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História da Educação Física Professora Yedda Maria da Silva Caraçato de Sousa Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFATECIE. Credenciado pela Portaria N.º 527 de 10 de junho de 2020, publicada no D.O.U. em 15 de junho de 2020. Núcleo de Educação a Distância; SOUSA, Yedda Maria da Silva Caraçato de. História da Educação Física. Yedda. Maria da Silva Caraçato de Sousa. Paranavaí - PR.: UniFatecie, 2020. 69 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTORA Profa. Yedda Maria da Silva Caraçato Mestranda em Educação Física pelo Programa de Pós Graduação Associado em Educação Física (UEM/UEL). Licenciada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Bacharela em Educação Física pelo Centro Universitário INTA - UNIN- TA. Acadêmica do curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional (UNINTER). Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar - GEEFE/UEM/ CNPq. Professora da rede municipal de ensino de Paiçandu. ORCID: https://orcid.org/0000- 0002-6602-3921 INFORMAÇÕES RELEVANTES: ● Licenciada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá. ● Bacharela em Educação Física pelo Centro Universitário Inta - UNINTA ● Mestranda em Educação Física pelo programa de Pós-Graduação em Educa- ção Física associado UEM-UEL ● http://lattes.cnpq.br/5403362583816958 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá, aluno(a), Esse material de estudo é referente a nossa disciplina História da Educação Física. Penso que se você está lendo esse material está procurando entender e conhecer ainda mais a história do curso/do seu futuro campo de trabalho. Para entender e conhecer melhor o seu curso teremos quatro unidades nesse material. ● Na Unidade I estudaremos o que é a Educação Física, o conceito, as especifi- cidades de Licenciatura e Bacharel em EF e os campos de atuação profissional de cada especificidade. ● Já na Unidade II você irá saber mais sobre a história da Educação Física tanto no contexto mundial como no Brasil, sua origem, desenvolvimento e características ao longo das décadas. ● Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito dos aspectos legais da Educação Física, olhando tanto para o contexto escolar e não escolar. ● Em nossa Unidade IV vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com A Educação Física: Ensino e carreira, trazendo metodologias de ensino da EF e preocupações acerca da carreira em EF no contexto formal e não formal na contemporaneidade. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Introdução a Educação Física UNIDADE II ................................................................................................... 21 História da Educação Física UNIDADE III .................................................................................................. 38 Aspectos Legais da Educação Física UNIDADE IV .................................................................................................. 52 Educação Física: Ensino e Carreira 6 Plano de Estudo: • Conhecer o que é a Educação Física • Compreender o panorama dos conhecimentos sobre a área da Educação Física e atuação profissional Objetivos de Aprendizagem: • Entendimento do que é a Educação Física • Entendimento acerca do panorama dos conhecimentos sobre a área da Educação Física e atuação profissional UNIDADE I Introdução a Educação Física Professora Yedda Maria da Silva Caraçato de Sousa 7UNIDADE I Introdução a Educação Física INTRODUÇÃO Olá aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade I da nossa apostila de estudos da disci- plina de História da Educação Física. Nesta unidade iremos estudar o conceito Educação Física, os conhecimentos sobre nossa área no campo da Licenciatura e do Bacharelado e o campo de atuação profissio- nal nessas especificidades da nossa área. Dessa forma, estamos oportunizando a você a construção de competências profissionais e conhecimentos de ordem procedimentais que o oportunizem estabelecer habilidades e competências significativas para entender e conceituar a Educação Física no campo da Licenciatura e no Bacharelado, compreendendo suas potencialidades e limitações existentes nos campos de atuação profissional em que cada especificidade oferece. Tendo esses constructos estabelecidos, quero lhe trazer um questionamento: você já conhece os campos de atuação da Educação Física? Se sua resposta for positiva, quero convidá-lo(a) a refletir sobre como esses campos se configuram na atualidade; e, em caso negativo, este é um momento ímpar para entender o campo no qual você está adentrando. Vamos conhecê-lo. Bom estudo! 8UNIDADE I Introdução a Educação Física 1 O QUE É EDUCAÇÃO FÍSICA O que é a Educação Física? Conceituar essa área com um grande leque de atua- ções não é nada fácil, para tanto, é necessário entendermos que ela possui várias incursões que se completam e mostram caminhos para o que pode ser a atual Educação Física. Segundo Tubinho (2008), para explicar o novo conceito de Educação Física é ne- cessário estabelecer uma sequência lógica de raciocínio: Primeiro: o conceito de Educação, saiu de uma perspectiva terminalista para outra perspectiva de educação continuada, dessa forma então, deixando de constituir-se num programa voltado para uma educação apenas num período na vida das pessoas. Segundo: a Educação Física, era concebida como componente educacional, dessa forma ficou por muito tempo, assim delimitada à infância e adolescência, pois era aplicada em processos formais na escola. Acontece então um rompimento, o qual leva a Educação Física a constituir-se num processo de Educação ao longo da vida das pessoas, deixando então de ser apenas para crianças e adolescentes e chegando também ao jovens, adultos e idosos, pois era desenvolvida em vários locais, independentemente. Terceiro: a atividade física continua a ser um meio específico da Educação Física, podendo ser utilizada com fins educativos, por meio de exercícios ginásticos, jogos, danças, esportes, atividades de aventura, relaxamento e muitas outras. Quarto: se é uma Educação Física, ela tem que educar para algo, alguma coisa, de forma que possa lhe dar sentido. Ou seja, nessa nova concepção de Educação Física, 9UNIDADE I Introdução a Educação Física ela está relacionada, ela constitui-se um meio para um estilo de vida ativo durante toda a existência das pessoas. Quinto: para a Educação Física poder ser um estilo de vida ativo, ela terá que ser concomitantemente uma Educação para a Saúde e para o Lazer. Sendo que, nesse processo a Educação Física desenvolverá hábitos, conhecimentos e atitudes. É evidente que essa Educação Física com mais sentido substitui/deve substituir a Educação Física passatempo ou Funcionalista de outrora, pois o importante, a partir do manifesto da Educação Física em 2000, será o processo do desenvolvimento de um estilo de vida, o qual que levará as pessoas a uma qualidade de vida desejável e as oportuni- dades de entretenimentos considerados saudáveis,além disso propiciar seres integrais e melhores convivências humanas. Sendo assim, Tubino (2008) afirma que a Educação Física, nessa nova interpre- tação, passa a ser um ensino para a criação de habilidades motoras, atitudes e conheci- mentos. Esse novo conceito renovado de Educação Física, além de dar sentido aos seus programas, rompe com o seu entendimento como simples atividade, passatempo ou moda. Para Bracht (1997) é comum buscar elucidar a essência da Educação Física como se esta existisse independentemente da Educação Física concreta e situada historicamente que conhecemos. Já para Medina (1983), existem três concepções do que é a Educação Física, sendo a primeira a Educação Física Convencional, a qual define EF como um conjunto de conhecimentos e atividades específicas que visam o aprimoramento físico das pessoas, dessa forma, os aspectos sociais e psicológicos têm um papel irrelevante. A segunda concepção é relacionada à Educação Física Modernizadora, que define como sendo a área do conhecimento humano que, fundamentada pela interseção de diversas ciências e, através de movimentos específicos, objetiva desenvolver o rendimento motor e a saúde dos indivíduos. Dessa forma, considerando o ser humano como sendo composto pelo corpo e mente/espírito. A terceira concepção que Medina (1983) traz é a Educação Física Revolucionária, a qual entende o ser humano por meio de todas as suas dimensões, sendo definida como a arte e a ciência do movimento humano que, através de atividades específicas, auxiliam no desenvolvimento integral dos seres humanos, renovando-os e transformando-os no sentido de sua autorrealização e em conformidade com a própria realização de uma sociedade mais justa e livre. 10UNIDADE I Introdução a Educação Física Segundo Oliveira (1983), várias denominações para a Educação Física foram adotadas e vemos que ainda são atualmente, como EF sendo educação do movimento, educação pelo movimento, educação do corpo, cultura do físico e esporte. Essas são algumas das nomenclaturas, mas ele ainda acredita que o esporte é a nomenclatura que mais compete com a expressão Educação Física. Entretanto seus dizeres apontam que a característica essencial da EF é o movimento humano e sem ele a Educação Física não existe, sendo o movimento o que distingue a EF das demais disciplinas. E sendo os elementos da EF a ginástica, o jogo, o esporte e a dança. De acordo com o Coletivo de Autores (1992, p. 33), a EF é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada de cultura corporal. Para Betti (1992), a EF na escola, como componente curricular da Educação básica, também está ligada em introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, assim formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e práticas de aptidão física, em benefício da qualidade da vida. Dessa forma, aluno(a), podemos entender que o conceito de Educação Física não é um só, mas é amplo e engloba tudo que nela está inserido, mas entende-se que a EF está para e pelo movimento humano. 