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Boletim Trabalhista n° 07- Abril/2016 - 2ª Quinzena Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais. DIREITO TRABALHISTA CARGO DE CONFIANÇA E EM COMISSÃO PARA CELETISTAS NA ADMINISTRAÇÃO Características, Distinções, Direitos, Rescisão, Comparativo, Jurisprudências ROTEIRO 1. INTRODUÇÃO 2. DISTINÇÕES NA INICIATIVA PRIVADA E NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 2.1. Cargo/Função de confiança 2.1.1. No Setor Público 2.1.2. No Setor Privado 2.2. Cargo em Comissão 2.2.1. No setor Público 3. PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA 4. LIVRE NOMEAÇÃO 5. REGIME ESTATUTÁRIO 6. CARGO COMISSIONADO 6.1. Características 6.2. Vínculo Trabalhista 6.3. Direitos dos Contratados 6.4. FGTS 6.4.1. Multa na Rescisão de Contrato de Trabalho 7. CARGO EM CONFIANÇA 7.1. Características 7.2. Vinculo Trabalhista 7.3. Direitos dos Contratados 8. QUADRO COMPARATIVO 9. JURISPRUDÊNCIAS 1. INTRODUÇÃO Os cargos de confiança ou em comissão dizem respeito aos empregados que possuem uma posição hierárquica mais elevada, um nível de confiança diferenciado por parte de seu empregador, e detém alguns poderes inerentes ao empregador, tais como o poder de punição, contratar e dispensar, interferir diretamente na gestão do negócio e liberdade no cumprimento de horário de trabalho. O objetivo da presente matéria é a análise aprofundada e distinção comparativa entre cargo de confiança nas empresas privadas; e, cargo de confiança e de função para servidores na administração pública. 2. DISTINÇÕES NA INICIATIVA PRIVADA E NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O cargo de confiança na iniciativa privada tem como característica principal a nomeação, em consequência de gozar da confiança do empregador. Já na Administração pública existem duas possibilidades de cargos que gozam de confiança do gestor do órgão: os cargos de confiança e os cargos comissionados. 2.1. Cargo/Função de Confiança Conforme o descrito no artigo 62 e incisos seguintes da CLT, o cargo de confiança tem como características principais: - jornadas dispensadas de cumprimento obrigatório quanto ao número de horas exato para o trabalho diário, bem como horário de entrada, intervalos e saídas, respeitando sempre o limite descrito no artigo 7°, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988; e, artigo 58 da CLT (08 horas diárias e 44 semanais), mas sem o pagamento de horas extras (artigo 7°, inciso XVI, artigo 59 da CLT); http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62 http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art7 http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art7_xiii http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art58 http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art7 http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art59 - poder de mando, caracterizado pela influência na gestão da empresa, pela possibilidade de aplicar punições e até mesmo o desligamento de empregados subordinados, ou seja, atos de gestão com influência direta no curso do trabalho na empresa; - a remuneração concedida ao cargo de confiança deverá ser de no mínimo 40% acima dos salários devidos a empregados imediatamente subordinados a este. Vejamos: "Artigo 62 da CLT (...): I – (...); II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. Parágrafo único: O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo, acrescido de 40% (quarenta por cento)". 2.1.1. No Setor Público O cargo de confiança no setor público é o cargo destinado aos aprovados em concurso público, tidos como funcionários públicos de carreira. Quando um trabalhador detentor de cargo público obtido por meio de aprovação em concurso é elevado ao cargo de confiança, por liberalidade do gestor público, terá todos os direitos inerentes ao cargo que ocupará nesta categoria. Quando da necessidade de recondução ao cargo de origem, não será considerado um rebaixamento, pois seu direito à vaga no órgão público foi garantido por meio de aprovação em concurso, voltando à sua vaga originalmente ocupada. Portanto, sua recondução não pode ser encarada como um rebaixamento, sendo lícita a redução salarial devida à retirada da gratificação ora recebida. Em consonância com os dizeres de Gasparini (2007): “(...) a Livre Nomeação ocorre por um ato administrativo que vincula o provimento de um cargo a um agente, observados as especificidades do cargo, mas a nomeação em tela é de convencimento livre da autoridade competente para empossar/instituir o agente no cargo em comissão, e a Livre Exoneração é a livre dispensa do servidor por própria solicitação ou ex officio ad nutum