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2 LEVANTAMENTO HISTÓRICO E ICONOGRÁFICO - Copia - Copia

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Prévia do material em texto

ALICE ISABEL CABRAL
CAROLINA CAMPAGNUCCI
NIDYA NASCIMENTO
THAMIRES MARTINS
TRACY PINTOR
2.1 – Introdução ___________________________ 2
2.2 – Localização-Do macro ao micro _____________ 3
2.2.1- Município de Niterói____________________4
	2.2.2- Bairro Ponta D’areia____________________5
2.2.3- Rua Barão de Mauá_____________________6
2.3 Análise História-Do entorno _____________________ 7
2.3.1- Município de Niterói____________________8
2.3.1.1- Expansão Urbana de Niterói____________10
2.3.1.2- DEPAC______________________________11
2.3.1.3- APAUs______________________________15
2.3.2- Bairro Ponta D’areia____________________17
2.3.2.1- Linha do tempo_______________________19
2.3.2.2- Estaleiros____________________________20
2.3.2.3- Vila Pereira Carneiro___________________22
2.3.3- Portugal Pequeno______________________24
2.3.3.1- Projeto de Revitalização________________25
2.3.3.2- Projeto de Mapa de Usos_______________27
2.3.3.3- Bens Tombados_______________________28
2.4 – Objeto de estudo_______________________32
	2.4.1 -Casa Verde____________________________33
2.4.2-Proprietários __________________________35
2.4.3- Usos_________________________________36
2.4.3- Certidão______________________________37
2.5 – Análise Arquitetônica___________________38
2.6 – Conclusão____________________________ 42
2.7 – Bibliografia___________________________ 43
‹#›
2.1
INTRODUÇÃO
‹#›
 	O presente diagnóstico histórico e iconográfico tem como objetivo principal compreender o cenário no qual o edifício, em questão, a CASA VERDE, está inserido. Entende-se a importância de compreender o passado para que, assim, posteriormente se realize intervenções restauradoras. Esse desenvolvimento tende a debruçar-se sobre vestígios e acontecimentos históricos a fim de apurar e analisar o máximo de informações possíveis, de forma que, os mesmos, deem auxílio a futuros projetos de intervenções.
 A partir disso, foram feitas diversas pesquisas acerca do edifício estudado, onde foram encontrados documentos, entrevistas, e fatos históricos que quando encaixados, ajudam a entender minimamente a história do local e a sua relação com o passado. Visto que o mesmo é presente no bairro desde a década de 1920, o que faz dele, um marco de grande valor histórico e sentimental naquela região em que se encontra, conhecida como Portugal Pequeno, onde desde a construção do edifício estudado, até hoje estão instalados estaleiros, o que faz aquela localidade ser conhecida como um bairro voltado para a indústria naval. 
2.2
LOCALIZAÇÃO 
DO MACRO AO MICRO
‹#›
Para a melhor compreensão do objeto a ser estudado, nesta pesquisa, é necessário situá-lo no ambiente geográfico. Para tanto, utiliza-se o município de Niterói como ponto de partida até o local específico do estudo. 
2.2.1
Município de Niterói
‹#›
Niterói é uma cidade com 129,3km² e é dividida em 5 regiões administrativas de acordo com as principais características das mesmas. O monumento estudado está localizado no bairro da Ponta d’Areia está na região das Praias da Baía, a Oeste do município e é banhado pelas águas da Baía de Guanabara e faz divisa direta com o bairro Centro.
Fonte: Modelar a metrópole
2.2.2
‹#›
Bairro Ponta D’areia
 
 A Ponta D’Areia, pela posição geográfica, encontra-se diretamente banhada pelas águas da Baía de Guanabara, faz divisa continental com os bairros Centro e Santana. O bairro está localizado na Península da Armação, que contribuiu de maneira relevante para a economia nacional, sendo um importante porto baleeiro. 
 O objeto de estudo está localizado dentro do bairro conhecido como Portugal Pequeno, especificamente na Rua Barão de Mauá, localidade que tem esse nome devido a influência de imigrantes portugueses que ali viviam.
Área: 1,22 km2
População: 7162 habitantes (IBGE 2000)
Localização do bairro da Ponta d'Areia no município de Niterói.
Fonte: Análise e Diagnóstico do bairro da Ponta d’areia - UFF
Fonte: Google maps
2.2.3
‹#›
Rua Barão de Mauá - 296
Berço da Casa Verde
 A Barão de Mauá, endereço do nosso objeto de estudo, é uma rua de caixa pequena onde os loteamentos acontecem, em apenas um lado da via, já que o outro é banhado pela Baía de Guanabara. Este possui o cais para pequenas embarcações, na maior parte da rua, já que ao fim dela, já existem galpões sobre a orla.
 No final da rua, praticamente sem saída, existe um retorno para a única linha de ônibus (31 Ponta d’Areia) que passa nela e para os carros que não entram no estaleiro Mauá, que tem sua entrada ali. 
 Mesmo tendo sido bastante alterada, ainda é possível observar traços de uma arquitetura dos séculos passados, principalmente se comparados com imagens da época. A pavimentação de paralelepípedo também ajuda a reavivar esta memória. 
SYLVIO PINTO - "Ilha de Mocanguê [sic] - Niterói", O.S.T, assinado no canto inferior direito, datado de 1952. Com Selo do LVII Salão Nacional de Belas Artes - 1952
Fonte: Google maps
Fonte: Google maps
Fonte: Acervo popular
2.3
‹#›
ANÁLISE HISTÓRICA 
DO ENTORNO
Para encontrar dados, que possibilitem o entendimento desta localidade, levou-se em conta não só o cenário atual, mas todo o processo de desenvolvimento até aqui.
2.3.1
Município de Niterói 
‹#›
Floriano Peixoto e a Revolta Armada numa ilustração de Angelo Agostini 
Ao fim do século XIX, a Revolta da armada (1893), destruiu vários prédios na zona urbana e bairros litorâneos, e paralisou as atividades produtivas da cidade.Com isso no século XX surgiu o projeto de reedificação da Capital. 
A cidade já havia sofrido fragmentação de seu território em 1890, dada a separação das freguesias de São Gonçalo, Nossa Senhora da Conceição de Cordeiro e São Sebastião de Itaipu, que passaram a constituir o município de São Gonçalo. 
 O retorno de Niterói a condição de Capital do Estado do Rio de Janeiro em 1903 deu-se principalmente por sua proximidade com o Rio de Janeiro, procurando organizar uma vida urbana condizente com sua condição perante o Estado Fluminense.
