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segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Metabolismo de Carboidratos Por Rodrigo Ibañez Tiago - Via glicolítica - reações e regulação; - Metabolismo de outros carboidratos (frutose, galactose, manose e via do sorbitol); - Vias alternativas do metabolismo de glicose (via do glicuronato e via das pentoses fosfato); - Gliconeogênese - reações e regulação; - Síntese e regulação hormonal da lactose; - Síntese e degradação do glicogênio – reações e regulação; - Metabolismo de carboidratos nos diversos tecidos; - Importância médica do metabolismo de carboidratos; - Alterações do metabolismo de carboidratos. Na boca a glândula salivar, que contém ptialina (α-amilase salivar, quebra ligações α1,4), conseguindo digerir a amilose e a amilopectina (formas do amido), porém não apresentamos a β-amilase, não quebrando ligações β1,4, não digerindo a celulose. Carboidratos não digeridos são excretados na forma de fibras insolúveis (fibrosas, baixa viscosidade, celulose, hemicelulose e ligninas — cereais integrais) e solúveis (formam gel em contato com a água, pectinas, gomas e mucilagens — frutas e vegetais). A α-amilase salivar continua até meia hora no interior do bolo alimentar, no estômago, quando, então é inativada pelo baixo pH gástrico. Enzimas intestinais e pancreáticas possuem pH ótimo próximo de 7, então o pâncreas secreta bicarbonato, para que a α-amilase pancreática comece a atuar. Suas diferenças são a sequência de aminoácidos, suas propriedades catalíticas e o pH em que atuam. No intestino, enzimas de sua mucosa conseguem degradar isomaltases e dissacaridases: α1,6 glicosidase, oligossacaridases; α-glicosidase (maltase), β- frutofuranosidase (sacarase) e β-galactosidase (lactase). 1 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Hormônios envolvidos: gastrina (estimula produção de suco gástrico), secretina (estimula liberação de bicarbonato), colecistoquinina (estimula liberação de bile e enzimas pancreáticas), enterogastrona (inibe peristaltismo). Intolerância à lactose: mais da metade dos adultos e 90% de negros e asiáticos. Intolerância à sacarose: 10% dos esquimós da Groenlândia. Monossacarídeos da dieta são absorvidos no duodeno e jejuno superior (insulino- independente). Co-transportadores Na+/glicose (SGLT1 no intestino delgado e rins e SGLT2 nos rins). Monossacarídeos da corrente sanguínea são absorvidos por transportadores Na+ independente (GLUT1 mm, barreira hematoencefalica, gliais e placenta, GLUT2 intestino, rim, GLUT3 neuronal, GLUT4 muscular e adiposas e GLUT5 intestino, rim, esperma), insulina-dependentes ou não. Glicólise ou Via de Embden-meyerhof Glicólise é a sequência de reações que converte a glicose em piruvato com a concomitante formação do ATP. Presente em todas as formas de vida e em todas a células do nosso corpo. Ocorre no citosol da célula e independe de oxigênio. O músculo esquelético possui alta capacidade glicolítica, sobrevivendo a episódios anóxicos; o músculo cardíaco possui baixa capacidade glicolítico e pouca sobrevivência sob condições de isquemia. 2 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 A Hexoquinase possui isoenzimas: Hexoquinase I — cérebro e rins (baixo Km para a glicose) Hexoquinase II — mm esquelético (baixo Km para a glicose) Hexoquinase I e II — fígado Hexoquinase III — diversos tecidos As três de cima fosforilam a glicose, frutose e manose, e são inibidas pela alta concentração de glicose-6P Hexoquinase IV e Glicoquinase — fígado e células β do pâncreas Km para glicose de 20mM (360mg%); estimulada pela alta concentração de glicose e inibida pela alta concentração de frutose-6P, mas não pela concentração de glicose-6P; a síntese é induzida pela insulina Os grupos fosfatos acrescentam carga líquida negativa nos carboidratos, retendo- os no interior da célula, são essenciais também na conservação da energia metabólica na forma de ATP. Balanço energético da Glicólise: Gasto: 2 ATP — reações de produção da G6P e F1,6biP Produção: 2 ATP — do 3PGA 2 ATP — do piruvato 2 NADH — do 1,3biPGA Balanço: 2 mol de ATP/mol de glicose glicose + 2NAD+ + 2ADP + 2Pi —> 2 piruvato + 2NADH + 2H+ + 2ATP + 2H2O A lactato desidrogenase (LDH) catalisa a interconversão de piruvato e lactato e a oxidação do NADH, produzindo NAD+ para a GAPDH (gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase). Atua em ausência ou baixas tensões de oxigênio, apresenta altas concentrações nos miócitos e eritrócitos. Louis Pasteur verificou que o consumo de glicose em anaerobiose era muito maior do que em aerobiose (2ATP/mol de glicose contra 32 ou 34ATP/mol de glicose). 