da autoridade competente, normalmente não havendo nenhuma conotação de caráter punitivo.” Já o cargo em comissão é o destinado às pessoas que detém conhecimento técnico, gozam da confiança do gestor do órgão, porém, não são funcionários de carreira por não serem aprovados em concurso público. As pessoas que ocupam os cargos em comissão são contratadas para atender excepcional interesse público conforme a Lei n° 8.745/1993; e o artigo 37, inciso IX, da Constituição Federal/88, o qual veja, expressamente: “Artigo 37: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...); IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. A exoneração de ocupante de cargo em comissão é um ato administrativo discricionário da Administração Pública. Para o regime estatutário, a aprovação em concurso público e prova de títulos é requisito para o enquadramento em regime previdenciário próprio. “Os cargos de provimento em comissão (cujo provimento dispensa concurso público) são aqueles vocacionados para serem ocupados em caráter transitório por pessoa de confiança da autoridade competente para preenchê-los, a qual também pode exonerar ad nutum, isto é, livremente, quem os esteja titularizando. (Mello, 2006, p. 280).” 2.1.2. No Setor Privado Podemos afirmar que, no setor privado temos somente o cargo de confiança e este dividido entre as mais diversas e imagináveis funções propostas pelos empregadores. http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62 http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62_i http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62_ii http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62_pu http://www.econeteditora.com.br/bdi/lei/ant/lei8745_1993.asp http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37 http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37_ix http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37 http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37_ix A função de gerência é tida como a mais emblemática função de confiança conhecida nas empresas. Vale lembrar que a simples denominação e anotação em CTPS não caracterizam efetivamente a função de confiança. RECURSO DE REVISTA. DESTITUIÇÃO DO EMPREGADO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. RETORNO AO CARGO EFETIVO. LEGALIDADE DA MEDIDA. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO NÃO RECONHECIDA. PROVIMENTO. A aferição das causas apontadas pelo Empregado para a rescisão indireta do contrato de trabalhonão encontra vedação no disposto no Enunciado n° 126 desta colenda Corte, pois não se pretende discutir a existência ou não de determinado fato ou o valor de determinada prova, mas sim a precisa adequação dos fatos indicados à norma legal vigente. Não havendo nenhuma infração ao art. 499 da CLT a destituição do Empregado da função de confiança desempenhada, máxime se considerada a ocorrência de fatos motivadores desse afastamento, como a inobservância das normas internas da empresa, deveria aquele retornar às atividades laborais vinculadas ao cargo efetivo. A conduta patronal não dá ensejo à rescisão indireta do contrato de trabalho. Revista conhecida e provida para determinar o restabelecimento da sentença de primeiro grau. (TST - RR: 7957584320015215555 795758-43.2001.5.21.5555, Relator: Maria de Assis Calsing,Data de Julgamento: 29/05/2002, 2ª Turma, Data de Publicação: DJ 02/08/2002). 3. PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA A previdência privada é uma aposentadoria que não está ligada ao sistema do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A previdência privada é fiscalizada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo federal. 4. LIVRE NOMEAÇÃO Quanto à liberalidade do empregador público em nomear para o cargo comissionado, é de sua livre escolha, assim como a exoneração. Porém, a precariedade do cargo, em momento algum autoriza o descumprimento de obrigações estatutárias. Em consonância com os dizeres de Gasparini (2007): “(...) a Livre Nomeação ocorre por um ato administrativo que vincula o provimento de um cargo a um agente, observados as especificidades do cargo, mas a nomeação em tela é de convencimento livre da autoridade competente para empossar/instituir o agente no cargo em comissão, e a Livre Exoneração é a livre dispensa do servidor por própria solicitação ou ex officio ad nutum da autoridade competente, normalmente não havendo nenhuma conotação de caráter punitivo.” Em idêntica forma se dá na iniciativa privada, eis que a liberdade de nomear empregado para função de confiança se repete. Enquanto estiver ocupando o cargo, seus direitos continuam preservados, na ordem de verbas rescisórias, na liberação de guias para benefícios trabalhistas, tais como, Seguro-Desemprego, multa de 40% e os depósitos em conta vinculada de FGTS, etc. 5. REGIME ESTATUTÁRIO O regime estatutário é o método de recolhimento que dá direito ao ocupante de cargo público à aposentadoria com vencimentos diferenciados. É realizado de forma diferenciada dos empregados da iniciativa privada, uma vez que estes recolhem suas contribuições para aposentadoria futura, mediante desconto obrigatório efetuado em seus salários, ao INSS; Os servidores públicos, por sua vez, recolhem de forma espontânea ao RPP (Regime Próprio da Previdência). 