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1 1 - O Treinamento Resistido Os métodos de treinamento resistido e as formas de aplicação das cargas foram surgíndo naturalmente, tornando-se disponíveis para serem usados no aperfeiçoamento da qualidade física força; por excelência a musculação tornou-se a base organizacional e prática de tais métodos. Existe uma imaturidade inicial que constantemente direciona as atitudes relacionadas ao treinamento para um imediatismo perigoso, no que diz respeito a lesões provocadas por treinos excessivos em busca de resultados expressivos, não só por parte de profissionais esportivos (projeção), como devido ao modismo estético atual. A qualquer preço, busca-se uma estrutura de treinamento que não respeita ou desconhece as limitações genéticas individuais e que conduz ao uso de substâncias comprometedoras da saúde como um todo. A formação de uma conduta ética na aplicação de treinamento, visando á melhoria da performance da população, faz-se necessária e imediata por parte do grupo ou de profissionais envolvidos com as atividades motoras humanas. A conscientização e o conhecimento dos profissionais atuantes no campo da atividade física, são imposições dos mecanismos biológicos de seus educandos. Atualmente, não basta apenas executar rotinas de treinos, deve-se controlar, conduzir o treinamento, o mais perto possível dos princípios estabelecidos na teoria científica, e colocá-los em prática racionalmente, considerando sempre a experiência dos alunos, adquirida com anos de treinamentos. Não devemos esquecer que muitas descobertas cientificas surgiram de experiências e hipóteses vivenciadas anteriormente pela população e que faziam parte do senso comum. Em primeira análise, a musculação deve ser vista e usada de maneira a proporcionar os maiores aumentos possíveis nas estruturas musculares, ligamentar, tendinosa articular e óssea, seja por estímulos â evolução da força máxima ou na hipertrofia muscular que associadas aos meios de treinamento aeróbio, flexibilidade etc. visam a benefícios ligados à saúde total (Nieman, 1999). A saúde não e só a ausência de doenças. E a ação integrada dos mecanismos biológicos, psicológicos, espirituais e sociais (Niemnan, 1999; modificado). Em uma segunda visão, a musculação precisa buscar o caminho do desporto competitivo, que deve estar direcionado, cada vez mais, ao equilíbrio entre a vida social e a vida esportiva dos fenômenos genéticos (atletas). Em uma terceira e última análise o interesse estético, que deverá servir como um coadjuvante para proporcionar bem estar e conforto interior àqueles que almejam uma estrutura mais equilibrada , deve assumir o compromisso, não apenas com a satisfação de terceiros, uma vez que esta atitude, quando surgir, deverá ser em virtude de conclusões interiorizadas, conscientes e pessoais. Para não atender de forma frenética, superficial e impensada aos padrões impostos por poucos manipuladores de mídia e de mercado, faz-se necessário e urgente quebrar regras e padrões estéticos generalizados e totalmente fora da realidade individual, ou seja, da realidade genética. O meio mais prático e conclusivo para urna nova tomada de consciência em relação ao que foi acima afirmado são a informação e a educação em massa da população. Extraído do livro Musculação – aplicações práticas. Luiz Carlos Chiesa, Ed. Shape, 2002. 2 2 - Aspectos corporais e valências físicas relacionadas à aptidão física (fitness): 3 - Divisão dos métodos de treinamento resistido em função do tipo da contração muscular 3 O termo isométrico significa ―mesmo comprimento‖. Esse tipo de contração muscular produz aumento de tensão, porém não há alteração no comprimento do músculo, é o método no qual não há movimento articular. Os aumentos de força induzidos por esta modalidade de treinamento são específicos ao ângulo articular exigido. Por este motivo, quando se deseja aumentar força em toda a amplitude articular, o treinamento deverá ser feito em vários ângulos. O treinamento isométrico é considerado o que proporciona a contração máxima. A resistência oposicional é tão elevada que se equivale à capacidade máxima de recrutamento de fibras e conseqüentemente de um músculo, em condições normais, de gerar força. Por isso não há movimento. O treinamento isotônico entre os métodos de treinamento é o que possui maior difusão e conseqüentemente é o mais utilizado. Consiste em um trabalho onde a musculatura sempre vence a resistência utilizada, desenvolvendo o mesmo tônus muscular durante o movimento, de onde advém sua denominação isotônico (iso = mesmo). Entretanto na realidade a musculatura não desenvolve uma tensão constante durante a contração isotônica, pois durante o movimento temos mudanças nas posições das alavancas articulares, acarretando para uma mesma carga diferentes resistências nos diversos ângulos do movimento. Assim sendo, na contração isotônica, apesar do significado do termo, apenas a carga é constante, sendo que o tônus variará de acordo com as variações da resistência. Um exercício isotônico compreende a contração concêntrica, a contração excêntrica ou ambas as contrações. A contração concêntrica é aquela em que se observa o encurtamento da musculatura e o seu ganho de tensão. A contração excêntrica é quando se observa o ganho de tensão ao mesmo tempo em que o músculo se alonga. A maioria dos movimentos apresenta a combinação das contrações excêntricas e concêntricas. O treinamento auxotônico é a combinação do treinamento isotônico com o isométrico. A utilização de ambos os tipos de contração durante a execução de um exercício caracteriza o método. Para realizarmos um treinamento dentro deste método escolhemos um exercício e em uma das repetições, normalrnente a última, realizamos a contração isométrica em no mínimo três ângulos diferentes. O treinamento isocinético é aquele proporcionado por máquinas ou por um meio que ofereça resistência ao movimento através da frenagem (ex: o atrito da água contra a palma da mão). Nele o movimento ocorre com igual velocidade em todos os ângulos articulares da contração, através de uma resistência que oferece carga adequada à cada ângulo de movimento para que a velocidade seja constante. Ou seja, caso durante o movimento realizemos um aumento da força aplicada, o que acarretaria em um aumento da velocidade do movimento, o equipamento para treinamento isocínético propiciará um aumento instantâneo da resistência, de tal forma que a velocidade do movimento não sofra alteração. 