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Teoria Geral do Processo – Aula 5 AULA 1: AÇÃO E ‘AÇÃO’ E TEORIA DA DEFESA/EXCEÇÃO; PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS; TRÍPLICE ADEQUAÇÃO; DIREITO À AÇÃO, AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA Ideia-chave: O direito processual é o direito constitucional aplicado. DIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA O direito de acesso à justiça implica na destruição dos obstáculos econômicos e sociais que impedem os cidadãos de ter acesso à jurisdição, já que tais empecilhos negam o direito de usufruir de uma prestação social indispensável para o cidadão viver harmonicamente em sociedade. Esse direito toma a forma do direito de ação, que permite que os cidadãos provoquem o Poder Judiciário para que este resolva juridicamente suas disputas. DIREITO DE AÇÃO O direito de ação é o direito constitucional à tutela jurisdicional. É o direito de provocar o Poder Judiciário e também de se defender em juízo. No arco processual, a fase correspondente ao direito de ação é a fase de demanda, petitória. Nela, os autos do processo descreveram sua pretensão na causa de pedir, que será desdobrada em argumentos de fato e de direito. O pedido, então, será desdobrado em pedido de direito material, no bem que o autor irá querer. Após isso, o pedido será julgado e sentenciado. Constitucionalmente, esse direito está sendo garantido no seguinte dispositivo: É o princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário. A lei é impedida de negar ao cidadão acesso ao Poder Judiciário quando este alega lesão ou ameaça ao direito,. O direito de ação garante acesso ao Poder Judiciário, traduzindo-se em um direito ao ART 5 CF XXXV: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito Teoria Geral do Processo – Aula 5 processo, cujo requisito para o exercício seria apenas a simples afirmação unilateral de lesão ou ameaça a um direito. Essa acepção formal decorre de duas posições do Estado: ❖ De vedar a tutela privada. ❖ Instituir o Poder Judiciário como poder inerte, que não age de ofício, mas sim sob provocação dos interessados. DIREITO À AMPLA DEFESA Constitui o direito do demandado. É direito à resistência no processo, e, à luz da necessidade de paridade de armas no processo, deve ser simetricamente construído a partir do direito de ação. O direito à ampla defesa deve considerar as garantias constitucionais e os princípios e mecanismos técnicos-jurídicos necessários e suficientes para assegurar uma efetiva participação do réu na dialética do processo e na formação do convencimento do juiz. Não deve ser estudada somente a partir do binômio ação/defesa e, sim, inserindo-a entre os pilares de sustentação da atividade jurisdicional desenvolvida no processo. Sem a efetividade do direito de defesa, estaria comprometida a própria legitimidade do exercício do poder jurisdicional. Ação e defesa são posições inelimináveis do direito ao processo justo. A norma demonstra que a garantia incide em todo e qualquer processo judicial, inclusive no administrativo. Na segunda parte, a norma afirma que são assegurados o contraditório e a ampla defesa. Por ampla defesa deve-se entender o conteúdo de defesa necessário para que o réu possa se opor ao pedido de tutela jurisdicional do direito e à utilização de meio executivo inadequado ou excessivamente gravoso. A intenção é evitar que a lei ou o juiz limitem a defesa, restringindo a possibilidade de o réu provar, alegar, etc. Mesmo assim, entretanto, esse não é um direito absoluto. Há situações em que a ART 5 CF LIV: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal Exceção: tutela provisória Teoria Geral do Processo – Aula 5 limitação da defesa é necessária para permitir a efetividade da tutela do direito. Esse direito objetiva apenas a tutela jurisdicional que negue a tutela do direito solicitada pelo autor da demanda. O contraditório é a expressão técnico- jurídica do princípio da participação, isto é, do princípio que afirma que todo poder, para ser legítimo, deve estar aberto à participação, ou que sabe que todo poder, nas democracias, é legitimado pela participação. A garantia constitucional do contraditório se instrumentaliza, procedimentalmente em pelo menos cinco maneiras: ❖ Ter conhecimento do pedido e de seu fundamento ❖ Ser ouvido em juízo, com a oportunidade de contrapor-se ao pedido ❖ Oportunidade de fazer prova e de contrapor-se à prova, e acompanhar a aprova produzida ❖ Ter defesa técnica ❖ Oportunidade de recorrer da decisão de mérito PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS TEORIA DE BULOW Bulow tentou sistematizar a relação entre as partes processuais. Em sua obra, partiu da relação jurídica privada para