3 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 A Via de Embden-meyerhof é comumente inibida em pontos específicos. O Gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase (GAPDH) pode ser inibido pelo iodoacetato e Hg2+, inibindo cisteíno proteases, ou pelo arsenito, que substitui o Pi e impede a produção de ATP, também inibindo a fosforilação oxidava e enzimas que usam o ácido lipóico; Enolase pode ser inibida pelo fluoreto que forma um complexo com o Mg2+ e Pi. Regulação alostérica da glicólise Acontece tanto pela inibição de hexoquinases, quanto pela da fosfofrutoquinase-1 (principal ponto de regulação da glicólise. Ela catalisa uma reação irreversível, convertendo frutose-6-fosfato e ATP em frutose-1,6-bisfosfato e ADP), e piruvatoquinase. Hexoquinases: explicado acima. Fosfofrutoquinase-1: a frutose-2,6-bifosfato, ADP e AMP atua como estimulador, altas concentrações de ATP inibem. O citrato aumenta o efeito inibidor do ATP. Piruvatoquinase: a frutose-1,6-bifosfato atua como estimulador, inibida por alts [ATP] e alta [AMPc] no fígado. A insulina aumenta a síntese. 4 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Regulação hormonal da glicólise - ATRAVÉS DO CONTROLE DA PFK-1 No músculo cardíaco: altas [adrenalina] estimulam a glicólise No músculo esquelético: ATP/AMD além de altas [adrenalina] estimulam a glicólise 5 Hexoquinase Fosfofrutoquinase-1 Piruvatoquinase segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Gliconeogênese Formação de glicose a partir de precursores como intermediários da glicólise ou Ciclo de Krebs (lactato, glicerol ou oxaloacetato), ou através de aminoácidos (exceto Leu e Lys, porque não são aminoácidos glucogênicos, e sim cetogênicos), formando piruvato ou intermediários do Ciclo de Krebs. No fígado acontece 90% desse processo, e 10% nos rins. A glicose-6fosfato é hidrolisada a glicose pela glicose-6-fosfatase, localizada na superfície luminal do retículo endoplasmático; porém, o músculo esquelético não possui G6Pase, portanto não libera glicose para o sangue. Gasta-se 6 mol de ATP/mol de glicose sintetizada a partir de 2 mol de piruvato. Durante a gliconeogênese aumenta-se a concentração de ácidos graxos no sangue, porque são fontes de ATP pela β-oxidação, sendo oxidados nas mitocôndrias hepáticas, liberam corpos cetônicos e ATP. 2piruvato + 4ATP + 2GTP + 2NADH + H2O —> glicose + 4ADP + 2GDP + 6Pi + 2NAD+ + 2H+ 6 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Diferenças enzimáticas entre a glicólise e a gliconeogênese A piruvato carboxilase é uma enzima mitocondrial e a glicose-6-fosfatase não existe no cérebro ou no músculo. Regulação alostérica da gliconeogênese: O processo é desencadeado com a interrupção da glicólise Aumenta a oxidação dos ácidos graxos para fornecer ATP, aumentando concentração de acetil-CoA, que é um ativador da piruvato carboxilase e aumenta a síntese de citrato, o inibidor da PFK-1 Eleva a concentração de F1,6biP que é inibidor da piruvatoquinase e ativador da piruvato carboxilase e da fosfoenolpiruvato carboxiquinase Aumento de ATP e diminuição de AMP - inibindo PFK-1 e ativando F1,6biPase, degradando F2,6biP e induzindo a gliconeogênese Reduz quantidade de O2, de ácidos graxos, inibindo a fosforilação oxidava (produção de ATP), o fígado então passa da gliconeogênese paraa glicólise Controle hormonal da gliconeogênese Envolve a regulação do suprimento de ácidos graxos para o fígado e das enzimas da glicólise e da gliconeogênese Glucagon: ↑ lipólise, que ↑ [ácidos graxos] plasmáticos, que ↑ [acetil CoA], que induz a gliconeogênese. A insulina tem o efeito oposto. Glicocorticóides: aumentam a gliconeogênese no jejum ou diabetes, liberam glicose hepática para a circulação e inibem a captação de glicose pelos músculos Glucagon aumenta a