6. CARGO COMISSIONADO Na Administração Pública, o cargo comissionado tem como característica principal a livre contratação e exoneração, pois não há a possibilidade de efetivação nesta condição junto ao regime estatutário, sendo prevista na Constituição Federal de 1988, artigo 37, inciso II: “Artigo 37: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...); II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvada as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.” http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_401_500.php#art499 http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37 http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37_ii http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37 http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37_ii Uma vez que foram preenchidos todos os requisitos necessários para a formação do vínculo de trabalho, tanto a reversão ao cargo de origem na empresa, ou, a exoneração da função comissionada no órgão público, não permitem que os direitos conquistados através do contrato de trabalho ou do enquadramento no estatuto pereçam. 6.1. Características O cargo comissionado dá ao empregador público o direito de livre nomeação e exoneração, ou seja, o empregador tem liberalidade para escolher quem ocupa o cargo. Contudo, isso não afasta de forma alguma qualquer direito obtido pelos trabalhadores. A precariedade do cargo de confiança na iniciativa privada, ou do cargo em comissão no setor público, não permite o afastamento dos direitos decorrentes de uma relação de trabalho. 6.2. Vínculo Trabalhista O vínculo trabalhista que assiste ao empregado público seria, em premissa, o estatutário que, por regime próprio dedicaria recolhimento espontâneo, de acordo com as regras que lhe forem estabelecidas. Porém, quando o ente público abre mão do regime próprio, optando pelo regime CLT, deve arcar com suas minúcias, e a escolha gera uma obrigação legal. O referido regime garante todas as verbas rescisórias com previsão legal, além de multas e benefícios assistenciais trabalhistas, conforme o caso. O servidor público se enquadra no regime jurídico-administrativo regido pela Lei n° 8.112/90, sendo estatutário e com regime próprio de contribuição para um plano de previdência privada fechada. 6.3. Direitos dos Contratados Quando a gama de direitos é recepcionada pela Administração Pública, devemos observar a distinção do cargo para o setor privado. O empregador público pode dispor dos cargos conforme sua conveniência, o que difere para o empregado da iniciativa privada que necessita cumprir procedimentos especiais para que se torne possível, por exemplo, a sua transferência para outra localidade, autorização do empregado para acúmulo de funções, aceitação de promoções, etc. 6.4. FGTS São cabíveis todos os direitos aos trabalhadores contratados para suprir interesse público, de forma geral, ainda que o empregado esteja exercendo cargo de confiança. Os direitos a FGTS, 13° Salario, multa de 40% no caso de desligamento e também a liberação das guias de saque do FGTS e seguro desemprego, estão previstos na Constituição Federal de 1988, artigo 7° e seus incisos, e não podem ser afastados simplesmente pela metodologia de contratação. Exceto se os contratados forem dispensados exatamente ao final de um contrato por prazo determinado, quando então a multa de 40% do FGTS não será remunerada. Insta ressaltar que, enquanto percebida a gratificação de função, esta integra o salário do empregado para todos os fins: férias, 13° salário, INSS, FGTS e IR, de acordo com o artigo 457 da CLT. 6.4.1. Multa na Rescisão de Contrato de Trabalho Para a multa de 40% do FGTS, o empregado que é regido pela CLT, é equiparado ao empregado do setor privado, que, em caso de demissão sem justa causa, terá direito à referida multa. Se analisarmos intrinsecamente, para que exista o pagamento da multa na dispensa sem justa causa ou na demissão antecipada nos contratos determinados, deve existir o recolhimento do FGTS. Melhor esclarecendo, somente pode ser