11UNIDADE I Introdução a Educação Física 2 PANORAMA DOS CONHECIMENTOS SOBRE A ÁREA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E ATUAÇÃO PROFISSIONAL A formação em Educação Física deveria abranger uma formação ampla e con- sistente para que o profissional pudesse trabalhar em qualquer das áreas oferecidas pela EF. Mas você, aluno(a), deve estar se questionando: “qual o motivo de atualmente termos essas duas (Licenciatura e Bacharel) especificidades da Educação Física?”. Morschbacher (2012) expõe que, naquele momento, em 2005, a divisão do Curso se justificou pela crescente expansão do mercado de trabalho e pelas mudanças na legisla- ção referente à formação de professores para a atuação na Educação Básica, em sintonia com o sistema Conselho Federal de Educação Física e Conselho Regional de Educação Física (CONFEF/CREF). Sendo assim, nesse momento em que o nosso mercado de trabalho fica mais exi- gente, o momento político, histórico e social que se passava no momento, fica estabelecido que os ingressantes até o ano de 2005, teria sua formação em Licenciatura plena em Educação Física, exposto na Resolução CNE/CP n° 2/2002, que dizia que a partir de 15 de outubro de 2005 os cursos deveriam ter formações distintas. Porém não fica claro para algumas instituições e começa gerar grandes tumultos, incluindo o CONFEF/CREF. O MEC, dessa forma, emite a Nota Técnica n° 003/2010 - CGOC/DESUP/SESu/MEC, de 05 de agosto de 2010, e deixa claro em seu artigo IV- 19: 12UNIDADE I Introdução a Educação Física Os cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física possuem legislação específica para cada qual, apresentando finalidade e integralidade próprias, exigindo-se, assim, projeto pedagógico e matriz curricular adequa- dos a cada grau. Dessa forma, entendemos que atualmente o curso de Educação Física não é mais uma só formação, mas sim cursos distintos, contendo núcleo de estudos de formação geral, tanto para o(a) futuro(a) licenciado(a) em EF quanto para o(a) futuro(a) bacharel(a) em EF. O Conselho Nacional de Educação, no ano de 2018, traz uma nova resolução para os cursos de Educação Física. É de grande importância entendermos: o curso de Educação Física (Bacharel/Licenciatura) deve conter carga horária referencial de 3.200 (três mil e duzentas) horas para o desenvolvimento de atividades acadêmicas. No Art. 5º dessa mesma resolução se apresenta que, dada a necessária articulação entre conhecimentos, habilidades, sensibilidade e atitudes requerida do egresso para o futuro exercício profissional, a formação do graduado em Educação Física terá ingresso único, destinado tanto ao bacharelado quanto à licenciatura, e desdobrar-se-á em duas etapas, conforme descrição a seguir: I. Etapa Comum - Núcleo de estudos da formação geral, identificador da área de Educação Física, a ser desenvolvido em 1.600 (mil e seiscentas) horas referen- ciais, comum a ambas as formações. II. Etapa Específica - Formação específica a ser desenvolvida em 1.600 (mil e seiscentas) horas referenciais, na qual os graduandos terão acesso a conhecimentos específicos das opções em bacharelado ou licenciatura. Muitas vezes, nas Instituições de Ensino Superior, o aluno escolhe quais das duas especificidades gostaria de cursar, entretanto as 1.600 horas de curso serão iguais, independentemente de ter escolhido uma das especificidades. Após cursadas essas 1.600 horas do núcleo comum, os cursos oferecem a etapa específica, assim, entrando nas especificidades da área da Licenciatura ou Bacharelado. Agora vamos entender um pouco sobre cada etapa específica (Licenciatura/Bacha- rel), ou seja, para que cada área está voltada, e seu campo de atuação profissional. 13UNIDADE I Introdução a Educação Física 3 LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA E SEU CAMPO DE ATUAÇÃO Você já conhece um pouco mais do curso de Licenciatura em Educação Física? Se não conhece, vamos conhecer! O curso de Licenciatura em Educação Física no Brasil já passou por diversas mudanças. Atualmente o seu principal foco está voltado para formação de professores para atuarem na escola, sendo esse campo de atuação um local muito abrangente para o professor de Educação Física estar presente. O Conselho Nacional de Educação, em dezembro de 2018, traz uma nova reso- lução para o curso de Licenciatura em Educação Física, sendo que o curso deve conter carga horária referencial de 3.200 (três mil e duzentas) horas para o desenvolvimento de atividades acadêmicas (BRASIL, 2018a). No curso de Licenciatura em EF, o Licenciado terá formação humanista, técnica, crítica, reflexiva e ética qualificadora da intervenção profissional fundamentada no rigor científico, na reflexãofilosófica e na conduta ética no magistério, ou seja, na docência do componente curricular Educação Física, tendo como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação para a área (BRASIL, 2018b). A especificidade da Licenciatura em Educação Física é voltada para a área escolar, ou seja, o seu único campo de trabalho é o ambiente escolar, como professor da disciplina de Educação Física, um componente curricular obrigatório nos níveis de ensino Fundamen- tal II (6º ao 9º ano) e Ensino Médio (1ª a 3ª série) e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). 14UNIDADE I Introdução a Educação Física É de grande importância entendermos que o documento que norteia a EF como uma disciplina nas escolas é a LDBEN 9394/96. Para tanto, há que se entender que os professores de educação física vêm conquistando cada vez mais espaço na área escolar, tendo adentrado não de forma obrigatória, mas vêm conquistando esse espaço na Educação Infantil - EI (1,2, 3, 4 e 5). De forma que atualmente muitos municípios estabeleceram como lei a presença do professor formado em Licenciatura em Educação Física para trabalhar a disciplina na EI, no lugar em que antes o professor formado em pedagogia tinha esse espaço, sendo que o professor de EF é o professor especialista na disciplina EF. O órgão responsável em “fiscalizar” a Educação em geral, sendo assim, a Licencia- tura em EF, é o MEC. É importante saber de alguns documentos que norteiam o profissional da Educação e, para tanto, o professor de Educação Física, sendo eles a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96), define e regulariza a organização da educação brasileira com base nos princípios presentes na Constituição, as Diretrizes Curri- culares Nacionais (DCNs), são normas obrigatórias para a Educação Básica que orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino e o Plano Nacional de Educação (PNE), determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional a cada 10 anos. Desde 2017, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento de caráter normativo, define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Há que se entender que o professor de Educação Física, ou seja, o Licenciado em Educação Física, tem uma grande gama de trabalho dentro do mundo escolar, podendo atuar desde a Educação Infantil até o Ensino Médio e a EJA, tanto em escolas públicas como em escolas privadas. Dessa forma, estando presente na vida escolar dos alunos durante todo o tempo em que ele está em formação na escola. 15UNIDADE I Introdução a Educação Física 4 BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICA E SEU CAMPO DE ATUAÇÃO Se você chegou até aqui, aluno(a), penso que está querendo saber um pouco mais dessa formação – Bacharelado em Educação Física –, então vamos lá! Segundo Anversa (2017), os cursos de Bacharelado em EF tiveram um início, ainda tímido, a partir da Resolução CFE n. 03/1987, uma vez que a área ainda não tinha um consenso sobre o bacharelado. Para Oliveira (2006), por meio dessa Resolução, o currículo do curso se desvin- culou do formato mínimo, garantindo às IES a oportunidade de desenvolver seu PPC de acordo com as necessidades regionais, possibilitando a oferta de uma formação específica para a licenciatura ou para o bacharelado, por meio dos indicativos da formação geral (humanística e técnica) e de aprofundamento. No ano de 1997, por meio da Resolução n. 218/1997, a Educação Física foi re- conhecida como área da saúde e, no ano subsequente, por meio da Lei 9696/1998, foi regulamentada como profissão. Com isso foram criados o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e os Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs), sendo revistos os campos de atuação do profissional, ampliando suas possibilidades de intervenção. A formação Bacharel em Educação Física atualmente é constituída em 3200 horas referenciais e sendo dessas 1600 horas específicas, conforme Resolução CNE/CES n. 06/2018, como explicado no começo da nossa unidade. A formação do Bacharel em EF deve ser concebida, planejada, operacionalizada e avaliada, qualificando-o para a inter- 16UNIDADE I Introdução a Educação Física venção profissional em treinamento esportivo, orientação de atividades físicas, preparação física, recreação, lazer, cultura em atividades físicas, avaliação física, postural e funcional, gestão relacionada com a área de Educação Física, além de outros campos relacionados às prática de atividades físicas, recreativas e esportivas; visando a aquisição e desenvolvi- mento dos seguintes