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– A cefaleia é um dos sintomas mais frequentes na atenção primária; Possui impacto tanto na população como no sistema de saúde. CEFALEIAS PRIMÁRIAS: são doenças cujo sintoma principal, porém não único, são episódios recorrentes de dor de cabeça. Ex: cefaleia tensional (responsável pela maioria dos casos), migrânia (enxaqueca) e cefaleia em salvas. CEFALEIAS SECUNDÁRIAS: são o sintoma de uma doença subjacente, neurológica ou sistêmica. Ex: meningite, dengue, sinusite, tumor cerebral. É a mais frequente das cefaleias primárias; Pico de prevalência na quarta década; Intensidade leve a moderada; Em aperto ou pressão; Referida bilateral na maioria das vezes, holocraniana ou na região occipital; Geralmente surge no final da tarde; Relacionada com estresse físico ou emocional; Melhora após atividades físicas. A dor pode durar minutos, horas ou permanecer constante durante dias. A presença de sintomas associados à dor, como fotofobia, náuseas e vômitos é rara. Não é associada a sintomas premonitórios ou aura. Mais comum em mulheres; Pico de prevalência entre 30 e 50 anos; 80% tem história familiar; Crises recorrentes; Pode se apresentar com aura e sem aura. A sem aurea é a enxaqueca comum (75% dos casos). Duração, características e fenômenos associados típicos, porém não acompanha sintomas neurológicos focais transitórios como na enxaqueca com aurea (25% dos casos). A migrânea é composta por 5 fases mas não necessariamente todas elas estão envolvidas. Precedem a cefaleia por até 48 horas antes da crise Sintomas mais comuns são: Irritabilidade; Alteração do humor; Hiperatividade; Raciocínio e memorização mais lentos; Desânimo; Sonolência; Apetência por alguns tipos de alimentos. Sintomas neurológicos que se desenvolvem gradualmente (5 a 20 minutos, durando cerca de 60 minutos); Ocorre antes da fase da dor. Fenômenos visuais positivos (cintilações, linhas em zigue-zague) e/ou negativos (escotomas) Parestesia unilateral e/ou disfasia. 3. A Dor de forte intensidade, latejante/pulsátil; Piora com as atividades do dia a dia; Duração de 4 a 72 horas; Unilateral em 2/3 das crises; Pode mudar de lado de uma crise para outra mas no momento da crise permanece unilateral. 4. Náuseas e/ou vômitos, fonofobia e fotofobia; 5. Fase de exaustão; – Alguns pacientes necessitam de um período de repouso para seu completo reestabelecimento. Mais comum em homens (85% dos casos) de 30 a 60 anos; A crise pode durar vários dias mas não o dia todo, tendo de 2 até 6 crises por dia com duração de aproximadamente 30 minutos; Dor de forte intensidade, lancinante, unilateral e presença de alterações autonômicas (hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento, congestão ocular e nasal, rinorreia, edema palpebral, rubor facial); Após episódios de salvas pode haver períodos de meses ou anos sem crises; Sensação de inquietude e agitação; Despertares noturnos pela crise. História clínica (principal fator); Localização da dor; Intensidade da dor; Escala numérica de dor (0 a 10); Relação com atividades físicas (piora ou melhora); Fatores de melhora ou piora; Antecedentes pessoais e familiares; Influência hormonal (Mulheres – crises de enxaqueca mais fortes durante o período pré menstrual, uso de ACO combinados devido ao estrogênio ser um fator de piora e desencadeamento de enxaqueca, mulheres em terapia de reposição hormonal – menopausa). É preciso exame físico completo. Avaliar a real intensidade da dor (facies de dor); Avaliar a PA, FC e FR, temperatura axilar (se apresenta febre e dor de cabeça – dengue, sinusite, meningite), pupilas, lacrimejamento, sudorese; Exame neurológico para detecção de patologias intracranianas; Pesquisa de rigidez de nuca; Exame dos pares cranianos (busca de alterações). CEFALEIA TENSIONAL ENXAQUECA (MIGRÂNEA) DOR EM APERTO OU PRESSÃO HOLOCRANIANA INTENSIDADE LEVE A MODERADA MELHORA COM ATIVIDADE FÍSICA SURGE AO FINAL DO DIA EXAME NEUROLÓGICO NORMAL HIPERTONIA E HIPERESTESIA DA MUSCULATURA PERICRANIANA DOR DE CARÁTER LATEJANTE/PULSÁTIL FORTE INTENSIDADE LOCALIZAÇÃO UNILATERAL ASSOCIADA A NÁUSEAS E/OU VÔMITOS FOTO E/OU FONOFOBIA PIORA COM ATIVIDADES FÍSICAS CEFALEIA EM SALVAS LOCALIZAÇÃO UNILATERAL FORTE INTENSIDADE (EXCRUCIANTE) REGIÃO ORBITAL, SUPRAORBITAL E/OU TEMPORAL SINAIS/SINTOMAS AUTONÔMICOS IPSILATERAIS À DOR (LACRIMEJAMENTO E HIPEREMIA CONJUNTIVAL, CONGESTÃO NASAL E RINORREIA, RUBOR FACIAL) DURAÇÃO LIMITADA DE 15 A 180 MINUTOS. – Atenção a outros diagnósticos que se apresentam com quadros de cefaleia aguda, alguns deles graves que devem ser identificados e encaminhados ao serviço