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Toxicologia e Análises Toxicológicas Aula 01 2021/1 Biomedicina Universidade Paulista – UNIP Farmacologia Reflete a fisiologia do organismo Neurotransmissor Hormônio Íon R R R célula Efeito Fisiológico R = Receptor Fármaco (medicamento) R R R célula Efeito Terapêutico Agente Tóxico R R R célula Efeito Tóxico Composto químico endógeno Composto químico exógeno Toxicologia O estudo da Farmacologia e da Toxicologia Reflete o efeito terapêutico de fármacos Reflete o efeito tóxico dos compostos químicos Agente Tóxico R R R célula Efeito Maléfico Reflete o efeito tóxico dos compostos químicos Ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de compostos químicos com o organismo Toxicologia Toxicologia e Análises Toxicológicas Ciência que estabelece as condições seguras de exposição às substâncias químicas Toxicologia e Análises Toxicológicas Plano de Ensino I - EMENTA A disciplina aborda as principais informações necessárias à identificação e quantificação de substâncias químicas presentes em um meio ou matrizes biológicas, por meio de técnicas analíticas específicas e correlação destes resultados com as síndromes tóxicas, prevenção da intoxicação e tratamento. II - OBJETIVOS GERAIS - Compreender os mecanismos pelos quais as substâncias químicas de maior importância toxicológica para o cotidiano de uma pessoa pode causar danos no organismo humano - Aprender a identificar e quantificar agentes tóxicos, analiticamente; - Conhecer mecanismos específicos ou gerias de tratamento e prevenção da intoxicação; - Compreender o resultado de laudos toxicológicos. III - OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Compreender a caracterização do risco químico; - Aprender a identificar xenobióticos presentes em um meio ou matriz biológica, quali ou quantitativamente; - Compreender os mecanismos de escolha de uma técnica analítica utilizada nas análises toxicológicas; - Correlacionar aspectos clínicos de intoxicação com dados laboratoriais; - Conhecer os principais antídotos. Toxicologia e Análises Toxicológicas Plano de Ensino Toxicologia e Análises Toxicológicas Conteúdo Programático PRINCÍPIOS DA TOXICOLOGIA Aula 01: Histórico, áreas e divisões, principais conceitos. Aula 02: Caracterização e manejo do risco (identificação do perigo; avaliação da relação dose/resposta; estudos agudos, subcrônicos e crônicos; avaliação da exposição; valores de NOAEL e NOEL). Validação do método analítico em análises toxicológicas; boas práticas de laboratório; legislação específica. ÁREAS DE INTERESSE DAS ANÁLISES TOXICOLÓGICAS Aula 03: Toxicologia ambiental, metais pesados, praguicidas. Aula 04: Toxicologia ocupacional; Aula 05: Toxicologia de Emergências, Clínica (principais síndromes). Aula 06: Toxicologia Social; Forense; Doping. Aula 07: Plantas tóxicas; peçonhentos; domissanitários. Toxicologia e Análises Toxicológicas Conteúdo Programático TOXICOLOGIA ANALÍTICA Aula 08: Toxicante versus matriz biológica; principais técnicas analíticas (espectrometria de absorção atômica, cromatografia). APLICAÇÕES DAS ANÁLISES TOXICOLÓGICAS AULA 09: Elaboração e interpretação de laudos toxicológicos; avaliação do risco toxicológico e conhecimento dos mecanismos de tratamento e prevenção da intoxicação. Toxicologia e Análises Toxicológicas Bibliografia Recomendada Básica OGA, S. Fundamentos de Toxicologia. São Paulo: Atheneu, 2014. KLAASSEN, Curtis D. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull. Porto Alegre: AMGH, 2012. (Minha Biblioteca) OLSON, Kent R. Manual de Toxicologia Clínica. Porto Alegre: AMGH, 2013 (Minha Biblioteca) Complementar KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Minha Biblioteca) MOREAU, Regina Lúcia Moraes. Toxicologia Analítica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. (Minha Biblioteca) PILLAY, V.V. Modern Medical Toxicology. Completely Updated, Revised & Profusely Illustrated. Ed. Jaypee, 2013. PINTO, Wagner Jesus. Bioquímica Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. (Minha Biblioteca) SISINNO, Cristina Lúcia Silveira. Princípios