conhecimentos, atitudes e habilidades profissionais (BRASIL, 2018b). A partir dessa constituição da formação do curso de bacharel em EF, conseguimos ver o vasto campo de atuação que o Bacharelado nessa área pode atuar, sendo uma área que atualmente vêm crescendo, acompanhando o nosso mercado e a evolução dele. Há que se conhecer melhor, então, as áreas que os profissionais de Educação Física podem atuar, sabendo que há um grande leque de campos de atuação para esse profissional. Lembre-se que o bacharel é conhecido como área não escolar, ou seja, atua em todos os outros campos fora da escola. O bacharel é muitas vezes ligado ao instrutor de academia, ao personal trainer, mas temos campos de atuação para além da academia. Pode-se atuar com esporte, o treinamento esportivo nas modalidades convencionais e não convencionais, a recreação em hotéis, festas infantis, eventos em geral, grupos de corrida, treinamento funcional, na natação, no núcleo de apoio à saúde da família, nas secretarias de esporte e lazer de municípios, estados entre outros. Além de ser um vasto campo, também há uma grande faixa etária e população que esse profissional poderá trabalhar após sua formação, desde o bebê até idosos, grávidas, pessoas com deficiências, comorbidades, doenças, entre muitas outras especificidades. É importante ressaltar que o bacharel é uma área em constante mudança, pelo fato de a cada dia ter mais adeptos a cuidar da sua saúde, do seu bem estar, do seu corpo. Sendo assim, crescendo ainda mais o público e modalidades que os profissionais de Educação Física podem atuar. 17UNIDADE I Introdução a Educação Física SAIBA MAIS Criado em 2008, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) surgiu com a finalida- de de aumentar as ações da Estratégia de Saúde da Família (ESF) por meio de sua atuação integrada com as equipes de saúde e todas as redes de serviço. Dessa forma, o presente artigo apresenta os Profissionais de Educação Física e o SUS: desafio nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Para complementar o presente vídeo traz discus- sões acerca da presença do profissional de EF no SUS. Acesse: Profissionais de Educação Física e o SUS: desafio nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Disponível em: https://www.crefsc.org.br/principal/wp-content/uploads/2017/02/Artigo-Profissionais-de-Educa%- C3%A7%C3%A3o-F%C3%ADsica-e-o-SUS.pdf Educação Física e SUS. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CvaSNaWstVg REFLITA Como vimos nessa unidade, o profissional de EF bacharel está inserido no Núcleo de Atenção à saúde da família. Dessa forma estamos presentes no Sistema único de saú- de. Qual a importância de estarmos presentes na Saúde pública do Brasil? Fonte: a autora. https://www.crefsc.org.br/principal/wp-content/uploads/2017/02/Artigo-Profissionais-de-Educa%C3%A7%C3%A3o-F%C3%ADsica-e-o-SUS.pdf https://www.crefsc.org.br/principal/wp-content/uploads/2017/02/Artigo-Profissionais-de-Educa%C3%A7%C3%A3o-F%C3%ADsica-e-o-SUS.pdf https://www.youtube.com/watch?v=CvaSNaWstVg 18UNIDADE I Introdução a Educação Física CONSIDERAÇÕES FINAIS Entender o que é Educação Física, o seu conceito que não é único, mas um con- junto de informações sobre a EF, que envolvem o movimento. Assim conseguimos explicare conceituar a Educação Física de forma geral. Entendemos também a Educação Física e suas especificidades e seu campo de atuação, sendo assim, faz com que você consiga compreender qual o sentido das disciplinas e da sua formação de modo geral, visto que você já cursou algumas disciplinas de núcleo comum e terá mais algumas pela frente e logo mais disciplinas de núcleo específico, as quais são voltadas para a especificidade da Educação Física que você aluno(a) escolheu, Licenciatura ou Bacharelado. Agora você consegue entender o porquê desses núcleos e dessas disciplinas, não é mesmo? Dessa forma, entendendo o conceito de Educação Física e suas áreas você com- preende como é um campo vasto e cheio de conhecimentos. Se você chegou até aqui, conseguiu conhecer um pouco mais do seu futuro campo de atuação e até mesmo ter a certeza de qual especificidade – Licenciatura e/ou Bacharel – você quer atuar/trabalhar no futuro. Lembre-se sempre que a Licenciatura em Educação Física está ligada à área es- colar e o Bacharel à área não escolar, o qual tem o conselho CONFEF/CREF, que fiscaliza a atuação. Podendo essa atuação ser em academias, clubes, recreação, hospitais e muitos outros. 19UNIDADE I Introdução a Educação Física LEITURA COMPLEMENTAR Artigo: O profissional em educação física no Brasil: desafios e perspectivas no mundo do trabalho. Neste trabalho articulamos os desafios na formação do profissional bacharel em educação física, nos documentos oficiais e a sua intervenção no mundo do trabalho. Am- pliamos as percepções e avaliamos a proposta de formação nos saberes e conhecimentos para esse campo de atuação; por fim levantamos desafios e perspectivas para formar o bacharel em educação física no Brasil. A análise de conteúdo dos documentos oficiais sobre a formação do bacharel oferece suporte para nossas proposições concernentes à formação desse profissional, tendo como referencial teórico estudos do campo da educação e artigos específicos da área. Com base nos resultados dessa análise, construímos uma matriz dos saberes estabelecidos nos documentos oficiais. Elaboramos um conjunto de propostas desafiadoras para a formação desse profissional, recontextualizada e articulada com os interesses das comunidades a que esse profissional se propõe servir. Acesse: NUNES, Marcello Pereira; VOTRE, Sebastião Josué; SANTOS, Wagner dos. O profissio- nal em Educação Física no Brasil: desafios e perspectivas no mundo do trabalho. Motriz: Revista de Educação Física, v. 18, n. 2, p. 280-290, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pi- d=S1980-65742012000200008&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 21 ago. 2020. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1980-65742012000200008&script=sci_arttext&tlng=pt https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1980-65742012000200008&script=sci_arttext&tlng=pt https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1980-65742012000200008&script=sci_arttext&tlng=pt 20UNIDADE I Introdução a Educação Física MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: O que é Educação Física • Autor: Vitor Marinho de Oliveira • Editora: Brasiliense • Sinopse: “Ginástica para o corpo e música para a alma”, “Mens sana in corpore sano”. Gregos e latinos antes de Cristo já se uniam no elogio do corpo. Atualmente as pessoas redescobrem os valo- res dos exercícios físicos e praticam jogging nas calçadas e praias. As academias de ginástica e escolas de dança estão repletas. Os astros de Hollywood, Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone, incentivam a prática do halterofilismo. Mas se as alternativas são muitas, as dúvidas também. Seria tudo isso Educação Física? Esse cuidado com o corpo é realmente importante? Participação ou alienação? FILME/VÍDEO • Título: A graduação em Educação Física • Ano: 2014 • Sinopse: O vídeo apresenta sobre a graduação em Educação Física e suas especificidades: bacharel e licenciatura. • https://www.youtube.com/watch?v=c1O7GFpKlxQ OBS: (até 4 min e 28s está falando relacionado à Educação Física, a partir disso o vídeo traz sobre outras graduações.) https://www.youtube.com/watch?v=c1O7GFpKlxQ 21 Plano de Estudo: • Breve histórico da Educação Física no contexto mundial - origem, desenvolvimento e ca- racterísticas • Breve histórico da Educação Física no Brasil - origem, desenvolvimento e características • Conhecer a Educação Física, esporte e seus desdobramentos: do início à contempora- neidade Objetivos de Aprendizagem: • Compreender a origem, desenvolvimento e as principais características da Educação Física no mundo • Compreender a origem, desenvolvimento e as principais características da Educação Física no Brasil • Compreender a EF, esporte e seus desdobramentos: do início à contemporaneidade UNIDADE II História da Educação Física Professora Yedda Maria da Silva Caraçato de Sousa 22UNIDADE II História da Educação Física INTRODUÇÃO Olá aluno(a)! Na Unidade II, iremos estudar sobre a Educação Física, sua origem, desenvolvi- mento e características no mundo. Como também estudaremos a Educação Física, sua origem, desenvolvimento e características no Brasil. Como também estudaremos a relação da Educação Física, o esporte e seus desdobramentos desde seus primeiros indícios até atualmente. Lembre-se que entender sobre o surgimento da então Educação Física é muito importante. Se você chegou até aqui, espero que esteja disposto(a) a entender um pouco mais sobre nossa área! A Educação Física, como visto na Unidade I, é uma área muito rica, com grandes oportunidades, para tanto, vamos conhecer como se constituiu a história da Educação Física? Bons estudos! 