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Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6533-2 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 3 3 2 Código Logístico 58884 A D M IN ISTR A Ç Ã O D E IM Ó V E IS E LO C A Ç Ã O FÁ B IO O LIV E IR A V A Z Este livro procura apresentar, de maneira simples e objetiva, os conhecimentos legais sobre a administração de imóveis e os deveres e direitos das partes envolvidas. Um dos principais objetivos desta obra é levar o leitor a compreender o contrato de locação em consonância com o Código Civil e a Lei n. 8.245/91, também conhecida como Lei do Inquilinato – base legal para os contratos de locação. Com este livro, o autor não pretende esgotar o tema, mas instigar o leitor a continuar pesquisando e se aprofundando na administração de imóveis e locação. Administração de imóveis e locação IESDE 2019 Fábio Oliveira Vaz © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Santiago Cornejo/Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ V495a Vaz, Fábio Oliveira Administração de imóveis e locação / Fábio Oliveira Vaz. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2019. 96 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6533-2 1. Mercado imobiliário. 2. Corretor de imóveis. 3. Administração de imóveis. I. Título. 19-59475 CDD: 333.33 CDU: 332.7 Fábio Oliveira Vaz Mestre em Administração na linha de pesquisa em Gestão de Pessoas e Organizações pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). MBA em Marketing pela Faculdade Maringá (PR). Graduado em Administração pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (Fafipa) e em Sistemas para Internet pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná (UniFatecie). Professor universitário com experiência nas áreas de administração, produção, finanças, logística, gestão imobiliária e marketing. Coordenador de cursos de ensino superior. Palestrante, consultor e coach. Sumário Apresentação 7 1. Administração de imóveis 9 1.1 Introdução à administração imobiliária 9 1.2 Prospecção e avaliação de imóveis 15 1.3 Conflitos de locação 18 2. Tipos de locação 27 2.1 Locação residencial 27 2.2 Locação por temporada 30 2.3 Locações não residenciais e especiais 33 3. Condomínios e síndicos 41 3.1 Os condomínios 41 3.2 O papel do síndico 44 3.3 Garantias da locação e benfeitorias 46 4. Contrato de locação 55 4.1 Contrato de locação 55 4.2 Avaliação de inquilinos 59 4.3 Sublocação 60 5. Exigências e questões legais 67 5.1 Demandas judiciais 67 5.2 Formalização e vistoria 70 5.3 Direitos e deveres contratuais 74 Anexos 83 Gabarito 91 Apresentação O livro que você tem em mãos procura apresentar as nuances relacionadas ao mercado imobiliário, principalmente no que tange à administração e à locação de imóveis. Um dos principais objetivos desta obra é levá-lo a compreender o contrato de locação em consonância com a Lei n. 8.245/91, também conhecida como Lei do Inquilinato, que é a base legal para os contratos de locação. Além dela, há algumas colaborações do Código Civil, pois estamos tratando de relações de negócios e todo esse jogo envolve regras e responsabilidades. Neste livro também abordamos os tipos de locação, iniciando pela residencial e passando ao conhecimento de outros tipos, como o comercial, por temporada, entre outros. Lembre-se de que este livro não é sobre Direito e tratar desse assunto não é a nossa intenção. Nosso objetivo é trazer de maneira simples e objetiva os conhecimentos legais sobre a administração de imóveis e os deveres e direitos das partes envolvidas. Considerando que todos nós devemos nos atualizar constantemente, ou seja, nunca parar de estudar e buscar mais conhecimento, esta obra não pretende esgotar o tema, mas instigá-lo a continuar pesquisando e se aprofundando na administração de imóveis e locação. 8 Administração de imóveis e locação Reiteramos nosso sentimento de privilégio em poder produzir este livro e fazer parte da construção do seu conhecimento. Bons estudos! 1 Administração de imóveis Para compreender o mercado imobiliário, é necessário entender sobre gestão ou administração imobiliária e ter habilidade para prospectar e avaliar detalhadamente os imóveis. Com esses conhecimentos, é possível identificar o produto correto para cada cliente e manter a qualidade do atendimento elevada, requisitos essenciais em um setor altamente competitivo. A fim de se ter uma dimensão mais precisa sobre a importância do conhecimento sólido acerca do setor, é essencial considerar um detalhe importante: boa parte da economia brasileira é movimentada pelo mercado imobiliário. Considerando o cenário econômico, o crescimento populacional urbano e a grande quantidade de informações necessárias para o gerenciamento de imóveis, a busca por especialização na área é imprescindível, pois o setor imobiliário vem crescendo e exigindo aprimoramento constante por parte dos agentes envolvidos. Assim, entender sobre locação, administração, contratos e condomínios e compreender a importância das administradoras de imóveis como facilitadoras dos processos de gestão não são conhecimentos superficiais e, sim, aprendizagens primordiais. Nas próximas páginas, serão abordados esses aspectos com o propósito de aprender como agir com eficiência e qualidade em um mercado tão dinâmico e exigente. 1.1 Introdução à administração imobiliária Segundo dados do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis (COFECI-CRECI, 2010), as administradoras de imóveis começaram a surgir nos anos 1980 e 1990, mesmo momento em que a profissão 10 Administração de imóveis e locação de corretor de imóveis se consolidava no Brasil. Isso ocorreu devido ao grande crescimento demográfico somado à complexidade das informações necessárias para gerir imóveis e à necessidade de especialização de quem trabalha na área. A principal finalidade das administradoras é levar auxílio, segurança e conveniências às partes que precisam vender e locar imóveis ou, ainda, administrar um condomínio. Nesse mercado, há três segmentações principais: as administradoras que trabalham exclusivamente com imóveis; as que atendem apenas condomínios; e as que atuam nas duas frentes, administrando imóveis e condomínios. Todas as modalidades podem ser constituídas por pessoa física ou jurídica, e, no caso daquelas voltadas à gestão de condomínios, a escolha, aprovação ou destituição deve ocorrer por meio de assembleia entre os condôminos. Tendo como base o artigo 653 do Código Civil (BRASIL, 2002), que confere a alguém poderes para administrar interesses em nome de outrem, as administradoras de imóveis têm deveres expressos, que são regidos pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança Pública. São eles: • Informar claramente ao consumidor acerca dos serviços prestados e também sobre o preço exato que será cobrado para realizá-los. • Divulgar a locação ou a venda dos imóveis certificando-se de que os anúncios não contenham palavras que possam ser interpretadas como publicidade enganosa ou abusiva. • Considerar sempre o mercado como referência de valor para cobrança e jamais alterar o contrato feito com os clientes com o objetivo de forçá-los a cumprir obrigações que não estejam de acordo com o preço justo. Administração de imóveis 11 Além disso, as administradoras de imóveis devem acompanhar as negociações, orientar as partes envolvidas, conferir documentações, fazer vistorias e elaborar contratos conforme a legislação vigente. Em caso de locação, elas devem fazer a ponte entre o locador e o locatário, recebendo o valor das transações e fazendocobranças e acordos nos casos de inadimplência. Já as administradoras de condomínios prestam serviços de gerenciamento, estão vinculadas às decisões tomadas pela assembleia e devem, preferencialmente uma vez por mês, fazer o levantamento das prestações de contas relativas às despesas e receitas. Além disso, são funções das administradoras de condomínios, com autorização do síndico: • Convocar assembleias gerais conforme a convenção do condomínio. • Deliberar nas assembleias fornecendo cópias das atas. • Manter o cadastro dos condomínios sempre atualizado. • Executar os controles contábeis e levar às assembleias os orçamentos das despesas para que sejam votados. • Pagar as despesas do condomínio. • Contratar, disciplinar e suspender funcionários. • Providenciar as quotas condominiais ordinárias e extraordinárias aprovadas pela assembleia geral e enviá-las com antecedência aos condôminos. Diante do exposto, podemos perceber a dimensão da responsabilidade que as administradoras de imóveis têm perante seus clientes. Entendemos também que, devido à grande exigência do mercado, é cada vez mais necessário prestar um atendimento pautado pela extrema qualidade – fator imprescindível para que uma administradora consiga permanecer nesse mercado desafiador. 