Neste cenário, várias edificações foram construídas simbolizando o status adquirido pela capital como a Prefeitura no Largo do Pelourinho (Palácio Araribóia (1904), a Câmara no Largo do Rocio, atual Jardim São João (1908), os correios e estação hidroviária - barcas (1908). Os parques e praças receberam nova urbanização como o Largo de São Domingos (1905), o Campo de São Bento (1910), Praça Araribóia (1911), Praça General Gomes Carneiro (Rink) – antigo Largo da Memória (1913), entre outros). Se destacaram alguns melhoramentos urbanos como iluminação à gás (1904), inauguração da primeira linha de bondes elétricos ligando o Centro à Icaraí (1906), alargamento da Rua da Conceição (1907), inauguração da Alameda São Boaventura (1909), alargamento da Estrada Leopoldo Fróes (1909), inauguração da rede central de esgotos (1912).
Em 1911, o Porto de Niterói começa a ser idealizado entre a Ponta D`Areia e o Porto do Méier, região da Enseada de São Lourenço, antes ocupada por manguezais, e que a partir dos séculos XVIII e XIX, começou a sofrer progressivo processo de assoreamento, tornando-se o vazadouro de lixo da cidade, insalubre. Em 1913, oficializou-se por decreto a construção do Porto de Niterói, aos moldes do Porto do Rio de Janeiro. A cidade aos poucos desenvolvia-se nas mãos de Feliciano Sodré, que implantou uma rede de saneamento, beneficiando São Lourenço, Fonseca e Ponta D`Areia.
As obras de "saneamento/aterro" da enseada começaram em aproximadamente 1917/18, prolongando-se por dez anos, dado o aterro de grandes proporções que quase duplicou a área urbana.
Fonte: Cultura Niterói
2.3.1
Município de Niterói
‹#›
 	O projeto de urbanização proposto pela Comissão Construtora do Porto de Nictheroy e Saneamento da Enseada de São Lourenço, aterrou uma área de 357.000m². O traço urbano do aterrado, radial-concêntrico (formando um leque, semicírculo) possuía ruas que convergiam para a praça central, Renascença. O primeiro trecho do porto foi inaugurado em 1927,e o segundo em 1930.
A década de 40 assume um período de modernização na cidade, após a decretação do Estado Novo (1937-1945) e a consolidação de Ernani do Amaral Peixoto como interventor do Estado do Rio de Janeiro. 
A abertura da Avenida Ernani do Amaral Peixoto em 1942, como consta no Plano de Remodelação de Niterói, rasgou o centro comercial da cidade, promovendo, remembramentos e desmembramentos de terrenos, além de demolir cerca de 230 prédios para a implantação do novo loteamento, resultando numa avenida de 1003 metros de extensão por 20 metros de largura.
 No final da década de 60, inicia-se a construção da Ponte Presidente Costa e Silva na gestão do Prefeito Jorge Abunahman. Para facilitar o tráfego urbano, retomou-se o projeto Praia Grande. As obras de efetivação do aterro se estenderam de 1971 à 1974. Em 1977, parte da área do aterrado foi desapropriado para a instalação do Campus da Universidade Federal Fluminense (existente na cidade desde 1960).
Houve um incentivo a expansão urbana regional e local, exigindo a adequação e ampliação da infra-estrutura básica existente, visando o crescimento do mercado imobiliário. A Ponte Rio-Niterói intensifica a produção imobiliária nas áreas centrais e bairros litorâneos consolidados da Zona Sul (Icaraí e Santa Rosa), além de redirecionar a ocupação para as regiões Oceânica e Pendotiba.
Neste mesmo período, a cidade sofreu outro impacto em sua estrutura econômica. A fusão dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro, retirando de Niterói a condição de capital. A implantação do novo Estado do Rio de Janeiro ocorreu em 1975 e trouxe o inevitável esvaziamento econômico da cidade, situação que se modificou com a conclusão da Ponte Rio-Niterói.
No início da década de 1980, surgiram os "loteamentos especiais" na Região Oceânica, consistindo em condomínios horizontais, apresentando como atrativo, a segurança e oferecendo um elevado padrão de qualidade habitacional e de infra–estrutura urbana, incentivando o aparecimento de vários projetos. Também tem-se modificações no loteamento Jardim Fluminense, instalando o Parque Central da Cidade e uma Vila Olímpica, um parque de estacionamento, terminais rodoviários e um estacionamento de veículos automotores.
Os anos 90 se caracterizaram por várias intervenções urbanísticas na Cidade. Em 1992, foi elaborado o Plano Diretor de Niterói, baseado na constituição de 1988, direcionando a criação de várias leis no município, como a de Uso e Ocupação do Solo (1995) e o Plano Urbanístico. 
Vários projetos e programas foram desenvolvidos, como o Médico de Família (1992) e Vida Nova no Morro (1990); a Revitalização do Centro, englobou vários projetos como: a ampliação da Avenida Visconde de Rio Branco, Terminal Rodoviário João Goulart, Caminho Niemeyer; a construção do Museu de Arte Contemporânea – MAC (1998); as restaurações do Teatro Municipal João Caetano (1994), Palácio Araribóia , Igreja de São Lourenço dos Índios e o Solar do Jambeiro; e ainda projetos voltados para o meio ambiente como a criação da Reserva Ecológica Darcy Ribeiro (1997); Agenda 21 local; Reflorestamento de encostas; Parque da Cidade; Zoneamento Econômico Ecológico (em elaboração) e o Zoneamento da Lagoa de Itaipu.
Fonte: Nictheroy Antigo
2.3.1.1
Município de Niterói - EXPANSÃO URBANA DE NITERÓI 
‹#›
1976
1993
2002
2014
Como pode ser percebido, através de uma análise sobre os mapas presentes abaixo, houve um grande crescimento urbano ao longo de quase 40 anos na cidade de Niterói, porém ao observar no mapa a região onde está localizado a Casa Verde, o bairro da Ponta d’Areia, desde 1976 a localidade já era ocupada e manteve-se constante durante os anos, sendo ela e os outros bairros, como o centro, a área mais urbanizada da cidade de Niterói. Mapas das áreas não urbanizadas de 1976-2014:
Fonte: Modelar a metrópole
2.3.1.2
Município de Niterói - DEPAC
‹#›
Com o intuito de preservar o patrimônio com valores culturais para a cidade, foi decretada em 1990 a lei do Patrimônio, que gerou a criação do tombamento municipal e a partir disso, foram criados os órgãos que protegem tais patrimônios, como o CMPC - Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural e o DePAC- Departamento de Preservação do Patrimônio.
Ao passo que, foram feitas pesquisas acerca do patrimônio discorrido nesse trabalho, a Casa Verde, obtivemos documentos que comprovam a integração desse bem ao DePac, como pode ser entendido a seguir.