de toxicologia ambiental. Curitiba: InterCiência, 2017 (Biblioteca Virtual) Aula 01 – Princípios da Toxicologia • Histórico • Áreas e divisões • Principais conceitos Toxicologia e Análises Toxicológicas Toxicologia – Histórico TOXICON = FLECHA (do grego) Homem pré-histórico envenenava pontas de flecha com material contaminado com bactérias (por exemplo, pedaços de cadáveres) ou com venenos vegetais, com o intuito de acelerar a morte dos animais, levando a paralisia do músculo cardíaco e da musculatura esquelética Pré-História ~ 3000 a.C. Imperador Shen Nung • Pai da agricultura chinesa e das ervas. • Pai da medicina oriental. • Cultivou centenas de ervas para testar (muitas vezes em si mesmo) seu valor como planta medicinal. • Escreveu uma farmacopéia com a descrição terapêutica e toxicológica de cerca de 365 ervas. Ephedra sinica Antiguidade China Toxicologia – Histórico - Vasoconstritor, broncodilatador - Náuseas, dif urinar, insônia, dor no peito, aum PA (baixo índice terapêutico) 1500 a.C. Papiro de Ebers Antiguidade Egito • Medicina aliada à magia •Farmacopéia com referências a mais de 7000 substâncias medicinais incluídas em mais de 800 fórmulas (incluindo ópio e beladona). • Fórmulas quantitativas: importância no estudo da Farmacologia e da Toxicologia Toxicologia – Histórico Toxicologia – Histórico Antiguidade - Grécia 460 - 364 a.C. Hipocrates “Pai da Medicina” Diagnóstico clínico Dissecações Lista de substâncias terapêuticas e venenos (ex.: casca de salgueiro) Toxicologia Clínica: Biodisponibilidade, Superdosagem 132 - 73 a.C. Mitrídates IV, o Rei do Ponto Experiências toxicológicas: venenos vs antídotos Mithridaticum: tônico e antídoto universal c/ 36 produtos Mitridatismo: tolerância adquirida http://www.math.sfu.ca/histmath/Europe/Euclid300BC/HIPPOCRATES.JPG 40 - 90 a.C. Dioscórides Antiguidade Roma “Pai da Farmacognosia” Estudo do uso, da produção, da história, do armazenamento, da comercialização, da identificação, da avaliação e do isolamento de princípios ativo, inativo ou derivados de animais e vegetais • De Materia Medica: principal fonte de informação sobre drogas medicinais - Século I ao Século XVIII • Classificação dos fármacos (ampliação da coletênea presente no Corpus hippocraticum): • ORIGEM ANIMAL (sapos, cobras, salamandras) - 35 • ORIGEM VEGETAL (ópio,cicuta,acônito,digitalis) - 600 • ORIGEM MINERAL (arsênio, chumbo, cobre, antimônio) - 90 Toxicologia – Histórico http://images.google.com/imgres?imgurl=clendening.kumc.edu/dc/pc/Dioscorides.jpg&imgrefurl=http://clendening.kumc.edu/dc/pc/d.html&h=505&w=383&prev=/images%3Fq%3DDioscorides%26svnum%3D10%26hl%3Dpt Idade Média Envenenador: parte integrante da vida política Medicina/Terapêutica: estagnação; mosteiros 1. Rapidez da resposta (início da ação ou lag time); 2. Eficiência do composto (potência); 3. Grau de resposta de partes do corpo (sítio de ação); 4. Reclamações da vítima (sinais e sintomas). Catarina de Medici (1519 – 1589): Importação de venenos para a França Experimentação com pobres e doentes Lucrecia Borgia (1480 – 1519) Catarina de Medici (1519 – 1589) Toxicologia – Histórico Renascimento 1493 – 1541 Paracelso Formado pela Universidade de Viena em Medicina A dose faz o veneno “Todas as substâncias são venenos; não existe uma que não seja veneno. A dose certa diferencia um veneno de um remédio” Ex.: mercúrio em amálgama; ef tóxico do Paracetamol; intoxicação por água. Toxicologia – Histórico Revolução Industrial (1700 - 1800) Poluentes; aumento do consumo de drogas; aumento da violência; avanços na Medicina. Toxicologia – Histórico 1800: Química analítica; Mecanismos de ação (curare,estricnina, CO); Novas drogas na terapêutica; Radioatividade Tratado de Medicina Legal 1700: Toxicologia forense; Xenobióticos vs câncer; Avanços em toxicologia ocupacional Sir Percival Pott (1775) Câncer de escroto em jovens limpadores de chaminés O que causa a intoxicação Como ocorre a intoxicação http://www.mds.qmw.ac.uk/biomed/kb/pathology/funmedpics/images/q5manpot.jpg