12 Administração de imóveis e locação 1.1.1 Atividades e regulamentação das administradoras de imóveis O conceito de administrar está atrelado à gestão de negócio próprio ou alheio, público ou particular, ou seja, à função de administrador. Há, na administração de imóveis e condomínios, um contrato entre as partes (proprietário e administradora), no qual estão estabelecidas as atividades que serão delegadas à administradora e que, por ser um ato bilateral, exclui a necessidade de haver a figura do gestor de negócios. Em termos gerais, a atividade de uma administradora está regulamentada pelo Código Civil, principalmente pelo artigo 653 e artigos seguintes, uma vez que, no Brasil, ainda não há lei específica para o setor. Assim, o proprietário é considerado o mandante, e a administradora do imóvel, a mandatária. O proprietário, ao optar por contratar uma administradora de imóveis, busca uma gama de serviços para descomplicar a sua vida. Locar ou vender um imóvel, tal como administrar um condomínio, são tarefas que se tornam mais fáceis quando a prestação de serviços é feita por profissionais habilitados e qualificados. Procurar um administrador confiável e capaz requer alguns cuidados, que devem ser observados para evitar aborrecimentos futuros. Dentre eles, cabe destacar a seleção de empresas idôneas, sólidas no ramo e que transmitam segurança e transparência. Esse cuidado é extremamente importante, pois o proprietário, mandante na procuração, delegará plenos poderes para que a administradora do imóvel possa realizar ações inerentes às atividades exigidas pelo mercado, tais como: • selecionar locatários ou compradores; • realizar vistorias; • firmar contratos de aluguel, de compra e de venda; • obter todas as certidões necessárias; Administração de imóveis 13 • realizar o levantamento cadastral do cliente; • avaliar imóveis; • administrar condomínios. Em contrapartida, a administradora do imóvel receberá pelos serviços prestados, sendo o valor recebido composto por um percentual acordado previamente entre as partes. É importante salientar que existem diferentes percentuais e que eles levam em consideração o serviço prestado. A participação da administradora de imóveis propicia mais tranquilidade ao proprietário, pois ele terá certeza de que a presença de um especialista habilitado será determinante no processo de intermediação e decisão do negócio a ser realizado. Mas, afinal, como podemos descrever o papel de um profissional da área de administração de imóveis? Em primeiro lugar, ele deve ser capacitado e certificado para que tenha conhecimento e exerça suas atividades com legalidade, pois esse profissional tem responsabilidades e está sujeito a responder judicialmente por falhas cometidas em seu trabalho. Entre suas aptidões, estão a capacidade de intermediar a venda, de realizar a locação, de trabalhar a divulgação por meio de mídia especializada e de identificar a necessidade de colocação de placas no imóvel. O profissional dessa área também precisa ter desenvoltura para realizar uma visita técnica junto do cliente. Ademais, deve estar apto a acompanhar todo o processo de negociação até o fechamento do negócio; atenção, presteza e precisão para esclarecer questionamentos a respeito do imóvel são habilidades igualmente importantes. Os diferenciais de um bom profissional são a seriedade, a eficiência, a capacidade de cumprir todas as obrigações assumidas e de resolver os problemas que surgem, pois, ao realizar uma administração pautada pela ética e pela credibilidade, as possibilidades de manter o cliente por um longo período e de abrir novos negócios são imensas. 14 Administração de imóveis e locação No caso específico da locação de imóveis, a administradora tem a incumbência de receber o valor acordado referente ao aluguel, de realizar as cobranças dos inadimplentes e de tomar as devidas providências sempre que necessário. Dessa forma, fica clara a ponte que existe entre o locador e o locatário. Em caso de inadimplência do inquilino, a administradora, via de regra, não deverá arcar com o pagamento dos aluguéis em atraso. Ela terá essa responsabilidade, excepcionalmente, se houver previsão contratual nesse sentido, o que, na prática, é raro. Outra hipótese está relacionada ao caso de o mandante provar que a administradora agiu com culpa (sem diligência), favorecendo eventuais prejuízos. Como visto, a administradora figura como mandatária do proprietário. Logo, sua responsabilidade é regida pelo artigo 653 do Código Civil, que, mediante o exposto no artigo 667, é obrigada a indenizar o mandante por quaisquer prejuízos advindos de sua conduta culposa: “O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente” (BRASIL, 2002). A regulamentação (ou autorregulamentação) do setor, com leis específicas, condições mínimas de funcionamento e normatização da atividade, vem recebendo amplo apoio de algumas entidades de classe, como a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC), a Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (ABADI) e o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). Entretanto, as melhorias pleiteadas ainda estão em fase de desenvolvimento e um pouco distantes de se concretizarem, restando aos síndicos e condomínios tomar os cuidados mínimos na contratação de administradoras. Administração de imóveis 15 Isso não quer dizer que o setor é confuso ou que está carente de leis para regulamentá-lo, mas, sim, que não há normas específicas para regulamentar a relação entre as administradoras e seus clientes ou para detalhar parâmetros básicos para que uma empresa seja considerada especializada em administração de condomínios. 1.2 Prospecção e avaliação de imóveis Ao pesquisar o termo prospectar no dicionário Aurélio (FERREIRA, 1986), chegamos à acepção que indica “cálculo do valor econômico de algo”. Com isso, podemos perceber que, havendo o desejo de comercializar um imóvel, é necessário compreender seu valor, sua localização e outros fatores que possam influenciar o processo de venda. Lindenberg Filho (2006) afirma que ruas com alto tráfego de veículos, próximas a bares ou boates, com escolas, congestionamentos e poluição sonora são vistas como ponto negativo para a comercialização de uma residência. A isso se deve a necessidade de realizar uma análise completa para entregar o imóvel certo para cada cliente, ou seja, fazeruma prospecção adequada e personalizada. O autor ressalta, ainda, a importância de atentarmos para o local do imóvel, sendo pontos de foco e análise: • segurança; • comércio; • serviços; • transporte; • educação; • áreas de lazer; • serviços públicos. É importante sempre considerar a finalidade, se é residencial ou comercial, pois isso resultará em estratégias de negociação diferentes. 16 Administração de imóveis e locação Como exemplo, imagine a abertura de um posto de combustível. Certamente a empresa buscará por lugares movimentados como grandes avenidas, onde a circulação de veículos é intensa. Da mesma forma, se uma família busca um imóvel, tentará encontrar um lugar próximo a parques e escolas para facilitar os deslocamentos dos filhos e, também, o acesso da família ao lazer. A seguir, serão explorados os pontos essenciais para uma análise aprofundada na escolha de um imóvel residencial. • Segurança: esse é um assunto de grande relevância, pois é sempre importante observar se há delegacias próximas, serviços de vigilância, emergências médicas, câmeras de monitoramento etc. Esses são alguns pontos de interesse dos clientes que buscam uma residência e querem tranquilidade. Por isso, em negociações com esse perfil, a segurança pode ser um diferencial para fechar um contrato de venda ou locação. • Comércio e serviço: observar o comércio local e realizar um levantamento mais aprofundado com o intuito de verificar a existência de supermercados, lanchonetes, bares, lojas, hotéis, bancos, entre outros, é um ponto que pode interessar aos clientes e precisa ser tratado com atenção. • Transporte: é sempre positivo saber sobre acesso a pontos ou linhas de ônibus, metrôs e táxis existentes na região do imóvel. Igualmente importante é ter conhecimento sobre a facilidade de estacionamento, a pavimentação e a facilidade de tráfego na região. • Áreas de lazer: parques, praças e espaços para a prática de exercícios podem ser fatores que valorizam um local, principalmente para os clientes que buscam residências para morar com a família. • Serviços públicos: serviços como iluminação pública, coleta de lixo, pavimentação, saneamento, arborização e urbanismo, Administração de imóveis 17 entre outros, são primordiais e podem ser decisivos na hora da negociação. Avaliar um imóvel é essencial na administração imobiliária, pois, com base nessa ação, é possível estabelecer o valor do patrimônio dos imóveis. A formação do preço para o aluguel, por exemplo, pode ser uma sugestão do corretor de imóveis, uma vez que esse profissional tem o conhecimento necessário para identificar esses valores de maneira coerente. Existe, também, a avaliação judicial, que é aquela feita em juízo. Para fazer uma avaliação com esse perfil, é necessário que o profissional possua formação específica e capacitação técnica. De acordo com a Lei n. 5.194/66, em seus artigos 7º e 13, existe a determinação para que somente profissionais habilitados realizem a avaliação de imóveis (BRASIL, 1966b). Conforme afirmam Nery Junior e Nery (2006, p. 361): Com o devido respeito, segundo a Lei n.º 5.194/1966, art. 7.