23UNIDADE II História da Educação Física 1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO MUNDIAL Para entender a história da Educação Física no contexto mundial, é necessário ve- rificar os primeiros traços identificados como ginástica a então atual Educação Física (EF) em vários locais do mundo, pois cada país vivia e vive um contexto social. Visto que até hoje a maioria dos países vivem de forma socializada, dentro do Brasil encontramos povos que vivem em tribos, em meio a floresta, influenciando, assim, nos primeiros movimentos da humanidade que podem ser interpretados como EF. É imprescindível entender que primeiro, a hoje conhecida como Educação Física, antigamente, nos seus primeiro indícios era conhecida como ginástica, no decorrer do texto adotamos o nome Educação Física para melhor entendimento e compreensão. Pensando nisso e na forma em que a sociedade vivia na pré-história, pode-se entender que a EF nem sempre foi relacionada como estética, mais precisamente como a Educação Física é atualmente. Para tanto, vamos buscar, na história mundial, momentos em que são marcados pela presença da EF, assim, construindo a história da EF no contexto mundial. Segundo Bagnara, Lara e Calonego (2010), a Educação Física vem evoluindo gradativamente, seguindo a evolução cultural dos povos, estando interligada aos sistemas políticos, sociais, econômicos e científicos das sociedades. Os exercícios físicos sempre foram evoluindo, dependendo sempre de sua época e de suas culturas, de forma que as 24UNIDADE II História da Educação Física atividades foram passando por mudanças. Na pré-história, os homens apresentavam as ati- vidades físicas de cinco maneiras diferentes: natural, utilitário, guerreiro, ritual e recreativo. Os primeiros relatos que temos vêm desde a pré-história, em que se tinha uma preocupação com o físico mais forte, mas voltado para a proteção, pois as atividades físicas dessa época eram voltadas para se defender e atacar, sendo que Todos os exercícios físicos, qualquer que seja sua forma de realização, possuem suas raízes, de forma hipotética ou verdadeira nas mais primitivas civilizações. Pode -se afirmar que todos os tipos de exercícios físicos são provenientes de quatro grandes causas humanas: luta pela existência, ritos e cultos, preparação guerreirae jogos e práticas atléticas (BAGNARA; LARA; CALONEGO, 2010, p. 1). Pensando nesse contexto e no homem que ali vivia, ele realizava ações de caça, marcha, subida em árvores, nado, salto e lançamento de suas armas de arremesso, entre outras ações. Atualmente entende-se que esses são os primeiros traços que apontavam para um início da EF. Porém, era algo cultural e vivido cotidianamente. Registros propria- mente ditos da Educação Física surgem um pouco mais tarde. Esses registros são trazidos, então, por cada povo, cada país com focos diferentes. Na China, segundo Bagnara, Lara e Calonego (2010), Educação Física era pratica- da em caráter de guerra, além da finalidade terapêutica e higiênica. Já no Japão, a hoje EF possuía fundamentos médicos, higiênicos, filosóficos, religiosos e guerreiros. O grande destaque para a construção da EF encontramos na Grécia antiga. Foi na Grécia que surgiram os atuais jogos olímpicos, naquele contexto surgem os jogos para momentos fúnebres, depois os jogos têm um caráter religioso para saudar os Deuses do Olimpo. Nessa época tinha-se lutas, tiro com arco, jogo de bola e outros. Os primeiros Jogos olímpicos ocorreram em 1479 a.C. e o último, em 393 d.C., esses jogos eram um intercâm- bio cultural entre as cidades-estado Gregas, porém o nome desse jogo era Pan-Helênicos, o termo olimpíadas era o período de 4 em 4 anos que levava para os jogos ocorrerem. Ainda na Grécia foi onde surgiram os grandes pensadores Platão, Aristóteles, Sócrates e outros, os quais contribuíram com conceitos, utilizados até hoje, como: o de equilíbrio entre corpo e espírito ou mente (Platão). Na Grécia surgem vários conceitos uti- lizados na Educação Física atualmente, principalmente na especificidade do bacharelado, como: halteres (“peso livre utilizado na academia”), Atleta, a ginástica e muitos outros. Em Roma, quando é tomada de forma militar pela Grécia, é vista a preparação dos soldados e população para guerra, sendo assim visto como a EF. Segundo Bagnara, Lara e Calonego (2010, p. 1), 25UNIDADE II História da Educação Física A Idade Média foi marcada pelo impacto do Cristianismo, repleta de asce- tismo. Mesmo com isso, os estudantes continuavam a seguir as teorias de Aristóteles, enriquecendo o patrimônio dos conhecimentos. Nesta época floresceu a arte gótica, surgiram as primeiras universidades, e com elas personalidades geniais como Santo Tomás de Aquino. Considerada como “a Idade das Trevas”, o culto ao corpo era considerado pecado e com isso, houve uma grande decadência da Educação Física. Os exercícios físicos ficaram retidos em torneios muito sangrentos. Após essa grande decadência da EF, na época do Renascimento, começa buscar seu próprio conhecimento. Assim, nesse período, segundo Pereira e Moulin (2006), a EF volta a explodir, mas conhecida como cultura física. Grandes artistas, nesse momento, em suas pinturas retornam a enaltecer a admiração, beleza do corpo – um grande exemplo e artista é Leonardo da Vinci (1432-1519). Nessa época surge também a anatomia, pois começa a se ter escultura de estátuas e dissecação de cadáveres, sendo um passo para a Educação Física e a Medicina. Vittorino da Feltre (1378-1466), ainda nesse período, introduz a EF na escola, juntamente com as disciplinas tidas como intelectuais, em 1423, Feltre fundava a escola “La Casa Giocosa” e incluía os exercícios físicos em seu conteúdo. No período do Iluminismo na Inglaterra, têm-se novas ideias, principalmente com Rousseau e Pestalozzi. Rousseau propõe que a EF é necessária na Educação Infantil, devendo ser introduzida nas escolas. Já Pestalozzi é quem chama a atenção para a reali- zação do exercício de forma correta na sua execução e a posição para realização de cada exercício. Na Idade Contemporânea temos o grande marco da Ginástica Localizada, surgin- do, então, as quatro grandes escolas de ginástica, como a alemã, a sueca, a francesa e a inglesa. A Escola de ginástica Alemã tem como objetivo preparar os corpos para a defesa da pátria. A Escola Alemã se baseou nas ciências biológicas para transformar a ginástica em um meio de educação em massa, capaz de atender às necessidades do Estado. A Escola de ginástica Sueca é considerada a grande “mãe da ginástica”, sendo ela a grande influência para tudo que conhecemos de ginástica na atualidade. Era dividida em quatro partes. Segundo Pereira e Moulin (2006), a pedagogia, que era voltada para a saúde, evitando vícios posturais e doenças; a militar, que incluía o tiro e a esgrima; a médica, baseada na pedagogia, evitando também as doenças; e a que visava a estética, preocupada com a graça do corpo. Já a escola Francesa de ginástica foi dividida em cinco, sendo a civil e a industrial, militar, médica e cênica. Para um dos pais dessa ginástica Georges Herbert defendia que deveria preconizar os movimentos naturais do ser humano, como o correr, trepar, nadar, saltar, empurrar, puxar, dentre outros. 26UNIDADE II História da Educação Física A Escola Inglesa era baseada nos jogos e esportes a qual era influenciada no treinamento militar. Um dos pais dessa escola era Thomas Arnold, um dos recriadores dos jogos olímpicos. Pode-se dizer que essas grandes escolas de ginástica foram um grande marco para a então hoje Educação Física, pois, a partir da propagação pelo mundo dessas escolas, a EF passa a ser mais reconhecida, consequentemente, organizada e estudada. 27UNIDADE II História da Educação Física 2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL - EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E SEUS DESDOBRAMENTOS: DO INÍCIO À CONTEMPORANEIDADE A origem da Educação Física (EF) no Brasil está totalmente ligada aos momentos históricos que vivemos no nosso país, sendo que a EF na antiguidade era vista como ficar forte, formação dos militares, movimento gímnicos, entre outros. Para tanto, vamos conhecer um pouco mais da origem, o desenvolvimento da EF e suas características com o passar dos anos no Brasil, dividindo em Brasil Colônia (1500 a 1822), Brasil império (1822 a 1889), Brasil república (1890 a 1946) e, por fim, a atualidade, a partir de 1980. Estudos, como de Bagnara, Lara e Calonego (2010), apontam que os relatos sobre atividade física vêm desde a época pré-histórica, na qual a preocupação era pelo físico, pelo forte, mas com o intuito de proteção, na formação de militares. Há que se entender que desde então a atual Educação Física vem se adaptando e se alterando conforme a socie- dade se muda, sendo assim, evoluindo ao passar de cada século até chegar na Educação Física que conhecemos atualmente e que vemos na prática do dia a dia, que temos muitos caminhos a percorrer ainda. 2.1 Brasil Colônia, de 1500 a 1822 O primeiro relato que temos sobre a EF no Brasil, é no ano de 1500, quando Pero Vaz de Caminha relata, em uma de suas cartas, que os indígenas aqui encontrados dança- vam, giravam, ao som de uma gaitada. A partir disso entende-se, segundo Ramos (1982), 28UNIDADE II História da Educação Física que esse foi certamente o primeiro momento em que se vê o manifesto da ginástica e recreação relatada no Brasil. De modo geral, entende-se que as atividades físicas realizadas pelos indígenas era relacionada às características da cultura primitiva desse povo (GUTIERREZ, 1980). Posteriormente, segundo Ramos (1982), criada pelos negros, nas senzalas sur- ge a capoeira, atividade ríspida, criativa e rítmica que era praticada pelos escravos. Sendo assim, podemos entender que no Brasil colônia já começa a se ter traços de ativida- des físicas, da cultura dos indígenas e escravos, que representaram os primeiros traços da atual Educação Física no Brasil, conhecida como ginástica anteriormente. 