhadas a tal meta “maior”. O marketing irá trabalhar ações ligadas às relações públicas, em pesquisas para indicar o aprimoramento da organização e na revisão de ações futuras. No nível tático, temos as metas de médio prazo. Costuma-se a dizer que o tempo é superior a um ano. Podemos dizer que no planejamento tático temos a decomposição do planejamento estratégico, no sentido de ser uma interpretação da grande meta para desenvolver um plano concreto para fazer acontecer aquilo que foi planejado. Podemos 15 UNIDADE 1 desenvolver um plano tático de marketing traçando metas e condições para a realização dos trabalhos, inclusive para todas as áreas, como a produtiva, financeira, de pessoas, etc. Por último, no planejamento operacional, as metas são definidas para o curto prazo, nada superior a um ano, podendo trabalhar com objetivos mensais e até diários. Nesse caso, o trabalho se concentra em garantir que as tarefas ligadas à operação da empresa estejam sendo executadas conforme os procedimentos estabelecidos e dentro de metas específicas. Por exemplo, vender mensalmente cinco mil itens e para isso, dar comissões e prêmios aos vendedores. O nível tático de planejamento costuma formular objetivos que são desdobrados no planejamento operacional para fazer acontecer. As ações operacionais de marketing trabalham no sentido de ajudar a realização das pequenas metas, como na criação de anúncios publicitários, promoções e apoio à política de descontos pontuais. Referências da unidade: KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998. LAS CASAS, A. L. Administração de marketing. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. RICHERS, R. Marketing: uma visão brasileira. São Paulo: Negócio Editora, 2000. Nesta unidade, conhecemos alguns dos conceitos básicos da administração mercadológica que nos ajudaram a dar base para o entendimento a respeito das bases fundamentais de apoio aos estudos na área de marketing. De forma geral, podemos afirmar que a administração mercadológica é uma área que atua de forma efetiva nas organizações, tendo em vista que tem influência desde a criação de metas até a ações operacionais diárias. Um composto de marketing adequado irá resultar em um modelo estratégico forte para os objetivos da empresa em todos os níveis e prazos. 16 INTRODUÇÃO A estratégia é uma importante responsabilidade em uma organização e antes de defini-la, é necessário um planejamento prévio, que irá envolver análises do ambiente e das variáveis que envolvem a empresa. Pense assim, qualquer coisa que fazemos com organização certamente terá um resultado ao final muito melhor, não é mesmo? Nesse sentido, a partir desta leitura, você poderá entender os tipos de estratégias que são base para qualquer objetivo. Além disso, irá aprender a respeito dos ambientes e das variáveis que toda organização precisa trabalhar para desenvolver uma estratégia e um plano em todas as etapas. Para isso, iniciaremos nossa reflexão a partir de um fato e, na sequência, entraremos nos conceitos. 17 UNIDADE 2 CONCEITOS E TIPOS DE ESTRATÉGIAS, ANÁLISE DE AMBIENTE E SUAS VARIÁVEIS Prezado estudante, toda vez que vamos falar de planejamento, precisamos conversar um pouco a respeito dos tipos de estratégia. Iniciamos fazendo a analogia por meio de um exemplo: um churrasco de aniversário. Suponha que você resolve fazer um churrasco em casa para comemorar seus 18 anos, a tão esperada maioridade e seu primeiro ano de faculdade. Por onde começar? Bom, você já começou, tem a meta maior de fazer o churrascoem casa. O passo seguinte é fazer uma lista para convidar as pessoas, fazer uma lista de compras e realizá-la, preparar o local e, por último, o churrasco em si. Cada um desses passos exige pequenas decisões, por exemplo: quem convidar? Que carne e bebida comprar? Enfim, chega o esperado dia e, na hora de preparar a carne, você seguirá uma ordem: temperar, levar ao fogo, virar a carne, retirar do fogo, cortar e servir. No marketing, temos de trabalhar de forma semelhante e normalmente a área atua em todos os estágios, desde o planejamento, plano, análise da viabilidade, estudo de mercado, etc., até atingir o resultado final. Quando falamos desse todo, podemos chamá- lo de planejamento estratégico. Para fazermos um estudo a respeito, vale a pena retomarmos de forma breve alguns conceitos. Primeiramente, precisamos entender o que é estratégia. A palavra estratégia vem do grego strategos e significa “a arte do general”. Tanto o exército, quanto as empresas precisam articular planos ambientais para trabalhar, seja no campo de batalha ou no campo empresarial. O Dicionário Michaelis (2019, ONLINE), entre as definições para o 18 UNIDADE 2 termo, aponta que estratégia é uma arte na qual se utiliza “planejadamente os recursos de que se dispõe ou de explorar de maneira vantajosa a situação ou as condições favoráveis de que porventura se desfrute, de modo a atingir determinados objetivos”. A definição de estratégia indica claramente um planejamento. O planejar basicamente consiste em tomar um conjunto de decisões antecipadamente. E por que planejar? No mundo empresarial, se conseguirmos antecipar as decisões por meio de um planejamento, podemos focar nosso trabalho em executar, em produzir e em fazer acontecer. Em empresas menores, como afirma Las Casas (2019), muitas vezes o planejamento é comprometido pela proximidade da execução, tendo em vista que os recursos costumam ser reduzidos e acaba acontecendo um planejamento informal, muito ligado ao trabalho diário, não sendo necessário ampliá-lo. Por outro lado, conforme a organização cresce, o planejamento se faz necessário em outras esferas e principalmente com formalidade. A grande vantagem de um planejamento pode ser vista na possibilidade de focar as energias da empresa na execução, no produto, na qualidade. Nesse sentido, uma “organização empresarial atuando no processo de análise e na obtenção de informações e dados relevantes” (LAS CASAS, 2019, p. 147) faz um planejamento estratégico, formalizando-o como resultado em um plano. Todo o processo de análise do ambiente e de organização das ideias é um planejamento, um plano é a parte final, “toma a forma escrita e dá origem aos planos formais de uma empresa” (LAS CASAS, 2019, p. 147). Podemos ter plano de marketing, plano de produção, plano de logístico, etc., todos eles são resultado formal de um planejamento estratégico. 19 UNIDADE 2 O planejamento estratégico engloba todas as áreas de uma organização, tendo como característica o longo prazo e é resultado de todo um estudo ambiental e de mercado. Em um nível intermediário ou no médio prazo, temos o planejamento tático e os planos táticos ligados à estrutura da empresa. Nos diversos departamentos da organização e no curto prazo ligados à execução no dia a dia, faz-se o planejamento operacional e o plano operacional. A figura 01 ilustra os níveis de planejamento. Las Casas (2019, p. 151) resume cada um dos níveis de planejamento que irão resultar em planos: • Planejamento estratégico: “objetivos de longo prazo, concentrando-se em atividades que resultem no desenvolvimento de uma missão organizacional clara, bem como de objetivos organizacionais e estratégias que possibilitem à empresa alcançar tais objetivos” • Planejamento tático: “criação de objetivos e estratégias destinados a alcançar metas de departamentos específicos ao longo de um intervalo de tempo médio” • Planejamento operacional: “criação de objetivos e estratégias para unidades operacionais individuais ao longo de um curto intervalo de tempo”. 