º, alínea c, a função de avaliar imóveis é prerrogativa de engenheiro civil, arquiteto e engenheiro agrônomo. O corretor de imóveis não está habilitado para exercer a função de avaliador, privativa, por lei, dos profissionais do CREA. A avaliação de imóveis requer conhecimentos específicos em matemática financeira, estatística e domínio dos métodos avaliatórios bem como conhecimentos acerca de fundações, estruturas e coberturas de imóveis. Todas essas técnicas são específicas do conhecimento científico do profissional superior formado em engenharia ou arquitetura. Com isso, entendemos que somente profissionais com formação adequada na área podem fazer avaliações em juízo, pois esse tipo de demanda exige conhecimentos mais profundos e especializados. Sem dúvida, quem tem a formação como corretor de imóveis está apto a opinar sobre questões pertinentes à comercialização de imóveis. Nesse sentido, quando um cliente quer alugar um imóvel, o profissional pode dar sugestões sobre o valor do aluguel; no 18 Administração de imóveis e locação entanto, somente os aqueles com formação específica podem fazer as avaliações, visto que avaliação e sugestão possuem características diferentes. Realizando uma pesquisa mais aprofundada, é possível encontrar jurisprudências de corretores que fizeram avaliações, ou seja, tribunais ou juízes que solicitaram laudos de avaliações elaboradas por corretores de imóveis que detinham conhecimento para essa prática. Entretanto, é preciso entender que esse caminho é perigoso, uma vez que algumas avaliações precisam de análise científica precisa, como nos casos em que é necessário fazer a verificação da estrutura da construção ou um estudo para estabelecer o valor correto com base na localização do imóvel. Vale ressaltar que as imobiliárias têm facilidade em estimar valores de mercado para imóveis e que esse é um papel muito importante para o setor, pois isso gera, por exemplo, a possibilidade de determinar valores de locação. O fundamental é compreender que cada profissional deve empregar sua competência e qualificação na área para a qual está devidamente preparado. Somente assim é possível entregar o melhor para quem mais interessa: o cliente. 1.3 Conflitos de locação Segundo Loureiro (2007), os conflitos podem até surgir, mas é necessário lembrar a existência do contrato, instrumento que contempla de maneira específica todos os direitos e deveres dos envolvidos. Com isso, temos um termo conhecido como relação jurídica patrimonial, que surge a partir das vontades de duas ou mais pessoas. O Código Civil (BRASIL, 2002) contém algumas disposições gerais sobre a execução de um contrato, buscando sempre ter a boa-fé como foco. O mesmo documento apresenta a regulação de diversos tipos de contratos, como o de compra e venda, de fiança, de locação e de comodato, entre outros. Porém, mesmo havendo a regulação Administração de imóveis 19 do contrato de locação pelo Código Civil, é preciso aplicar a Lei n. 8.245/91 (BRASIL, 1991), conhecida como Lei do Inquilinato, que, por ser específica, sobrepõe-se ao Código Civil. Já no tocante aos conflitos judiciais, em 23 de setembro de 1996 foi aprovada a Lei n. 9.307/96 (BRASIL, 1996), ou Lei da Arbitragem, uma facilitadora do processo de negociação e da solução de conflitos. 1.3.1 Lei do Inquilinato A Lei n. 8.245/91, que, como anteriormente citado, é chamada de Lei do Inquilinato ou Lei de Locação, foi criada para estabelecer uma base jurídica legal capaz de proteger o locatário. Em seu teor, estão presentes cláusulas de ordem pública, que contemplam desde o pagamento de multas para o locador que buscar reaver o imóvel antes do término do contrato até a devolução do imóvel antes do prazo previsto sem a incidência de ônus. As negociações e relações de locação são regidas por essa lei, mas há, também, casos cuja base legal é pautada pelo Código Civil ou por outra lei específica. Vejamos o que diz o artigo 1º do Código Civil: Art. 1º A locação de imóvel urbano regula-se pelo disposto nesta lei: Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e pelas leis especiais: a) as locações: 1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas autarquias e fundações públicas; 2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; 3. de espaços destinados à publicidade; 4. em apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados, assim considerados aqueles que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar; b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas modalidades. (BRASIL, 2002, grifo do original) 20 Administração de imóveis e locação No artigo citado, é possível notar que o foco está voltado para o imóvel urbano; porém existem imóveis situados em zonas ruraisque podem ser regulados pela Lei do Inquilinato. Isso acontece porque a caracterização de um imóvel como urbano ou rural é feita conforme exposto no artigo 32 da Lei n. 5.172/66. Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. (BRASIL, 1966a) O artigo 1º da Lei do Inquilinato rege as locações de imóveis urbanos ou rurais de posse particular, de pessoa física ou jurídica. Fora isso, o respaldo legal é dado pelo Código Civil em seus artigos 565 a 578, ou por alguma lei específica, indicada de acordo com cada caso. Administração de imóveis 21 1.3.2 Lei da Arbitragem Segundo Carmona (2004), a arbitragem é uma forma alternativa para solucionar conflitos por meio de uma convenção privada, sem a participação do Estado, e levando a uma decisão eficiente e rápida às partes envolvidas. Já Alvim (2004) ensina que a arbitragem envolve pessoas que julgarão os litígios, e que elas devem ser de confiança dos envolvidos e possuir aptidão para tratar o assunto com seriedade, buscando, em conjunto, a resolução do conflito gerado. Diante do exposto, percebemos que a arbitragem tem o papel de transferir para terceiros a função de julgar, algo restrito ao Estado. Entretanto, é importante frisar que essa transferência de função deve estar dentro dos parâmetros determinados pela legislação, ou seja, a atuação deve se ater apenas aos conflitos simplificados que não exigem especialidades jurídicas aprofundadas. De acordo com o artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei n. 9.307/96, as partes poderão “escolher livremente as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública” (BRASIL, 1996). Porém, para que isso possa ocorrer, é necessário que as partes constituam cláusula compromissória ou compromisso arbitral, em que existirá convenção sobre um contrato, havendo o compromisso de submissão à arbitragem, conforme consta no artigo 4º da mesma lei. Essa convenção de compromisso arbitral pode ser judicial ou extrajudicial, sendo realizada na assinatura do contrato, diferentemente da cláusula compromissória, que é feita posteriormente. A escolha de árbitros pode ser de forma livre, desde que a pessoa selecionada seja capaz ou de confiança das partes envolvidas e não esteja impedida de atuar, conforme o artigo 13 da Lei n. 9.307/96. É interessante destacar que, em um tribunal arbitral, o que fica decidido tem o mesmo efeito de uma sentença dada pelo 22 Administração de imóveis e locação Poder Judiciário. Por isso, a arbitragem é um ato de extrema responsabilidade e requer ética por parte dos envolvidos no processo. Segundo Pinheiro (2005), cerca de 90% dos contratos de comércio internacional têm em seu teor cláusulas para ações de arbitragem. No Brasil, isso tem aumentado nos contratos, mas ainda é algo novo e pouco usado. Contudo, é importante ressaltar que o uso da arbitragem é uma solução extremamente eficiente para a resolução de conflitos de contratos. Ainda há, no país, a cultura de que a resolução de conflitos deve ser feita somente perante os advogados e o Poder Judiciário. É preciso disseminar a ideia de que existem soluções mais práticas e rápidas, aplicáveis a muitas situações por meio da intervenção do processo de arbitragem. O Brasil deve se espelhar em países que possuem instituições especializadas em arbitragem, e isso, aos poucos, começa a acontecer, o que irá facilitar e desafogar os processos, resultando em resoluções de conflitos melhores e mais ágeis. Considerações finais É necessário entender a importância de todos os aspectos que permeiam a administração de imóveis, pois estamos inseridos em um mercado bastante competitivo, formado por clientes cada vez mais exigentes. Dentro dessa realidade, lidamos com pessoas e sonhos, e isso é algo que deve ser levado em consideração quando se deseja estabelecer boas negociações e realizar a busca por imóveis adequados a cada tipo de cliente. O mercado imobiliário cresce e está em constante mudança, por isso, seguir as leis e as regras é fator fundamental para manter a credibilidade e a confiança do público em um negócio. Não pretendemos, aqui, fazer uma análise aprofundada sobre questões do Direito, área na qual existem diversos doutores e Administração de imóveis 23 especialistas, mas sim mostrar que existem opções nas resoluções de conflitos e que isso merece atenção. Administrar imóveis é uma atividade para aqueles que buscam aprimoramento constante e desejam ser os melhores em um mercado competitivo e que não para de se reinventar. Ampliando seus conhecimentos • MALA Direta 54 – Como Administrar Imóveis. 2016. 1 vídeo (14 min.). Publicado pelo canal TV Creci Rio. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SnwbfMPDKPc. Acesso em: 29 ago. 2019. Este vídeo apresenta as atribuições inerentes à Lei do Corretor de Imóveis, principalmente no que tange à administração de imóveis no contexto do mercado atual. • ARANTES, Carlos Augusto; MOLINA, Manuel Gonçalo Alcázar. Manual de avaliação de bens imóveis. São Paulo: Leud, 2017. Esta obra aborda diversas metodologias avaliatórias utilizadas no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Seu conteúdo não pretende confrontar as normativas técnicas existentes para avaliação de bens existentes em nosso país, mas deseja apresentar outras metodologias para o conhecimento do leitor, além das já usualmente difundidas. Atividades 1. Dentro do contexto de administração de imóveis, é necessário seguir deveres claramente expressos. Conforme o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Quais são esses deveres? https://www.youtube.com/watch?v=SnwbfMPDKPc 24 Administração de imóveis e locação 2. A administração de imóveis é algo essencial em um mercado altamente competitivo e que exige diferenciais no atendimento e na postura dos profissionais. Com isso, qual a melhor definição de administrar, considerando o contexto do mercado imobiliário? 3. Uma das grandes estratégias dentro do mercado atual é a capacitação para analisar e prospectar clientes e imóveis. Defina prospectar com base nessa premissa. Referências ALVIM, José Eduardo Carreira. Direito Arbitral. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o sistema tributário nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília, DF, 27 out. 1966a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm. Acesso em: 30 ago. 2019. BRASIL. Lei n. 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo, e dá outras providências. Brasília, DF, 27 dez. 1966b. http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L5194.htm. Acesso em: 30 ago. 2019. BRASIL. Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobreas locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8245.htm. Acesso em: 12 ago. 2019. BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a arbitragem. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm. Acesso em: 30 ago. 2019. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 30 ago. 2019. CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei n. 9.307/96. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm Administração de imóveis 25 COFECI-CRECI. O futuro da profissão . Brasí lia: 2010. Disponível em: http://www.cofeci.gov.br/index.php?option=com_ content&view=category&id=67&Itemid=313. Acesso em: 30 ago. 2019. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. LINDENBERG FILHO, Sylvio de Campos. Guia pático do corretor de imóveis: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2006. LOUREIRO, Luiz Guilherme. Curso completo de Direito Civil. São Paulo: Método, 2007. NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil comentado. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. PINHEIRO, Luís de Lima. Arbitragem transnacional: a determinação do Estatuto da Arbitragem. Lisboa: Almedina, 2005. 2 Tipos de locação Conhecer a fundo os tipos de locação é um requisito essencial para compreender os aspectos legais e estratégicos acerca desse tema. Ao entendermos suas especificidades e variações, adquirimos a capacidade necessária para desenvolver estratégias apropriadas e, assim, oferecer a solução mais adequada para cada cliente. Precisamos ter em mente que cada tipo de locação possui suas próprias regras, pois esse será o foco da nossa análise. Sendo assim, tomaremos como base o Código Civil e as leis voltadas ao segmento. Nas próximas páginas, abordaremos minuciosamente as locações residencial, por temporada e não residencial. 2.1 Locação residencial A locação é o contrato em que uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição (BRASIL, 2002). Podemos ver que o locador e o locatário versam como partes do contrato de locação, sendo que o locador cede a posse do bem de sua propriedade (ou de terceiros, como em caso de usufruto), e o locatário o remunera por meio do pagamento de aluguel. Quanto ao uso de imóvel urbano, a locação pode ser residencial ou não residencial, sendo regida pelos artigos 46 e 47 da Lei n. 8.245/91. No primeiro artigo, observamos que os contratos cujas locações foram realizadas formalmente com prazo igual ou superior a 30 meses se encerram ao fim do período estipulado, independentemente de notificação ou aviso. Caso o locatário continue no imóvel por mais de 30 dias após o encerramento do 28 Administração de imóveis e locação prazo acordado sem a oposição do locador, fica subentendida a prorrogação por prazo indeterminado, e as demais condições do contrato são mantidas. Vale ressaltar que se a prorrogação acontecer de fato, o locador poderá encerrar o contrato a qualquer tempo, devendo conceder 30 dias para desocupação do imóvel. Já o artigo 47 trata dos casos em que o contrato foi firmado verbalmente ou por escrito e com prazo inferior a 30 meses. Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a 30 meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga-se automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel: I - Nos casos do art. 9.º; II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário, relacionada com o seu emprego; III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio; IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado à exploração de hotel ou pensão, em cinquenta por cento; V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos. § 1.º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser judicialmente demonstrada, se: a. O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel, estiver ocupando, com a mesma finalidade, outro de sua propriedade situado na mesma localidade ou, residindo ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel anteriormente; b. o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada, residir em imóvel próprio. § 2.º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter irrevogável, com Tipos de locação 29 imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo. (BRASIL, 1991) Ao aprofundarmos a leitura da lei, Silveira (2015) enfatiza que encontraremos quatro hipóteses em relação ao contrato de locação. • Contratos fixados por 30 meses ou mais: se as partes envolvidas não se manifestarem por mais de 30 dias, o contrato é rescindido ao final do prazo e sua prorrogação ocorre por tempo indeterminado, cabendo, para fins de desocupação, uma comunicação sem motivo específico ou “vazia” por parte do locador, que pode ser feita a qualquer momento, em que são dados 30 dias de prazo para a saída do locatário. É importante frisar que em ação de despejo o locatário terá 6 meses para desocupar o imóvel, caso esteja de acordo com os termos da ação. • Contratos fixados por menos de 30 meses: nessa modalidade, há a prorrogação automática e por prazo indeterminado ao final do contrato. Aqui, a retomada do imóvel deve ser motivada; é a conhecida “denúncia cheia”, plausível no caso de uso próprio, de reforma etc. É importante destacar que, embora a duração seja inferior a 30 meses, se a locação ultrapassar 5 anos contínuos, a rescisão do contrato poderá ser imotivada. • Contratos fixados antes da Lei n. 8.245/91: no caso das locações antigas, com contrato de tempo indeterminado, a retomada do imóvel poderá ocorrer por meio de denúncia imotivada, com prazo de 12 meses para a desocupação. Entretanto, caso tenha ocorrido a revisão do aluguel, seja judicial ou amigável, nos 12 meses anteriores à lei, a retomada somente poderá ser solicitada por denúncia vazia e após 24 meses da revisão. • Livre negociação: para imóveis novos, após a vigência da Lei n. 8.245/91, resta livre o valor do aluguel, sendo que o 30 Administração de imóveis e locação prazo de reajuste e o índice de correção serão ajustados contratualmente. Entretanto, a nova lei proíbe o uso de moeda estrangeira, de variação cambial ou de variação do salário mínimo como base para estipular os reajustes. As modalidades de contrato explanadas nas páginas anteriores são amplamente conhecidas e utilizadas pelas administradoras de imóveis. A diversificação entre elas permite que cada formato seja ajustado ao perfil e à necessidade do cliente ou do mercado em atuação. 2.2 Locação por temporada Para se enquadrar nessa modalidade, é necessário que o contrato tenha duração máxima de 90 dias e que sua finalidade seja específica para atividades como curso, lazer, tratamento de saúde, construção de obra etc. O valor do aluguel e dos encargos pode ser cobrado de uma só vez e antecipadamente. Para compreender melhor as especificidades da locação por temporada, vamos acompanharos artigos 48 a 50 da Lei n. 8.245/91, transcritos a seguir: Art. 48. Considera-se locação para temporada, aquela destinada à residência temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão somente de determinado tempo, e contratada por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. Parágrafo único. No caso de a locação envolver imóvel mobiliado, constará do contrato, obrigatoriamente, a descrição dos móveis e utensílios que o guarnecem, bem como o estado em que se encontram. Art. 49. O locador poderá receber de uma só vez e antecipadamente os aluguéis e encargos, bem como exigir qualquer das modalidades de garantia previstas no art. 37 para atender as demais obrigações do contrato. Art. 50. Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oposição do locador por mais de trinta dias, presumir-se-á prorrogada a locação por tempo Tipos de locação 31 indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado do aluguel e dos encargos. Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador somente poderá denunciar o contrato após trinta meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47. (BRASIL, 1991, grifo nosso) A modalidade em questão não poderá ser utilizada caso a atividade seja de comércio. Além disso, é essencial que o contrato seja devidamente formalizado, ou seja, feito por escrito, a fim de proteger as partes pelo período acordado para locação. Outro ponto que deve ser mencionado com destaque é o caso de a locação envolver imóvel mobiliado. Nesse caso, é imprescindível que conste, com detalhes, a descrição de todos os móveis e utensílios que estão no imóvel, bem como o estado em que se encontram. Vale frisar que omitir esse requisito não desclassifica a modalidade de locação, porém pode gerar recomposição de danos. Também é importante que esteja incluso o valor de cada bem, além de especificações como marca, modelo e outras informações que sejam pertinentes para que o bem possa ser restituído em caso de perda, dano ou extravio. Venosa (2006) enfatiza que a lei não anula o contrato sem as devidas descrições, levando o locador a usar de ação indenizatória por respectivos danos ao patrimônio. Na Lei do Inquilinato, temos uma exceção dada pelo artigo 43, que trata da questão de pagamento de aluguel com antecedência, enfatizando que o prazo do valor a ser cobrado não pode exceder 90 dias. Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário: [...] III - cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da locação para temporada. (BRASIL, 1991) 32 Administração de imóveis e locação Se a antecipação dessa cobrança for superior a 90 dias, o contrato enquadra-se como locação residencial e tal fato é visto como contravenção penal, conforme o artigo 43 da Lei do Inquilinato. O locador pode, ainda, exigir uma garantia de locação, que serve para resguardar possíveis problemas que o locador possa ter com a locação. O artigo 50 determina algo muito importante dentro da Lei do Inquilinato. Art. 50. Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oposição do locador por mais de trinta dias, presumir-se-á prorrogada a locação por tempo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado do aluguel e dos encargos. Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador somente poderá denunciar o contrato após trinta meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47. (BRASIL, 1991) Já o artigo 59 versa sobre a utilização da ação de despejo na locação por temporada. Assim, vemos que a locação pode passar para prazo indeterminado no caso de, em um prazo superior a 30 dias, o locador não se opor. Caso ocorra essa prorrogação, o contrato somente poderá ser denunciado após 30 meses do seu início. Vale lembrar que agir de má-fé, fazendo renovações constantes, enquadra-se em fraude, incorrendo em crime. A locação por temporada é muito comum, porém pode ser algo de custo elevado para se manter. Como exemplo, podemos citar uma casa de praia que é muito utilizada em alta temporada e fica vazia durante boa parte do ano, incorrendo em custos sem entradas de aluguel. Geralmente, esse tipo de locação tem como foco gerar renda, o que torna essencial avaliar os demais imóveis na região e verificar o preço praticado, para que seja possível maximizar o resultado financeiro no período de locação. Tipos de locação 33 2.3 Locações não residenciais e especiais Na locação comercial ou não residencial, o locatário monta seu estabelecimento comercial no imóvel locado, criando ali o seu fundo de comércio. O contrato de locação comercial também terá prorrogação caso as partes não se manifestem até o prazo de finalização do contrato inicial, conforme o artigo 56 da Lei n. 8.245/91. Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado. (BRASIL, 1991) Uma diferença interessante que notamos aqui é que na locação comercial o imóvel pode ser retomado por meio de denúncia, sem se levar em consideração os prazos estipulados. Sendo assim, o locador dá um aviso de 30 dias para a desocupação do imóvel, e o ajuizamento da ação de despejo ocorrerá dentro de 30 dias para que não perca sua eficácia legal. De acordo com Silveira (2015), devemos observar também as seguintes hipóteses para o contrato de locação não residencial: Locação comercial: O contrato para este tipo de locação pode ser feito por qualquer prazo, com prorrogação por tempo indeterminado, se quando na época do término as partes ficarem silentes por mais de trinta dias. Depois de transcorrida a prorrogação é cabível, a qualquer tempo, denúncia imotivada para desocupação, porém o locatário que tenha o contrato escrito por mais de cinco anos ininterruptos pode conseguir judicialmente a renovação do contrato, nos termos do artigo 49 da Lei n.º 8.245/1991. Locação não residencial civil: Escritórios, estúdios, consultórios etc. sem fim lucrativo, não têm direito à ação 34 Administração de imóveis e locação renovatória; equipara-se à locação comercial, com denúncia imotivada para desocupação. Locação não residencial especial: Hospitais, creches, asilos, escolas e entidades religiosas são disciplinados pelos artigos 53 e 63 da Lei n.º 8.245/1991. Não caberá aqui a denúncia imotivada para desocupação. Locação de benefício ou vantagem profissional indireta: Artigo 55 da Lei n.º 8.245/1991 – Locação destinada ao uso dos empregados ou diretoria da empresa locatária. Normas conforme a locação comercial. (SILVEIRA, 2015, p. 73) Nas locações especiais, a regra específica relativa a esses estabelecimentos é prevista no artigo 53 da Lei do Inquilinato (Lei n. 8.245/91), sendo considerada uma proteção ao inquilino. Ela garante que o contrato de locação não possa ser desfeito, salvo se de comum acordo entre as partes ou por infração contratual. No tocante às denúncias, temos três tipos, chamados de denúncias cheias: para demolição, para edificação licenciada ou para reforma que tenha, no mínimo, um aumento de 50% de área útil. A lei deixa claro que o grande foco é o social, pois alguns estabelecimentos têm grande importância dentro desse contexto. É fato que a interpretação da lei pode ser complexa ao se avaliar quais estabelecimentos devem ou não ser beneficiados, porém alguns apresentam clareza em sua essência, por exemplo, asilos e creches. Venosa (2006) enfatiza que os estabelecimentos de ensino e saúdetêm particularidades legais quando fiscalizados pelo Poder Público: Não é qualquer autorização e fiscalização dos Poderes Públicos, já que todo imóvel e toda atividade se acham direta ou indiretamente autorizados e fiscalizados. Embora se amplie o horizonte protetivo, continuam fora dessa proteção os cursos que ministram aulas privadas ou conhecimentos que independem de qualquer autorização ou fiscalização, como corte e costura, cursos livres de informática, de arte, de atividade profissionalizante sem qualquer ligação oficial como escolas de cabeleireiros, empregados domésticos etc. (VENOSA, 2006, p. 248-249) Tipos de locação 35 Perceba que a lei é clara na questão de quais empresas ou organizações têm proteção inquilinária. No caso de escolas maternais, existe esse precedente, pois entendemos que a criança precisa desse cuidado, mesmo que ele tenha um formato lúdico ou de lazer. Ademais, a jurisprudência já declarou indevida a proteção inquilinária prevista no artigo 53 para as escolas maternais. Já foi decidido que as “escolas maternais, destinadas exclusivamente ao lazer e à recreação, não se inserem no conceito de estabelecimento de ensino, não estando, por isso, protegidas pela lei do inquilinato, podendo ser despejadas imotivadamente” (RT 607/133). Não vemos sentido para essa interpretação. A fase maternal faz parte da educação das crianças, importante para seu desenvolvimento. Restringir essa proteção vai a desacordo com o princípio trazido pelo dispositivo legal (art. 53 da Lei n.º 8.245/1991). Esse entendimento fica ainda mais claro já que as pré-escolas gozam, segundo a jurisprudência, desse amparo legal. Esse já foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (Resp 182.873/RS, 6.ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 24/08/1999). (GOMIDE, 2012, p. 86) Já a proteção para as unidades de saúde se deve à dificuldade em remover pacientes que poderiam ter seu quadro clínico agravado; as unidades de saúde têm essa exceção dentro das questões legais. Porém, algumas clínicas podem não ter esse benefício, visto que grande parte delas possui foco comercial, e não social, não havendo, portanto, problemas de deslocamento ou com pacientes. Mesmo assim, é importante que cada caso seja analisado com cuidado e de forma criteriosa. Quanto aos lojistas e empreendedores de shopping centers, há algo atípico relacionado. Nesses casos, prevalecerão as condições pactuadas nos contratos de locação e as condições previstas no artigo 54 da Lei do Inquilinato. O contrato de locação celebrado entre o empreendedor e o lojista é na verdade um contrato atípico (não tipificado em lei), pois gera obrigações diversas daquelas ordinariamente previstas entre locador e locatário. O primeiro deverá 36 Administração de imóveis e locação obrigar-se na manutenção da limpeza e conservação das partes comuns, zelando ainda pelo bom funcionamento dos aparelhos de iluminação e hidráulica. Para todos os efeitos, todas as despesas cobradas do locatário devem ser previstas em orçamento, ou justificadas. Ao segundo é incumbida a manutenção de vitrines de acordo com padrões do shopping, contribuições e fundos para promoção coletiva, e até pagamento de décimo terceiro aluguel. Condições, portanto, atípicas ao contrato de locação dito comum. (GOMIDE, 2012, p. 86, grifo nosso) O pagamento do aluguel pode ser dividido em três partes, sendo: uma ajustada em contrato e de valor fixo; outra variável e ligada diretamente ao faturamento do empreendimento; e a última baseada na publicidade, ou seja, no que se espera da empresa. Isso pode ser verificado com facilidade em shopping centers, pois quem loca o espaço comercial tem um pacote de benefícios que acompanha essa locação, o que, inclusive, ressalta fatores como a facilidade de circulação de pessoas e a segurança. É evidente que esses benefícios vêm acompanhados de regras e procedimentos que, se descumpridos, levam à denúncia do contrato de locação. Algo que acontece em shopping centers é a famosa abertura aos domingos, tendo como regra o decidido no Superior Tribunal de Justiça. É certo que em locação em shopping center admitem-se normas complementares estabelecida em documento aparato, contendo obrigações que integram o contrato de locação e que devem ser adimplidas pelo locatário, mediante singela declaração de que as conhece e se lhes submete; e que cabe a sua administração estabelecer os horários de funcionamento, cumprindo aos lojistas locatários ou não, respeitá-los integralmente. (AgRg no Ag 506.474/RJ, 5.ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 03.03.2005). (GOMIDE, 2012, p. 87) Também podemos observar esse assunto na pauta jurisprudencial: Tipos de locação 37 Em razão da liberdade de se estabelecer acordos entre lojistas e empreendedores, a jurisprudência reconhece a validade de uma série de cláusulas. Entre elas: • A cláusula que proíbe ao lojista locatário abrir novo estabelecimento comercial com o mesmo ramo de atividade nas proximidades do shopping. (STJ, REsp 123.847/SP, 6.ª Turma, Rel. Min. Vicente Leal, j. 17.06.1997) • A cláusula que admite o pagamento do valor referente ao fundo de promoção, previsto na Escritura Declaratória de Regulamentação das Locações do Shoppings Centers. (2.º TAC/SP, Ap. s/ Rev. 706.908-00/4 – 7.ª Câm. – Rel. Des. Regina Capistrano – j. 31.01.2005) • A cláusula que determina a cobrança de caução a título de reserva de futura ocupação de loja comercial (res sperata) para consecução de recursos financeiros até a conclusão do empreendimento. (2.º TAC/SP, Ap c/ Rev. 689.693-00/0 – 10.ª Câ. – Rel. Juiz Emanuel Oliveira – j. 15.12.2004). (GOMIDE, 2012, p. 87) A liberdade contratual entre as partes é a capacidade para estabelecer regras e condições previamente acordadas, o que garante melhores resultados no processo de locação. Todas essas questões precisam ser avaliadas e estudadas antes da tomada de decisão, evitando problemas futuros e garantindo a eficácia do contrato. Considerações finais Um profissional capacitado precisa entender os aspectos que permeiam a locação de imóveis. Por isso, buscamos apresentar as leis e regras pertinentes a esse segmento, bem como suas vertentes no cenário imobiliário. Buscamos também explanar esses aspectos de maneira objetiva, o que nos instiga a pesquisar sobre o tema. Afinal, os clientes e o mercado estão cada vez mais exigentes, por isso precisamos estar preparados para entender essa dinâmica e propor as melhores soluções. 38 Administração de imóveis e locação Sendo assim, não findamos esse estudo por aqui. É preciso ampliar os conhecimentos e entender a fundo os tipos de locação. Com isso em mente, estaremos seguros e aptos a atuar com excelência em nosso setor. Ampliando seus conhecimentos • LEI de Inquilinato - Noções Gerais. 1 vídeo (15 min). Publicado pelo canal Trilhante. 12 nov. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=u3tNMPRAQ9w. Acesso em: 3 set. 2019. Com uma linguagem bastante acessível e esclarecedora, este vídeo traz alguns conceitos essenciais sobre a Lei do Inquilinato e ressalta a sua importância no contexto dos contratos de locação. • SANTOS, Gevany Manoel dos. Nova locação de imóveis urbanos. São Paulo: LTR, 2001. A obra apresenta as novas dinâmicas e legalidades da locação de imóveis urbanos, incorporando todas as minúcias do mercado imobiliário – um conhecimento de extrema importância para quem deseja atuar nesse setor. Atividades 1. Sabemos que no contrato de locação existirão as partes, locador e locatário, que estarão sujeitas às leis e normas especificadas e acordadas. Nesse sentido, considerando um imóvel urbano, quais são os tipos de locação? Conceitue cada um deles. 2. Quais as quatro hipóteses que precisam ser levadas em conta na locação de um imóvel residencial urbano comum. Tipos de locação 39 3. O que é um contrato de locação por temporada e quais são as especificidades atribuídas a ele? Explique sua resposta. ReferênciasBRASIL. Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8245.htm. Acesso em: 3 set. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 3 set. 2019. GOMIDE, Alexandre Junqueira. Administração de imóveis e locações. 1. ed. rev. Curitiba, PR: IESDE Brasil, 2012. SILVEIRA, Cátia Boaventura Marques. Administração de condomínios e locação de imóveis. Minas Gerais: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 2015. VENOSA, Sílvio de Salvo. Lei do inquilinato comentada: doutrina e prática. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm 3 Condomínios e síndicos A ampla gama de temas acerca da administração de imóveis e de locação instiga a busca de conhecimentos cada vez mais aprofundados sobre as leis e as variações a respeito desse assunto. A vida em condomínio é permeada por vários processos, que envolvem regras, leis e o convívio social, sendo este último algo muito importante, que ressalta a necessidade de tomarmos cuidados especiais para evitar contratempos. Nesse contexto, o síndico tem papel fundamental, uma vez que entre suas obrigações está o contato com os funcionários e os condôminos, fazendo valer aquilo que é votado por todos os membros participantes do condomínio. Ainda considerando esse cenário, também é preciso atentar às garantias na locação para assegurar que não ocorram problemas com o locatário durante o contrato. 3.1 Os condomínios Na concepção de Silveira (2015), o condomínio é visto como o direito de propriedade em que existe a participação de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo, utilizando um espaço ou bem indiviso. Construções de prédios de apartamentos ou de conjuntos de casas em um mesmo terreno têm sido cada vez mais frequentes nas cidades, devido à segurança, ao custo reduzido, entre outros tantos benefícios que esses tipos de imóveis oferecem. A convivência dentro de um mesmo condomínio, entretanto, não é tão simples, ainda mais quando existem muitos moradores, pessoas das mais diferentes culturas, educação, sociabilidade, raças, valores e até mesmo classe social. (SILVEIRA, 2015, p. 17) 42 Administração de imóveis e locação Para estabelecer uma convivência harmônica dentro desses ambientes, é necessário elaborar regras específicas, que sejam capazes de evitar problemas nas relações. Nesse sentido, para garantir os procedimentos corretos de conduta, existe a chamada convenção de condomínio, um conjunto de normas desenvolvidas com base na Lei n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964, e de acordo com o Código Civil brasileiro. Ao adquirir ou locar um imóvel, Gonçalves (2012) explica que o comprador ou locatário aderem aos termos da convenção de condomínio e que as regras nela contidas são criadas ainda na planta da construção. Ele explana também sobre o registro dessas diretrizes, que se dá em órgãos competentes para tal, como o cartório de registro de imóveis e a prefeitura. Silveira (2015) considera que as atribuições da convenção de condomínio devem: Discriminar e particularizar as áreas privativas e as de uso comum. Estabelecer a forma de utilização dos objetos e serviços comuns. Definir as funções das diferentes partes (moradores, síndico e funcionários). Indicar o modelo de escolha do conselho consultivo e do síndico, fixando suas atribuições e especificando se o trabalho desse será remunerado. Estabelecer o quórum e determinar o procedimento necessário para alterar1 a convenção do condomínio. 