Em 20 de maio de 1997, um ofício de número 015/DePAC/97 foi redigido para o então Secretário Municipal de Cultura, o Prof. Marcos Gomes. Cujo o assunto era o envio das fichas sumárias relacionadas a bens culturais, localizados no bairro da Ponta d’ Areia, para serem analisados pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural - CMPC. São três imóveis que possuíram destaque, a partir do Plano Diretor que criou a Área de Preservação do Ambiente Urbano (APAU), onde esses bens estavam listados como de “interesse para a preservação” pela lei 1.446/95. 
Todos situados, na localidade chamada de Portugal Pequeno, na rua Barão de Mauá, a Igreja Nossa Senhora de Fátima nº 274, o Sobrado Verde nº 296 e parte da vila do nº322, o Cortiço.
Fonte da imagem: Departamento de Preservação do Patrimônio de Niterói.
‹#›
2.3.1.2
Município de Niterói - DEPAC
‹#›
No dia 21 de maio de 1997, ocorreu uma assembleia que o Secretário Marcos Gomes, informou sobre o projeto feito pela Prefeitura de Niterói que escolheu Portugal Pequeno como prioridade para o trabalho de preservação, este seria realizado em comemoração a relação entre Portugal e Brasil em abril de 1998. A seguir, listou as modificações arquitetônicas que o projeto previa e ressaltou o perfil de reabilitação arquitetônica e social do mesmo. Discorreu também sobre a inclusão do tombamento de 3 edifícios de importância em relação a sua arquitetura, história e aspectos afetivos a área da Ponta d’ Areia. O então conselheiro, Luís Eduardo, destacou que estes bens já estavam sendo preservados mediante a lei de 14.47 de 1995 e detalhou os imóveis localizados na rua Barão de Mauá. “São eles: Um sobrado de dois andares (sobrado verde - Rua Barão de Mauá, nº 296), que mantém características arquitetônicas tradicionais do início do século; uma igreja ( Barão de Mauá, nº274) e um conjunto de quartos de avenida (Barão de Mauá, nº322), que assumem as características físicas de um cortiço, mantendo ainda muito bem preservadas suas características arquitetônicas da década de 1920.” (Fonte: DePAC, 2019.) 
Francisco de Albuquerque, conselheiro, parabenizou a iniciativa da Secretaria de Cultura por liderar este projeto e a professora Ismênia de Lima Martins ressaltou a importância do projeto no âmbito de visão cultural e social. Se colocou à disposição para contactar esforços para obtenção de recursos e sugeriu que fizesse o possível para a orla marítima pudesse tornar-se uma opção de lazer. 
Retomando a palavra o Secretário Marcos Gomes relatou todo o trabalho que a secretaria estava tendo na procura de de parcerias com a comunidade portuguesa, inclusive uma viagem a Portugal estava sendo prevista para junho de 1997. Carlos Mônaco, também conselheiro, sugeriu que fosse incluído no processo de tombamento do projeto o prédio da banda portuguesa, o Doutor Cláudio Valério opinou que essas alterações não prejudiquem o futuro da região e novamente o conselheiro insinuou que fosse feito o tombamento do castelinho do Conde Pereira Carneiro. 
Fonte das imagens: Departamento de Preservação do Patrimônio de Niterói.
‹#›
2.3.1.2
Município de Niterói - DEPAC
‹#›
O conselheiro Francisco de Albuquerque indaga sobre como a comunidade da região está recebendo este projeto e o secretário Marcos Gomes afirma que sua equipe teria feito visitas regulares ao local. Deixou claro que a postura tem sido de respeito às expectativas da população e as relações de propriedade, ao passo que a área já era preservada por lei. Carlos Mônaco faz uma observação relacionada a uma propriedade localizada na esquina darua Saldanha Marinho e Visconde de Itaboraí, que tinha sido colocada à venda, afirmou que a mesma possuía um notório interesse histórico, cultural e questiona sobre o estado da Casa Norival Freitas. Marcos Gomes volta a palavra, esclareceu que a prefeitura buscou fazer um acordo com os proprietários e as negociações estavam em andamento. Propôs que fosse feito um regime interno para o conselho, com reuniões em toda a segunda quarta do mês e a proposta foi aceita por unanimidade. Por fim, ficou acertado que no próximo encontro, seriam apresentadas os estudos preliminares sobre o edifício da banda portuguesa pelo DePAC. 
“Saliente-se que o tombamento definitivo desses bens mereceu parecer favorável, por unanimidade, do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural de Niterói, em reunião realizada no dia 21 de maio de 1997, de acordo com o que consta no processo administrativo nº 110/014/97.” (Fonte: DePAC, 2019.) 
Fonte das imagens: Departamento de Preservação do Patrimônio de Niterói.
‹#›
2.3.1.2
Município de Niterói - DEPAC
‹#›
O documento ao lado refere-se ao processo de tombamento da residência, fornecido pelo DEPAC, onde está a descrição do estado da casa, quando a mesma foi tombada, além de seus usos , data em que fora construída, e endereço.
Fonte da imagem: Departamento de Preservação do Patrimônio de Niterói.
2.3.1.3
Município de Niterói - APAUs
‹#›
Nessa perspectiva, a APAU consiste em um instrumento legal municipal, que procura ‘’guardar’’ os lugares representativos da cultura local.
Ela envolve três conceitos fundamentais, a saber: ambiência, lugar e conjunto urbano.
 O conceito de ambiência deve ser entendido como conjunto de elementos físicos e vivenciais que configuram um determinado lugar. 
O lugar deve ser compreendido como um espaço diferenciado por características peculiares e por uma escala local, uma escala de vizinhança.
O conceito de conjunto que se refere ao conceito de todo, diferenciando-se ao conceito de individual. O conjunto é formado por partes que só tem sentido se estiverem ligadas.
	A localização de nosso monumento em estudo encontra-se dentro de uma área de preservação do ambiente urbano - APAU e isso teve forte interferência na edificação. 
	O Plano Diretor de Niterói (Lei 1157/92) define a Área de Preservação do Ambiente Urbano (APAU) como "aquela que testemunha a formação da cidade e cujo significado se identifica ainda com a escala tradicional, devendo, por essa razão, ter protegidas e conservadas as principais relações ambientais dos seus suportes físicos, constituídos pelos espaços de ruas, praças e outros logradouros, bem como a volumetria das edificações em geral, e, ainda, para a qual deverão ser criados mecanismos de estímulo para atividades típicas ou compatíveis com objetivos de revitalização destas áreas, preservando e estimulando seus aspectos sócio-econômicos e culturais."
As três primeiras Áreas de Preservação do Ambiente Urbano foram: Centro, São Domingos – Gragoatá, Boa Viagem e Ponta d’Areia.