calculado o percentual de 40% se houver uma base composta pelos depósitos mensais fundiários na conta vinculada do empregado. A jurisprudência comprova o entendimento de que são devidas as verbas na rescisão do contrato de trabalho: SERVIDOR PÚBLICO. CARGO EM COMISSÃO. LIVRE NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO. CONTRATAÇÃO SOB O REGIME CELETISTA. DEPÓSITOS DE FGTS E FÉRIAS DEVIDOS. No caso dos autos, a reclamante foi contratada para exercer o cargo em comissão de coordenadora de Ação Social do Município de (...), sob o regime celetista. A característica dos cargos em comissão, na forma prevista na ressalva do inciso II do artigo 37 da Constituição Federal,é a livre exoneração. Assim, o vínculo que se estabelece entre o ente público e o servidor nomeado para provimento de cargo em comissão tem caráter precário e transitório. Contudo, na hipótese dos autos, o ente público não pode se abster de aplicar a legislação trabalhista, uma vez que se trata de vínculo celetista. Dessa forma, correta a decisão Regional, http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art7 http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_401_500.php#art457 http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37_ii http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp#art37 http://www.econeteditora.com.br/bdi/bc/ant/constituicao_federal_1988.asp pela qual se deferiu a reclamante o pagamento das férias e dos depósitos de FGTS. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR: 5332120135150111, Relator: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 23/09/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/10/2015). 7. CARGO EM CONFIANÇA Não há na legislação trabalhista, uma definição clara e exaustiva sobre o trabalho desempenhado por “altos empregados”, o chamado cargo de confiança. O artigo 62 da CLT apenas vislumbra algumas hipóteses de cargo de confiança, tais como os gerentes. No entanto, não há rol taxativo das posições ocupadas e das atividades desempenhadas, sendo de extrema subjetividade o enquadramento e a análise para que se determine se um empregado detém ou não função ou cargo de confiança. 7.1. Características Com base no Princípio trabalhista da “Primazia da Realidade”, o simples pagamento da gratificação de função não torna o empregado detentor do cargo de confiança, pois o importante é que ele detenha os reais poderes de gestão, conforme informado no item 2.1. desta matéria. Conforme exposto no artigo 62,parágrafo único da CLT, o pagamento da gratificação de função é uma faculdade por parte do empregador, pois o dispositivo legal é claro, ao expor a expressão “se houver”, a seguir em destaque: “Artigo 62 (...): (...); Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo (os gerentes, exercentes de cargos de gestão e equiparados, os diretores e chefes de departamento ou filial) quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento).” Portanto, não será o pagamento da gratificação de função que tornará o empregado detentor do cargo de confiança, mas sim a efetiva detenção dos poderes de gestão. Ao efetuar o pagamento da gratificação de função, o empregador deve mencionar documentalmente, através do holerite em rubrica própria, o valor do adicional do cargo de confiança, Por todo o exposto, impera o pagamento da gratificação de função de no mínimo 40% a mais do salário normal ao empregado com cargo de confiança, de forma destacada no recibo de pagamento salarial, a fim de se evitar o salário complessivo, sendo este proibido pelo teor da Súmula Súmula n° 91 do TST: “SÚMULA N° 91 DO TST: SALÁRIO COMPLESSIVO (mantida) -Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador”. 7.2. Vínculo Trabalhista No setor privado, o cargo de confiança assume papel diferenciado da Administração Pública, sendo que o cargo assumido precisa manter características próprias para que se enquadre na função de confiança (artigo 62 da CLT). O regime a ser adotado pelos empregados na área privada e pública é o celetista, diferente do sistema estatutário para os concursados na forma da Lei n° 8.112/1990. 