http://images.google.com/imgres?imgurl=wwwusers.imaginet.fr/~pol/orfila.jpg&imgrefurl=http://wwwusers.imaginet.fr/~pol/1poli-sc.htm&h=298&w=188&prev=/images%3Fq%3DOrfila%26svnum%3D10%26hl%3Dpt%26sa%3DG Toxicologia: ciência multidisciplinar Era Pós-Industrial (1900) Toxicologia – Histórico I Guerra Mundial: vitaminas, arsenicais, pesticidas. II Guerra Mundial: antibióticos, sulfas. Bernard Brodie (1947): Fundador da Farmacologia Moderna Metabólitos (CYP450) e bioquímica do sangue; Relação concentração vs resposta; DDT (pesticida) Área farmacêutica: fármacos e excipientes Área de alimentos: aditivos / contaminantes Área agrícola: pesticidas / drogas veterinárias Hemoglobina É realmente a dose que faz o veneno? Toxicologia Moderna Toxicologia – Estado da Arte Toxicologia Experimental Microarray Genética Toxicológica OGM/ Transgênicos Estudos focados no potencial teratogênico, carcinogênico e mutagênico dos toxicantes P o rc e n ta g e m d e f e to s m a lf o rm a d o s Quantidade de clopyralid (herbicida) Administrada a coelhas prenhes (mg/Kg peso corporal/dia) Malformação ocular em sapos causada pelo pesticida metoptreno (Ouellet et al.,97) Toxicologia – Estado da Arte Importância das Análises Toxicológicas: Avaliação de Risco e Segurança Normas para pesquisa em medicamentos Normas para pesquisa de pesticidas Técnicas forenses Legislação alimentar Legislação trabalhista Legislação ambiental Conscientização Toxicologia – Áreas e Divisões DIVISÕES TOXICOLOGIA Clínica Sintomas Patologia Diagnóstico Proteção Tratamento Analítica Isolamento do toxicante Quantificação Experimental Mecanismo de ação Modelos animais Toxicologia – Áreas e Divisões DIVISÕES Clínica Analítica Experimental ÁREAS TOXICOLOGIA Medicamentos ForenseOcupacional Social Ambiental Alimentos Sintomas Patologia Diagnóstico Proteção Tratamento Isolamento do tóxico Quantificação Mecanismo de ação Modelos animais http://belarus.net/Enterprise/borisovzmp/prod00_e.htm Toxicologia – Áreas e Divisões O exemplo da Talidomida 1957 → Comercializada como um sedativo e hipnótico propício para combater enjôos matinais em grávidas. Fórmula: (C13H10N2O4). Apresenta isomeria, sendo o enantiómero S relacionado com os efeitos teratogénicos da talidomida. Testes de teratogenicidade em roedores não revelaram seus efeitos, pois estes metabolizam o fármaco de forma diferente de humanos. No final dos anos 1960 → descritos os primeiros casos de malformações congênitas → Bebês da Talidomida. Mecanismo de ação: medicamento inativa a enzima cereblon, importante nos primeiros meses de gestação para a formação dos membros. Analítica Clínica/ Experimental Experimental Clínica Isômero S (teratogênico) Isômero R (ativo) http://www.chm.bris.ac.uk/motm/thalidomide/thalidomide_s.mol http://www.chm.bris.ac.uk/motm/thalidomide/thalidomide.mol ____ Toxicologia – Principais conceitos TÓXICO XENOBIÓTICO: TOXICANTE Substância química, de estrutura definida, capaz de induzir EFEITOS TÓXICOS sobre os organismos Efeitos adversos, nocivos, danosos, prejudiciais à saúde VENENO: TOXINA: Tóxico causador de graves efeitos, por vezes mortais Substância natural (biotoxina) que provoca efeitos tóxicos. Experimental/clínico: substância que não é encontrada no organismo de estudo; substância estranha ao organismo. (ambiental: substância que não foi produzida pela biota: produtos industriais, drogas terapêuticas, conservantes, produtos inorgânicos, etc.). Resultado clínico dos danos produzidos por um toxicante.INTOXICAÇÃO: Exposição - Toxicocinética - Toxicodinâmica QUANTO À ORIGEM Naturais Minerais Vegetais Animais Sintéticos Dioxina DDT QUANTO À FORMA Sólido Líquido Gasoso Vapor Radiação QUANTO AO ÓRGÃO-ALVO Hepatotóxicos Neurotóxicos Nefrotóxicos Cardiotóxicos Mielotóxicos QUANTO AO EFEITO Mutagênicos Carcinogênicos Teratogênicos Embriofetotóxicos QUANTO AO USO Praguicidas Solventes Alimentos Medicamentos Matéria-prima CLASSIFICAÇÃO DOS TOXICANTES “Um efeito adverso refere-se a um efeito não desejado de um fármaco. Os efeitos adversos podem ser decorrentes de efeitos tóxicos ou de efeitos colaterais. Um efeito tóxico é um efeito adverso que surge em conseqüência da