E indicou para criação futura as Áreas da Igreja de São Lourenço dos Índios e do Ponto Cem Réis. As primeiras foram regulamentadas em 1995 pela Lei 1451 e a listagem dos imóveis de preservação foi definida no mesmo ano, através da Lei 1446, sendo ambas as leis revogadas e substituídas pela Lei 1967 de 2002 que dispõe sobre o Plano Urbanístico da Região das Praias da Baía. 
Em 2005, o Plano Urbanístico da Região Norte (Lei 2233) criou e regulamentou a quarta APAU (São Lourenço), bem como listou os imóveis de preservação. Como mencionamos, cada APAU configura um lugar específico com suas singularidades físicas e vivenciais.
Fonte : Prefeitura Municipal de Niterói
2.3.1.3
Município de Niterói - APAUs
‹#›
APAU- Ponta D’areia
	Número de Imóveis das APAUs do Município de Niterói (estimados)				
	APAUs	Imóveis de Preservação	Imóveis de Preservação Parcial	Imóveis de Renovação	Total de Imóveis
	Centro	473	119	1210	1802
	São Domingos - Gragoatá - Boa Viagem	237	23	220	480
	Ponta d'Areia	261	5	230	496
	São Lourenço	26	3	114	143
	TOTAL	997	150	1774	2921
Desde o Século XVII, Ponta D’areia teve grande importância no desenvolvimento de Niterói, por ser um porto baleeiro. 
Nos séculos seguintes a região vivenciou um expressivo processo de industrialização naval. Com a prosperidade da indústria, foi necessária a construção da Vila Pereira Carneiro. As obras de urbanização da Vila Real da Praia Grande facilitaram a comunicação do bairro com o Centro, e com isso possibilitaram o seu desenvolvimento.
No século XX, o bairro atraiu quase todos os portugueses que escolheram Niterói como sua segunda terra natal, em função da oferta de emprego na região. Além disso, destacam-se os estaleiros e o Mercado São Pedro — especializado na comercialização de peixes e crustáceos.
Em 1991, a Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com a Secretaria Municipal de Urbanismo realizaram o levantamento de 7.700 imóveis existentes nas APAUs do Centro; Ponta d’Areia; São Domingos – Gragoatá – Boa Viagem e identificaram aqueles de interesse de preservação (cerca de 50%).
Fonte : Prefeitura Municipal de Niterói
2.3.2
Bairro Ponta D’areia
‹#›
 O bairro residencial Ponta d'areia é conhecido como um local tranquilo por seus visitantes e moradores, além de rico histórica e arquitetonicamente. Em sua maioria é composto edificações residenciais, ricas em horizontalidade. Além de comércios de primeira necessidade. 
Ponta d’ Areia teve a sua primeira ocupação fortemente ligada à pesca de baleias, somente depois ela acabou se voltando para o setor industrial, com a presença das oficinas de material bélico da Marinha e dos primeiros estaleiros, sendo eles: 
o Estaleiro Mauá 
a Companhia de Comércio e Navegação, Conde Pereira Carneiro
Estaleiro Barcas S/S
Num estaleiro destes, no século XIX, se construíram barcos a vapor, caldeiras e peças fundidas em ferro. Anos depois, a indústria diversificou- se e passou a produzir vários equipamentos. 
Pode-se notar indícios da imigração portuguesa, abrigando inclusive o chamado "Portugal pequeno" que é um trecho turístico, embora apresente perfil industrial e operário. Este trecho está às margens da Baía de Guanabara, que sofreu grandes mudanças ao longo do tempo. Nesta área também marcada pela presença da comunidade de pescadores, que manteve sua função, mesmo a despeito da industrialização vigente, decadência da construção naval e construção da ponte Rio-Niterói.
Fonte: Acervo popular
Fonte: Acervo popular
2.3.2
Bairro Ponta D’areia
‹#›
A princípio era viável aos portugueses se estabelecerem no bairro, por motivos sociais e econômicos mas assim que adquirissem uma estabilidade financeira, era interessante a mudança para um bairro que oferecesse melhor infraestrutura, já que em certo momento Portugal Pequeno não mais oferecia-a. 
As balsas que facilitavam o transporte e aqueciam o comércio foram desativadas na década de 70 e os estaleiros que empregavam pessoas do bairro e movimentavam o comércio tiveram suas atividades reduzidas. 
Apesar de a maioria dos portugueses viver da pesca, muitos exerciam a atividade comercial e com a crise no comércio, tiveram que fechar seus estabelecimentos em Portugal Pequeno e reabri-los em outro lugar, gerando uma migração no bairro.
Posteriormente, a partir do século XX, a Ponta d’Areia passou por novo processo migratório, sendo este fluxo da população local. O que levou Portugal Pequeno à grande circulação de pessoas foi a reativação dos estaleiros e o entreposto pesqueiro, associando-se a isto as vantagens do bairro: 
Tranquilidade, uma vez que o Morro da Penha é uma localidade tranquila, devido à existência de uma forte Associação de Moradores, em que grande número destes são policiais; 
Base da marinha no local (conhecida como Ponta da Armação); 
Localização: proximidade existente com o Centro de Niterói, a Ponte Rio-Niterói, a rodoviária, o terminal rodoviário e as barcas. 
Ser banhado pelo mar, Portugal Pequeno oferece aos pescadores uma grande quantidade de iscas(sardinhas) e de outros peixes mais graúdos (pescados em alto mar). 
Todavia, a facilidade que encontram para o escoamento da pesca é uma enorme vantagem, pois no próprio bairro da Ponta d’Areia há o Mercado São Pedro.
Fonte: Acervo popular
2.3.2.1
Linha do tempo 
‹#›
Ponta D’Areia era conhecida por Península da Armação e já se destacava no desenvolvimento de Niterói por ser um importante porto baleeiro.
A partir dessa atividade pesqueira, nos séculos seguintes a região vivenciou um expressivo processo de Industrialização Naval. Com as oficinas de material bélico da Marinha do Brasil e estaleiros (materiais esses que foram usados na Guerra do Paraguai) . 
Com a prosperidade dessa indústria, um conjunto de casas foi construído para abrigar seus operários. 
Esta vila construída com fins sociais (casas com instalações sanitárias, com aluguel módico, escola e até uma capela) foi inaugurada em 1918 e recebeu o nome de 
Vila Pereira Carneiro. 
Construção da
CASA VERDE 
em 1920.
Porém, com a construção da Avenida Feliciano Sodré, o bairro se separou do Centro e passou a ser visto pelos moradores como uma ilha com características de cidade do interior.