4 - Métodos de treinamento x métodos ou formas de aplicação de carga É bastante comum a associação entre métodos de treinamento e formas de aplicação de carga. A aparente confusão na interpretação é real e persistente. No meio teórico e prático, no que se refere ao emprego dos métodos e das formas ou meios de treinamento, foi necessário estabelecer um padrão ou diretriz para evitar maiores problemas de interpretação e facilitar a compreensão do leitor. 4 5 - Divisão dos métodos de treinamento resistido em função da forma de execução 6 – Tipos de aparelhos Podemos classifica-los em quatro tipos básicos: 1) Aparelhos com sistemas de polias de raio invariável, como os puxadores, a cadeira de extensão dos joelhos, a cadeira de adução do quadril e outros. Este tipo de aparelhos, devido ao seu mecanismo, produz resistência dinâmica invariável. E o tipo de resistência encontrada na maioria dos aparelhos de musculação e permanece inalterada durante toda a trajetória do movimento. A força muscular obedece a uma curva força-ângulo previsível. A maior força processa-se num ângulo ótimo, que varia de articulação para articulação. 2) Aparelhos com polia excêntrica, que apresentam diferentes medidas do ponto de giro à borda, promovem resistência dinâmica variável. ―Esta resistência sofre modificaçãono peso durante todo o movimento, estando esta modificação diretamente relacionada ao ângulo em que se encontra a articulação‖. (Nelson Bittencourt - 1985). Assim sendo, ―proporciona esforço máximo de cada diferencial do arco do movimento articular completo‖.(Jorge de Hegedus - 1974). 3) Aparelhos com o uso de um braço de alavanca munido de pesos que pendem livremente. Estes aparelhos oferecem uma resistência progressiva, onde na fase concêntrica do movimento, se observa um acréscimo progressivo de resistência e uma redução na fase excêntrica. Esta forma de resistência é encontrada nas estações do supino, leg-press e desenvolvimento, para ao final da fase concêntrica, próximo a posição de apoio articular, obtermos um aumento de resistência, diminuindo assim, a perda da tensão a nível muscular. Com a diminuição do braço de alavanca ao final da fase concêntrica, se obtém um aumento da capacidade relativa de peso sem aumento absoluto do mesmo. 4) Utilizados amplamente no campo da reabilitação músculo-articular, os aparelhos isocinéticos não proporcionam resistência excêntrica importante para melhorar a capacidade dos músculos. A resistência isocinética propicia na contração concêntrica, uma resistência proporcional à força do movimento em execução, com velocidade constante. O ângulo em que se encontra a articulação, interfere diretamente na resultante de força. 5 Os aparelhos apresentam algumas desvantagens: 1) Permitem pouca variação da mecânica. 2) O número de exercícios é limitado. 3) Não envolvem na realização de exercícios um grande número de grupos musculares e vários segmentos. 4) Não há semelhança mecânica desse tipo de exercício com os gestos atléticos, dificultando a ―transferência adaptativa‖ para o desempenho. 5) Serão necessários vários exercícios para exercitar os mesmos músculos trabalhados num exercício multissegmentar. 6) Os exercícios para um pequeno número de grupos musculares, são menos importantes na alteração da composição corporal e provavelmente nos lipídios sanguíneos, que os exercícios multissegmentares para um grande número de grupos musculares. Isso porque se produz mais trabalho (força x distância = trabalho) ao se manipular pesos mais pesados e movimentos mais amplos em cada repetição. 7) O peso adicional dos aparelhos, muitas vezes, é insuficiente para treinar indivíduos muito fortes. Podemos relacionar como vantagens dos aparelhos: 01) Segurança. Os alunos ficam menos expostos a contato com equipamento. 02) Maior velocidade e comodidade na troca de pesos pelo sistema de placas e pinos. 03) Economia de tempo e de espaço. 04) Melhor apresentação estética em relação aos outros recursos, servindo como fator de motivação para os praticantes (Nelson Bittencourt - 1 984). 6.1 - Pesos livres Os pesos livres consistem de halteres, anilhas e lastros, com o equipamento acessório representado por bancos e cavaletes. O que caracteriza os pesos livres é a versatilidade. Os exercícios podem ser criados com múltiplas variações. O período de aprendizado dos exercícios com pesos livres são normalmente superiores aos exigidos para os exercícios realizados em aparelhos, pois exige maior habilidade. Os exercícios envolvem uma maior massa muscular, necessária para a estabilização articular, o que faz aumentar a massa muscular treinada. Alguns exercícios com peso livre podem exigir parceiros para dar a segurança necessária ao movimento. Tanto os aparelhos quanto os pesos livres apresentam vantagens e desvantagens. A escolha do recurso material a ser adquirido para o treinamento contra resistência é uma questão de prioridades e de considerações custo-benefício. 6.2 - Aparelhos x pesos livres Todas as pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer as salas de musculação a algumas décadas atrás, puderam acompanhar as mudanças que ocorrem até os dias de hoje. 6 Antes, as salas eram equipadas principalmente por barras longas, curtas, halteres, anilhas de vários pesos, bancos fixos e reclináveis, polias de vários tipos e etc. No passar dos anos, observamos uma invasão e sofisticação de máquinas com o objetivo de melhorar o rendimento dos alunos ou atletas. Estas modificações efetuadas nas salas de musculação responderam a investigações efetuadas no campo de biomecânica, como no da fisiologia da contração muscular. Os aparelhos com polia excêntrica (Nautilus) e os isocinéticos vieram para suprir a deficiência apresentada pelos pesos livres. Os estudos sobre a fisiologia muscular demonstraram que, um mesmo peso não produz os mesmos níveis de tensão em todo o percurso articular. A resistência variável, do Método Nautilus, constitui uma tentativa de fazer corresponder a resistência a uma força-ângulo. Porém, razões teóricas e mensurações objetivas sugerem que isso poderá não ser possível pelas variações mecânicas existentes de indivíduo para indivíduo. Os aparelhos isocinéticos em sua maioria não proporcionam uma sobrecarga excêntrica importante para ampliar a capacidade dos músculos. Apesar disso, são amplamente utilizados em reabilitação. Seus dispositivos permitem velocidades de movimento de zero graus por segundo até aproximadamente trezentos graus por segundo. Entretanto, evidência recente (utilizando dispositivos Cybex) sugere que a amplitude do movimento realmente isocinético diminui muito dos movimentos lentos para os rápidos, e que os dispositivos atualmente disponíveis podem não ser mais isocinéticos que os pesos livres através das mesmas amplitudes de movimento (Lander, Bates, Sawhill). Em 