intensificação do mesmo efeito farmacológico responsável pelo efeito terapêutico do fármaco; por conseguinte trata-se de um efeito relacionado com a dose. Um efeito colateral refere-se a um efeito adverso que surge através de alguma reação farmacológica distinta daquela que produz o efeito terapêutico (estes efeitos podem estar relacionados ou não com a dose). Como os efeitos colaterais relacionados com a dose também podem ser considerados como efeitos tóxicos, é mais apropriado evitar os termos "efeitos tóxicos" e "efeitos colaterais" e, no seu lugar, empregar o termo "efeitos adversos", que abrange todos os tipos de efeitos não desejados". Tratado de Farmacologia Clínica e Farmacoterapia (ed. Grahame-Smith & Aronson, terceira edição - Guanabara Koogan) ____ Toxicologia – Principais conceitos Efeito colateral versus efeito tóxico Efeito idiossincrático: Provocado por variações genéticas entre indivíduos. Ex.: Sensibilidade anormal aos nitritos e outros agentes metemoglobinizantes, devido a deficiência, de origem genética, na enzima NADH-metemoglobina redutase. Redução do ferro presente na hemoglobina, aumentando sua afinidade por oxigênio Ausência: cianose ____ Toxicologia – Principais conceitos Adição, Sinergismo e Potenciação Efeito somatório Ex.: Arsênico + chumbo (ambos agem na bioss. do heme) Efeito combinado é maior que efeitos individuais Ex.: tetracloreto de carbono + álcool (etanol inibe biotransformação do tetracloreto de carbono) Agente tóxico com efeito aumentado por atuar simultaneamente com um agente “não tóxico” Ex.: O isopropanol (não hepatotóxico) aumenta hepatotoxicidade do tetracloreto de carbono. Espectro dos Efeitos tóxicos Característica (química, física ou infecto- contagiosa) que mede a capacidade de um tóxico de induzir efeitos adversos nos sistemas biológicos (toxicidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade,...) Propriedade potencial que as substâncias químicas possuem, em maior ou menor grau, de exercer um efeito nocivo TOXICIDADE: PERICULOSIDADE: ____ Toxicologia – Principais conceitos RISCO: Probabilidade de a substância produzir dano sob determinadas condições Risco = Toxicidade x Exposição. No de fetos com retardo no desenvolvimento foi maior em fêmeas de camundongo prenhes expostas á fumaça de cigarro light Cigarro light é mais tóxico que cigarro comum A carboxina é um agrotóxico fungicida com baixa toxicidade e alta periculosidade ambiental Reproductive toxicity of DDT in adult male rats K Ben Rhouma, O Tébourbi, R Krichah, M Sakly Human & Experimental Toxicology, 2001 Aug;20(8):393-7. Abstract The reproductive toxicity of DDT was investigated in adult male rats exposed to 50 and 100 mg/kg body weight (b.wt) day 1 for 10 successive days. Compared with control animals, administration of DDT led to a dose-dependent reduction of testicular weight and the number as well as the percentage of motile spermatozoa in the epididymis. Testicular histological observations revealed also a marked loss of gametes in the lumen of seminiferous tubules. In DDT treated rats, the seminal vesicles weights droppedsignificantly, resulting from a decrease of testosterone production by testes, whereas serum LH and FSH increased after pesticide exposure. This increase of gonadotrophin levels may be related to an impairment of the negative feedback exerted by the steroid on the hypothalamic–pituitary axis. It is concluded that DDT induced adverse effects on male rat fertility by acting directly on the testes and altering the neuroendocrine function. 1) Quais os grupos experimentais? 2) Qual o objetivo do trabalho? 3) Quais os ensaios utilizados? 4) Quais os resultados obtidos? 5) Qual hipótese foi levantada a partir desses resultados? http://het.sagepub.com/search?author1=K+Ben+Rhouma&sortspec=date&submit=Submit http://het.sagepub.com/search?author1=O+T%C3%A9bourbi&sortspec=date&submit=Submit http://het.sagepub.com/search?author1=R+Krichah&sortspec=date&submit=Submit http://het.sagepub.com/search?author1=M+Sakly&sortspec=date&submit=Submit
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