20 UNIDADE 2 Até aqui, conseguimos apresentar as principais definições relativas ao planejamento e ao planejamento estratégico. Na área de marketing, o planejamento é definido por Campomar e Ikeda (2006) como um processo muito ligado a antecipar eventos e condições para se determinar o que fazer: • Planejamento de marketing: “é o processo de antecipar eventos e condições futuras e determinar cursos de ação necessárias para alcançar objetivos de marketing. [...] Envolve decidir, com alguns detalhes, o que alcançar em termos de atividade de marketing e como alcançar” (CAMPOMAR; IKEDA, 2006, p. 84). O planejamento, na prática, acontece com alguém tendo a necessidade de planejar. Primeiramente, ele se prepara e organiza um plano para um determinado tempo. A partir desse plano, a administração da empresa recebe as metas e necessidades, faz uma análise do mercado e determina objetivos detalhados acompanhando os movimentos do mercado. Por último, os departamentos se reúnem com a alta administração, recebem os objetivos e prazos a serem alcançados e as informações ligadas ao ambiente ou do que for relevante. Esse departamento reúne suas equipes e trabalha estratégias para alcançar os objetivos e montam planos de trabalho. 21 UNIDADE 2 Em outras palavras, para se fazer um planejamento, é necessário seguir alguns passos. Tecnicamente, os passos são ao menos cinco (CAMPOMAR; IKEDA, 2006; LAS CASAS, 2019): 1. Análise ambiental – ameaças e oportunidades; 2. Análise dos pontos fortes e fracos da empresa; 3. Determinação dos objetivos; 4. Estratégias de marketing; 5. Implementação e controle. Na primeira etapa, de análise ambiental, é um feito estudo relacionado ao ambiente de atuação da empresa, o que permite conhecer as variáveis que afetam de forma positiva e negativa suas atividades, bem como as tendências da área. A análise mais conhecida é a “Análise Swot”, na qual verifica-se as principais forças, oportunidades, fraquezas e ameaças. No Brasil, é chamada de análise FOFA (usando as primeiras letras). No estudo ambiental, analisa-se basicamente os ameaças do mercado, aquilo que pode ser um problema para a empresa, seja relacionado à concorrência ou mesmo ao contexto político-social, bem como as oportunidades que o ambiente tem a oferecer. Na análise dos pontos fortes e fracos da empresa, por meio de resultados da análise ambiental realizada, podemos reconhecer internamente os pontos fortes ou as potencialidades da empresa ou do ambiente interno, bem como as fraquezas, principalmente comparadas com o mercado e a concorrência. Com isso, é possível trabalhar estratégias e montar um plano adequado para a organização. Chega-se então na etapa de determinação dos objetivos, tendo reconhecido o ambiente interno e externo à empresa. Com esse estudo inicial, é possível planejar a partir daquilo que os resultados apontam, sabendo até onde é possível chegar. As variáveis 22 UNIDADE 2 incontroláveis do ambiente, como economia, legislação e política também precisam participar do processo de planejamento, ao menos criando mecanismos para minimizar problemas ao decorrer do processo. Os objetivos podem ser quantitativos, em termo de volume e quantidade mesmo, como porcentagem do mercado e quantidade de vendas e podem ser qualitativos, indicando qualidade, a imagem da empresa e os movimentos internos da empresa. Perceba que todo o processo traz consigo resultado da análise ambiental. Ao chegar na etapa de estratégias de marketing, esta análise também é muito importante. Uma das preocupações principais nesse momento é definir o público que deseja atender, o mercado- alvo. É extremamente importante definir o nicho de mercado ou o público alvo, assim é possível criar um posicionamento para organização.A última etapa é a de implementação e controle. Com os objetivos traçados e as metas definidas, o plano pode ser implementado, sendo necessário fazer controles e ajustes ao longo do processo. Um fato relevante é que, em todo planejamento, considera-se o mercado ou ambiente para definir estratégias. Nesta última etapa, o ambiente também é rotineiramente monitorado para que sejam feitos os devidos ajustes e um controle e implementação constante da mudança. 23 UNIDADE 2 De forma geral, pode ser visto que o planejamento, independente da área, é uma ferramenta importante para o desenvolvimento de estratégias. A partir dele, é possível formalizar um plano e desenvolver as etapas que irão auxiliar tudo aquilo que é objeto de planejamento. Em suma, desenvolver uma estratégia é uma tarefa com responsabilidades que irão afetar mais diversos níveis de uma organização, seja o estratégico, o tático ou o operacional. Por isso, toda atividade de um planejamento e suas etapas precisam ser trabalhadas com paciência e profissionalismo que garantam os objetivos e finalidades definidos por uma empresa. Referências da unidade: CAMPOMAR, M. C.; IKEDA, A. A. O planejamento de marketing e a confecção de planos: dos conceitos a um novo modelo. São Paulo: Saraiva, 2006. ESTRATÉGIA. Dicionário Michaelis Online, 2019. Disponível em <https://micha- elis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/estrat%C3%A- 9gia/>. Acesso em 07/12/2019. LAS CASAS, A. L. Administração de marketing. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 24 INTRODUÇÃO Ao longo dos anos, a sociedade evoluiu de inúmeras formas, principalmente devido a contribuições da ciência e da tecnologia em momentos marcantes para sociedade, como o das revoluções industriais, tecnológicas e da informação. O marketing, da mesma forma, passou por esses paradigmas que modificaram perspectivas e significaram evolução para a área, destacando-se novas formas nas relações das pessoas e organizações. Fazer marketing, atualmente, pode ser visto como reflexo de movimentos do passado. O marketing sempre foi pautado na identificação das necessidades e desejos dos consumidores, bem como em informações retiradas do mercado-alvo. Dos anos de 1950 em diante, a área foi popularizada e as características até o final dos anos de 1980 eram determinadas pela criação de estratégias de dentro para fora da empresa, mesmo na busca por entender o consumidor, o ponto de partida era sempre da empresa. A partir dos anos de 1990, a ideia mudou e o consumidor passou a ser mais relevante em apontar necessidade de criação de valor para produção, fazendo com que diferentes abordagens surgissem (LAS CASAS, 2019). 25 INTRODUÇÃO Nesse sentido, afirma-se que o marketing na atualidade é muito baseado na empatia e no engajamento com o cliente, ou seja, é feito de fora para dentro, sendo uma colaboração contínua do consumidor com a empresa. Hoje em dia, vender para um cliente e conseguir fazer com que ele retorne e compre mais vezes, deixou de ser o principal objetivo, o foco agora é satisfazer o cliente com valores que o atendam em uma totalidade. A ditadura do “ter” deu lugar para o “ser”, “fazer” e “compartilhar” (LAS CASAS, 2019, p. 58). Assim, as diversas empresas e marcas existentes pelo mundo, independentemente do segmento e da área que estão atuando, buscam constantemente formas para conquistar o consumidor. Dessa maneira, procuram trabalhar na área de marketing com o que as novas tecnologias têm a oferecer para facilitar os objetivos e estratégias. É muito comum falar das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), responsáveis por revolucionar todos os tipos de comunicação entre as pessoas. Elas são parte das novas tecnologias que revolucionaram a sociedade e o fazer marketing. 