1970, a grande novidade foi o aparecimento, no Brasil, dos aglomerados. Constituia- se basicamente de uma máquina de estrutura central, com várias estações de trabalho. Este conjunto de aparelhos permite o trabalho simultâneo de até 12 pessoas. Como vimos anteriormente, os aparelhos apresentam vantagens e desvantagens em relação aos pesos livres. O que observamos durante ao longo dos anos, é que, os aparelhos sofrem grande deterioração, e as firmas não oferecem uma manutenção adequada. Em relação ao não envolvimento, na realização de exercícios, de um grande número de grupos musculares, dentre os quais, os músculos fixadores. A experiência nos mostra que as pessoas treinadas exclusivamente com aparelhos, quando submetidas ao treinamento com pesos livres, constatam um desequilíbrio na barra, com a perda do controle do movimento. Uma pessoa que trabalha nas condições citadas e com peso elevado, ao iniciar o trabalho com peso livre, observa que com este tipo de recurso material não é tão forte como pensava ser com o uso dos aparelhos. O objetivo dos treinamentos com aparelhos e peso livre é principalmente a reabilitação (fisioterapia), a estética corporal, a musculação competitiva (levantamento básico, olímpico e fisiculturismo) e o complemento a atividades desportivas. Os distintos trabalhos que podemos realizar com os pesos livres e aparelhos, oferecem excelentes perspectivas no campo de reabilitação. Obviamente, em determinados casos, os aparelhos isocinéticos são mais indicados, pois podem, com precisão, medir o trabalho que se deve aplicar ao músculo lesionado. Por este motivo, os isocinéticos tem sido utilizados por vários centros de reabilitação. No campo da estética corporal, os aparelhos vêm sendo utilizados em larga escala, porém, em parceria com os pesos livres. Os aparelhos conseguem maior isolamento muscular, ou seja, estimula grupos musculares mais específicos. As mulheres é que tem a maior preferência por este tipo de trabalho. Os pesos livres se mostram mais importantes para o aumento da massa corporal magra, por conseguirem em seus exercícios básicos um trabalho multissegmentar envolvendo um grande número de grupos musculares. Em relação a musculação competitiva ou no complemento a atividades desportivas, não existe respostas significativas como treinamento realizado exclusivamente em aparelhos. A performance desportiva está intimamente ligada a uma complexa estrutura de forças e ações 7 perfeitamente sincronizadas entre si, os treinamentos contra resistência devem contemplar esta coordenação. Os aparelhos treinam músculos como único fim. Os pesos livres podem treinar movimentos, ações, nos quais os músculos são intermediários para o desenvolvimento harmônico de tais ações. Os grupos musculares treinados com pesos livres, condicionam-se no e através do gesto desportivo, isto não é possível ser realizado, na maioria dos casos, com os aparelhos. O fisiculturismo é uma exceção na área da musculação competitiva. Por ser uma competição que visa a excelência do corpo, tanto os aparelhos como os pesos livres são muito utilizados, como também o são na estética corporal que já foi mencionada. Podemos concluir que existem indicações na utilização de aparelhos, são elas: 1) Desenvolver determinados níveis de força e trofismo muscular. 2) Tratamento fisioterapêutico de lesões musculares. 3) Isolamento de algum grupo muscular para o seu fortalecimento. Por outro lado, podemos abandonar a idéia de utilizar aparelhos para melhorar o rendimento no desporto; sua utilização sistemática poderá estancar ou até diminuir a performance do atleta. Extraído do livro Musculação – métodos e sistemas. Carlos Eduardo Cossenza, Ed. Sprint, 2001. 7 - Testes de carga 7.1 - Teste de ensaio e erro (peso por repetições predeterminadas) O ensaio e erro visa determinar a carga por meio do número de repetições predeterminadas em cada grupo de exercícios, não havendo a necessidade de aplicação dos testes com sobrecargas máximas sobre o organismo, indo à avaliação diretamente ao encontro do objetivo do treinamento, ou seja, o ensaio e erro é realizado com base no número) de movimentos máximos visa o treino da qualidade física alvo, previamente selecionada pelo profissional. Vide o quadro a seguir que foi baseado nas pesquisas de Sholik in Matvéiev (1986). Metodologia de treinamento Valência física Nº de repetições Percentual de cargas Força pura 1 a 3 90 a 100% Força dinâmica 4 a 10 70 a 89% Força explosiva / potência 11 a 15 60 a 69% Resistência de força 16 a 20 50 a 59% O protocolo estabelecido para aplicação do teste de ensaio e erro consiste em conceder ao avaliado um aquecimento do tipo específico e com intensidade de carga moderada 2ª subzona (Anexo 1). Os intervalos para a recuperação são de 1 min a 3 min, ou iguais ao tempo de recuperação que será concedido durante o treinamento propriamente dito (característica personalizada dos intervalos). Após a realização do intervalo recuperador, adiciona-se mais peso e executa-se o numero de movimentos estipulados. Quando o executante conseguir o objetivo predeterminado, de forma fácil e com domínio motor satisfatório da técnica, adiciona-se mais peso, de acordo com o grau de esforço despendido. Após o ajuste na carga, executa-se o número de repetições predeterminado, e assim sucessivamente, até que seja encontrada a carga com a qual o número dc repetições deverá ser executado com perfeição e dentro dos limites preestabelecidos. O avaliador deve ficar atento ao número de tentativas ou ensaios, que não deve ultrapassar o número total de grupos previstos para a realização do treinamento que geralmente 8 são de três a seis. Este é o método mais indicado e popular para a iniciação dos trabalhos com sobrecargas; é apropriado para jovens e alunos novatos no campo do treinamento contra resistência. Nas formas de aplicação de cargas que visam à hipertrofia muscular por meio dos métodos de treinamento do tipo esforço repetido, é bastante utilizado o teste do ensaio e erro, que proporciona uma maior realidade no ato de execução das seqüências de exercícios, assim como facilita a individualização das cargas em função da resistência à fadiga, gerada por intervalos de recuperação muito curtos nos trabalhos para a hipertrofia muscular. O período básico de treinamento cria condições de embasamento para a realização do teste de ensaio e erro, dando uma noção de volume de carga durante a calibragem dos pesos a ser adotado para cada tentativa. Reafirmo mais uma vez, que devemos dispensar atenção especial ao gesto motor tecnicamente perfeito, tornando o mesmo de importância crucial durante os testes. O avaliado deve ser conscientizado da necessidade de tal atitude, assim como da realização do maior numero possível de movimentos predeterminados, sem tentar poupar energia para uma posterior tentativa. 