2.2 Brasil Império, de 1822 a 1889 O início do desenvolvimento da Educação Física no Brasil ocorreu no período do Brasil império. Pois é nessa época que surgiram os primeiros tratados sobre a Educação Física. SegundoGutierrez (1980), em 1823, é elaborado o “Tratado de Educação Física e Moral dos Meninos”, por Joaquim Antônio Serpa, o qual trazia que a educação englobava a saúde do corpo e a cultura do espírito e, assim, dividia os exercícios físico em duas categorias, os que exercitavam o corpo; e o que exercitavam a memória. Sendo assim, esse tratado trazia a educação moral como coadjuvante da EF e a EF coadjuvante da educação moral. A ginástica é o início da Educação Física Escolar no Brasil, que ocorreu oficialmente com a reforma Couto Ferraz, em 1851. Contudo, somente em 1882, que Rui Barbosa lança o parecer sobre a “Reforma do Ensino Primário, Secundário e Superior”, trazendo, assim, importância à Ginástica na formação do brasileiro, pois ele trouxe influências da Europa e Japão, o qual, segundo Beltrami (2006), era primordial que a prática da EF desenvolvesse a virilidade do homem e a harmonia das formas femininas, para exigência da maternidade futura nas mulheres. Nesse parecer, Rui Barbosa defende a Ginástica (atual EF), e assim buscava instituir uma sessão de Ginástica em todas as escolas de ensino normal para ambos os gêneros, a ginástica seria uma matéria de estudo e em horas distintas ao recreio e após a aula, outro fato importante desse parecer era que Rui Barbosa buscava que os professores de Ginástica tivessem a mesma autoridade e direito dos professores de outras disciplinas (BELTRAMI, 2006; DARIDO; RANGEL, 2005; RAMOS, 1982). Segundo Darido e Rangel (2005), essa implementação da ginástica inicialmente não ocorreram em todas as escolas, mas apenas em parte do Rio de Janeiro, capital da República na época, e nas escolas militares. 29UNIDADE II História da Educação Física 2.3 Brasil República, de 1890 a 1946 A Educação Física no Brasil nesse período pode ser subdividida em duas fases: a primeira remete ao período de 1890 até a Revolução de 1930 (presidente Getúlio Vargas); e a segunda fase configura o período após a Revolução de 1930 até 1946. Sendo feita essa subdivisão, na primeira fase do Brasil república, a partir de 1920, segundo Betti (1991), outros estados da Federação, além do Rio de Janeiro, começam a realizar suas reformas educacionais e a inclusão da Ginástica na escola. Além disso, come- ça a criação de diversas escolas de Educação Física, que tinham como principal objetivo a formação militar (RAMOS, 1982). De acordo com o autor, a partir da segunda fase do Brasil república, ocorre a criação do Ministério da Educação e Saúde, e a partir de 1937, é criada a divisão de Educação Física, sendo responsável em administrar a EF em todo país. Essa divisão ficou sob responsabilidade do Major João Barbosa Leite. Dessa forma, a EF ganha destaque no governo, e assim é inserida na constituição brasileira, surgindo leis que a tornam obrigatória no ensino secundário, para formar um homem corajoso, um herói. Segundo Darido e Rangel (2005), com a intenção de a ginástica ser sistematizada dentro da escola brasileira, surgem os métodos ginásticos. Esses métodos não surgem no Brasil, mas vêm das escolas sueca, alemã e francesa, assim dando à Educação Física uma perspectiva eugênica/higienista e militarista, pois o exercício físico deveria ser utilizado para aquisição e manutenção da higiene física e moral, preparando os indivíduos fisicamente para o combate militar. A Educação Física Eugênica/Higienista é produto do pensamento liberal, principal- mente no âmbito da escola, como “redentora da humanidade”. A Educação Física Militarista é a obtenção de uma juventude capaz de suportar o combate, a luta, a guerra, portanto ela deveria ser suficientemente rígida. O higienismo e o militarismo estavam orientados em princípios anátomo-fisiológicos, buscando a criação de um homem obediente, submisso e acrítico à realidade brasileira. 2.4 Brasil Contemporâneo, de 1846 a 1980 Segundo Beltrami (2006), em 1946 é elaborado o Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o qual permaneceu no Parlamento por quase 13 anos e, quando aprovado, em 1961, não contemplava a Educação Física. Após várias ten- tativas o diretor da divisão de Educação Física, o Major Leite, convenceu o relator do projeto na câmara dos deputados e assim conseguiu introduzir a EF, a partir de uma emenda, que posteriormente foi transformada no artigo 22 da LDB (BRASIL, 1996). 30UNIDADE II História da Educação Física Segundo Darido e Rangel (2005), com a tomada do Poder Executivo brasileiro pelos milita- res, ocorreu um grande crescimento do sistema educacional, quando o governo planejou, então, usar as escolas públicas e privadas como fonte de programa do regime militar. Sendo que naquela época o havia um grande investimento no esporte, buscando, então, fazer da Educação Física uma ideologia, a partir do êxito em competições esportivas de alto nível. Sendo assim, não havia críticas internas, transparecendo desenvolvimento. Dessa forma, acaba se fortalecendo a ideia do esportivismo, o rendimento, a vitória e a busca pelo mais hábil e forte estavam cada vez mais presentes na Educação Física. Segundo Soares (2012, p. 3), Dentre uma das importantes medidas que impactaram a Educação Física no período contemporâneo, está a obrigatoriedade da Educação Física/Espor- tes no ensino do 3º Grau, por meio do decreto lei nº 705/69 (Brasil., 1969). Segundo Castellani Filho (1998), o decreto lei nº 705/69 (Brasil., 1969), tinha como propósito político favorecer o regime militar, desmantelando as mobili- zações e o movimento estudantil que era contrário ao regime militar, uma vez que as universidades representavam um dos principais polos de resistência a esse regime. Com isso, o esporte foi um aliado nesse momento para distrair a população quanto à realidade política da época. Ademais, segundo Darido e Rangel (2005), a Educação Física/ Esportes no 3º Grau era considerada uma atividade destituída de conhecimentos e estava relacionada ao fazer pelo fazer, voltada à formação de mão de obra apta para a produção. 2.5 Educação Física na Atualidade, a partir de 1980 O modelo esportivista, mecanicista, tradicional e tecnicista começou a ser criticado, principalmente a partir da década de 1980 e até os dias de hoje, pois ainda temos a presen- ça desse modelo sendo aplicado em algumas escolas. É imprescindível entender que o ao longo da história da atual Educação Física, que é o movimento e não o fazer por fazer, priorizou-se conteúdos gímnicos e esportivos, de forma quase que somente procedimental, sendo o saber fazer e não o saber sobre a cultura corporal ou como se deve ser. Durante a década de 1980, a resistência à concepção biológica da Educação Física foi criticada em relação ao predomínio dos conteúdos esportivos (DARIDO; RANGEL, 2005). Atualmente, existem na Educação física diversas concepções, modelos, tendências ou abordagens, que tentam romper com modelos mecanicista, esportivista e tradicional que foram embutidos aos esportes. Entre essas diferentes concepções pedagógicas, pode-se citar: a psicomotricidade; desenvolvimentista; saúde renovada; críticas; e mais recente- mente os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1997). 31UNIDADE II História da Educação Física Em 1996, Um dos “ganhos” mais recentes talvez não tão recentes para a área no contexto educacional está contido no texto da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96: a Educação Física passou a ser componente curricular integrado ao processo educacional, e não mais uma atividade paralela dentro da escola (BRA- SIL, 1996). Para tanto, entende-se que a Educação Física vem cada dia mais se desenvolven- do no Brasil, mas que sempre está ligada ao contexto político, social e econômico do país. Mas o mais importante é que cada vez mais a Educação Física vem ganhando espaço na sociedade brasileira e abrangendo campos de atuação para o Professor/Profis-sional de Educação Física. 32UNIDADE II História da Educação Física 3 EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E SEUS DESDOBRAMENTOS: DO INÍCIO À CON- TEMPORANEIDADE O esporte é um dos fenômenos socioculturais mais importantes no final do século XX, sendo assim tratar da Educação Física e esporte é relacionar ambos a partir da segun- da guerra mundial. Pode-se dizer que existem duas interpretações do esporte, sendo o esporte vin- culado a fins educacionais e o esporte como fenômeno biológico. O esporte praticado, generalizadamente, para muitos estudiosos desse fenômeno, como Tubino por exemplo, é uma das manifestações da cultura física e que também compreende a dança e a recrea- ção e se fundamenta na educação física, dessa forma sempre está ligado a nossa área. Segundo Tubino (2005), a Educação Física tinha anteriormente muitas influências da linha alemã, sueca e francesa, como já visto, porém após a segunda guerra foram substituídas por grandes movimentos, como Iniciação Esportiva (dos franceses), a Psicomotricidade e Educação Psicomotora (Wallon, Le Boulch, Legido, Vitor da Fonseca e outros), o Behavio- rismo Pedagógico Americano (Objetivos, Taxionomias, Competências Básicas, Análise de Ensino etc), o Movimento Esporte para Todos (da Noruega, Alemanha), do Método Aeró- bico (Kenneth Cooper, EUA), a Educação Física de Adultos (ACMs), a ênfase em Testes e Medidas, e outros menos influenciadores. A verdade é que cada um destes deixou registros importantes que aos poucos foram compondo as Formas de Trabalho da Educação Física contemporânea, ou seja, permanecem até os dias de hoje. 33UNIDADE II História da Educação Física No Esporte, as grandes alterações se deram na segunda metade do século XX, a qual o número de praticantes e modalidades surgidas crescem e muito. É importante ressaltar que, ainda segundo Tubino (2005),o esporte era visto apenas na perspectiva do rendimento e após a Carta Internacional de Educação Física e Esporte da UNESCO em 1978, a prática esportiva com a Educação Física, passaram a ser entendidos como “direitos de todas as pessoas”. Nesse momento o Esporte rompeu com seu elitismo, democrati- zando então a sua prática para aqueles sem talento e biotipos adequados, ou seja, não somente esporte de alto rendimento, mas esporte para todos, sendo assim a abrangência social do Esporte passou a ser preponderante. As formas de exercício do direito ao Esporte passaram a ser o Esporte-Educação: pelos princípios sócio-educativos da participação, cooperação, co-educação, co-responsabilidade, da inclusão, do desenvolvimento esportivo e do desenvolvimento do espírito esportivo, o Esporte-Lazer: pelo princípio do prazer e o Esporte de Desempenho: pelos princípios da superação. É evidente que a Ética do Esporte, apoiada na convivência humana, deverá estar presente em qualquer dimensão esportiva (TUBINO, 2005). Sendo que atualmente o esporte está inserido dentro e fora da escola, esporte de alto rendimento (profissional) e esporte para o lazer, prazer, sendo que o profissional de Educação Física é necessário e sua presença dentro do esporte é imprescindível, sendo ele muitas vezes o técnico, o professor, o preparador físico das equipes, estando sempre envolvido no esporte. 