26 UNIDADE 3 As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) estão ligadas às mais variadas formas de comunicação que as pessoas podem utilizar para interagir entre elas e entre as organizações. Elas precisam ser muito bem gerenciadas pelas empresas para auxiliarem a área de marketing. Entretanto, todo cuidado é pouco, visto que podem ser em algum momento prejudiciais à imagem da instituição. Por exemplo, um fato real aconteceu com um restaurante tradicional de uma das s cidades brasileiras, quando uma das funcionárias - descontente com o trabalho - expôs filmando de forma pejorativa a situação da cozinha do estabelecimento. O vídeo foi compartilhado no Whatsapp e atingiu, em minutos, todo o canto da cidade e da região. Em reação a isso, a vigilância sanitária, no dia seguinte, foi ao local e fotos da vistoria, que poderiam ser consideradas normais, foram compartilhadas como se indicassem mais problemas. O restaurante de mais de 50 anos teve a imagem muito danificada, não conseguiu reverter a exposição negativa e fechou as portas. Pense quanto uma empresa teria que gastar para atingir a mesma quantidade de pessoas em tão pouco tempo nas mídias tradicionais, como a televisão e o rádio, se tivesse o objetivo de fazer propagandas? Isso mostra que as mídias sociais são megatendências para o marketing recente e não podem, de forma alguma, ser ignoradas. Podemos afirmar que a tecnologia hoje está influenciando diretamente as decisões de marketing, tendo em vista o que as telecomunicações, mídias sociais, internet, entre outras, têm a oferecer em relação ao contato direto com o consumidor. TENDÊNCIAS E MEGATENDÊNCIAS 27 UNIDADE 3 De qualquer forma, mesmo existindo muitas possibilidades modernas para o marketing, é importante destacar a existência de uma base para os estudos da área. As bases estão ligadas, primeiramente, ao composto de marketing e às variáveis controláveis pela empresa do ponto de vista estratégico: produto, preço, praça e promoção. Além disso, em qualquer estratégia de marketing destacam-se a existência, por outro lado, de variáveis que não são controláveis e precisam de gestão da empresa, tendo em vista que têm origens no ambiente externo geradas pelas: forças, oportunidades, fraquezas e ameaças. Neste momento, ainda não iremos nos debruçar nos estudos dessas bases, mas é importante que sejam lembradas. A partir de uma referência para os estudos, o marketing pode trabalhar estratégias em consonância com a realidade atual. Alguns autores indicam inúmeras formas de se alavancar os negócios de olho nas novas tecnologias. Nesse sentido, a seguir, são apresentadas algumas novidades que devem ser aproveitadas na administração mercadológica: • Mobile marketing: hoje em dia, as pessoas estão muito ligadas ao celular e aos equipamentos móveis. Para se ter uma ideia, algumas pesquisas indicam que no Brasil existem mais aparelhos smartphones do que pessoas. É extremamente necessário que a área marketing esteja engajada em colocar o negócio “à mão” dos consumidores, visto que eles têm hoje informações em tempo real e as organizações precisam se envolver com o cliente nas plataformas on-line ou podem perder oportunidades importantes. • Redes sociais: hoje em dia, as redes sociais não são mais novidade. Para se ter uma ideia, o Facebook foi fundado em 2004, em Cambridge, Massachusetts, nos EUA. As pessoas passam horas conectadas em redes sociais e não só por lazer e diversão, mas trabalhando e fazendo negócios. Desde pequenos até grandes negócios participam e interagem com consumidores por meio de redes e mídias sociais. Uma estratégia de marketing sempre deve envolver esse canal de comunicação ou certamente perderá oportunidades importantes de criação de valor com consumidores. 28 UNIDADE 3 • Inteligência artificial: a inteligência artificial é uma das principais tendências para o marketing. Ela pode fazer leitura, interpretação, seleção e filtro de dados, muitas vezes de forma autônoma, criando relatórios valiosos para a tomada de decisão de uma empresa. É possível atender um consumidor em centraisonline de forma automática, respondendo ao cliente conforme o comando que ele passar ao sistema, chamados de bots (ou mesmo robôs). Diversas são as possibilidades, por isso organizações é necessário que as organizações se atentem para essa tecnologia que, a longo prazo, certamente será indispensável. As novidades tecnológicas e as mudanças devem ser absorvidas pelas organizações e o marketing tem um papel importante em interpretar e criar estratégias. Kotler (2017) defende que hoje vivemos o momento do Marketing 4.0, época na qual as pessoas querem um mundo melhor, usam redes sociais. Assim, o marketing assumiu uma nova definição, muito relacionada a propósitos dos consumidores e das organizações. A seguir, uma comparação dos momentos que o marketing viveu e vive, ainda segundo Kotler (2017): • Marketing 1.0 (1900): o marketing era definido como o desenvolvedor de produto e o foco era centrado no produto. O principal objetivo era vender produtos e isso era muito influenciado pela Revolução industrial. O mercado era visto como um espaço de compradores em massa e a interação com os consumidores era apontada como transação um para um, ou seja, apenas uma transação em si; • Marketing 2.0 (1990): o marketing passou a ser voltado para o consumidor, tendo sua definição muito vinculada à diferenciação. O principal objetivo dessa época era satisfazer e reter clientes, sendo impulsionada por uma tecnologia da informação embrionária. O mercado era visto como repleto de consumidores inteligentes, possuidores de mente e coração e, nesse caso, o relacionamento com o cliente era entendido com um relacionamento em si, um para um; 29 UNIDADE 3 • Marketing 3.0 (2010): esse é o momento que o marketing passa a ser voltado para os valores, tendo o objetivo de fazer do mundo um lugar melhor. O ser humano é visto como pleno, com coração, mente e espírito. A partir de então, o marketing passa a ser muito influenciado por uma nova onda de tecnologias, passando o conceito de marketing interpretado na relação com valores. Os consumidores têm uma interação com a organização de colaboração, um para muitos. • Marketing 4.0 (2017): é o mais recente movimento do marketing e continua baseado na ideia de fazer do mundo um lugar melhor, mas dessa vez, fortemente influenciado pelas redes sociais. O mercado, a partir de agora, precisa ser interpretado para se entender os propósitos de existência. A palavra propósito se destaca no atual conceito. Os consumidores têm uma interação pautada em engajamento. O momento atual para área marketing deve ser dotado de uma dinâmica que absorva as novidades oferecidas pelo ambiente. Hoje, a internet é uma realidade com espaço próprio, tanto que, para Kotler (2017) e Las Casas (2019), as vendas que envolvem internet reduziram de forma representativa as ferramentas mercadológicas, sendo apenas três principais no mercado online: pesquisa de mercado, promoção (vendas e propaganda) e serviços a clientes. Notou-se que, na pesquisa de mercado tradicional, na qual se aplicavam questionários com perguntas e respostas, abordando consumidores ao longo do dia, algumas informações obtidas com os resultados não eram verdadeiras, pois alguns consumidores respondiam apenas para passar boa impressão. 