Bairro Ponta D’areia
SÉC. XVII
SÉC. XVIII e XIX
SÉC. XX
Após obras de urbanização, ordenaram-se os acessos à Ponta d'Areia, agilizando a ligação com o Centro da cidade, e com isso possibilitaram o seu desenvolvimento.
o bairro atraiu quase todos os portugueses que escolheram Niterói como sua segunda terra natal, em função da oferta de emprego na região. Desse modo, a região constitui-se como uma colônia portuguesa e uma parte dela adotou o nome de Portugal Pequeno.
Decadência da indústria naval
SÉC. XXI
Ressurgimento do setor da indústria naval.
Revitalização de Portugal Pequeno.
2.3.2.2
‹#›
 Nos anos de 2000 e 2001 o Estaleiro Mauá-Jurong começou a ganhar dinamismo em função das encomendas da Petrobrás, pois esta exigia que a construção dos navios de apoio de off-shore fosse feita em estaleiros nacionais, sendo esse o primeiro a iniciar a montagem de tais navios. Importante ressaltar que tanto a pesca quanto os “altos e baixos” dos estaleiros foram determinantes para a dinâmica do comércio da região, que é voltado aos trabalhadores dos estaleiros e aos pescadores. 
A queda do comércio, a partir de meados da década de 1970 e, praticamente, toda a década de 1980, é concomitante ao término das balsas – que mobilizavam um grande número de pessoas que passavam pela Ponta d`Areia para chegar ao Rio de Janeiro-; à conclusão da Ponte Presidente Costa e Silva e ao período de crise dos estaleiros. Com a atual a expansão da atividade naval (hoje já se tem em torno de seis mil empregados, contabilizando os terceirizados e os contratados diretamente), o comércio vem demonstrando um tímido crescimento.
Bairro Ponta D’areia - Estaleiros
Não seria possível tratar da história da Ponta d’Areia sem transitar pelos estaleiros, já que até hoje são de grande influência na vida do bairro. O mais conhecido deles, o Estaleiro Mauá, tem o nome de seu proprietário eternizado numa rua do bairro, que é inclusive o endereço do nosso objeto de estudo. 
Os estaleiros tiveram períodos de expansão e retração em sua produção. De 1958 a 1979, os estaleiros tiveram uma fase próspera, de notável crescimento. Isso só foi possível a partir da criação do Fundo de Marinha Mercante, do GEICON (Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval) e da Comissão de Marinha Mercante no Governo J.K., como Plano de Metas. 
Assim, são investidos US$ 40 milhões na indústria naval, destacando-se aí o Estaleiro Mauá-Jurong, que em 1960, chegou a ter aproximadamente, 18 mil operários, revelando, então, o papel de grande empregador, influenciando fortemente o fluxo populacional no bairro. 
Por volta de 1980, inicia-se uma crise na construção naval e os estaleiros deixam de fabricar navios, passando apenas a reformá-los. Essa crise que até quase toda a década de 1990, além de ser resposta a um período turbulento da economia mundial, devido às crises do petróleo, foi também consequência da grande concorrência travada pela Coréia do Sul e Japão na área naval, pois o custo da produção nesses dois países era mais barato.
Esses dois fatores juntos levaram a uma queda das encomendas de armadores nacionais. Provocando então, o fechamento de vários estaleiros e a fusão de outros. Com isso, ocorreu um desemprego em massa, deixando, os estaleiros, de serem polos atrativos. Embora o ano de 1997 já tenha sido marcado por um retorno à indústria de construção naval, é em 1999 que o Estaleiro Mauá-Jurong foi reativado.
Lançamento do Navio Ponta D'Areia em 07 de Novembro de 1960, panorâmica momentos antes de ser lançado ao mar
Fonte: Acervo popular
2.3.2.2
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Com sua aquisição, Henrique Lage fica com 4.580 ações, sendo as restantes 420 distribuídas entre os demais acionistas. Lage torna-se, então, o presidente da Companhia substituindo a Giuseppe Martinelli, o grande empresário ítalo-brasileiro do início do século XX, radicado em São Paulo. Henrique Lage vai ocupar o cargo até 1928, quando cede o posto para Alberto Marsili.
As oficinas, situadas na margem do então “Sacco de S. Lourenço”, ocupam uma área de 7.500 m², entre o mar e a rua Barão do Amazonas, nas circunvizinhanças da Ponta d’Areia. No local atuavam cerca de 600 empregados, tendo as instalações boas oficinas e duas carreiras, sendo uma para navios de até 3.000 toneladas e outra para pequenas embarcações.
Atualmente, abrigando o Estaleiro Mac Laren, a construção, apesar de muito descaracterizada, permanece no local e conta parte dessa história de uma paisagem cultural naval repleta de saberes e fazeres em Niterói.
Vista do Estaleiro Guanabara [Ponta da Areia] ca. 1920. Ao fundo a Enseada de São Lourenço em ângulo inédito.
ESTALEIRO GUANABARA / ESTALEIRO MAC LAREN
A Sociedade Anônima Estaleiros Guanabara possuía sede administrativa na avenida Rio Branco, 106-108 no Rio de Janeiro. Criada em 25 de junho de 1919, com capital de 5.000 contos de réis, dividido em 5.000 ações de mil réis cada, sendo o Lloyd Nacional o principal acionista com 4.440 ações.
Bairro Ponta D’areia - Estaleiros
Fonte: Acervo Popular
2.3.2.3
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A Companhia de Comércio e Navegação de Pereira Carneiro e Cia. Ltda. Empresa que fez um marco na época na economia de Niterói, estabelecida também na Ponta D’Areia. Proprietária de uma importante frota de cabotagem e de grandes armazéns gerais, também negociava com sal. Foi desta companhia o dique Lahmeyer, o mais sólido do mundo por ter sido cavado em rocha e que durante muito tempo foi o maior da América do Sul. O dique era usado para manutenção da frota própria e também atendia a outras empresas. O Conde Pereira Carneiro, principal acionista da Companhia de Comércio e Navegação, também construiu a vila que leva o seu nome, existente até hoje. A vila operária foi criada com fins sociais - casas higiênicas com aluguel módico, escola e até uma capela - para os empregados da empresa. Hoje em dia abriga uma população de classe média, com o padrão mais elevado que o restante do bairro, além da presença de comércio de primeira necessidade como, açougue, supermercado, padaria e etc.
Bairro Ponta D’areia - Vila Pereira Carneiro
Fonte das imagens: Acervo popular
2.3.2.3
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Entre os núcleos e vilas operárias de fábricas erguidos no Brasil, o movimento pitoresco se evidencia entre o final do século XIX e 1950, inicialmente pela proliferação de chalés com jardins e praças, e depois pela difusão de bangalôs e cottages, de parques e praças e de alguns planos de conjunto filiados à urbanística das Cidades-Jardim.