34UNIDADE II História da Educação Física SAIBA MAIS Podemos dizer que a Educação Física é uma disciplina acadêmica que estuda as dife- rentes formas e expressões corporais. Dessa forma, entender e buscar conhecimentos sobre a EF nunca será em excesso e entender a importância da Educação Física para a sociedade é muito importante. Acesse: A importância da Educação Física na sociedade. Disponível em: https://blogeducacaofisica.com. br/importancia-da-educacao-fisica/ REFLITA Qual a importância da Educação Física na sociedade? Fonte: a autora. https://blogeducacaofisica.com.br/importancia-da-educacao-fisica/ https://blogeducacaofisica.com.br/importancia-da-educacao-fisica/ 35UNIDADE II História da Educação Física CONSIDERAÇÕES FINAIS De forma geral, podemos concluir que a história da Educação Física no mundo está interligada desde os primeiros aparecimentos da atual Educação Física no Brasil. Lembre-se que Educação Física é atual, pois ao decorrer do tempo ela se intitulou assim, mas anteriormente era conhecida como ginástica, a qual era principalmente ligada para se construir um corpo forte, um herói para guerra, sendo essa a grande função da Educação Física antigamente. Atualmente, no Brasil, vemos que esse conceito de homem forte é presente para a especialidade bacharelado que trabalha com academia, treinamentos entre outros, pois é ligado à estética e principalmente a saúde do indivíduo, porém é importante ressaltar que não é somente o homem forte, mas o movimento do homem, do corpo humano. Já para a especificidade da Licenciatura, podemos notar que na história da Educa- ção Física o grande marco é a LDBEN 9394/96, a qual torna uma disciplina obrigatória na escola. Ao decorrer dos anos, conseguimos entender as grandes mudanças e influências que recebemos para se tornar a Educação Física de hoje, para tanto temos que entender que a Educação Física está em constante mudança e crescimento tanto no sistema educa- cional como fora dele. Além disso entendemos que o esporte está ligado a Educação Física desde seus primórdios e o profissional de Educação Física é extremamente necessário dentro dessa área. 36UNIDADE II História da Educação Física LEITURA COMPLEMENTAR A história da Educação Física Escola no Brasil O texto apresenta a história da Educação Física escolar no Brasil; analisa o ideário da época, as principais influências, as características dos seus conteúdos, a docência, as questões de gênero, as instituições de atendimento infantil, o tratamento diferenciado até a sua inclusão no Projeto Escolar. O estudo contempla também tópicos inerentes a legislação, as abordagens ou linhas pedagógicas favorecendo a compreensão sobre o estado da arte em que se encontra. Pode ser considerada como uma pesquisa qualitativa na qual o autor utilizou-se dos livros, artigos, as propostas curriculares em língua portuguesa. O que se depreende a partir da análise dos fatos é que a construção e inserção da Educação Física na sociedade e na escola foi (e continua) sendo uma história de marchas e contramarchas; de convencimento permanente para que o seu valor intrínseco seja conhecido e a imple- mentação das aulas seja uma realidade indiscutível. Acesse: ARANTES, Ana Cristina et al. A história da educação física escolar no Brasil. Revista Digital, p. 1-18, 2008. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd124/a-historia-da-educacao-fisica-escolar-no-brasil.htm. 37UNIDADE II História da Educação Física MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: História Geral da Educação Física • Autora: Inezil Penna Marinho • Fonte: Cia Brasil • Sinopse: Esporte, educação física, história geral FILME/VÍDEO História da Educação Física Escolar no Brasil #01 - (Século XIX) Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4CFK4hFUozI História da Educação Física Escolar no Brasil #2 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oBM7LG51GI0 História da Educação Física Escolar no Brasil #03 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=f0nX_2vbxPE https://www.youtube.com/watch?v=4CFK4hFUozI https://www.youtube.com/watch?v=oBM7LG51GI0 https://www.youtube.com/watch?v=f0nX_2vbxPE 38 Plano de Estudo: • Breve histórico da Educação Física e aspectos legais: olhares para dentro e fora da escola • Relações das Práticas corporais e seus desdobramentos legais e sociais Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar a Educação Física e aspectos legais: olhares para dentro e fora da escola • Estabelecer relações das práticas corporais e seus desdobramentos legais e sociais UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física Professora Yedda Maria da Silva Caraçato de Sousa 39UNIDADE III Aspectos Legais daEducação Física INTRODUÇÃO Olá, aluno(a). Se você chegou até a Unidade III, vamos juntos entender os ele- mentos basilares que norteiam e legalizam a formação inicial dos cursos de Educação Física - Licenciatura e Bacharel, cuja centralidade de atuação ocorram, respectivamente, no espaço escolar e em contextos não escolares. Para tanto, vamos conhecer os documentos que desenham e orientam cada área de formação para sua atuação nesses espaços, de forma a refletirmos acerca da relevância entre os aspectos legais tratados nesses espaços formativos, possibilitando-nos entender a importância de se conhecer pressupostos legais que normatizam a área de atuação, podendo compreender os constructos que compõem historicamente a atual mudança que estamos vivendo nos cursos de EF a partir da nova Resolução CNE/CES 06/2018 e a Resolução CNE/CP 02/2019. Bons Estudos! 40UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física 1 A EDUCAÇÃO FÍSICA E ASPECTOS LEGAIS: OLHARES PARA DENTRO E FORA DA ESCOLA E PRÁTICAS CORPORAIS E SEUS DESDOBRAMENTOS LEGAIS E SO- CIAIS 1.1 Licenciatura A Educação Física, como estudamos na Unidade I deste material, encontra-se com foco na formação inicial, de acordo com os campos distintos de atuação – Licenciatura e Bacharel –, e, para tanto, neste tópico entenderemos quais os aspectos legais legitimam o campo da formação com foco na Licenciatura, ou seja os aspectos legais relativos à formação dos futuros professores que irão atuar na Educação Básica. Para tanto, há que se trazer à cena as discussões apresentadas na LDBEN 9394/96 (BRASIL, 1996), na qual tem-se legalmente a efetivação de grandes mudanças no cenário da educação brasileira. Em se tratando da especificidade da Educação Básica, destaca-se a integração da Educação Infantil e Ensino Médio a esse nível de ensino. Introdução de um paradigma curricular novo no qual os conteúdos constituem meios para que os alunos da Educação Básica possam desenvolver capacidades e constituir competências; flexibilidade, descentralização e autonomia da escola associadas à avaliação de resultados (BRASIL, 1996). Em relação à Educação Física, nesse mesmo documento, um grande marco, que no Artigo 26, no parágrafo 3º, traz que: 41UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos (BRASIL, 1996). Esse parágrafo da Lei n. 9394/96 (BRASIL, 1996), sofre várias alterações durante o passar dos anos e, atualmente, lendo a LDBEN encontramos que § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; II – maior de trinta anos de idade; III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969;(V – (VETA- DO) VI – que tenha prole. Esse cenário torna-se propício, possibilitando à EF adentrar e conquistar mais espaço dentro da escola, pois torna-se componente curricular obrigatório, podendo ser exercida desde a Educação Infantil, Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Segundo Ferreira (2000), a partir da LDBEN 9394/96, a Educação Física está integrada à proposta pedagógica da escola, podendo ser oferecida no mesmo horário das demais disciplinas ou separadamente. Para tanto, é necessário ter professores para atuarem com a disciplina Educação Física. Dessa forma, ainda na LDBEN 9394/96, no Art. 62, “A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena” (BRA- SIL, 1996). Sendo assim, entende-se que para se estar dentro da escola é obrigatório ser formado em Licenciatura. Há que se entender, que desde então há vários outros documentos, como BNC- -Formação, pareceres do CNE, que legalizam a Licenciatura para atuar dentro da escola e somente em ambientes ligados à escola, como secretarias, núcleos e órgãos similares. Segundo Dourado (2015), no âmbito do Conselho Nacional de Educação (CNE), aconteceu grande movimentação em direção à busca de maior organicidade para a for- mação de profissionais do magistério da educação básica, incluindo a rediscussão das Diretrizes e outros instrumentos normativos acerca da formação inicial (Licenciaturas) e continuada. Para tanto, é importante entendermos o que cada parecer relacionado à formação de professores, a Educação Básica, apontam sobre a Licenciatura de forma geral, o que atende à Licenciatura em Educação Física. O Parecer 09/2001 (BRASIL, 2002), explicita e direciona a elaboração de diretrizes curriculares para a graduação em três categorias de carreiras: bacharelado acadêmico, ba- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1044.