30 UNIDADE 3 Na pesquisa de mercado pela internet ou no cibermarketing (marketing digital), é possível reconhecer hábitos reais dos consumidores e comportamentos de consumo. Essa forma de fazer pesquisa é baseada na navegação de consumidores na internet, tempo de permanência em sites, assuntos de interesse, o que costumam comprar, sites que visitam. Os dados passaram a ser mais confiáveis, representando aquilo que o cliente fez e não aquilo que ele prevê fazer no futuro, como era a pesquisa tradicional. A venda configurada como ferramenta, absorveu a internet como mecanismo complementar e, muitas vezes, até principal. Hoje em dia, as empresas podem demonstrar seus produtos nas vitrines tradicionais, mas também em vitrines virtuais na internet, rompendo fronteiras geográficas. Os vendedores precisam saber trabalhar com todo o tipo de consumidor, saber interpretar, saber falar novos idiomas, ter preparo para novas realidades. A grande novidade é que os consumidores que navegam pela internet e compram deixam informações preciosas e ajudam o vendedor saber as preferências do seu cliente. Isso volta a aproximar a empresa do consumidor, como era antigamente em pequenos negócios, quando era possível um atendimento personalizado, visto que o vendedor atendia poucas pessoas e conhecia muito bem seus clientes. 31 UNIDADE 3 Os serviços para os clientes no cibermarketing agora acontecem 24 horas por dia, todos os dias da semana. A empresa precisa inserir, de forma abrangente, informações na página da web para que o cliente consiga sanar todas as dúvidas relacionadas ao produto. Além disso, outra atenção especial da empresa liga-se ao contato do consumidor com outras plataformas, tendo em vista que o cliente pode participar de grupos de discussão sobre o produto, sobre a empresa, sobre a entrega, podendo também optar por conhecer os produtos por meio de vídeos, como vídeos de testes, de opiniões e de unboxing (desembalamento do produto) promovidos muitas vezes pelas próprias marcas e por youtubers (aqueles que se apresentam no Youtube). É tendência também a venda por meio de aplicativos que reúnem ofertas de várias empresas de um segmento. Um exemplo bem conhecido é o caso do comércio de refeições. Hoje, as pessoas podem comprar em uma espécie de mercado que concentra oferta de restaurantes e, com apenas alguns cliques, recebem suas refeições em casa, no trabalho ou onde estiverem. Outro caso importante é o de hospedagem e compra de passagem aérea, pois existem alguns aplicativos que apresentam a comparação de preços e a classificação de cada opção. 32 UNIDADE 3 Nesses casos e em outros desse tipo de comércio, o marketing tem papel importante de acompanhar a reputação da empresa nos aplicativos. Se a instituição não estiver atenta às avaliações e aos comentários dos consumidores irá perder espaço. Por outro lado, o feedback do cliente pode ser visto como uma poderosa informação para o marketing poder trabalhar estratégias para responder ao engajamento do cliente. Por último, é importante destacar a chamada internet das coisas (IoT), resultado do momento que vivemos, também conhecido como Indústria 4.0 ou a quarta Revolução Industrial. Hoje, os mais diversos equipamentos e dispositivos domésticos estão conectados na internet como televisores, geladeiras, iluminação das casas, veículos, entre outros. As indústrias também contam com conexão, que trouxe uma automação dos processos produtivos, muitas vezes resolvida a distância. A IoT representa a ideia de ligar tudo que for possível à internet, o que traz para as pessoas a opção de comandar seus equipamentos. Alguns exemplos inusitados de uso da IoT são apresentados por Las Casas (2019): 33 UNIDADE 3 • Agropecuária: hoje, é possível espalhar sensores pelas plantações que podem auxiliar na produtividade, podendo apontar umidade do solo, probabilidade de chuva, ventos, temperatura, tudo em tempo real para o agricultor. Na pecuária, é possível colocar sensores em animais (como o gado, por exemplo) e criar um histórico de vacinas e acompanhar a localização do animal; • Hospitais e clínicas: o médico pode acompanhar, a distância, a situação de seu paciente a partir de sensores conectados ao paciente. Com isso, pode dar um atendimento preciso; • Transporte e logística: atualmente, é muito comum os caminhões possuírem dispositivo para indicar a exata localização, permitindo acompanhar o cumprimento de rotas. O consumidor também pode acompanhar onde está seu produto, em alguns casos, em tempo real; • Fábricas:em produções de maior complexidade, é possível monitorar em tempo real o estágio produtivo, a produtividade das máquinas, a necessidade de suprimentos e de manutenção, por exemplo. Existem muitas outras possibilidades na internet das coisas, vários segmentos já informatizaram algo tradicional, bem como conectaram seus equipamentos à internet. É megatendência a ampliação da IoT e isso certamente irá mudar o padrão das coisas que conhecemos. Nesse sentido, a área de marketing irá caminhar, conhecendo os ambientes e contextos e estudando estratégias compatíveis para atender o consumidor de forma eficiente e eficaz. 34 UNIDADE 3 De forma geral, sabemos que a sociedade evoluiu e nos últimos anos. As mudanças começaram a acontecer de forma mais rápida, muitas vezes devido às novas tecnologias e à popularização da internet. Hoje, é muito comum se colocar o “smart” (inteligente) na frente dos produtos tradicionais como smartphone e smart tv, isso se deve principalmente à possibilidade de conexão à internet dos equipamentos. O marketing também passou por transformações, seja na forma de abordagem, de criação de estratégias ou no relacionamento com os clientes. Hoje, vender para um consumidor é importante, mas fazê-lo criar engajamento com a marca, produto ou empresa é uma atividade que se tornou essencial para qualquer negócio. Nesse sentido, o profissional de marketing tem a tarefa de criar mecanismos nesse mundo moderno que criem meios para que seja possível um relacionamento com o consumidor que vai além da venda. Referências da unidade: KOTLER, P. Marketing 4.0: do Tradicional ao Digital. São Paulo: Sextante, 2017. LAS CASAS, A. L. 2. ed. Administração de marketing. São Paulo: Atlas, 2019. 35 INTRODUÇÃO Um consumidor pode se interessar por um produto para atender às necessidades básicas ou por motivações pouco convencionais. As influências do meio no qual o consumidor vive são pontos fundamentais para motivar ele a se relacionar com uma organização. A família, a classe social, as necessidades e a personalidade são alguns dos pontos que podem criar a necessidade de compra. É nesse sentido que um consumidor é definido e representado: pelos diversos elementos que o tornam, de alguma forma, diferente de outro. Exatamente por isso, os mercados consumidores se formam e são criadas estratégias e segmentações para facilitar um processo de venda-compra e de consumo. Neste texto, faremos uma reflexão que aponta tipologias de consumidor e suas características, bem como a formação dos mercados de consumo. 