síntese de enzimas da gliconeogênese e a insulina aumenta a síntese de enzimas da glicólise. Glicólise Gliconeogênese Glicoquinase ou Hexoquinase Glicose-6-fosfatase Fosfofrutoquinase-1 Frutose-1,6-bifosfatase Pirutavoquinase Piruvato carboxilase e Fosfoenolpiruvato carboxiquinase 7 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Bebês prematuros apresentam hipoglicemia porque a razão cérebro/corpo é maior, e o cérebro consome quantidades grande de glicose, e também por conta da cetogênese (síntese de corpos cetônicos) e síntese hepática de glicose (limitadas) 8 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Metabolismo dos precursores da gliconeogênese Carboidratos Manose D-Manose + ATP —hexoquinase—> Manose-6-fosfato + ADP D-Manose-6-fosfato —manose fosfoisomerase—> D-Frutose-6-fosfato Frutose A frutólise fornece de 15 a 20% das calorias da dieta, é absorvida pelo transporte insulina-independente (GLUT5). É a fonte de energia das células espermáticas e adiposas, obtida a partir da sacarose (açúcar da cana, beterraba, frutas, vegetais e mel). Metabolismo mais rápido que o da glicose, porque não passa pela PFK-1 (etapa limitante na glicólise). 9 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Galactose Encontrada na lactose do leite e laticínios; constitui glicoproteínas e glicolipídeos de membranas. Captação insulino-independente. Alterações patológicas são chamadas de galactosemias. Lactose [β -D-galactose + α-D-glicose: produzida\ ???? Controle hormonal: antes e durante a gestação a mama sintetiza N-acetil- lactosamina; durante a gestação a progesterona inibe a síntese de proteína B. Após o parto ↓[progesterona] e ↑ síntese de prolactina, que, por sua vez, ↑ síntese de proteína B que forma um complexo com a proteína A, chamado de lactose sintetase. 10 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Via do Sorbitol Para serem metabolizados, os carboidratos são fosforilados, mas no cristalino, retina, rim, fígado, placenta e vesículas seminais são reduzidos a álcool (hidrofílicos, e por isso não atravessam a membrana) Síntese do Ácido Glicurônico ou Via do Glicuronato Glicuronato: funções: componente dos glicosaminoglicanos; realiza a desoxidação de compostos insolúveis (bilirrubina, esteroides e drogas). Sua aquisição é através de dieta, da degradação de glicosaminoglicanos ou via do glicuronato. A icterícia fisiológica do recém-nascido é causada pelo aumento na degradação do heme e deficiência na conjugação com o ácido glicurônico. Glicose —> Glicose-6-fosfato —> Glicose-1-fosfato —> UDP-Glicose —> Ácido UDP-Glicurônico —> Ácido D-Glicurônico-1-fosfato —> Ácido D-Glicurônico 11 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Desvio da Hexose Monofosfato ou Via das Pentoses Fosfato Ocorre no citosol, por excesso de glicose, e é integrada à glicólise. Nenhum ATP é produzido ou consumido na via. Produz-se NADPH para reações de redução no fígado e glândulas mamárias (síntese de ácidos graxos), córtex adrenal (síntese de esteroides) e hemácias (redução da glutationa). Produz-se também Ribose-5- fosfato (síntese de nucleotídeos). Possui duas fases, a oxidativa e a não oxidativa. A fase oxidativa é irreversível, produz Ribose-5-fosfato e NADPH e próton (H+), ocorre em todos os tecidos, mas predomina em células que sintetizam lipídeos. 12 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 A fase não oxidativa é reversível, seu produto é a Glicose-6-fosfato e seu precursor é a Ribose-5-fosfato. Ocorre em células que sintetizam lipídeos (reciclagem da Ribose-5-fosfato) e em células em proliferação (medula óssea, mucosa intestinal). 13 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Metabolismo do Glicogênio É uma fonte continua de glicose sanguínea, que tem três fontes: dieta, degradação do glicogênio, e gliconeogênese. É depositado no músculo esquelético (400g), não é afetado por jejuns curtos, e moderadamente diminuído no jejum prolongado e fígado (100g), é exaurido no jejum. Glicogenólise Degradação do glicogênio armazenado no fígado e músculo esquelético. Produz Glicose-1-fosfato a partir das ligações α1,4 e glicose livre a partir das ligações α1,6 (8:1). Pequena quantidade é degradada pela enzima lisossômica α1,4-glicosidase ou ácido maltase. Glicogênese Síntese de glicogênio a partir de moléculas de α-D-Glicose (citosol) com gasto de ATP. Glicogenina sintase exige um primer, que é a glicogenina que, através da glicogenina glicosiltransferase é ativada. 