8 - Treinamento 8.1 - Adaptação É o início do trabalho em musculação. Neste ciclo procuramos adaptar o sistema músculo-esquelético do praticante a esforços mais intensos, que serão realizados subseqüentemente. No ciclo de adaptação buscamos realizar a familiarização com a ficha ou rotina de trabalho e com as técnicas de execução dos exercícios (respiração, postura, amplitude e velocidade de execução). O tempo de duração da fase de adaptação varia com a periodicidade do aluno e com sua capacidade em absorver as sobrecargas do treinamento. O tempo mínimo de duração para adaptação, é de um mês, sendo que esta fase deve durar em média dois meses. Após o término da fase de adaptação é realizado um teste de carga máxima ou repetição máxima, e assim inicia- se um trabalho propriamente dito. Na fase de adaptação realizamos um trabalho de 20 repetições para os exercícios de tronco e de membros inferiores, iniciando com uma série de cada exercício, elevando-se gradativamente até atingir três séries de cada exercício. Este trabalho é feito com cargas ligeiras, sendo que estas devem ser aquelas que permitem ao aluno completar o número de repetições com uma certa facilidade, ou seja, nunca devemos extrapolar o nível de esforço a que submetemos o aluno. O aluno iniciante tem, em muitas vezes, a capacidade de manifestar cargas mais altas do que as de Adaptação, só que isto deve ser evitado, a fim de se prevenir e diminuir o risco de lesões musculo-esqueléticas. O trabalho de adaptação deve usar este protocolo de repetições (20 rep.) a fim de que haja um maior fluxo de circulação sanguínea ao sistema muscular e, através deste fluxo, os tecidos sejam mais bem alimentados e fortalecidos, além de permitir o aprendizado mais rápido das técnicas de execução dos diferentes exercícios devido ao maior número de repetições. Muitas vezes pouca importância é dada à fase de adaptação ou estar quase inexistente, e as conseqüências desta negligência são dores musculares tardias, ou lesões nos sistema musculoesquelético. A adaptação só deve ser abreviada, ou não realizada, ao iniciarmos um trabalho em um atleta ou aluno que tenha um nível significante de atividade física. 8.2 - R.M.L. (Resistência Muscular Localizada) O trabalho de R.M.L visa obter em nível muscular uma melhoria na resistência, sendo que produz uma leve hipertrofia e grande aumento no tônus muscular. O ciclo de R.M.L é utilizado como preparação para o início de trabalhos mais intensos, 9 como os de força e hipertrofia. É indicado em sua maior parte às pessoas que desejam apenas obter uma melhoria estética sem aumento exagerados da massa muscular. No trabalho de R.M.L é observado um aumento na capacidade de força máxima, o que constatamos através dos testes de carga máxima. O trabalho R.M.L. é o máximo esforço ao qual devemos submeter alunos em fase de crescimento (adolescentes), pois sobrecargas maiores podem acarretar o fechamento prematuro das epífises ásseas dos ossos longos e a limitação no desenvolvimento destes indivíduos. O trabalho de R.M.L é também o que mais atende às necessidades de melhoria estética, sendo, juntamente com o trabalho de R.M.P. (resistência muscular prolongada), o mais aconselhado para a utilização da musculação para fins de saúde. Neste tipode periodização realizamos um teste de carga, a cada início de fase de treinamento, para avaliarmos a evolução do aluno e ajustarmos as sobrecargas de trabalho. 8.3 - Força Máxima Em musculação, os trabalhos para desenvolvimento de força confundem-se, em pontos, com os de hipertrofia. Os trabalhos para força máxima são mesclados ao de potência e aos de hipertrofia, como preparação básica para o desenvolvimento do ciclo subseqüente: potência ou hipertrofia. O trabalho de força máxima é um trabalho de intensidade quase máxima quando não máxima, o que acarreta grandes riscos à integridade física do exercitante, sendo que devemos utilizá-lo segundo alguns critérios. Para não incorrermos nestes riscos, devemos restringir o início de um trabalho de força máxima somente a alunos que já tenham realizado, além da adaptação, 3 meses de treinamento de R.M.L; para que o sistema músculo-esquelético possa suportar, sem riscos, a sobrecarga do trabalho. Dentro do trabalho de força-máxima é necessária uma grande capacidade técnica do executante, pois as sobrecargas em questão, por serem máximas, podem, em um erro de execução ou postura gerar lesões. Sobretudo devemos restringir o trabalho de força máxima aos atletas que necessitam desta qualidade e aos alunos de hipertrofia que já se encontram em níveis mais avançados. Além da força máxima, temos ainda duas manifestações que decorrem desta capacidade de força motora. São elas: a resistência de força máxima e a resistência prolongada de força máxima. Estes dois tipos de resistência da força máxima são fenômenos onde a musculatura procura manter um número de repetições do movimento em que a carga seja a maior possível e que a fadiga ocorra na última repetição, inviabilizando a continuidade do gesto. Os protocolos de resistência de força máxima são utilizados também, com o intuito de obter-se hipertrofia muscular. 8.4 - Força Rápida A força rápida é a capacidade de executarmos um movimento com o máximo de velocidade possível, sendo que este tipo de solicitação ocorre em alguns esportes, tais como: Atletismo — (provas de velocidade em pista, saltos e lançamentos) Tênis Voleibol Basquetebol Lutas Futebol 10 Natação Notamos que a força rápida também participa em esportes onde a força de potência está presente, sendo que a força rápida será responsável pelo início dos gestos nestas atividades, e em alguns esportes, como os lançamentos, apenas temos a presença da força rápida como determinante principal do desempenho. Além da força rápida, temos duas manifestações que decorrem desta capacidade de força motora: a resistência de força rápida e a resistência prolongada de força rápida. Estes dois tipos de resistência de força rápida são fenômenos onde a musculatura procura manter um número de repetições do movimento, sem que a velocidade sofra grandes decréscimos, e onde a fadiga ocorra na última repetição do gesto motor. Para optarmos sobre qual protocolo devemos utilizar para o treinamento da força rápida, basta analisar o número de repetições em que ocorre o gesto do esporte em questão e assim priorizarmos o treinamento dentro do protocolo que atinja este número de repetições. 