36 UNIDADE 4 TIPOLOGIA DO CONSUMIDOR E MERCADOS Um produto é comprado por um consumidor quando ele gosta, esse é um pré- requisito para que exista uma negociação entre cliente e empresa. Cada um pode agir por motivação diferente e pessoal, mas ao final, para comprar, tem que concordar que aquilo que está sendo ofertado é agradável. Essa motivação pode ser vista pelo prisma da teoria de Maslow, que embora seja criticada por alguns autores, no marketing, possui uma relevância significativa. Na teoria de Maslow, ilustrada abaixo na figura 01, é possível ver que a motivação das pessoas é dividida em pelo menos cinco estágios de necessidades: fisiológicas, segurança, sociais, estima e autorrealização. Perceba que estão na base as necessidades primárias das pessoas que precisam ser saciadas, são as necessidades fisiológicas, ligadas à alimentação, água, abrigo, sono. Quando consegue realizar o primeiro estágio, a pessoa passa a procurar segurança, ou seja, segurança familiar, pessoal, do corpo, da sua propriedade. AU TO RR EA LIZ AÇ ÃO ES TIM A SO CIA IS SE GU RA NÇ A FIS IO LÓ GIC A Figura 1 - Pirâmide de Maslow Fonte: Autor. 37 UNIDADE 4 O estágio seguinte é motivado por necessidades sociais como amor, amizade, vivência em comunidade, em família. A quarta necessidade indicada por Maslow envolve a estima, as pessoas buscam reconhecimento, autoestima. Por último, no topo da pirâmide, está a autorrealização, quando se busca desenvolvimento pessoal, criatividade, talento, aceitação, entre outras questões. A teoria de Maslow pode não ser unânime, mas nos dá uma ideia do que motiva as pessoas, para as compras, por exemplo. Claro que as pessoas podem pular estágios, mas de forma geral, existe uma sequência de necessidade. Com base nisso, podemos concluir que o consumidor, ao decidir comprar, pode ser influenciado por suas necessidades que não serão necessariamente iguais às de outro. Por falar em consumidor, é importante que se destaque que muitos autores diferenciam os termos cliente e consumidor. Na prática, podemos dizer que tomamos as palavras como sinônimas, mas segundo Las Casas (2019), cliente é aquele que faz o papel de comprador numa relação com um vendedor, podendo ser um comprador para terceiros, como para empresas ou para ele próprio. Já o consumidor é quem consome em si o produto, o último da cadeia de distribuição. De forma geral, pode-se entender que o consumidor é mais ligado a compras particulares. 38 UNIDADE 4 Nas compras, a decisão de fazê-la ou não passa por um processo anterior que envolve alguns agentes, que atuam com papéis complementares para o exercício final do consumo. São estes o iniciador, o influenciador, o decisor, o comprador e o usuário: • Iniciador: aquele que estimula o início do processo de compra, que faz a necessidade desencadear para uma compra. No caso, pode ou não ser o consumidor. Exemplo: um comercial na internet que faz a pessoa perceber que precisa de um sapato novo. • Decisor: a pessoa que decide pela compra, mesmo ela não sendo a compradora, mas por meio de sua decisão a compra segue em andamento. Exemplo: a mãe decide dar o dinheiro para o filho comprar sorvete. • Comprador: é a pessoa que faz a compra em si, que se relaciona com o vendedor e adquire algo de alguém ou da empresa. Exemplo: comprador do departamento de compras de uma empresa ou uma pessoa que acaba indo ao mercado. • Usuário: é quem consome aquilo que foi comprado no processo de compras, podendo ou não em algum momento participar de uma das etapas anteriores. A satisfação desse último é um dos elementos mais importantes, pois o feedback do usuário final indicará uma boa compra. Além dos participantes em um processo de compra, alguns autores apontam a existência de alguns pontos essenciais que indicam em si a decisão de alguém em efetuar a compra. De um lado, estão as influências externas e, de outro, as internas. Externamente, as pessoas são influenciadas por questões ambientais, variáveis controláveis do composto de marketing, culturais, sociais, pela família e pelas classes sociais, como indica Las Casas (2019). 39 UNIDADE 4 As influências do ambiente externo em marketing estão ligadas ao ambiente em que as organizações trabalham e carregam elementos que estimulam ou não o consumo, como política, economia, questões sociais, leis, etc. Por exemplo, recessão, inflação e desemprego podem fazer com que os consumidores não façam compras. Por outro lado, as empresas possuem as variáveis controláveis do composto de marketing que podem influenciar positivamente a decisão de compra, como o produto, o preço, a praça (segmentação) e a promoção. Fazer uma propaganda bem feita, ser eficiente em uma promoção, instalar a empresa em um local que seja interessante para o consumidor, entre outras estratégias, são fatores que podem ser administrados pela empresa e apoiar a organização em uma venda. Outro influenciador externo importante relaciona-se a questões culturais. Se cultura está relacionada a comportamentos, valores, crenças e padrões coletivos, é necessário que se estude a cultura para que se conheça as expectativas de um segmento. Assim, produtos e serviços podem ser adaptados ao público-alvo. Entretanto, as pessoas podem participar de diversos grupos sociais,por exemplo os grupos primários, como trabalho faculdade e grupos eventuais, como a igreja. Nesse sentido, o marketing precisa preparar para as diversas influências oriundas da cultura. 40 UNIDADE 4 Além disso, a família pode ser um dos fatores mais intensos na influência de uma pessoa. Pai, mãe, irmãos, esposas, filhos, etc., são os principais responsáveis por fazer a integração social dos membros de um lar, mesmo assim, existem expectativas diferentes para cada faixa etária. Do mesmo modo, temos as classes sociais, que indicam variáveis econômicas, políticas e de integração. Normalmente nas classes sociais, as pessoas possuem comportamentos semelhantes, o que ajudar uma segmentação de marketing. Já nas influências internas, tratamos do indivíduo consumidor em si, suas motivações pessoais e elementos que, externamente, já foram em alguma medida impulsionadores ou não de uma determinada compra. Segundo Campomar e Ikeda (2006) e Las Casas (2019), as pessoas carregam com elas suas questões pessoais determinantes, como: • Personalidade: a escolha por um serviço ou produto é diretamente afetada pela personalidade de uma pessoa, sendo diferente de um indivíduo para outro. Estudos relacionados ao comportamento do consumidor indicam que a personalidade costuma ser formada pela soma de elementos genéticos e do ambiente. • Motivação: a motivação das pessoas para uma compra pode ter origens diferentes, como as indicadas na teoria das necessidades de Maslow. • Percepção: as pessoas recebem do ambiente diversas informações e selecionam, interpretam, organizam e moldam o mundo conforme sua percepção. O marketing costuma criar estratégias para estimular uma percepção positiva. • Percepção subliminar: são as percepções das pessoas que não são conscientes, muito trabalhadas no marketing. Por exemplo, cores que estimulam a vontade de comer, cheiros que remetem a algo importante e sons podem influenciar uma decisão de compra. 