conceitualizar, ou melhor, exprimir em conceitos gerais e abstratos, o que aconteceria entre o juiz e as partes. Para Bulow, os pressupostos processuais são elementos constitutivos da relação processual. Para ele, só existe relação processual ou processo quando os seus pressupostos estão presentes, de modo que não haveria como ter uma fase processual ou um processo destinado ao julgamento do mérito na ausência de pressuposto processual, pois nesse caso o processo não teria sido constituído. Chiovenda, em suas Instituições, disse que os pressupostos processuais seriam condições para que a obrigação do juiz de ART 5 CF LV: aos litigantes, em qualquer processo judicial, será garantido o contraditório e a ampla defesa Teoria Geral do Processo – Aula 5 se pronunciar sobre a demanda pudesse se constituir. Para Chiovenda, na ausência dos pressupostos processuais, o juiz não tem a obrigação de julgar a demanda. Na falta de uma dessas condições ou de um dos pressupostos processuais, deixa “de surgir a obrigação do juiz, de pronunciar-se sobre o mérito”, restando-lhe, todavia, a obrigação de enunciar a razão pela qual não pode pronunciar-se. O PROCESSO COMO PROCEDIMENTO EM CONTRADITÓRIO O processo é um método para decidir de forma racional um determinado conflito. Esse modelo foi pensado para países democráticos, sendo a autoridade obrigada a levar em consideração os argumentos levados a juízo pelas partes. Está relacionado, ainda, com os princípios do devido processo legal e acesso à justiça. Desse conceito decorre, também, a premissa de que o juiz não pode surpreender as partes. O artigo 10º do CPC também está em consonância ao princípio do contraditório e da ampla defesa dento das normas processuais fundamentais. Assim como o juízo não poderá decidir, em regra geral, sem ouvir a parte contrária, não poderá decidir com base em fundamento sobre o qual as partes não tenham se manifestado. Art. 10º CPC. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Teoria Geral do Processo – Aula 5 Segundo avedação da decisão surpresa, o juiz deve ouvir de maneira justa as partes envolvidas, fundamentando sua decisão apenas no que foi discutido. Antônio Passo Cabral traz à doutrina os conceitos de direito de influência e dever de debate, expressos no Código de Processo Civil. Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: § 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º, quando decidirem com fundamento neste artigo. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: II - Os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - Se limitar à indicação, à reprodução ouà paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - Empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestam a justificar qualquer outra decisão; IV - Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - Se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - Deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Teoria Geral do Processo – Aula 5 TRÍPLICE ADEQUAÇÃO Teoria Geral do Processo – Aula 5 Segundo a teoria de Galeno Lacerda, instrumento é conceito relativo, que pressupõe um ou mais sujeitos agentes, um objeto sobre o qual, mediante aquele, atua o agir, e uma finalidade que condiciona ação. Requisito fundamental para que o instrumento possa atingir e realizar seu objetivo há de ser, portanto, a adequação. Como são três os fatos a considerar a adequação se apresenta sob tríplice aspecto: subjetiva, objetivo e teleológica. Adequação Subjetiva: ponto de vista subjetivo, adequar o processo aos sujeitos, para garantir melhor acesso à justiça. Adequação Objetiva: adequações ao objeto, ao direito tutelado. Adequação Teleológica: ligada à finalidade, propósito do processo. TEORIA DA COGNIÇÃO Cognição é a técnica utilizada pelo juiz para, através da consideração, análise e valoração das alegações e provas produzidas pelas partes, formar juízos de valor acerca das questões suscitadas no processo, a fim de decidí-las. Teoria Geral do Processo – Aula 5 Teoria Geral do Processo – Aula 5 REFERÊNCIAS Será o Fim da Categoria Condição da Ação? Uma Resposta a Fredie Didier Junior – Alexandre Freitas Câmara Curso de Direito Constitucional – Ingo Wolfgang Sarlet, Luiz Guilehrme Merinoni, Daniel Mitidiero Constitucionalização do Processo – Hermes Zanetti Jr Novo Curso de Processo Civil – Luiz Guilherme Marinoni, Sergio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero Leituras Complementares de Processo Civil – Hermes Zanetti Jr. Elementos para uma Teoria Contemporânea do Processo – Daniel Mitidiero A Defesa no Processo Civil – Cleanto Guimarães Siqueira O Direito de Defesa no Processo Civil Brasileiro – Carlos Alberto Carmona
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