8.5 - Força de Potência O trabalho de força de potência, como o próprio nome já delimita, busca melhorias nesta característica física. Alguns esportes se caracterizam por esforços curtos e intensos, onde é exigido o máximo de velocidade do executante em várias repetições para a obtenção do sucesso. Assim vemos que o trabalho de potência é somente indicado a atletas de esportes onde a força de potência esteja presente, tais como: Futebol Voleibol Basquetebol Handebol Atletismo (provas de velocidade em pista) Natação (provas de velocidade) Lutas Tênis O trabalho de força de potência deve ser adaptado ao esporte em questão, quanto aos exercícios a serem realizados e periodização do treinamento. Assim vemos que este protocolo é semelhante ao de R.M.L, porém a diferença reside na velocidade de execução do movimento, que na força de potência deve ser o mais rápido quanto seja possível. Devido a esta característica é que o trabalho de força de potência é desaconselhado a pessoas que não necessitam deste tipo de condicionamento, porque quanto maior a velocidade de execução maior o risco de lesões musculo-esqueléticas. E necessária uma grande adaptação às técnicas de execução dos exercícios para que não ocorram lesões devido a erros de postura e amplitude de movimento. Outra característica importante é que os trabalhos de força de potência devem ser realizados preferencialmente em máquinas à realização com pesos livres, devido à facilitação à técnica de execução que as máquinas apresentam. Ao findar o terceiro mês da fase de potência, é onde devem ocorrer as competições principais de nossos atletas, pois neste período o atleta estará atingindo o pico de sua forma física. Além da força de potência, temos duas manifestações que decorrem desta capacidade: a resistência de potência e a resistência prolongada de potência. Estes dois tipos de resistência de força de potência são manifestações onde a musculatura busca a manutenção da velocidade média da execução, em um período de tempo mais longo do que o da potência propriamente dita. Para optarmos sobre qual protocolo devemos utilizar para o treinamento da força de 11 potência, basta analisar o número de repetições em que ocorre o gesto do esporte em questão, e assim priorizarmos o treinamento dentro do protocolo que atinja este número de repeticões. 8.6 - Hipertrofia Hipertrofia é o crescimento em volume das fibras musculares, o que gera o aumento da massa muscular, sendo um dos trabalhos mais procurados em musculação pelo público masculino. Devido às suas características de execução, a hipertrofia deve ser restringida aos atletas de fisiculturismo, e a alunos que tenham ao menos seis meses de treinamento em musculação e que sejam adultos, pois a hipertrofia pode prejudicar o desenvolvimento ósseo dos adolescentes. Dentro dos trabalhos de hipertrofia, temos vários níveis de repetições e sobrecargas, sendo que pouco consenso há sobre o protocolo mais adequado. O protocolo com 6 a 8 repetições representa o trabalho mais usual em hipertrofia, porém alguns autores delimitam que séries de 6 repetições são as mais aconselhadas no desenvolvimento de Força. Durante o trabalho de hipertrofia, a ênfase deve ser dada à técnica de execução do movimento, e não, à quantidade de sobrecarga utilizada. Gomo força e hipertrofia são quase dissociáveis, este protocolo traz resultados, porém não os máximos. Recentemente, após pesquisas que apontaram que o máximo número de fibras participantes em um exercício ocorre após a décima repetição, vários fisiculturistas e professores tem adotado protocolos em que as repetições igualam-se ou ultrapassam o valor determinado pelas pesquisas, sendo que, por vezes, são realizados trabalhos de 12 a 15 repetições. Outro fator relevante para a escolha do número adequado de repetições consiste no acompanhamento dos resultados, utilizando-se dos diferentes protocolos, sendo que em uma planificação científica devemos trabalhar os diferentes protocolos, para que assim asseguremos que o máximo número de fibras da musculatura está sendo trabalhados. Na periodização, após finalizarmos o ciclo para iniciantes, adentramos o ciclo para adiantados, sendo que a adaptação terá função, não de adaptar a musculatura e sim, de proporcionar um mês de descanso ativo à musculatura. O ciclo de R.M.P., utilizado na planificação para os alunos adiantados, visa, efetuar o aprimoramento da definição muscular, adquirida nas fases anteriores. 8.7 - R.M.P. (Resistência Muscular Prolongada) Este tipo de treinamento em musculação visa a proporcionar ao praticante uma resistênciamuscular prolongada, ou seja, a capacidade de a musculatura permanecer em ação por um decurso longo de repetições. O trabalho de R.M.P. em musculação, quando efetuado dentro do método intervalado, não é um trabalho de característica aeróbia e sim, anaeróbia lática. Porém, se o trabalho de R.M.P. for realizado dentro das técnicas do método do Circuíit Training, o trabalho poderá ter características aeróbias. Este protocolo é indicado aos atletas que necessitam de uma resistência muscular prolongada em esforços anaeróbios ou aeróbios e a alunos que desejam obter uma melhor definição e tonificação da musculatura. Devido ao grande dispêndio energético gerado pelo trabalho de R.M.P., ele é indicado aos programas de controle e perda de peso, quando executado segundo o método contínuo. Composto por um alto número de repetições, é necessário que o aluno tenha grande motivação para sua execução, sendo que a utilização de aulas de circuito contribui para a execução deste protocolo. 12 8.9 - Características dos diferentes tipos de treinamento Tipo de trabalho Repetições Velocidade % da carga máxima Sets Intervalo Adaptação 20 média leves 3 1’30” a 2’ Resistência muscular localizada 20 média 50% 3 1’30” a 2’ Força de potência 10 a 20 rápida 60 a 50% 3 3’ a 5’ Resistência de potência 20 a 30 rápida 40 a 50% 3 3’ a 5’ Resistência prolongada de potência 30 a 50 rápida 30 a 40% 3 3’ a 5’ Força rápida 1 a 3 rápida 50 a 70% 3 3’ a 5’ Resistência de força rápida 3 a 6 rápida 40 a 50% 3 3’ a 5’ Resistência prolongada de força rápida 6 a 10 rápida 30 a 40% 3 3’ a 5’ Força máxima 1 a 3 lenta 90 a 100% 3 3’ a 5’ Resistência de força máxima 3 a 6 lenta 80 a 90% 3 3’ a 5’ Resistência prolongada de força máxima 6 a 10 lenta 70 a 80% 3 3’ a 5’ Hipertrofia I 6 a 8 lenta 75 a 80% 3 1’ a 3’ Hipertrofia II 10 a 15 lenta 60 a 70% 3 1’ a 3’ Resistência muscular prolongada 50 a 90 média 30 a 40% 3 circuito 9 - Classificação das formas de aplicação das cargas 9.1 - Treinamento alternado por segmento corporal. As montagens que seguem a metodologia de alternância entre os segmentos corporais, tem por objetivo evitar a fadiga muscular precoce. São recomendadas para os iniciantes ou alunos que possuam baixo nível de condição física, consequentemente maior susceptibilidade à fadiga muscular localizada, O método do circuito possui estas características, por ser um treinamento contra resistência é de natureza essencialmente anaeróbica. Os curtos períodos de recuperação entre as repe tições, possível exclusivamente pela alternância de segmentos, permitem maior participação do metabolismo aeróbico. 