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1044.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1044.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/Mensagem_Veto/2003/Mv07-03.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/Mensagem_Veto/2003/Mv07-03.htm 42UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física charelado profissionalizante e licenciatura. Com isso, a licenciatura ganhou terminalidade e integralidade própria, em relação ao bacharelado, segundo a Lei de Diretrizes e Base atual, ou seja, exige-se currículos próprios para Licenciatura. Assim como o Parecer 28/01 (BRASIL, 2001) também trata da Licenciatura e a define como: uma licença, autorização dada por uma autoridade pública, por meio de um diploma que atesta a concessão de uma licença para o exercício de determinada atividade profissional, a pessoa autorizada age em conformidade com a lei. “No caso em questão, trata-se de um título acadêmico obtido em curso superior que faculta ao seu portador o exercício do magistério na educação básica dos sistemas de ensino [...]” (BRASIL, 2001). A partir dos pareceres do CNE 09/2001 e 28/2001, é especificado o que é e do que se trata o curso de graduação de Licenciatura, ganhando espaço, terminalidade e integralidade própria, ficando claro o local de atuação do Licenciado dentro da escola. Para auxiliar a presença do licenciado nas escolas, em 1997, são consolidados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), logo depois, em 1998, para o Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), e somente nos anos 2000 são lançados os PCNs para o Ensino Médio. Consolidar os PCNs é apontar que são metas de qualidade que ajudam a formação de um aluno participativo, reflexivo, autônomo e conhecedor de seus direitos e deveres. É importante ressaltar que esses documentos são abertos e flexíveis, podendo ser adaptados à realidade de cada região (BRASIL, 2001). Nos PCNs existem metas específicas para a Educação Física. A proposta dos PCNs (BRASIL, 2001) entende a Educação Física como uma cul- tura corporal, ou seja, como conhecimentos, representações e formas de expressão que se transformam ao longo do tempo. Dentre as produções dessa cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física em seus conteúdos: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta. Os conteúdos apresentados nos PCNs (BRASIL, 2001) estão orga- nizados em três blocos: 1-) Esportes, Jogos, Lutas e Ginástica; 2-) Atividades Rítmicas e Expressivas; 3-) Conhecimento sobre o corpo. Em 2010, na Conferência Nacional de Educação (CONAE) surgem apontamentos que seria necessário se ter uma Base Nacional Comum Curricular, como parte de um plano nacional de Educação, de forma que norteasse as disciplinas dentro da Escola, incluindo a Educação Física. Ainda nesse ano, várias resoluções são promulgadas pelo presidente da república, sendo uma delas a Resolução nº4, de 13 de julho de 2010, a qual define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (DCNs) com o objetivo de orientar o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino. E ainda a 43UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. O documento foi lançado em 2010. Em 2011, a Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010, fixa a Diretrizes Curricu- lares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos. Somente em 2012, a partir da Resolução nº 2, de 30 de janeiro de 2012, definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. No ano de 2014 é formulado o Plano Nacional de Educação (PNE), o qual tem uma vigência de dez anos para atingir as metas estabelecidas relacionadas a Educação no Brasil, ou seja, até 2024. O PNE tem 20 metas para a melhoria da qualidade da Educação básica e 4 delas falam sobre a Base Nacional Comum Curricular, mas mais precisamente na meta 15 aponta que devem assegurar que todos os professores da educação básica possuam formação de nível superior obtida em curso de licenciatura na área de conheci- mento em que atuam. Dessa maneira, entende-se mais uma vez que o profissional que está atuando dentro da escola deve ser licenciado na área de atuação. Em novembro de 2014 foi realizada a 2ª Conae, que resultou em um documento so- bre as propostas e reflexões para a Educação brasileira e é um importante referencial para o processo de mobilização para a Base Nacional Comum Curricular. Em 2015, aconteceu o I Seminário Interinstitucional para elaboração da BNC. Esse Seminário foi um marco impor- tante no processo de elaboração da BNC, pois reuniu todos os assessores e especialistas envolvidos na elaboração da Base. Já em setembro de 2015 a 1ª versão da BNCC foi disponibilizada. E houve uma mobilização das escolas de todo o Brasil para a discussão do documento preliminar da BNC. No ano de 2015, a partir do CNE/CP 02/2015, mais uma vez traz sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos Profissionais do Magis- tério da Educação Básica, dessa forma intensificando ainda mais o local de atuação do Licenciado, sendo a escola. Em maio de 2016, a 2ª versão da BNCC é disponibilizada. Em agosto, começa a ser redigida a terceira versão, em um processo colaborativo com base na versão 2. Já em abril de 2017, o MEC entregou a versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE). A partir da homologação da BNCC começa o processo de formação e capacitação dos professores e o apoio aos sistemas de Educação estaduais e municipais para a elaboração e adequação dos currículos escolares. Em dezembro de 2017, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi homologada pelo ministro da Educação, Mendonça Filho. Ainda em dezembro de 2017 o CNE apresenta a 44UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017, que institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular. No ano de 2018 o Ministério da Educação entregou ao Conselho Nacional de Edu- cação (CNE) a 3ª versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio. Em dezembro de 2018, o ministro da Educação, Rossieli Soares, homologou o documento da Base Nacional Comum Curricular para a etapa do Ensino Médio. Desde dezembro de 2018 o Brasil possui uma Base Nacional Comum Curricular com aprendizagens previstas para todas as etapas de ensino da educação básica, tratadas como habilidades e compe- tências. Sendo que nesse documento existem competências e habilidades para a Educação Física, sendo assim, norteia de forma legal a atuação do professor de Educação Física na Educação básica. É importante entendermos que em 2018, a partir da resolução CNE/CES 06/2018, traz alterações ao curso de Educação Física de forma geral, sendo que os cursos tanto de Licenciatura quanto Bacharelado terão sua constituição em duas etapas, sendo o 1º a etapa comum e a 2ª etapa específica. Como consta no Art. 5º da Resolução CNE/CES 6/2018. Dada a necessária articulação entre conhecimentos, habilidades, sensibili- dade e atitudes requerida do egresso para o futuro exercício profissional, a formação do graduado em Educação Física terá ingresso único, destinado tanto ao bacharelado quanto à licenciatura, e desdobrar-se-á em duas etapas, conforme descrição a seguir: I - Etapa Comum - Núcleo de estudos da forma- ção geral, identificador da área de Educação Física, a ser desenvolvido em 1.600 (mil e seiscentas) horas referenciais, comum a ambas as formações. II - Etapa Específica - Formação específica a ser desenvolvida em 1.600 (mil e seiscentas) horas referenciais, na qual os graduandos terão acesso a conhecimentos específicos das opções em bacharelado ou licenciatura. Porém, no ano de 2019, após a publicação da BNCC e da Resolução CNE/CES 06/2018, foi promulgado e publicado o último documento que temos atualmente que norteia os cursos de Licenciatura, trazendo aspectos legais, a partir da Resolução CNE/CP nº 2/2019, a qual define as Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação Inicial em Nível Superior de Professores para Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação), trazendo a organi- zação dos cursos de licenciatura, a carga horária e as competências profissionais a partir da BNC- formação, sendo I-Grupo I: 800 (oitocentas) horas, para a base comum que compreende os conhecimentos científicos, educacionais e pedagógicos e fundamentam a educação e suas articulações com os sistemas, as escolas e as práticas edu- cacionais. II - Grupo II: 1.600 (mil e seiscentas) horas, para a aprendizagem dos conteúdos específicos das áreas, componentes, unidades temáticas e objetos de conhecimento da BNCC, e para o domínio pedagógico desses conteúdos. III - Grupo III: 800 (oitocentas) horas, prática pedagógica, assim distribuídas: a) 400 (quatrocentas) horas para o estágio supervisionado, em 45UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física situação real de trabalho em escola, segundo