de urgência. Hipertensão intracraniana: a cefaleia pode ser descrita como opressão ou pulsátil, uma dor pulsátil e persistente; Tumor: geralmente a dor é constante e tem piora progressiva, com alteração do exame neurológico; Meningite ou meningismo por trauma ou hemorragia: cefaleia intensa (pode estar acompanhada de vômitos), universal e acompanhada por sinais de rigidez de irritação meníngea (rigidez de nuca, sinal de Brudzinski e sinal de Kerning positivos). Febre e sinais de toxemia, nos casos de meningite infecciosa. Cefaleia de forte intensidade que não cessa com o uso de analgésicos administrados na própria UBS; Cefaleia que apresenta sinais de alerta. Sinusite: as sinusopatias causam cefaleias com diversas características, dependendo do seio da face acometido. A mais comum é a sinusopatia de seio frontal e a retro-orbitária, caracterizada por dor intensa frontal e retro-orbitária, com sensação de dor em pressão ou latejante tendo como fator de piora a movimentação da cabeça. Associada a sintomas respiratórios como obstrução nasal, coriza, secreção amarelada, febre, tosse ao deitar. Esses casos devem ser tratados na própria UBS e somente serem encaminhados se houver sinais de celulite periorbitária (infecção dos tecidos). Evitar fatores desencadeantes; Tratar doenças concomitantes (HAS, depressão) Orientar a fazer atividades físicas moderadas; Regular o padrão do sono. A abordagem deve ser compreensiva e individualizada Levar em consideração a existência da variabilidade da percepção de dor de paciente para paciente e de crise para crise Orientar o paciente e/ou familiares quanto ao automanejo da crise e a natureza do diagnóstico Registro das crises para verificar um padrão Tratamentos não farmacológicos (acupuntura, técnicas de relaxamento, terapia, aromoterapia) Levar em consideração a: Eficácia Efeitos adversos Terapêutica preventiva Contraindicações dos medicamentos Intensidade e frequência das crises Presença de sintomas e sinais associados (tratar por exemplo náuseas/vômitos com reidratação) Tempo de eficácia Orientação de medidas educativas como: sono regular, evitar bebidas alcoólicas, controle de estresse (técnicas de relaxamento, atividade física leve), lazer. – Prescrição de analgésicos simples ou AINEs: Paracetamol 700-1000mg até 6/6h Dipirona 500-1000mg até 6/6h Ibuprofeno 400-800mg até 6/6h Diclofenaco 50mg até 8/8h Cetoprofeno 50mg até 6/6h Naproxeno sódico 500mg dose inicial e 250mg até 6/6h Associações com cafeína aumentam a eficácia analgésica A maioria das crises é resolvida com uma dose de analgésico comum Dar preferência aos medicamentos presentes na UBS (paracetamol, dipirona, ibuprofeno e diclofenaco) Repouso em quarto escuro e silencioso Evitar barulhos Conciliar o sono Colocar bolsasde gelo e/ou compressão das artérias temporais Nas crises leves mas que não cessam com as medidas gerias utilizar analgésicos ou AINEs (os mesmos citados para tratamento de cefaleia tensional). Se náuseas e vômitos estiverem associados utilizar metoclopramida (contraindicado em casos de sintomas extrapiramidais) ou domperidona. Analgésicos e anti-inflamatórios Podem ser recomendados triptanos ou derivados ergóticos (tartato de ergotamina ou mesilato de dihidroergotamina) – Cefaliv, Enxak, Cefalium Sempre recomendado o uso de antieméticos (Metoclopramida) Ácido acetilsalicílico 1.000mg VO repetir 2h a 4h Sumatriptano 50mg a 100mg VO Naratriptano 2,5mg VO repetir s/n – máximo/dia 5mg Zolmitriptano 2,5mg a 5mg VO repetir s/n – máximo/dia 7,5mg Naproxeno sódico 550mg VO Necessário medicamento parenteral. Dipirona EV (mais usual) Clorpromazina Dexametasona ou Haloperidol Considerar: 1. Presença de fatores de risco para complicações vasculares: HAS, DM, tabagismo, uso de ACO, doença vascular periférica ou coronariana. 2. Drogas vasoconstritoras, como os ergotamínicos, o isometepteno e os triptanos, devem ser evitadas em algumas subformas de migrânea Não há consenso sobre tratamento da aura migranosa. Apresenta resultados efetivos com domperidona (20-40mg VO) /metoclopramida na fase premonitória. O tratamento da fase álgica é similar ao tratamento da migrânea sem aurea. NÃO UTILIZAR OPIOIDES. Em casos de migrânea recorrente que leva a prejuízos na qualidade de vida deve-se fazer o acompanhamento ambulatorial, com consultas agendadas periodicamente e indicar a profilaxia das crises. Propranolol (40mg) Amitriptilina (25mg) Topiramato – Oxigenoterapia Analgésicos comuns e opioides são ineficazes e não devem ser utilizados Necessidade de medicamento parenteral/Serviço de urgência.
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