13 Este tipo de montagem pode visar uma articulação em especial, que se fará presente em maior número de vezes que outras, em um ou mais exercícios. Para cada exercício utilizando outra articulação corresponderá a um que utilizará a articulação referida. Exemplo: Exercícios 01 – Leg-Press. 02 – Abdome. 03 – Supino. 04 – Abdome. 05 – Desenvolvimento. 06 – Abdome. 07 – Etc... Este tipo de montagem é denominada alternada por segmento prioritária. 9.2 - Treinamento localizado por segmento corporal ou por articulação. As montagens de programa que seguem essa metodologia completam todos os grupos e repetições do primeiro exercício antes de passar para o exercício seguinte. Ao se utilizar essa metodologia, os exercícios que atuam em grandes grupos musculares devem ser colocados primeiro durante a sessão de treinamento, porque um dos fatores mais importantes é que esses exercícios são básicos para o desenvolvimento da força. Além disso, são os exercícios que trabalham com os pesos mais elevados (intensidade) e devem ser executados antes do aparecimento da fadiga para se conseguir os máximos resultados. Segundo os indivíduos exercitados, o esforço de concentração mental necessário para a realização desses exercícios é muito grande. Realizá-los depois de ter concluído exercícios para pequenos grupos musculares reduz os níveis de concentração. Por fim, ao se alternar ou trabalhar primeiro os exercícios para os pequenos grupos musculares, os músculos sinérgicos ou fixadores, importantes para a execução de uma técnica correta, entram em fadiga e aumentam o risco de lesão por dificuldade de manutenção da técnica. Quanto mais concentrado numa região for o trabalho muscular, maior será o fluxo de sangue naquele local (hiperemia), a fadiga muscular ocorrerá mais rapidamente e a hipertrofia será maior em relação à montagem alternada por segmento. O nível de hiperemia tem sido relacionado com os níveis de hipertrofia. 14 10 - Forma de aplicação ou método de aplicação de carga 10.1 - Forma de aplicação ou método convencional Este método é talvez o mais antigo dos métodos de treinamento de musculação. Também conhecido como método por séries ou sets, é mais indicado para os iniciantes, para os que retornam ao treinamento de musculação ou em algumas aplicações no treinamento do levantamento olímpico e básico. Inicia-se o treinamento, através do Método Convencional, com um exercício básico * por agrupamento muscular. Com a evolução do treinamento, os exercícios complementares ** vão sendo incluídos, aumentando assim o número de exercícios por grupamento muscular e o tempo total da sessão. O tempo total de uma sessão de treina mento não deve ser superior a uma hora e trinta minutos para não se tornar monótono e exaustivo, criando assim um stress metabólico. Se não estivermos atentos a este detalhe, osexercícios estimulados no início do programa, passam a receber melhor treinamento do que os estimulados no final, acarretando uma possível desproporcionalidade corporal. Este método é também indicado na necessidade por qualquer motivo, de diminuir a carga de treinamento, mantendo, porém um certo grau de treinabilidade e aptidão, ou quando se visa a aptidão geral sem grande especialização por grupamento muscular. O número de grupos (sets) para cada exercício, o número de repetições por grupo e o peso, serão estabelecidos de acordo com os objetivos do treinamento. ―Os intervalos de recuperação entre os grupos devem permitir a ressíntese dos fosfagênios, a manutenção do nível de lactato sangúíneo em proporções suportáveis, e o reestabelecimento da freqúência cardíaca em níveis mais confortáveis‖ (Godoy 1994). A principal desvantagem deste método é não permitir uma maior especialização do treinamento por grupamento muscular. Exemplo de sessões de treinamento alternada por segmento e localizada por articulação, seguindo a metodologia convencional. Alternada por segmento Localizada por articulação 01 Leg press 01 Leg press 02 Supino 02 Panturrilha 03 Abdominal 03 Supino 04 Puxada pela frente 04 Puxada pela frente 05 Panturrilha 05 Desenvolvimento 06 Desenvolvimento 06 Rosca de bíceps 07 Abdominal 07 Abdominal 08 Rosca de bíceps 08 Abdominal * Exercícios Básicos - São eles que trabalham os músculos e articulações nos seus ângulos mais naturais, ativando portanto um maior número de unidades motoras, utiliza o sinergismo de outros grupamentos musculares. ** Exercícios Complementares - Procuram isolar ao máximo a ação de um músculo dos seus sinergistas e enfatizam freqüentemente alguns feixes do agonista principal. 10.2 - Forma de aplicação ou método da progressão dupla Este método realiza o aumento da carga e trabalha através de duas variáveis Em 15 primeiro, aumentando as repetições até atingir o dobro do número previsto para iniciar o treinamento, depois pelo aumento do peso adicional e conseqüentemente diminuição das repetições retornando ao número inicial. Este procedimento é feito sistematicamente conforme a adaptação do aluno/atleta. Este na verdade é uma variação do método convencional.E um método eficaz que consegue pela variação das repetições, adaptar um número maior de tipos de fibras musculares em sua periodização. Não é um método tão intenso como outros que veremos a seguir, por isso, é recomendável para iniciantes ou para os que retornam de um período de inatividade. O iniciante deve estar adaptado ao treinamento em aproximadamente três meses, quando deverá evoluir no seu treinamento, trocando o programa por um mais intenso. Como neste método, cada exercício estipulado para um determinado número de repetições irá aumentar este número sempre que houver adaptação, até que o número máximo estipulado seja atingido. O peso é aumentado na seguinte proporção: a diferença entre o número máximo e mínimo será dividida por dois e transformado em peso adicional ao que se estava utilizando no treinamento, quando for o caso de exercícios com participação dos membros superiores: no caso da participação dos membros inferiores, o número de repetições entre máximo e mínimo será transformado diretamente em peso adicional. Quando os exercícios tiverem a participação de membros superiores e apresentarem um