1 Todas as alterações feitas na convenção de condomínio devem ser registradas em cartório de registro de imóveis. Condomínios e síndicos 43 No tocante às finanças, Silveira (2015) ressalta que a convenção deve contemplar a relação da forma e da proporção das liquidações de gastos com despesas ordinárias e extraordinárias e, por fim, determinar a contribuição para a composição do fundo de reserva. Porém, somente a convenção não é o suficiente para assegurar a boa convivência. Somado a ela, está o regimento interno, documento que deve ser do conhecimento de todos os moradores do condomínio – sejam proprietários ou locatários, sem exceções –, e que estabelece procedimentos e regras como a entrada de visitantes no estacionamento, o uso, após as 22 horas, de equipamentos que emitam ruídos (furadeiras, aparelhos de som etc.) e a colocação de objetos nas janelas e nos parapeitos. Todas essas informações, assim como as tomadas de decisões, podem ser estabelecidas por meio das assembleias, que consistem em reuniões de moradores, sejam proprietários ou locatários, nas quais são previstas a explicação detalhada das normas e a deliberação de assuntos de interesse comum. As leis para regular a vida em condomínio são definidas pelos condôminos mediante decisões que somente serão passíveis de anulação por decisão judicial ou por evento de deliberação em assembleia posterior, a qual pode ocorrer em três formatos distintos: geral ordinária, extraordinária ou especial. Conheça, a seguir, as particularidades de cada uma delas. Assembleia Geral Ordinária: acontece normalmente uma vez ao ano para que seja apresentada a prestação de contas anual com exercício encerrado e para que sejam discutidas e aprovadas as verbas para as despesas do novo exercício, bem como a eleição do síndico. Só não é necessária a procuração do locador para o locatário votar nesta assembleia quando o assunto discutido for a aprovação das contas do condomínio. Assembleia Geral Extraordinária: é a reunião convocada pelo síndico ou por ¼ dos condôminos para tratarem de decisões urgentes de interesse do condomínio, como aprovação ou alteração da convenção, alteração do 44 Administração de imóveis e locação regulamento interno, alteração da parte comum ou pintura, automação de portões e compra de interfones. Na assembleia extraordinária, para ter direito ao voto, o locatário deve apresentar uma procuração do locador. Assembleia Geral Especial: ocorre em casos especiais previstos em lei, como reconstrução (por exemplo, por sinistro total), alienação, concessão ou alteração do destino do bem. Para que o locatário participe e vote nessa assembleia, deve apresentar procuração do locador. (SILVEIRA, 2015, p. 25) Um detalhe significativo é que nas assembleias o síndico tem participação efetiva, exceto nos assuntos referentes a sua própria figura, garantindo, com isso, que os debates e as decisões sejam imparciais. 3.2 O papel do síndico Para melhor compreendermos o papel do síndico, precisamos analisar o capítulo VI, da Lei n. 4.591/64, e o artigo 1.347 e seguintes do Código Civil. Capítulo VI | Da Administração do Condomínio Art. 22. Será eleito, na forma prevista pela convenção, um síndico do condomínio, cujo mandato não poderá exceder dois anos, permitida a reeleição. § 1.º Compete ao síndico: a) representar ativa e passivamente o condomínio, em juízo ou fora dele, e praticar os atos de defesa dos interesses comuns, nos limites das atribuições conferidas por esta lei ou pela convenção; b) exercer a administração interna da edificação ou do conjunto de edificações, no que respeita a sua vigência, moralidade e segurança, bem como aos serviços que interessam a todos os moradores; c) praticar os atos que lhe atribuírem as leis, a convenção e o regimento interno; d) impor as multas estabelecidas na lei, na convenção ou no regimento interno; Condomínios e síndicos 45 e) cumprir e fazer cumprir a convenção e o regimento interno, bem como executar e fazer executar as deliberações da assembleia; f) prestar contas à assembleiados condôminos; g) manter guardada durante o prazo de cinco anos para eventuais necessidades de verificação contábil, toda a documentação relativa ao condomínio (alínea incluída pela Lei n.º 6.434, de 15 de julho de 1977). § 2.º As funções administrativas podem ser delegadas a pessoas de confiança do síndico, e sob a sua inteira responsabilidade, mediante aprovação da assembleia geral dos condôminos. § 3.º A convenção poderá estipular que dos atos do síndico caiba recurso para a assembleia, convocada pelo interessado. § 4.º Ao síndico, que poderá ser condômino ou pessoa física ou jurídica estranha ao condomínio, será fixada a remuneração pela mesma assembleia que o eleger, salvo se a convenção dispuser diferentemente. § 5.º O síndico poderá ser destituído pela forma e sob as condições previstas na convenção ou, no silêncio desta, pelo voto de dois terços dos condôminos presentes em assembleia geral especialmente convocada. § 6.º A convenção poderá prever a eleição de subsíndicos, definindo-lhes atribuições e fixando-lhes o mandato, que não poderá exceder de dois anos, permitida a reeleição. Art. 23. Será eleito, na forma prevista na convenção, um conselho consultivo, constituído de três condôminos, com mandatos que não poderão exceder dois anos, permitida a reeleição. Parágrafo único. Funcionará o conselho como órgão consultivo do síndico para assessorá-lo na solução dos problemas que digam respeito ao condomínio, podendo a convenção definir suas atribuições específicas (BRASIL, 1964). A gestão e o controle do condomínio são feitos pelo síndico, que é eleito por meio das assembleias para uma atuação de até dois anos, tendo direito à reeleição, conforme cita Silveira (2015). 46 Administração de imóveis e locação Para ser eleito, ele pode ou não ser morador do condomínio, sendo elegíveis pessoa jurídica ou física. O síndico também precisa defender os interesses dos moradores do condomínio, solucionar os conflitos, direcionar e cobrar os funcionários, negociar com os fornecedores e ouvir os moradores. Citando o artigo 1.348 do Código Civil, Silveira (2015) apresenta as competências do síndico: • Representar o condomínio, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele; • Praticar atos de defesa dos interesses comuns atribuídos por lei, convenção ou regimento interno; • Exercer a administração interna da edificação quanto à sua vigilância, moralidade e segurança; • Impor multas estabelecidas por lei, convenção ou regimento interno; • Cumprir e fazer cumprir o estipulado em convenção, regimento interno e assembleias; • Prestar contas à assembleia do condomínio; • Guardar durante cinco anos a documentação relativa ao condomínio. (SILVEIRA, 2015, p. 29-30) Em seu artigo 1.349, o Código Civil traz uma inovação em relação à Lei n. 4.591/64 ao apresentar a forma de destituir o síndico caso este pratique irregularidades na gestão, indicando que a destituição deve ocorrer por meio de assembleia, pela maioria absoluta de membros. 3.3 Garantias da locação e benfeitorias Dentro da locação, muitas vezes, é necessário ter garantias a fim de evitar problemas posteriores, principalmente quando se trata de inadimplência. O artigo 37 (parágrafo único) e o artigo 38, da Lei n. 8.245/91, preveem quatro modalidades de garantias para que não haja riscos ou problemas no contrato de locação. Essas garantias ampliam o cuidado na efetivação da locação, mas não podem assegurar Condomínios e síndicos 47 que o pagamento será feito dentro dos prazos estabelecidos; daí a importância de selecionar criteriosamente os inquilinos de um imóvel. Entretanto, é interessante frisar que não é permitido exigir mais de um tipo de garantia e que, caso isso ocorra, haverá a nulidade do contrato. Conheça as quatro modalidades de garantia, apresentadas por Silveira (2015): Caução: pode ser efetuada por meio de dinheiro ou de bens. Se realizada em dinheiro, há a possibilidade de efetuar um depósito na caderneta de poupança, com o valor máximo equivalente a três meses de aluguel. Nesse caso, o locador precisa utilizar o dinheiro com base nas regras legais e pode pagar multa caso use-o de maneira indevida. Caso a caução seja feita utilizando bens, ações ou títulos, os parágrafos 1.º a 3.º do artigo 38, da Lei n. 8.245/91 presumem que estes sejam substituídos, em até 30 dias, no caso de falência, recuperação judicial ou extrajudicial, ou quando houver a liquidação da sociedade emissora. Essa substituição se dá para que a dívida possa ser liquidada sem maiores problemas. Garantia fidejussória: neste caso, há a representação de uma pessoa (chamada de fiador) ou mais que assumem a responsabilidade de pagar os débitos, de maneira solidária e prevista em contrato, caso o locatário não consiga efetuá-los. Esse processo dura até o final do contrato, ou seja, até o locatário entregar as chaves ao locador e finalizar o contrato de locação. Aqui temos que atentar para uma questão sobre o fiador, uma vez que os juízes têm tirado sua obrigação de arcar com os débitos, conforme mostram as Revistas dos Tribunais (RTs) 440:163, 358:437, 368:124, 381:458, 390:246, 457:146. De acordo com a Súmula n. 214, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), “O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”. Os artigos 82, da Lei n. 8.245/91, e 818, do Código Civil, consideram que, por ser menos onerosa para o locatário e 48 Administração de imóveis e locação normalmente mais segura para o locador, a garantia fidejussória é a mais usual nos contratos de locação. A Lei n. 12.112/2009 altera dispositivos da Lei n. 8.245/91, principalmente nos pontos relacionados à exoneração do fiador. Em algumas circunstâncias, para contratos de locação residencial, ele deverá notificar o locador sobre sua intenção e, assim, eximir-se da fiança. Situações como o falecimento do locatário ou a separação do casal de locatários, devem ser comunicadas pelo locatário, por escrito, ao locador e aos fiadores. Cientes do ocorrido, caso tenham intenção de desobrigarem-se dos efeitos da fiança, terão o direito de