41 UNIDADE 4 • Atitude: a atitude pode ser um problema ou uma oportunidade para o marketing. Por exemplo, campanhas que influenciam as pessoas a parar de fumar, podem influenciar negativamente a atitude de um fumante no ponto de vista da indústria, já uma campanha de economia de energia, pode ser boa para toda a sociedade. • Aprendizagem: a forma como um consumidor aprende influencia seu comportamento de maneiras diferentes. Quando um produto ou um processo de compra é positivo do ponto de vista do cliente, ele irá retornar mais vezes. Por outro lado, quando isso é negativo, forçará a evitar essa compra. • Aprendizado cognitivo: é ligado ao aprendizado por meio de informações sobre produtos, normalmente complexos, em mídias ou mesmo pelo vendedor. Esse aprendizado irá indicar sua decisão. • Condicionamento clássico: ocorre quando algo que acontece faz com que o indivíduo seja naturalmente induzido a consumir. No marketing é muito utilizada a teoria do condicionamento de Pavlov, que estudou o condicionamento de atitudes em animais. Exemplo: por meio de propagandas repetidas, condicionar as pessoas a relacionar “verão” à cerveja Itaipava e à garota propaganda chamada de “Verão”. • Condicionamento instrumental: da mesma forma, o condicionamento é ligado a algo que induz e motiva a compra, mas, no condicionamento instrumental, envolve-se uma recompensa, um brinde ou algum benefício. 42 UNIDADE 4 • Modelagem: muito ligado ao aprendizado por meio de observação, no sentido de o observador aprender e imitar. No marketing, é muito comum o uso em comerciais de pessoas que são formadoras de opinião, que agradam as outras. Os indivíduos se espelham nelas e acabam consumindo algo que viu a outra usando. De forma geral, podemos dizer que o processo de compra pode ser feito por diferentes personagens, mas, ao final, o consumidor será o destino de uma venda. O marketing precisa estar atento à cada etapa de uma venda, tendo em vista que problemas em algum dos estágios podem impedir a chegada do produto ao maior interessado. Entretanto, promover estratégias e campanhas que atinjam principalmente o consumidor, que está no final do processo, é extremamente importante. As organizações possuem relações diretas com os consumidores, que possuem as particularidades destacadas até aqui. Mas, outros agentes também participam e se relacionam com as empresas que podem ser segmentados em algumas categorias. Os estudos de marketing definem os mercados em alguns tipos: mercado global, fornecedor, consumidor, organizacional, concorrente, local e negro. O mercado global é aquele a nível internacional, no qual existem trocas entre países por meio de papéis, exportações, importações, ações. Esse é um campo que pode influenciar todos os demais mercados, num âmbito nacional, tendo em vista a existência de concorrência com produtos estrangeiros e as influências 43 UNIDADE 4 de políticas governamentais a respeito. Já o mercado local consiste nas operações que acontecem de forma reduzida e segmentária, dentro de um mesmo país, estado, município ou até bairro. Além deles, temos o mercado fornecedor, que é ligado à transferência de matéria-prima e produtos entre organizações não concorrentes. Comercializam-se insumos para a confecção de produtos e produtos para revenda. O mais comumente chamado de mercado é o mercado consumidor, que envolve de forma direta o público-alvo de uma empresa. É nele que acontece a relação de consumo, compra e venda, sendo a área na qual o marketing tem o maior poder de atuação e intensifica as estratégias. Já no mercado concorrente, estão instaladas as empresas que podem ou não ter relação direta. Por exemplo, uma empresa pode ser concorrente de outra, mas formar uma parceria para compra de insumos, para ganhar na negociação com fornecedor por quantidade. Por outro lado, pode existir uma concorrência na qual as empresas guardam segredos da outra. Por último, temos o mercado ilegal, por estar ligado a relações comerciais de produtos proibidos, roubados ou mesmo que estejam apenas sonegando impostos. Alguns autores dão nomes diferentes, mas de qualquer forma, é importante que se destaque que esse é um tipo de mercado no qual a relação pode não ter padrões formais. 44 UNIDADE 4 Em suma, os mercados definem as relações de troca das organizações. O marketing tem a missão importante de estudar o consumidor, o seu público, as atitudes, o ambiente no qual está inserido e suas origens. Ainda assim, precisa estar ligado às relações da organização nos demais mercados para garantir subsídios para atender o consumidor de forma desejada. Assim, é possível estimular o comportamento de compra do consumidor, baseando- se em questões concretas e psicológicas que dão força para uma campanha voltada para o destinatário. A administração mercadológica precisa criar estratégias que levem em consideração as respostas de cada um dos agentes que têm relação com uma organização. Referências da unidade: CAMPOMAR, M. C.; IKEDA, A. A. O planejamento de marketing e a confecção de planos: dos conceitos a um novo modelo. São Paulo: Saraiva, 2006. KOTLER, P. Marketing 4.0: do Tradicional ao Digital. São Paulo: Sextante, 2017. LAS CASAS, A. L. 2. ed. Administração de marketing. São Paulo: Atlas, 2019. 45 INTRODUÇÃO Sem dúvida, todos os seres humanos consomem recursos diariamente para sua subsistência. Por meio de anúncios na internet, na televisão, nos rádios e em diversos outros meios de comunicação, as pessoas são bombardeadas com um conjunto de informações, sobre suas necessidades, novidades no mercado, modismos, o que os famosos norte- americanos estão vestindo e assim por diante. Esse é um fenômeno natural em sociedades de consumo construídas pós advento da globalização. É preciso entender como os indivíduos estão emaranhados em uma teia de fluxos internacionaisque favorecem o consumo desenfreado por mercadorias, bens e serviços. Esse fluxo não é unicamente de bens de consumo, mas também de informação que é distribuída pelo mundo conforme as tecnologias de cada região. E é através da modelagem dessa rede que os seres humanos passam a se relacionar, criar e consumir. Em um mundo globalizado, o consumo é a chave para o entendimento de uma determinada sociedade. 46 UNIDADE 5 SOCIEDADE DE CONSUMO; GLOBALIZAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO DE PRODUTOS É possível dizer que o mundo social passou por diversas modificações ao longo da história. Essas mudanças provocaram adaptações e inovações nas formas como o ser humano se relaciona, economicamente, com os outros. O Capitalismo consiste em um modo econômico de fazer trocas, inclusive, é o mais moderno produzido pelos seres humanos. Esse sistema socioeconômico surge por meio das mudanças estruturais desenvolvidas no século XVIII na Europa ocidental, especialmente com a Revolução Industrial, momento em que a mecanização e exploração do carvão como matriz energética promoveram a aceleração da produção e, consequentemente, do consumo. A nova conformação econômica trouxe a necessidade de ampla mão de obra assalariada para que o escoamento de produtos ocorresse, de modo a garantir a ampliação dos lucros dos donos dos meios de produção. Houve, na história, um momento em que milhares de trabalhadores, saídos das áreas rurais, buscaram nas cidades europeias empregos em fábricas. Essa combinação de mão de obra assalariada e excedente de produção fez o preço dos materiais diminuir substancialmente ao mesmo tempo em que o consumo passou a aumentar. Nasceu, nessa época, o embrião de uma sociedade de consumo. 