braço de resistência muito grande, como no caso do crucifixo reto (cotovelos em extensão total), pulôver reto e outros, o número de repetições referente a diferença citada, deverá ser dividido por quatro e transformado em peso adicional (Cossenza e Carnaval - 1 985). Exemplo: Exercício Repetições Leg-press Supino Crucifixo reto 8 a 16 8 a 16 8 a 16 Ao se atingir as dezesseis repetições, e a diferença entre o número máximo e mínimo sendo de oito, o aumento de peso será de oito quilos para o leg-press; de quatro quilos para o supino e de dois quilos para o crucifixo reto. Jack Leighton (1 987), descreve uma forma diferente na progressão deste método : O número de repetições aumentará em uma repetição, da primeira para a segunda, mais uma no início da terceira semana, mais uma no início da quarta e assim sucessiva mente até que o número máximo estipulado seja atingido. O peso então é aumentado numa proporção adequada em torno de 1,5 Kg a 5 kg ou mais, dependendo do exercício e da pessoa. O número de repetições retorna ao número inicial e se reinicia o processo. Este método, quando aplicado para iniciantes ou pessoas que retornam ao treinamento após longo período de inatividade, deve ter uma freqüência semanal de três dias, como o método convencional. Este método pode acompanhar a evolução do treinamento e mesclar-se com outros métodos (parcelado), o que modificaria a indicação da sua freqüência semanal. A progressão dupla, poderá ser vista misturando-se com vários outros métodos que serão abordados a seguir. Segundo Leighton (1987), as pessoas executam geralmente, apenas um grupo de repetições em cada exercício. Porém, temos observado que este método pode ser elaborado, com boa adaptação, utilizando-se um número maior de grupos, de acordo com o nível de condicionamento físico e objetivos do aluno/atleta. 10.3 - Forma de aplicação ou método De Lorme No transcorrer da Segunda Guerra Mundial surgiu com grande estímulo, técnicas de exercícios terapêuticas e de recuperação física.Um médico alemão, levantador de peso amador, 16 Thomas De Lorme, realizou experiência com a aplicação de resistências progressivas para o quadríceps debilitado por cirurgias na articulação do joelho. Sua idéia não era nova, porém o Método de De Lorme utilizava um sapato de ferro, no qual se fixavam pesos que podiam ser aumentados. O peso, as repetições e o tempo do exercício eram constantes durante uma semana. O peso máximo a ser utilizado em dez repetições, com amplitude completa do movimento, é determinado semanalmente : 10 repetições máximas (10 RM). Em 1 948, De Lorme revisou seu método e determinou os seguintes procedimentos: 01) Determine o peso correspondente a 10 RM. 02) Primeiro grupo de 10 repetições com 50% de 10 R.M. Segundo grupo de 10 repetições co 75% de 10 R.M. Terceiro grupo de 10 repetições igual a 10 R.M. completas. 03) Os três grupos feitos em cada sessão de exercícios, devem ter intervalos curtos de repouso entre eles. 04) Essa abordagem inclui o aquecimento, já que inicial-mente o paciente levanta somente 1/2 ou 3/4 das 10 R.M. 05) A carga correspondente 10 R.M. é aumentada cada semana à medida que a força aumenta. 10.4 - Forma de aplicação ou método Oxford Os fisiatras passaram a prescrever variações do Método De Lorme. Este método é o reverso do anterior, foi elaborado para diminuir a resistência à medida que a fadiga muscular se desenvolve. Procedimentos: 01) Determine o peso correspondente a 10 R.M. 02) O paciente realiza 10 R.M. completas, 10 repetições com 3/4 das 10 R.M. e 10 repetições com 1/2 da 10 R.M. 02) Esse método tenta diminuir os esforços detrimentais da fadiga. 03) Orienta-se para que haja um período de aquecimento geral, não específico, de exercícios ativos, antes de iniciar os grupos de exercícios resistidos . 10.5 - Forma de aplicação ou método de Erpad O Método de Erpad foi desenvolvido por Knight para determinar mais objetivamente quando aumentar a resistência e como aumentá-la em um programa de exercícios: 01) Determine um peso de trabalho inicial (Knight sugere 6 R.M.). 02) 1º Grupo = 10 repetições de 1/2 do peso de trabalho. 2º Grupo = 06 repetições de 3/4 do peso de trabalho. 3º Grupo = Quantas repetições forem possíveis no peso de trabalho total. 4º Grupo = Quantas repetições forem possíveis do peso de trabalho ajustado. O peso de trabalho é ajustado é baseado no número de repetições do peso de trabalho total realizado no 3º grupo. 03) O número de repetições feitas no 4º grupo é usado para determinar o peso de 17 trabalho para o dia seguinte. Princípios para o ajuste do peso de trabalho. Knight coloca que o número máximo ―ideal‖ de repetições (quando se pede ao paciente para fazer o máximo de repetições possível) é 5 a 7 repetições. N 0 de Repeticões feitas durante o 3º Grupo Ajuste do peso de trabalho para o 4º Grupo dia seguinte 0 - 2 Diminuir 2,5 - 5,0 Kg e repetir o grupo Diminuir 2,5-5,0 Kg 3 - 4 Diminuir 0 - 2,5 Kg O mesmo peso 5 - 6 Manter o mesmo peso Aumentar 2,5 - 5,0 Kg 7 - 10 Aumentar 2,5 - 5,0 Kg Aumentar 2,5 - 7,5 Kg 11 Aumentar 5,0 - 7,5 Kg Aumentar 5,0 - 10,0 Kg O método Erpad elimina a determinação arbitrária de quanto peso deve ser adicionado em um programa de exercícios resistidos em uma base diária. Esse método pode ser usado com pesos livres ou aparelhos. 10.6 - Forma de aplicação ou método do treinamento parcelado Este método também é conhecido como série dividida, rotina dividida, split-routine ou split-training. O método de treina mento parcelado é a evolução natural do método convencional, corrigindo suas limitações. Quando se atinge um nível avançado no treinamento com pesos, se torna necessário aumentar a intensidade e o volume do mesmo. Se dividirmos nosso corpo em partes, poderemos trabalhar com um número maior de exercícios e grupos para cada grupamento muscular. Esta divisão caracteriza o método, que na sua primeira sessão da semana será efetuado, em torno de oito exercícios para a parte superior do corpo. Desta maneira evitaremos os programas de treina- mento muito longos que nos levam a um stress metabólico, e seremos capazes de realizar todos os exercícios com grande intensidade. Na segunda sessão de treinamento da semana, o trabalho se concentrará na parte inferior do corpo, com mais ou menos oito exercícios para estes músculos. A montagem de programa parcelado mais comum, tem uma freqüência de quatro dias por semana, cada grupo muscular é trabalhado duas vezes por semana. Veremos a seguir um exemplo deste tipo de programa: Segunda e Quinta-feira - Peito, ombro, tríceps, perna e abdome. Terça e Sexta-feira - Coxa, perna,costas, bíceps, antebraço e abdome. Quarta, Sábado e Domingo - Tempo