notificar o locador sobre a sua exoneração em 30 dias. O fiador responderá pelos efeitos da fiança por 120 dias contados da notificação ao locatário. O locador, imediatamente após receber a notificação do fiador, deverá notificar o locatário para que este apresente em 30 dias um fiador idôneo em substituição para não incorrer em rescisão contratual. (SILVEIRA, 2015, p. 66) Na suposição de o contrato de locação vigorar por prazo indeterminado, o inciso X do artigo 40 da Lei n. 8.245/91 permite que o fiador notifique o locador sobre a sua pretensão de exonerar- -se desse encargo, lembrando que o fiador responde às obrigações assumidas pelo prazo de 120 dias após o recebimento da respectiva notificação. Seguro de fiança locatícia: segundo Silveira (2015), essa modalidade evita as dificuldades e os constrangimentos que podem ocorrer ao se buscar um fiador, pois as responsabilidades deste são atribuídas a um banco e o locatário deverá aceitar as condições contratuais oferecidas pela instituição bancária ou pela seguradora. É assegurado, mediante um prêmio, o pagamento de indenização dos prejuízos sofridos com a falta de pagamento do locatário ao locador, ou seja, o segurado. A taxa tem a finalidade de garantir o pagamento ao locador. (SILVEIRA, 2015, p. 66) Condomínios e síndicos 49 Nessa modalidade, a segurança é muito maior, porém incidirá um valor mais alto a ser pago pelo locatário, podendo, assim, haver um acréscimo de 10% com as despesas de locação. Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento: de acordo com Araújo Júnior (2013), por meio da Lei n. 11.196/2005 essa garantia, que também pode ser chamada de título de capitalização, é regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo Banco Central do Brasil (BC) e pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), cada qual com suas responsabilidadese atribuições. Vale salientar que a CVM, por sua vez, dá autorização às instituições financeiras para a gestão de carteiras de títulos, com foco em gerar um fundo de investimento que consistirá em cessão fiduciária como garantia da locação. Esse tipo de garantia se dá com o registro do contrato de locação junto ao administrador do fundo. Registro esse que pode ser feito pelo titular das cotas, que poderá ser o locatário ou um terceiro que faça parte do contrato de locação, na condição de garantidor. Com isso, é confeccionado um “termo de cessão fiduciária”, juntamente com uma via do contrato de locação, ficando, assim, constituída em favor do locador, proprietário, a propriedade resolúvel das cotas, o que significa dizer que se o locatário se tornar inadimplente, ou seja, incorrer em mora, o locador poderá requisitar a transferência das quotas em valor que seja suficiente para o pagamento da dívida, podendo mantê-las aplicadas ou restituindo-as, conforme as regras do mercado financeiro. Tecnicamente, caso o locatário se torne inadimplente, ficando em mora com o locador, poderá este notificar extrajudicialmente o cedente (em caso de ser este um terceiro garantidor) e o locatário, que terão o prazo de 10 dias para quitar integralmente a dívida; caso não cumprida a obrigação em 10 dias, o locador poderá exigir a transferência definitiva das quotas suficientes para a quitação do débito. (SILVEIRA, 2015, p. 68) Porém, isso não chega a impedir que incida uma ação de despejo ou que seja feita a cobrança quando o fundo de investimento não for suficiente para quitar os débitos. Também é necessário enfatizar 50 Administração de imóveis e locação que essa garantia tem riscos, pois é uma aplicação financeira e, assim sendo, sofre as variações de mercado. Além disso, em um contrato de locação, podemos ter as questões pertinentes às benfeitorias no imóvel, que normalmente são feitas por parte do locatário. Todas as obras que visam conservar, embelezar ou melhorar, na concepção de Barbosa e Lima (2004), são vistas como uma benfeitoria. As benfeitorias são realizadas para preservar a integridade do imóvel, resguardando-o de estragos e deteriorações ou, ainda, para melhorar aspectos visuais ou de estilo. O locatário, salvo disposição expressa em contrário, tem o direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias que realizar, inclusive com direito à retenção do imóvel, ainda que não autorizadas pelo locador. Quanto às benfeitorias úteis, empreendidas no imóvel, terá direito de ser indenizado, desde que tenha sido autorizado pelo locador. Já em relação às benfeitorias voluptuárias, por se tratar de adornos estéticos e itens de conforto, em nada beneficiam ou prejudicam ao proprietário ou locatário. Não precisam de autorização para serem inseridas no imóvel, mas também não dão direito a qualquer forma de compensação ou direito de retenção. Podem ser levantadas ao término da locação pelo locatário, desde que sua retirada não comprometa a estrutura do imóvel. Neste sentido, prescrevem os artigos 35 e 36 da Lei n. 8.245/1991. (SILVEIRA, 2015, p. 59) Com o exposto, compreendemos que as benfeitorias podem ser descontadas do aluguel, desde que sejam combinadas previamente ou estipuladas em contrato. Considerações finais Os condomínios trabalham pautados por normas e regras específicas para que exista harmonia no convívio social, na execução de serviços e em outras questões relacionadas à gestão. Condomínios e síndicos 51 Nesse sentido, compreendemos que o síndico é um gestor de extrema importância para direcionar os funcionários, cuidar das questões legais e manter a harmonia no convívio entre os moradores do condomínio. Vimos também que ele é eleito pela assembleia (que por sua vez é composta pelos moradores do condomínio) e tem grande responsabilidade com todos, sejam proprietários ou locatários. Além disso, tratamos das questões relacionadas às melhorias em imóveis, que podem elevar seu valor, além de propiciar a manutenção adequada do imóvel. Essas benfeitorias podem e devem ser descontadas do valor do aluguel, desde que isso seja de comum acordo entre locador e locatário. Ampliando seus conhecimentos • Direito para quem não sabe Direito. Locação residencial (contrato de aluguel). YouTube, 23 jul. 2015. (7m19s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qbu5EIJ15-Q Acesso em: 19 ago. 2019. Este vídeo busca apresentar as questões relacionadas à locação residencial, tratando principalmente dos pontos que envolvem a elaboração e a execução do contrato de locação. • MIRANDA, Pontes de. Locação de imóveis e prorrogação. Campinas: Servanda, 2004. Esta obra apresenta um estudo consistente do direito relativo à locação predial e explica o contrato de locação desde os primórdios, explicitando a sucessão histórica a partir do capitalismo romano até as desigualdades sociais. O livro abrange as causas de revogação, resolução e resilição, bem como analisa as categorias jurídicas das renovações, primordialmente, das prorrogações do contrato de locação, em conformidade com o Código Civil de 2002. https://www.youtube.com/watch?v=qbu5EIJ15-Q 52 Administração de imóveis e locação Atividades 1. Construções de prédios de apartamentos ou de conjuntos de casas em um mesmo terreno são cada vez mais frequentes nas cidades, devido à segurança e ao custo reduzido, entre outros tantos benefícios que esse tipo de imóvel oferece. Assim, os condomínios têm sido cada vez mais comuns nas cidades. Considerando isso, defina o termo condomínio. 2. As regras e normas precisam ser de conhecimento de todos os moradores do condomínio, sejam proprietários ou locatários. Essas informações e as tomadas de decisão podem ser feitas por meio das assembleias. Explique como elas são, quais as suas finalidades e a forma como ocorrem. 3. A gestão e o controle do condomínio são feitos pelo síndico, que é eleito por meio das assembleias para uma atuação de até dois anos, tendo o direito à reeleição, conforme cita Silveira (2015). Para ser eleito, ele pode ou não ser morador do condomínio, sendo elegíveis pessoa jurídica ou física. Ele também precisa defender os interesses dos moradores, solucionar os conflitos, direcionar e cobrar os funcionários, negociar com os fornecedores e ouvir os moradores. Cite quais são as atribuições necessárias ao síndico. Referências ARAUJO JÚNIOR, Gediel Claudino de. Manual de prática de locação: lei do inquilinato anotada: questões práticas e modelos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. BARBOSA, Mônica de Barros; LIMA, Carlos Eduardo de. A cartilha do ponto comercial: como escolher o lugar certo para o sucesso do seu negócio. São Paulo: Clio, 2004. Condomínios e síndicos 53 BRASIL. Lei Federal n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l4591.htm. Acesso em: 19 ago. 2019. BRASIL. Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8245.htm. Acesso em: 19 ago. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 19 ago. 2019. BRASIL. Lei Federal n. 12.112, de 9 de dezembro de 2009. Altera a Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991, para aperfeiçoar as regras e procedimentos sobre locação de imóvel urbano. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/ Lei/L12112.htm. Acesso em: 19 ago. 2019. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n. 214, de 2 out. 1998, Brasília, DF. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/
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