7.3. Direitos dos Contratados Os contratados nas empresas privadas e para suprir excepcional interesse público têm todos os direitos assegurados como trabalhadores que são regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Quando o contrato para suprir excepcional interesse público é de natureza celetista, tem o empregado público o direito a todas as verbas rescisórias, conforme o tipo de demissão lhe der direito. Na qualidade de empregador, a obrigação do pagamento ao cargo de confiança se origina com a contratação e se estende com a continuidade do contrato de trabalho, ou seja, para que tenha direito a férias, o fato gerador é o período aquisitivo cumprido pelo empregado. http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62 http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62 http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62_pu http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62 http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62_pu http://www.econeteditora.com.br/clt/sumulas/sumulas_tst.php#sum_91 http://www.econeteditora.com.br/clt/artigos/clt_001_100.php#art62 AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CARGO COMISSIONADO. EXONERAÇÃO. FÉRIAS NÃO GOZADAS E CONVERSÃO EM PECÚNIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 570.908-RG, sob a relatoria da Ministra Cármen Lúcia, firmou o entendimento de que servidor público estadual, ocupante de cargo comissionado, após a sua exoneração, faz jus ao recebimento em pecúnia, acrescido do terço constitucional, das férias não gozadas. Esta Corte reafirmou esse entendimento ao julgar o ARE 721.001-RG, sob a relatoria do Ministro Gilmar Mendes, assentando a vedação de enriquecimento ilícito pela Administração. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF - AI: 813805 RJ, Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 27/05/2014, Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-123 DIVULG. 24-06-2014 PUBLIC 25-06-2014). 8. QUADRO COMPARATIVO ENTRE O SETOR PRIVADO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Setor Privado Administração Pública Cargo de Confiança Cargo de Confiança Cargo em Comissão exercido por empregado que goza da confiança do empregador. exercido exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo Qualquer pessoa pode exercer, observado o percentual mínimo reservado ao servidor de carreira. pode ser contratado diretamente para ocupar o referido cargo ou promovido dos setores já existentes necessita de concurso público, eis que somente pode exercê-la o servidor de cargo efetivo, mas a função em si não prescinde de concurso público. sem concurso público, ressalvado o percentual mínimo reservado ao servidor de carreira. (contratados para atender excepcional interesse público, artigo 37 da C.F./88) conferido ao ocupante o poder de mando, gestão e responsabilidade somente são conferidas atribuições e responsabilidades É atribuído um posto (lugar) em um dos quadros da Administração Pública, conferidas atribuições e responsabilidade àquele que irá ocupá-lo destinam-se a empregados contratados para o cargo ou promovido ao cargo destina-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento destina-se somente às atribuições de direção, chefia e assessoramento de livre escolha do empregador com desligamento equivalente aos demais empregados regidos pela CLT de livre nomeação e exoneração no que se refere à função e não em relação ao cargo efetivo. De livre nomeação e exoneração 9. JURISPRUDÊNCIAS A seguir, jurisprudências que corroboram a necessidade de perfeito enquadramento e adequação das características de trabalho ao cargo de confiança ou função comissionada: HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA. MATÉRIA FÁTICA. É insuscetível de revisão, em sede extraordinária, a decisão proferida pelo Tribunal Regional à luz da prova carreada aos autos. Somente com o revolvimento do substrato fático-probatório dos autos seria possível afastar a premissa sobre a qual se erigiu a conclusão consagrada pelo Tribunal Regional, no sentido de que não resultou comprovado que as atividades desempenhadas pelo reclamanteo enquadram na exceção prevista no inciso II do artigo 62 da CLT, tampouco o recebimento de gratificação de função a majorar significativamente seu salário, razão pela qual é devida a contraprestação pelo labor em sobrejornada. Incidência da Súmula n° 126 do Tribunal Superior do Trabalho.(...) Recurso de Revista não conhecido. (TST - RR: 1415009220085090068,Data de Julgamento: 19/08/2015, Data de Publicação: DEJT 21/08/2015). AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. CARACTERIZAÇÃO DE CARGO DE CONFIANÇA. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Nega-se provimento a agravo em que a reclamante não consegue desconstituir os fundamentos da decisão proferida no agravo de instrumento. A Orientação Jurisprudencial Transitória n° 70 da SBDI-1 do TST somente é aplicável em hipótese em que se tratar de funções meramente técnicas, não sendo caracterizado o exercício de função de confiança. Não se divisa contrariedade ao referido Verbete, porquanto o Tribunal Regional, dentre vários fundamentos, deixou claro que a reclamante desempenhava atividade relevante na organização empresarial, auferia gratificação de função superior a 1/3 do salário, concluindo restarem presentes os encargos inerentes à função de confiança descrita no § 2° do art. 224 da CLT. Assim, ainda que fosse desconstituída a validade da assinatura do termo de opção por uma jornada de oito horas, tem-se a incidência da Súmula n° 102, II, do TST, como óbice à pretensão às horas excedentes da sexta hora diária. Decisão agravada que se mantém. Agravo a que se nega provimento. (TST - Ag-AIRR: 1639406220055030001 163940-62.2005.5.03.0001, Relator: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 01/12/2010, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/12/2010) Quanto à validade de contratação do cargo comissionado na Administração Pública amparada pela Constituição Federal: CARGO DE CONFIANÇA. DEMISSÃO AD NUTUM. O trabalhador que exerce cargo de confiança na Administração Pública Indireta, validado pela exceção prevista no inciso II do artigo 37 da CRFB, tem a precariedade e a temporariedade como inerentes à essência do seu contrato. (TRT-1 - RO: 01216003120095010224 RJ, Relator: Marcos Cavalcante, Data de Julgamento: 22/07/2015, Sétima Turma, Data de Publicação: 05/08/2015) RECURSO DE REVISTA. MUNICÍPIO. CARGO EM COMISSÃO. DISPENSA AD NUTUM. AVISO - PRÉVIO E FGTS. A Administração Pública dispõe da opção de contratar por dois regimes: administrativo ou celetista. Uma vez escolhido o regime celetista, como na hipótese em exame, a Administração deve ser equiparada ao empregador privado. O artigo 37, II, da Constituição Federal não autoriza o empregador público (Município) a se esquivar da legislação trabalhista a que se vinculou no momento da contratação. O fato de o empregado ser ocupante do cargo em comissão demissível ad nutum significa apenas maior mobilidade no preenchimento por pessoas de confiança do administrador, não significando, no entanto, que não faça jus a qualquer direito. No caso, faz jus o autor ao aviso - prévio indenizado com a projeção nas férias proporcionais e à multa de 40% do FGTS. Precedentes. Recurso de revista conhecido por violação do artigo 7°, III, da Constituição Federal e divergência jurisprudencial e provido. (TST - RR: 697009620095150069, Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 18/03/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/03/2015). CARGO EM COMISSÃO. EXONERAÇÃO AD NUTUM. CONTRATAÇÃO SOB O REGIME CELETISTA. DIFERENÇAS DE MULTA FGTS. No que diz respeito ao ocupante de cargo em comissão celetista, é importante ressaltar que a dispensa discricionária é, de fato, livre, mas isso não desobriga o empregador a pagar todas as parcelas trabalhistas próprias do regime da CLT. Nesse sentido é o recente entendimento do C. TST, in verbis: RECURSO DE REVISTA. MUNICÍPIO. CARGO EM COMISSÃO. DISPENSA AD NUTUM. AVISO- PRÉVIO E FGTS. A Administração Pública dispõe da opção de contratar por dois regimes: administrativo ou celetista. Uma vez escolhido o regime celetista, como na hipótese em exame, a Administração deve ser equiparada ao empregador privado. O artigo 37, II, da Constituição Federal não autoriza o empregador público (Município) a se esquivar da legislação trabalhista a que se vinculou no momento da contratação. O fato de o empregado ser ocupante do cargo em comissão demissível ad nutum significa apenas maior mobilidade no preenchimento por pessoas de confiança do administrador, não significando, no entanto, que não faça jus a qualquer direito. No caso, faz jus o autor ao aviso-prévio indenizado com a projeção nas férias proporcionais e à multa de 40% do FGTS. (E-RR - 69700-96.2009.5.15.0069, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 18/03/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/03/2015). Nesse contexto, reformo a decisão de origem para dar provimento ao recurso, no tópico, e condenar a reclamada ao pagamento das diferenças da multa fundiária não depositada na respectiva conta vinculada. (TRT-2 - RO: 00011210820145020482 SP 00011210820145020482 A28, Relator: MARIA ISABEL CUEVA MORAES, Data de Julgamento: 19/05/2015, 4ª TURMA, Data de Publicação: 29/05/2015). ECONET EDITORA EMPRESARIAL LTDA Autor: Luis Alfredo Vaz Junior TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Nos termos da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial, bem como a produção de apostilas a partir desta obra, por qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos reprográficos, fotocópias ou gravações - sem permissão por escrito, dos Autores. A reprodução não autorizada, além das sanções civis (apreensão e indenização), está sujeita as penalidades que trata artigo 184 do Código Penal.
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