14 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Devido a importância da manutenção da glicemia, síntese e degradação estão intimamente reguladas. No fígado a glicogênese é acelerada pós-alimentares e glicogenólise no jejum. No músculo esquelético a degradação ocorre durante o exercício e a síntese durante o repouso. Regulação alostérica A glicogênio sintase e glicogênio fosforilase respondem aos níveis metabólicos: Síntese é estimulada quando os níveis de energia estão aumentados Degradação em baixos níveis de energia e baixo suprimento de glicose No fígado a glicose é inibidor da glicogênio fosforilase No músculo esquelético a contração muscular a liberação de Ca2+ ativa a calmodulina (subunidade δ da fosforilase quinase), ativando-a, que ativa, por sua vez, a fosforilase b. Altos níveis de AMP ativam a fosforilase b sem fosforilação. Na maioria das condições fisiológicas a fosforilase b é inativa e a fosforilase a é ativa, independente da [AMP, ATP ou G6P]. Regulação hormonal Nível elevado de insulina aumenta a glicogênese e o de glucagon e epinefrina aumenta o de glicogenólise. O glucagon e a epinefrina no fígado e epinefrina no músculo aumentam níveis de AMPc e a insulina diminui. Glicogênio sintetase, fosforilada pela proteína quina C (inativa), é estimulada pelo aumento de concentração de AMPc, Ca2+ e DAG. 15 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Glicose e os tecidos GLUT1: Eritrócito; insulino-independente GLUT2: Fígado; insulino-independente GLUT3: Cérebro; insulino-independente GLUT4: Músculo EE. e Cardíaco e Adipócitos; insulino-dependentes 16 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas [Já existe um pdf sobre eles] Insulina Estímulo da secreção pelo pâncreas (células β) acontece pelos elevados níveis plasmáticos de glicose e arginina Inibição acontece pelo baixo nível de glicose, fome, estresse, exercício intenso e trauma (mediados pela epinefrina). Glicocorticóides Aumentam a síntese de AST, ALT e G-6-Pase (enzimas). Aumentam o catabolismo proteico nos músculos, epiderme e tecido conjuntivo. No tecido adiposo, aumenta a lipólise e liberação de ácidos graxos e glicerol, em outros tecidos tem ação lipogênica. 17 segunda-feira, 12 de agosto de 2019 Importância Biomédica da Glicólise Anemia hemolítica: deficiência de piruvatoquinase Acidose láctica possui várias causas, dentre elas a deficiência de piruvato desidrogenase. Alterações na via glicolítica causa doenças metabólicas: Deficiência de insulina causa diminuição na captação de glicose e produção das enzimas da glicólise [Diabetes]. Obesidade (diabetes, cegueira, hipertensão, aterosclerose e doenças vasculares e renais). Células cancerígenas de crescimento rápido: Pouco vascularizadas (baixa tensão de O2) e menor número de mitocôndrias, captação de glicose 10x mais rápida, expressão da Hexoquinase II elevada, mutação da proteína supressora de tumor p53, que controla a síntese e a montagem das proteínas mitocôndrias essenciaispara o transporte de elétrons até o O2, então ocorre uma deficiência no transporte de elétrons e estímulo na produção de ATP pela glicólise. Etanol x Gliconeogênese Etanol é oxidado no fígado pela álcool desidrogenase (ADH) Etanol + NAD+ —> Acetaldeído + NADH + H+ Elevada produção de NADH no citosol ativa a malato desidrogenase e lactato desidrogenase, e portanto, a gliconeogênese é inibida. Piruvato + NADH + H+ —LDH—> Lactato + NAD+ Oxaloacetato + NADH + H+ —malatoDH—> Malato + NAD+ Portanto, a ingestão de álcool inibe a gliconeogênese. Intoxicação alcoólica causa hipoglicemia. 18 Metabolismo de Carboidratos Glicólise ou Via de Embden-meyerhof Gliconeogênese Metabolismo dos precursores da gliconeogênese Via do Sorbitol Síntese do Ácido Glicurônico ou Via do Glicuronato Desvio da Hexose Monofosfato ou Via das Pentoses Fosfato Metabolismo do Glicogênio Glicose e os tecidos Insulina Glicocorticóides Importância Biomédica da Glicólise
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