Neste movimento de projetos e realizações, o mais fiel à urbanística das Cidades-Jardim é, sem dúvidas, o elaborado por Ângelo Bruhns para a Companhia Comércio e Navegação, em Niterói. Tendo tido seu projeto encomendado e sua construção realizada a partir da iniciativa do diretor-presidente da empresa - o Conde Pereira Carneiro - esta vila operária, era dotada de excepcionais qualidades projetuais vinculadasao tema do pitoresco: articulava um plano de viés Cidade-Jardim com moradias em forma de cottages e chalés.
O projeto foi elaborado em 1919 pelo arquiteto Ângelo Bruhns, fato que o situa entre os primeiros projetos de vila operária no Brasil concebidos por especialista.
Bairro Ponta D’areia
 - Vila Pereira Carneiro
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Fonte das imagens: Nictheroy Antigo
2.3.3
Portugal Pequeno
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O bairro de Ponta d’Areia, em Niterói, é considerado histórico e atípico, por se tratar de um lugar diferenciado dentro do âmbito urbano da cidade. Ao longo do tempo, teve uma forte presença de imigrantes, principalmente portugueses, que fundaram uma colônia e transformaram-na no que hoje se conhece como Portugal Pequeno. Essa influência motivou, em 1998, um projeto municipal de revitalização:
Essa ocupação original ligada à pesca de baleias, e logo após, ao crescimento industrial com a instalação de estaleiros. Portugal Pequeno tem na margem oposta à Baía, uma grande extensão de bares, que embora tenham estru­tura precária, as pessoas (na maioria operários) conversam, descansam, dançam e se relacionam entre si.
O “Decolores”, um bar cente­nário, histórico e muito famoso por suas sardinhas fritas, frutos do mar e pra­tos com bacalhau, foi inaugura­do com o nome de Café Vila do Conde, quando a região ainda era uma co­lônia portuguesa. Atualmente o bar, assim como todo o seu entorno, vive uma fase de decadência pela ausência de usos da região, que é principalmente industrial, o que reduz a vida social no local.
A localidade ainda possui a comunidade de pescadores, que manteve a sua função em exercício, mesmo com as grandes transformações sofridas com a decadência da indústria da construção naval (década de 1980) e com a construção da Ponte Rio-Niterói.
Fonte das imagens: Lugar: percepções e vivências - estudos de Portugal Pequeno e São Domingos, Niterói.
Fonte: Acervo Popular
2.3.3.1
Portugal Pequeno - Projeto de Revitalização 1998
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A localidade passou por uma revitalização que surgiu a partir de uma proposição que envolveu a Prefeitura de Niterói, a comunidade e o governo português, além de outras instituições, que apresentaram grande interesse na recuperação do patrimônio arquitetônico e urbano. O projeto de revitalização aconteceu junto com as comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, durante a realização do evento Encontro com Portugal, em 1998. 
 
Algumas das modificações foram: 
 Substituição do asfalto por paralelepípedos; 
 Calçamento com pedras portuguesas; 
Nova pintura das casas localizadas à beira-mar; 
Construção de praça inspirada na cruz de malta; 
Construção de quiosques, de deck de madeira e instalação de bancos.
O objetivo dessa revitalização, além de preservar o patrimônio histórico, foi tornar o lugar mais convidativo aos turistas, onde se concentra a bela arquitetura e a famosa gastronomia portuguesa. Inclusive, em boa parte dos imóveis foram instalados diversos restaurantes e bares. Contudo, o resultado não foi como o esperado, visto que existe somente uma linha de ônibus que vai até a região. Este cenário, no entanto, vive atualmente um período de decadência, com agressivas interven­ções na arquitetura tradicional e o que se tornaria um centro social e cultural da cidade, se tor­nou um espaço de completo abandono. 
 	
Fonte das imagens: Lugar: percepções e vivências - estudos de Portugal Pequeno e São Domingos, Niterói.
2.3.3.1
Portugal Pequeno - Projeto de Revitalização 1998
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Fonte:: Niterói, domingo dia primeiro de fevereiro de 1998, O GLOBO.
2.3.3.2
Portugal Pequeno - Mapa de Usos
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Como pode ser percebido através do mapa de usos, percebe-se que atualmente a região onde está localizada a casa, mais especificamente na Rua Barão de Mauá, é majoritariamente de uso comercial, o que não acontecia no passado, visto que em sua maioria, são antigas residências que se transformaram no decorrer dos anos em comércios. O restante da região, mantém sua característica residencial.
Ainda podemos destacar a mancha verde escuro dos estaleiros, presente na parte mais a leste da localidade.
Fonte: Pesquisa de campo Ponta d’areia - UFF
2.3.3.3
Portugal Pequeno - Bens tombados
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IGREJA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
A igreja é um símbolo da influência dos portugueses nas primeiras décadas do século xx, considerada também uma das igrejas mais antigas dedicadas a santa no Brasil. Foi tombada em dezembro de 1997, por meio da lei n° 1628, pela prefeitura municipal de Niteroi. “Este tombamento foi efetivado no âmbito do projeto de recuperação e revitalização do bairro de Portugal Pequeno, coordenado pela Secretaria de Cultura.”
No ano de 1932, o vigário da catedral de São João Batista ( o padre Conrado Jacaranda), ficou interessado em construir a igreja e Manuel Fernandes da Costa, um devoto português cedeu parte de sua propriedade para servir de capela. Em 1935, foi realizada uma festa que contribuiu para a aquisição do terreno onde a mesma começou a ser construída em 1940 e sendo inaugurada em 16 de novembro de 1941. 
Fonte das imagens: Igreja Nossa Senhora de Fátima, Cultura Niteroi
FONTE: Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói
Devido ao valor histórico de Portugal Pequeno, além do projeto de restauração foram executados 3 tombamentos na localidade, são eles:
2.3.3.3
Portugal Pequeno - Bens tombados
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IGREJA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA - Arquitetura
FONTE: Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói
A construção de meados do século xx, típico de periferia, conta com “torre sineira única e central, a igreja possui nave única precedida por nártex, no qual se encontra o antigo batistério. Sobre o nártex, localizam-se o coro e a escada de acesso à torre. A nave é separada da capela-mor por colunas que sustentam três arcos à maneira de arcos cruzeiros. O seu forro é uma abóbada de berço. A capela-mor é muito simples. Uma sacristia situa-se transversalmente ao eixo da nave, nos fundos da construção; por sobre ela, foi edificada o consistório. Toda a edificação foi feita em alvenaria de tijolos e estrutura de concreto armado. Sua fachada, revestida por pó-de-pedra, apresenta um corpo estilizado de fachada templo, com uma porta central de arco pleno ladeada por duas janelas e com um óculo na altura do coro. Por sobre este, um pequeno painel de azulejos retrata a aparição de Nossa Senhora de Fátima. A torre é de concreto, em forma piramidal, coroada por uma cruz.”