47 UNIDADE 5 A sociedade de consumo se demarca pela eterna necessidade de consumir. Sendo assim, os seres humanos carregam em si, uma sucessão de desejos e necessidades que não é saciada jamais. Portanto, há um ciclo, entre desejos e satisfações, o ser humano se projeta no campo social e se relaciona, sem deixar de pensar em ampliar sua escala de consumo, seja de alimentação, vestuário e até mesmo do consumo afetivo. Nessas sociedades, há uma preocupação constante com o luxo, ou seja, em atingir padrões de consumo cada vez mais altos. Isso gera uma necessidade pelo supérfluo, ainda que isso pareça uma relação de opostos. Surge o consumo pelo status, pela marca e a definição de quem o indivíduo é por meio dos produtos que ele consome (RETONDAR, 2008). O consumo, atualmente, passa a ser um campo autônomo de estudo e de produção da relação social. Isso quer dizer que o modo como se entende o consumo mudou. Ele não é o produto das relações econômicas, ele é, em verdade, sua causa e sua razão de existir. Isso quer dizer que é possível entender o funcionamento da sociedade atual por meio das relações de consumo, como uma determinante de como as sociedades humanas funcionam e como as relações individuais se estabelecem (RETONDAR, 2008). Um exemplo capaz de ilustrar como as relações de consumo definem a sociedade atual é a vestimenta das classes sociais. Imagine uma determinada cidade. Ela possui diversos ambientes, praças, shoppings, clubes, restaurantes, etc. Todos esses lugares possuem códigos de vestimenta que lhes são próprios. Em quase todos eles as pessoas se sentem desconfortáveis se não respeitarem esses códigos. Ocorre que, em lugares específicos, não basta possuir um estilo de roupa, mas ela precisa ser de uma determinada marca, ou ainda ser nova, ou exclusiva. Quanto maior é o grau de luxo envolvido, maior será a necessidade de despender altos valores por peças exclusivas. 48 UNIDADE 5 Isso quer dizer que, um ser humano que é rico pode ser identificado pelo modo como ele se veste. É a roupa que faz as pessoas perceberem seu local na sociedade e não o oposto. Portanto, numa sociedade de consumo, em última instância, as coisas determinam as pessoas. Esse não é um padrão que se restringe a um país ou grupo humano. Pode-se dizer que, atualmente, com a economia global, as informações, serviços, bens e produtos circulam entre as diversas civilizações. Ou seja, não são arranjos locais que atendem às demandas dos sujeitos, mas sim um grande emaranhado mundial em que diversos países colaboram com informações, processos produtivos, matéria-prima e outros suprimentos, de modo que a produção de um bem ou a prestação de um serviço envolve, certamente, organizações que estão a longas distâncias geográficas. Pode-se dizer que essa reestruturação do capital passou a ocorrer de forma mais forte e constante a partir da década de 1980. Com ela, houve o declínio das empresas familiares e o crescimento de modelos de gestão profissionalizados. A administração passou a ser cada vez mais descentralizada e flexível, houve declínio do movimento sindical, os trabalhadores tornaram-se cada vez mais individualizados, surgiram realidades de trabalho cada vez mais diversas principalmente com a entrada de mulheres, parcelas raciais como negros, pardos, indígenas, populações LGBTQ+, entre outros, muitas vezes em situações precárias, a crescente de uma nova modelagem econômica denominada de Neoliberalismo, a ampliação dos mercados de capitais bem como da concorrência global (ABÍLIO, 2007). 49 UNIDADE 5 Segundo Castells (2002), pode-se definir a globalização por meio de suas características marcantes, capazes de diferenciá-la de outras estruturas econômicas anteriores, a saber: • Ampla difusão da informação por meio de redes compartilhadas e da internet. Ao mesmo tempo, rápida substituição tecnológica e ampliação da velocidade de comunicação e efetivação de processos, bem como de entrega e movimentação de produtos. • Novos moldes para a relação entre Estado, economia e sociedade. Consistindo no redesenho do estado, com tendência ao individualismo e a liberdade de produzir, característica marcante do neoliberalismo. Além disso, a relação entre esses entes se torna mais facilitada e em alguns aspectos de forma imediata graças à velocidade na comunicação. • No mundo de fluxos globais de riqueza, de poder e de imagens, a busca da identidade coletiva ou individual, atribuída ou construída, transforma-se na fonte fundamental de significado social. • A busca por fortalecer identidades históricas e geográficas, em contrapartida à internacionalização da economia, como forma de gerar um pertencimento que gere sentido de unidade. Muitas vezes, reafirmando práticas religiosas, culturais e cerimoniais. 50 UNIDADE 5 • Negação das instituições como fonte da verdade e de estabilidade social. Foco na construção social por meio de identidades individualizadas ou de pequenos grupos. Ocorre uma crítica constante às instituições, de modo que as certezas se dissolvem, gerando cada vez mais pluralidade nas formas de pensar e cada vez mais crítica às formas organizativas historicamente existentes na sociedade. • O Estado como propulsor econômico no que diz respeito a novas tecnologias, por meio da criação e incentivo às organizações de fomento à inovação. • A habilidade das sociedades em gerar, usar e substituir tecnologias determina seu sucesso econômico de forma geral. • O mundo é verdadeiramente multicultural e interdependente e somente podemos compreendê-lo e mudá-lo a partir de uma perspectiva plural que articule identidade cultural, interconexão global e política multidimensional. • Arranjo produtivo baseado na capacidade instalada de produção de eletrônicos, em que a quantidade de informação disponível é a principal característica de arranjo dessa produção, de modo que regiões e redes constituem polos interdependentes dentro do novo mosaico espacial de inovação global. • Novas modalidades de trabalho, bem como de movimentação nas cidades. Ampliação do trabalho remoto, em lugares públicos ou em casa, ampliação do trabalho autônomo, substituição demão de obra para trabalhos pesados, crescimento do consumo online, informatização de processos em diversas áreas e a ampliação de problemas urbanos como a produção de lixo, transporte e geração de energia. 