o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) da instituição formadora; e b) 400 (quatrocentas) horas para a prática dos componentes curriculares dos Grupos I e II, distribuídas ao longo do curso, desde o seu início, segundo o PPC da instituição formadora. Dessa forma, consegue entender a utilização da BNCC dentro do curso de for- mação Inicial em Licenciatura, tornando obrigatório o estudo da BNCC de forma geral. Sendo assim, a BNC- formação, traz as competências gerais para o docente, assim como competências específicas relacionadas ao conhecimento profissional, a prática profissional e engajamento profissional. Além de trazer dimensões dessas mesmas competências es- pecíficas. Para tanto, é necessário entender que a reorganização para o curso de Licencia- tura em Educação Física deverá ser realizada e em muitas instituições já estão sendo, a partir da Resolução CNE/CP nº 2/2019, pois é a última resolução em vigor e todos os cursos de Licenciatura devem atendê-la, assim estando cumprindo os aspectos legais para o Licenciado. Sendo assim, Art. 27 Fica fixado o prazo limite de até 2 (dois) anos, a partir da publicação desta Resolução, para a implantação, por parte das Instituições de Ensino Superior (IES), das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e da BNC-Formação, definidas e instituídas pela presente Resolução. Parágrafo único. As IES que já imple- mentaram o previsto na Resolução CNE/CP nº 2, de 1º de julho de 2015, terão o prazo limite de 3 (três) anos, a partir da publicação desta Resolução, para adequação das competências profissionais docentes previstas nesta Resolução. Entende-se que os cursos de Educação Física- Licenciatura estão em constante reorganização para atender os aspectos legais para os futuros Licenciados em EF, estejam dentro das escolas. Há que se entender que a partir desses documentos trazidos de forma sucinta compreendemos os aspectos que legalizam a Licenciatura no campo escolar e norteiam a atuação do professor de Educação Física na escola. 46UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física 1.2 Bacharel Para falarmos de aspectos legais do Bacharel em Educação Física é necessário entendermos as Leis e Resoluções que tratam dessa especificidade da Educação Física e o conselho que regulamenta a profissão (CONFEF/CREF), que deve orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício das atividades próprias dos profissionais de Educação Física (EF). Segundo Anversa (2017), os cursos de Bacharelado em EF tiveram um início, ainda tímido, a partir da Resolução CFE nº 03/1987, uma vez que a área ainda não tinha um consenso sobre o bacharelado. Segundo Souza Neto (2004, p.11), assim mantinha-se “basicamente a mesma estrutura anterior à Resolução n. 3/87 (isto é, uma espécie de licenciatura ampliada), porém, conferindo os dois títulos em formação concomitante” dentro das 2.880 horas, assim sendo formação 3+1, ou seja, se realizava 3 anos e mais 1 ano de matérias pedagógicas. Em 1996, com a promulgação da LDBEN 9394/96, ocorre um maior direcionamento para os cursos de formação de professores, dessa forma no ano de 1997, por meio da Re- solução nº 218/1997, a EF foi reconhecida como área da saúde e no ano subsequente, por meio da Lei 9696/1998, foi regulamentada como profissão e ampliou as possibilidades de atuação para além do treinamento esportivo e a escola, com isso foram criados o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e os Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs), o qual é destinado a orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício das atividades próprias dos profissionais de Educação Física. E os conselhos Regionais de EF, são orga- 47UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física nizados no formato determinado pelo CONFEF e são subordinados a ele (ANVERSA, 2017; BRASIL, 2005). Em razão desse delineamento histórico em relação aos cursos de formação de professores, como visto nos aspectos legais relacionados à Licenciatura e após várias discussões internas da área, foram estabelecidos direcionamentos para a formação inicial em Bacharelado em Educação Física (Parecer CNE/CES n. 058/2004 e Resolução CNE/ CES n. 07/2004), a fim de formar profissionais para atuarem fora da escola. A Resolução supracitada, institui que a graduação para bacharel em EF habilita o profissional para atuar nas diferentes manifestações relacionadas à atividade física e esportiva, com exceção da educação básica, tendo sua formação subsidiada em duas dimensões: a formação am- pliada direcionada para os conhecimentos e discussões pautadas na relação ser humano e sociedade, biológica do corpo humano e produção do conhecimento em EF, e formação específica direcionada a questões culturais do movimento humano, técnica instrumental e didático pedagógica, sendo assim entende-se que o Bacharel está diretamente e legalmen- te amparado para se trabalhar fora da escola (BRASIL, 2004). Dessa forma, se tem indicativos da necessidade e dificuldade de romper com um perfil pré-existente, assim formando o profissional autônomo e empreendedor. Mais tarde com a CNE/CES 04/2009, é instituída a carga horária mínima e os procedimentos relativos à integralização e duração de alguns cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presencial. Dessa forma, enfatiza-se que, para os Bacharelados em Educação Física, a citada Resolução fixou a carga horária mínima em 3.200 horas com um limite mínimo para integralização de quatro anos. No entanto, com a Resolução CNE/CES 06/2018, o curso de Bacharelado volta a ter relações com o curso de Licenciatura em Educação Física, de forma que, nesse momento, o curso volta a ter uma etapa em comum com a formação para o Licenciado em Educação Física. Assim, as diretrizes para os cursos são divididas em etapa comum e etapa específica. I - Etapa Comum - Núcleo de estudos da formação geral, identificador da área de Educação Física, a ser desenvolvido em 1.600 (mil e seiscentas) horas referenciais, comum a ambas as formações. II - Etapa Específica - Formação específica a ser desenvolvida em 1.600 (mil e seiscentas) horas referenciais, na qual os graduandos terão acesso a conhecimentos específicos das opções em bacharelado ou licenciatura (BRASIL, 2018). Contudo, entende-se que os aspectos legais para a formação do profissional de Educação Física para atuar fora da escola é diferente em alguns aspectos da formação 48UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física profissional de Educação Física para se atuar dentro da escola, de forma que, atendendo à Resolução CNE/CES 06/2018, a última em vigor, que trata do curso de Bacharelado em Educação Física, Art. 19 O Bacharel em Educação Física terá formação geral, humanista, técnica, crítica, reflexiva e ética, qualificadora da intervenção profissional fundamentada no rigor científico, na reflexão filosófica e na conduta ética em todos os campos de intervenção profissional da Educação Física (BRASIL, 2018). Dessa forma, consegue-se entender que aspectos que legalizam a profissão do Bacharel em Educação Física estão interligados com o conselho desses profissionais, como as Resoluções e Diretrizes Curriculares Nacionais para esse curso de formação, sendo que, em vigor, norteiam a formação desse profissional bacharel em Educação Física. SAIBA MAIS Você sabia que o Conselho de Educação Física possui um Estatuto? Qual a finalidade do conselho de Educação Física? O conselho tem por finalidade promover os deveres e defender os direitos dos Profissio- nais de Educação Física e das pessoas jurídicas que nele estejam registrados, sendo que para ser um profissional Bacharel em EF e estar atuando de forma correta, você deve estar registrado no Conselho de Educação Física. Fonte: a autora. REFLITA O Conselho de Educação Física, pessoa jurídica de direito público interno sem fins lucrativos com sede e Foro na cidade do Rio de Janeiro/RJ e abrangência em todo o Território Nacional, e os Conselhos Regionais de Educação Física – CREFs, com sede e Foro na Capital de um dos Estados por ele abrangidos ou no Distrito Federal, são au- tarquias especiais, criados pela Lei Federal nº. 9.696, de 1º de setembro de 1998, publi- cada no Diário Oficial da União em 02 de setembro de 1998, com personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e patrimonial, organizadas de forma federativa como Sistema CONFEF/CREFs. Acesse: https://www.confef.org.br/confef/conteudo/471 https://www.confef.org.br/confef/conteudo/471 49UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física CONSIDERAÇÕES FINAIS Com tudo que estudamos em relação à Licenciatura e ao Bacharel em Educação Física, espero que consiga entender as suas diferenças na formação e nos aspectos que legalizam dentro e fora da escola, de forma que sempre tenhamos em mente que as Reso- luções e Conselhos são muito importantes. Espero que você, aluno(a), tenha compreendido os constructos que compõem historicamente a atual mudança que estamos vivendo nos cursos de EF a partir da nova Resolução CNE/CES 06/2018 e a Resolução CNE/CP 02/2019, que estão em vigor e nor- teiam e legalização os cursos e que, dessa forma, você, aluno(a), esteja apto(a) para ser um(a) profissional de uma dessas especificidades da área da Educação Física! 50UNIDADE III Aspectos Legais da Educação Física LEITURA COMPLEMENTAR Identidade dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física no Paraná: uma análise das áreas do conhecimento. Esta pesquisa objetivou identificar na matriz curricular de cursos de educação física a distribuição da carga
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