2.3.3.3
Portugal Pequeno - Bens tombados
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IGREJA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA - Plantas
Fonte das imagens: Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói
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2.3.3.3
Portugal Pequeno - Bens tombados
CORTIÇOS
FONTE: Cortiço, Cultura Niteroi
Fonte das imagens: Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói
Localizado na rua Barão de Mauá, 322, no bairro da Ponta d’Areia. Foi tombado em 30 de dezembro de 1997, pelo processo 110/014/1997 e lei de nº 1628/97, pela prefeitura de Niterói.
	Na década de 1930, num período onde os cortiços que eram residências destinadas às famílias de menor poder aquisitivo, já então banidos por lei, o conjunto foi construído com o nome de “quartos de alugar” para camuflar sua existência.
O imóvel compreende as unidades de números I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X da vila número 322, com banheiro e lavanderia coletivos. Cada unidade tombada se constitui de um único cômodo, construído em alvenaria de tijolos maciços revestidos por argamassa, com uma porta e uma janela de madeira e caixilharia de vidro e veneziana. O seu interior é bastante simples: paredes lisas sem decoração e forro de madeira do tipo saia e camisa. A cobertura de telhas francesas apresenta um leve beiral sustentado por mãos francesas de madeira, localizada acima de um inusitado friso.
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2.4
OBJETO DE ESTUDO
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	O sobrado, mais conhecido como Casa Verde, escolhido como alvo de nossa pesquisa, foi amplamente investigado e passa a ser detalhado a seguir. 
2.4.1
Casa Verde
 Como já dito, esta pesquisa busca examinar a CASA VERDE, localizadana rua Barão de Mauá, 296 , no bairro Ponta D’areia em Niterói, levando em consideração não só sua construção, mas também o contexto envolvido em sua história. 
Tal imóvel obteve tombamento municipal em 30/12/1997 por meio do processo número 110/014/1997 - Lei 1.628/97. 
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“Niterói, 20 de maio de 1997.
(...) O sobrado verde destaca-se do conjunto por seu porte elegante e suas características arquitetônicas ainda preservadas, apesar de pequenas alterações terem sido perpetradas sem alterar-lhe, contudo, sua importância. É um símbolo de uma época e da ocupação. É, por isso um verdadeiro ícone da paisagem, tendo sido objeto de fotografia por parte de quem quer que vá ao local, inclusive a imprensa, a qual vem, sistematicamente, repetindo sua imagem em publicações sobre a área, a ratificar-lhe, assim o conceito de cartão postal.” 
(Fonte da imagem: Departamento de Preservação do Patrimônio de Niterói.)
Fonte das imagens: Casa Verde, Cultura Niteroi
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Casa Verde
Sabe-se através de pesquisas que no sobrado, objeto do atual estudo, seu térreo foi destinado ao comércio e o pavimento superior, à moradia. 
A partir disso, foram feitas inúmeras pesquisas sobre quais usos e tipos de comércios funcionaram no local, através da certidão de inteiro teor, descobriu-se boa parte de seus proprietários e comércios que ali funcionaram, que serão mostrados mais detalhadamente na próxima página. Ao aprofundar-se mais no assunto, com algumas entrevistas de pessoas que vivem e viveram no local, foi descoberto que neste mesmo sobrado, funcionou uma fábrica de águas gasosas, como pode ser visto nas fotos presentes.
 Ao fazer uma breve investigação sobre o processo de transformação da água gaseificada, a explicação encontrada era que a mesma precisaria ser depositada em um ambiente subterrâneo para assim receber o aquecimento necessário, o que supostamente pode ter uma relação com os tanques presentes nos fundos da casa. 
Também em pesquisa pública e consultas on-line, encontramos um convite que teria sido publicado em jornal, para o leilão do sobrado nº 296 da Rua Barão de Mauá, mas não pudemos, através dele, determinar ao ano ou mês do acontecimento. 
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2.4.1
Fonte das imagens: Acervo Popular
Fonte das imagens: Acervo pessoal
Fonte das imagens: Jornal O fluminense
2.4.2
Linha do tempo dos proprietários
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1922
Illydio 
Affonso Soares
1960
Irmãos Mendonça e Cia LTDA
O primeiro proprietário do imóvel constatado foi Illydio Affonso Soares, onde o mesmo em 1960 vendeu a firma pelo preço de 1.000 cruzeiros. Uma entrada de 300 cruzeiros foi feita com mais 7 parcelas de 100 cruzeiros para a empresa IRMÃOS MENDONÇA E CIA LTDA.
No ano de 1963 a firma Irmãos Mendonça foi transformada em sociedade anônima com o nome de Casa Neno Niterói.
1976
Em 1976 foi averbada e no mesmo ano foi incorporada a Casa Neno S.A Importação e Comércio.
1991
José Miranda Santos 
José Miranda Santos recebeu a empresa pelo valor de 80.000 cruzeiros, por conta de uma dívida da antiga Casa Neno S.A Importação e Comércio.
2009
José Miranda Santos e Paulo Cesar Lopes Santos 
Após o ocorrido, em, 2009, José Miranda Santos, advogado, e Paulo César Lopes Santos, comerciante, (residentes de Montes Claros, MG), receberam como herança 50% do imóvel.
2017
	Alexandre Ribeiro Pereira e Paulo Cesar Lopes Santos 
Há 2 anos atrás, em 2017 Alexandre Ribeiro Pereira reivindica 50% do imóvel ao dono da Super Pés Perfeitos LTDA-ME e Paulo Cesar Lopes Santos, avaliado no valor de R$300.000.
2019
2.4.3
Linha do tempo dos usos do imóvel
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1922
1960
Primeiro proprietário registrado
Uso misto: Comercial/Residencial
No ano de 1963 a firma Irmãos Mendonça foi transformada em sociedade anônima com o nome de Casa Neno Niterói. Período em que os estaleiros estavam numa fase próspera, com grande crescimento, graças a criação do Fundo de Marinha mercante
Uso: Comercial/Serviço
2019
Atualmente funciona uma Oficina.
Uso: Serviços
Obs: Já esteve em funcionamento neste endereço, uma Fábrica de Águas Gasosas, mas não se achou nenhuma fonte que informasse a data do funcionamento da mesma.
2.4.3
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Fonte das imagens: Declaração de Inteiro Teor retirada no Cartório do 6º Ofício de Niterói.
Certidão do imóvel
2.5
ANÁLISE ARQUITETÔNICA
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	Neste tópico serão especificadas as questões acerca da arquitetura desta edificação, bem como a descrição de seus ornamentos e estilo.