51 UNIDADE 5 • Centralidade das metrópoles para o arranjo econômico mundial, significando que as grandes cidades concentram a vanguarda econômica, científica, cultural e que as demais cidades se organizam de modo a orbitar às maiores. Aglutinação de grandes massas populacionais em pequenos espaços. • A sociedade atual é estruturada por meio de fluxos, como de capital, de informação, de tecnologia, de interação organizacional, de imagens, sons e símbolos. Muitas vezes, hierarquizando relações de modo internacional, do centro para a periferia do estabelecimento dos fluxos. Kon (1999) explica que as características da globalização produzem uma espécie de inter-relação econômica entre nações, que se denomina de internacionalização de produtos e serviços. Desse modo, insumos, mercadorias e serviços caminham de forma rápida e constante entre diversos mercados, de modo que a importação e a exportação são ações de suma importância para a gestão do Estado contemporâneo. A internacionalização ocorre há muito tempo na sociedade, podendo ser encontrada ainda nas práticas mercantilistas de trocas na antiguidade. No entanto, atualmente, há uma espécie de interdependência das economias em um grande emaranhado global, de modo que os percalços ocorridos em um determinado mercado impactem todos os outros (KON, 1999). Segundo Souza e Oliveira (2016), a globalização foi fundamental para que uma sociedade de consumo se estabelecesse. A facilidade para o escoamento de produção, o excedente e a conformação de grupos identitários tornaram-se o fetichismo da mercadoria e a coisificação das pessoas como algo natural. 52 UNIDADE 5 Outro ponto importante é que a maior possibilidade de consumo produziu a falsa ideia de que o consumo pode ser uma forma de inclusão social. Ledo engano, já que o consumo funciona como válvula de escape para tensões cotidianas, um modo de satisfazer um vazio que é próprio das sociedades de consumo. Isso se deve à necessidade de ser reconhecido como parte de um grupo, seja étnico, social e ou religioso. Reproduzir um padrão de consumo é algo necessário para que as pessoas se entendam como indivíduos em um grupo, já que a maioria das instituições tem falhado na missão de estabelecer segurança e conforto aos cidadãos. Portanto, consumir é um fim em si mesmo, e não um meio de o ser humano alcançar uma satisfação pessoal (SOUZA, OLIVEIRA, 2016). A globalização consiste em um fenômeno novo e ainda hoje é alvo de pesquisa por diversos pensadores sociais, como Giddens, Bauman e o brasileiro Santos. Ela deve ser entendida como um fenômeno e, por isso, carrega consigo pontos positivos e negativos que precisam ser esmiuçados. Se forem observados seus aspectos positivos, notar-se-á que a globalização promoveu progresso nas áreas da comunicação, novas tecnologias e transportes, possibilitou a expansão da democracia e dos meios de comunicação (SOUZA, OLIVEIRA, 2016). De certo modo, pode-se dizer que o acesso a bens de consumo, que antes eram destinados a uma pequena parcela da população, passaram a ser consumidos por pessoas que, aos poucos, começaram a sair de zonas de baixo ou baixíssimo rendimento para um estado de classe média. 53 UNIDADE 5 Isso quer dizer, que como todo o fenômeno humano, é preciso que haja um entendimento mais profundo sobre o que é globalização e como ela culminou na formatação de um novo tipo de capitalismo, capaz de modificar as formas e relacionamentos humanos de maneira radical, se levarmos em consideração que essa mudança ocorreu rapidamente. Nas palavras de Souza e Oliveira (2016, p. 160), “a mesma globalização – que elimina barreiras físicas, rompe fronteiras territoriais, permitindo a internacionalização da economia, o processo tecnológico e o desenvolvimento das sociedades e de suas culturas – também provoca discrepâncias na desigualdade social, altera comportamentos e induz ao consumismo exacerbado”. Por esse motivo, é preciso sempre pensar com cautela sobre os riscos provenientes dessa internacionalização, principalmente no que se refere à preservação das relações humanas e de seus valores ao longo do tempo. Como o administrador se comporta frente a esse desafio é uma questão importante, como as organizações podem se adaptar, de modo que deem conta dessa velocidade ao mesmo tempo que consigam criar meios de comunicação e de consumo que não sejam tão destrutivos, é uma pergunta que deve passar pela mente de todo gestor competente. Resta levantar um último ponto de preocupação que está diretamente ligado à globalização e à sociedade de consumo atualmente em funcionamento, os problemas ambientais da produção humana em larga escala. 54 UNIDADE 5 Tem se percebido que a vida humana carece de cuidados para sua manutenção. Nas cidades, encontram-se pessoas vivendo em espaços menores, com problemas como poluição do ar, contaminação de rios e nascentes, enchentes, doenças urbanas e cada vez mais casos de doenças psicológicas ligadas à solidão e ao estresse do trabalho. Em outra medida, encontram-se problemas ambientais graves como a ampliação da temperatura global, a extinção de centenas de espécies, o fim de alguns recursos não renováveis, a poluição por plásticos nos oceanos, entre outros. Gonçalves e Oliveira (2011, p.43) nos alertam que a humanidade vem sendo dominada pela “cultura do supérfluo”, consumindo desenfreadamente e sem necessidades reais, o que vem levando ao esgotamento dos recursos naturais. Contudo, “uma mudança de cultura é possível, a partir da mudança de cada um. De tudo o que compramos, somente 20% é realmente necessário. Os outros 80% são produtos supérfluos. Por isso é tão importante reavaliar os padrões de consumo e reorganizar nossa vida sob a ótica da sustentabilidade”. Como os gestores, principalmente os de marketing, irão moldar processos e saídas para que as empresas continuem gerando lucro, ao passo que ampliem sua responsabilidade social para que a vida humana permaneça? Esse é, sem dúvida, um tema extremamente atual para a gestão de organizações, sejam elas privadas, públicas ou ainda do terceiro setor. 55 UNIDADE 5 As Organizações possuem grandes desafios frente aos movimentos de estruturação do capitalismo tardio. Muitos questionamentos ainda estão em vigência: é possível que a raça humana sobreviva se o modelo de consumo atual permanecer? Existe possibilidade de rompimento com ele? Como as organizações podem remodelar seus negócios para esse fim? Todas essas questões devem ser levadas a sério pelos gestores públicos ou privados. A globalização produziu forte impacto positivo na vida humana, por outro lado, trouxe problemas contemporâneos para que as novas gerações se preocupem. Consumo é o oposto de uma vida em equilíbrio? Essa relação já está fadada ao descaminho? As respostas não são fáceis de encontrar, fato é que as respostas devem ser perseguidas para que haja inovação. Conhecer e reconhecer as qualidades e os problemas que a globalização trouxe às sociedades humanas não é algo dispensável, de modo que só com o conhecimento aprofundado do fenômeno haverá possibilidade de inovação e melhoria. Referências da unidade: ABÍLIO, Maria Inês Ramos. Globalização: características mais importantes. Revista Visões, v. 3, 2007. CASTELLS, Manuel. A era da informação: Economia. Sociedade e Cultura, v. 1, p. 87-99, 2002. GONÇALVES, Carla Ferreira; OLIVEIRA, Joaquim Humberto C. de. Do modelo de sociedade industrial ao de sociedade da informação: proteções jurídicas às inova- ções tecnológicas. Revista de Direito da Unigranrio, Duque de Caxias, v. 4, n. 1, p. 44-71, 2011. Disponível em: <http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/rdugr/ article/view/1393>.
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