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Dispositivo Intrauterino



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Letícia T. Santos - Medicina 
Dispositivo Intrauterino 
 
1. Como funciona este método contraceptivo (DIU)? 
 
Os dispositivos intrauterinos são métodos contraceptivos fixos caracterizados como (LARCS - long-acting reversible 
contraception - contraceptivos reversíveis de longa duração), variando entre 7 a 10 anos sua durabilidade. Temos dois tipos 
de DIU disponíveis no mercado, os dispositivos intrauterinos hormonais e os dispositivos não hormonais, que será este método 
apresentado no presente estudo. 
Trata-se de um método seguro, altamente eficaz, com taxas de falhas extremamente baixas, semelhantes às 
observadas na esterilização cirúrgica feminina (0,5%). É o método reversível mais usado em todo o planeta. A implantação 
do DIU de cobre faz parte das ações de planejamento reprodutivo da atenção básica. Apesar das vantagens que ele oferece, 
ainda é pouco utilizado no Brasil, sendo a escolha de cerca de 2% das mulheres em idade fértil. 
O preciso mecanismo de ação do DIU de cobre ainda é desconhecido, sugerindo a presença de vários fatores. Admite-
se que o cobre promova mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio e muco cervical (citocinas, como aumento 
das prostaglandinas endometriais). Com isso o DIU afetará adversamente a ascensão dos espermatozoides. O processo 
ovulatório não é inibido pelo DIU, mas o cobre na cavidade endometrial pode provocar danos aos oócitos. 
Ademais, evidencia-se que o mecanismo de ação principal se deve à produção de uma reação inflamatória, citotóxica, 
que é espermicida, determinando especificamente alterações endometriais, que comprometem a qualidade e a viabilidade dos 
espermatozoides. Por outro lado, as alterações endometriais hostis ao óvulo, dificultam sua implantação. Essas mudanças 
parecem ser a principal forma contraceptiva do DIU. O DIU contendo cobre ainda inibe a mobilidade espermática, pela alta 
concentração desse metal no muco cervical. 
 
2. Quais as pacientes que possuem riscos ou contraindicações a este método contraceptivo? 
 
São consideradas cinco categorias restritas de contraindicações: infecção uterina em atividade, gravidez confirmada, 
fatores uterinos, câncer ginecológico do corpo e colo do útero e reações adversas aos componentes do DIU, geralmente ao 
cobre. Estima-se que anomalias uterinas ocorrem em aproximadamente 4% das mulheres em idade reprodutiva. 
Anormalidades uterinas como estenose cervical, miomas grandes ou septo uterino, podem tornar a inserção mais difícil e 
aumentar o risco de expulsão. No entanto, se a cavidade uterina puder ser abordada com segurança, a inserção poderá ser 
feita. Enfatiza-se, por fim, que uma determinada condição só deve ser listada como contraindicação: apenas se o risco do uso 
do DIU exceder o risco de uma gravidez indesejada. 
As complicações do método incluem, além da perfuração uterina, decorrente da colocação inadequada, a expulsão e 
uma maior predisposição para infecções. A taxa de perfuração uterina tem sido mencionada em 1–2 para cada 1.000 inserções. 
Quanto aos índices de expulsão, há divergência na literatura. Há autores que afirmam ser mais frequente no primeiro 
ano de uso e outros que asseguram que continua a ocorrer de forma constante ao longo dos dez primeiros anos, sobretudo 
durante a menstruação. Entretanto, o único fator que foi associado mais constantemente à expulsão, foi a idade inferior a 20 
anos. 
Uma revisão sistemática com adolescentes, revelou que as taxas de expulsão foram inversamente proporcionais à 
idade. Foi observado também que ocorre mudança da microbiota vaginal após a inserção do DIU, predispondo a infecções, 
sobretudo no primeiro ano de uso. 
A doença inflamatória pélvica (DIP), embora assintomática na maioria dos casos, ocorre devido à ascensão de agentes 
patógenos da cérvix para o endométrio e trompas de falópio. Quanto ao risco, há referências de que é seis vezes maior no 
primeiro mês após a inserção não aumentando, porém, a incidência após este período. 
 
 
Referências: 
 
 GIORDANO, Mario Vicente; GIORDANO, Luiz Augusto; PANISSET, Karen Soto. Dispositivo intrauterino de cobre. 
Femina, p. 15-20, 2015. 
 HOLANDA, Antônio Arildo Reginaldo de et al. Controvérsias acerca do dispositivo intrauterino: uma revisão. Femina, 
2013.