2.5
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Situação e ambiência:
O imóvel encontra-se em uma rua de pequena caixa, fronteiro à enseada de São Lourenço e à ilha do caju. Sua implantação é tradicional, ocupando os limites frontal e laterais do lote urbano. Destaca-se da paisagem por seu porte elegante e pela preservação das linhas de composição arquitetônica. 
Imagens da Rua Barão de Mauá e Casa Verde - Fonte: acervo popular
2.5
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Descrição: 
O sobrado é composto por dois pavimentos, geminado, localizado de frente para a rua, suas atividades são divididas por pavimentos, onde o térreo é ocupado por funções comerciais e serviços, e as residências ficam localizadas no pavimento superior (uma característica do período colonial).
A fachada é composta de simetria, onde cinco portas com cercaduras de pedras gnaiss se situam no térreo e, no pavimento superior, quatro janelas de avental emoldurando assim um balcão rasgado com guarda corpo ligeiramente sacado, envolto por um gradil de ferro fundido.
Fachada com inspiração classicista, é enriquecida de elementos decorativos de carácter eclético. Além disso, molduras e guirlandas pintadas complementam a fachada. Conforme as edificações luso-brasileiras, o acesso ao sobrado é através de uma porta, fica no primeiro tramo da fachada, que leva a uma estreita e longa escada de madeira. 
As esquadrias foram modificadas, mas ainda se mantém caracterizadas: no térreo duas portas foram fechadas, duas interligadas com a retirada das ombreiras aclopadas; portas de enrolar em ferro são vistas na entrada de serviços e uma porta de madeira para a entrada do sobrado.
Fonte: acervo popular, 1940
2.5
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Citando um trecho de Nestor Goulard Reis em seu livro ‘’Quadro da arquitetura no Brasil’’ (1970), no capítulo intitulado como ‘A implantação da arquitetura no século XIX (1800-1850)’, podemos entender um pouco que a arquitetura desenvolvida no monumento é um misto entre estilos, não sendo uma casa de porão alto, mas também não um clássico sobrado colonial.
 “Considerando-se as formas de habitar dependentes do trabalho escravo, (...) a presença da Missão Cultural Francesa e a fundação da Academia de Belas-Artes iriam favorecer o emprego de construções mais refinadas. Um novo tipo de residência, a casa de porão alto representava uma transição entre os velhos sobrados e as casas térreas.”
 Neste trecho, conseguimos compreender que o estilo de construção sobrado como a ‘Casa Verde’ é tradicional do período colonial, mesmo ele tendo sido construído no século XX. Suas decorações porém já apresentam características ecléticas.
 Como não foi possível acesso à planta original do monumento, retiramos a planta padrão de um sobrado colonial também do livro já citado. Assim podemos ter ideia de como seria o original construído.
Fonte das imagens: Livro “quadro de arquitetura no Brasil”i
2.6
CONCLUSÃO
‹#›
Concluímos que, apesar de transformações e com o passar dos anos, esse monumento sempre terá um valor histórico e emocional para a população local. Pois conta um pouco da história dos imigrantes portugueses, que com certeza influenciaram o entorno e a arquitetura local. 
O propósito do Levantamento Histórico e Iconográfico desse trabalho, como o próprio nome já diz, nos remeteu a fazer uma pesquisa aprofundada sobre o sobrado, conhecido como “Casa verde”, que é um patrimônio tombado pela prefeitura da cidade de Niterói, onde o mesmo está situado.
Desta forma, foram iniciadas diversas pesquisas, das quais resultaram as seguintes etapas:
Análise e contexto histórico do entorno;
Cronologia e contexto histórico do monumento;
Análise arquitetônica.Dessa forma pudemos entender melhor os impactos que o passado causou no bairro e nos moradores e as influências que ele carrega. Isso nos impulsiona para apreciamos a beleza nos detalhes, pois ela tem história e isso a torna única.
 Na Análise e contexto histórico do entorno compreendemos a relação do monumento com o lugar, e o porquê da “CASA VERDE” ter sido construída ali, era uma área em constante desenvolvimento social e econômico, assim percebemos a sua importância para a localidade. 
 De acordo com a Cronologia e contexto histórico do monumento, notamos que a primeira transferência de proprietário se deu em época de mudança de comércio no bairro. Após essa, não houve influência externa na troca de proprietários.
 Em sua Análise arquitetônica notamos que a mudança de uso do pavimento superior de residencial para também serviços, resultou em quase completa descaracterização da parte interna do segundo piso. Essa mudança na arquitetura ocorreu anteriormente ao tombamento, já que após isto, tal coisa não seria possível. 
Conseguimos observar também que a fachada foi melhor preservada que de construções vizinhas onde através comparação de de fotos mais antigas com o cenário atual, vemos que alguns imóveis perderam completamente suas características primárias, ao contrário da Casa Verde.
	Percebemos durante a pesquisa que tanto o imóvel quanto o local onde está inserido tem pouca valorização pelo não moradores da área, pois tamanha foi a dificuldade em achar dados sobre este e também em fato da não vivência de um espaço histórico e caloroso tão próximo ao centro da cidade.
Por fim, esses dados levantados buscam ceder elementos de informações que sejam de valor substancial para os novos projetos a serem elaborados de acordo com a necessidade do uso atual mas sem deixar se apagar a história do monumento.
2.9
BIBLIOGRAFIA
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Fotos, Niterói, IBGE. - https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/niteroi/historico - 27 de outubro de 2019, 15h40.
Precariedade Urbana, O Globo. - https://infograficos.oglobo.globo.com/rio/expansao-urbana-do-rio-de-janeiro.html - 30 de outubro de 2019, 14h20.
Igreja Nossa Senhora de Fátima, Cultura Niterói. - http://culturaniteroi.com.br/blog/?id=453 - 30 de outubro de 2019, 15h.
Cortiço/ Cultura de Niterói. - http://culturaniteroi.com.br/blog/?id=454 - 30 de outubro de 2019, 15h30.
2 de setembro de 1922, Jornal O Fluminense. 
Olhar Nicteroy, Blog. 
REIS, Nestor Goulard. Quadro da Arquitetura no Brasil. 9, ed. São Paulo: Editora Perspectiva S.A, 2000.
Portugal Pequeno espera conclusão de reformas, O Globo. - https://acervo.oglobo.globo.com - 17 de novembro de 2019, 17h15.
Exposição mostra como ficará Portugal Pequeno, O Globo. - https://acervo.oglobo.globo.com - 17 de novembro de 2019, 18h.
Lugar: percepções e vivências, estudos de Portugal Pequeno e São Domingos, Niterói. - http://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/download/10368/7207 - 17 de novembro de 2019, 16h.

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