de recuperação. Podemos observar que neste exemplo, os abdominais e a musculatura da perna (panturrilha) devem trabalhar em todos os dias de treinamento, ou seja, quatro vezes por semana. Normalmente a musculatura abdominal se adapta bem a um trabalho de seis dias na semana, enquanto a musculatura da perna pode aceitar de quatro a seis sessões por semana para criar como adaptação um bom nível de hipertrofia. Outros tipos de parcelamento podem ser elaborados, veremos a seguir um exemplo de como podemos fazê-lo para um ciclo de treinamento que compreende cinco dias por semana. Denominaremos arbitrariamente A e B 18 para cada programa que agrupe conjuntos eqüitativos de grupos musculares do corpo. SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM 1ª sem A B A B A T.R. T.R. 2ª sem B A B A B T.R. T.R. 3ª sem A B A B A T.R. T.R. T.R. = Tempo de recuperação. No que diz respeito ao tempo de recuperação entre as sessões de treinamento, os ciclos de cinco dias por semana proporcionam um período de recuperação menor que os ciclos de quatro vezes por semana, mas sempre superior aos de seis dias. Os exercícios abdominais e os para os músculos da perna podem também participar de cada uma das sessões, se achar necessário. Dois são os tipos de parcelamento com seis sessões semanais de treinamento, em um cada grupo muscular é solicitado duas vezes por semana enquanto que no outro, os grandes grupos musculares são solicitados três vezes por semana. Exemplificaremos a seguir os dois tipos de parcelamento: Seg / Qui Ter / Sex Qua / Sáb Peito Costas Lombar Ombro Bíceps Coxa Tríceps Antebraço Perna Antebraço Perna Abdome Abdome Abdome Exceto perna e abdome, cada grupo muscular é trabalhado duas vezes por semana. Seg / Qua / Sex Ter / Qui / Sáb Peito Ombro Tríceps Antebraço Perna Abdome Costas Bíceps Lombar Coxa Perna Abdome Exceto perna e abdome, cada grupo muscular é trabalhado duas vezes por semana. 10.7 - Forma de aplicação ou método do treinamento duplamente parcelado Também conhecido como método da rotina duplamente dividida, série em 2 turnos, semanas dias 19 dupla rotina, dupla sessão ou double-split. E uma variação, ou evolução, do método de treinamento parcelado, propicia uma maior especialização de treinamento por grupo muscular. Este tipo de treinamento é apropriado para atletas de alto nível, que possuem disponibilidade de tempo para a pratica de atividades esportivas. Veremos a seguir um exemplo do treinamento duplamente parcelado: Seg / Qui Ter / Sex Manhã Peito e abdome Costas, bíceps e abdome Tarde Ombro, tríceps e antebraço Lombar, coxa e perna 10.8 - Forma de aplicação ou método triplamente parcelado Visa ainda maior especialização que os métodos anteriores, sendo realizado em 3 sessões diárias de treinamento. Também conhecido por triple-split. Veremos o exemplo a seguir: Seg / Qui Ter / Sex Manhã Peito e abdome Costas e bíceps Tarde Ombro e perna Coxa e perna Noite Tríceps e antebraço Lombar e abdome Este método só é utilizado por alguns fisiculturistas no período de pré-competição, onde é fundamental aumentar o volume de treinamento. 10.9 - Forma de aplicação ou método “Puxe-empurre” O método do ―puxe-empurre‖ é uma variação do método de treinamento parcelado, porém, apresenta características próprias. Combina numa sessão de treinamento, grupos musculares que agem ―puxando‖, e na sessão seguinte, grupos musculares que agem ―empurrando‖, como podemos observar no exemplo abaixo: 1ª Sessão de treinamento - Peitoral, deltóide, tríceps braquial 2ª Sessão de treinamento - Dorsais, bíceps braquial, musculatura de antebraço. 3ª Sessão de treinamento - Coxa, Panturrilha Um dia de descanso (repouso). 4ª Sessão de treinamento - Reiniciar o microciclo. A finalidade deste tipo de parcelamento é agrupar, na mesma sessão de treinamento, grupamentos musculares com maior inter-relação entre suas ações. Com este procedimento, estaremos possibilitando uma melhor recuperação muscular, e conseqüentemente, melhor adaptação. Podemos observar que os grupamentos musculares trabalhados na lª sessão de treinamento, só voltarão a ser exigidos com 72 horas de intervalo, tempo suficiente para a recuperação ampliada da musculatura. O método do ―puxe-empurre‖ está relacionado com os grupamentos musculares do tronco e dos membros superiores, ficando os membros inferiores separados numa única sessão, permitindo o tempo de recuperação previsto. 20 10.10 - Forma de aplicação ou método da prioridade muscular Este método consiste em trabalhar o grupo muscular deficiente em força, resistência, ou com um desenvolvimento muscular inferior no início do programa, visando corrigir ou diminuir as diferenças existentes. ―Os músculos estimulados no início do programa recebem melhor treinamento do que aqueles estimulados no final, onde o nível motivacional é menor e o stress metabólico já se faz presente (Cossenza 1990)‖. Se os deltóides são pouco desenvolvidos em relação aos outros grupamentos musculares, deve-se reservar para eles os primeiros exercícios do programa. Exemplo: Exercício 1 - Desenvolvimento por trás Exercício 2 - Abdução dos braços com halteres de barra curta. Exercício 3 - Crucifixo inverso no puxador. Obs: Continuar o programa com outros exercícios visando novos grupamentos musculares. 10.11 - Forma de aplicação ou método da repetição roubada Nas décadas de 30 a 40 o conhecimento científico era menor, porém, já se tinha a consciência da necessidade da sobrecarga para promover uma adaptação a nível muscular. O aumento da sobrecarga ficava restrito ao aumento do peso adicional nos exercícios, para se conseguir melhorar a performance. Este método foi largamente difundido no meio do culturismo. A repetição roubada se caracteriza pela participação de outros grupamentos musculares auxiliando o agonista principal, permitindo a manipulação de pesos mais elevados que os utilizados normalmente. Neste método a relação é com a forma de execução do exercício e não com repetições ou variações de combinações de grupos (sets), podendo ser utilizado em ambos os itens. A repetição roubada diz respeito à variação de uma técnica específica, determinada para qualquer dos exercícios utilizados no treinamento contra resistência. Por exemplo: Flexionando levemente os joelhos, em seguida estendendo-os rapidamente para dar impulso na barra pra cima, tirando o peso da inércia, ajudando assim os braços a elevarem a barra na execução do desenvolvimento. Ao invés de realizar o exercício de rosca de bíceps com o corpo em posição ereta, flexiona-se o tronco e, em seguida, com uma rápida extensão, se consegue tirar o peso da inércia e manter a aceleração durante todo o percurso da articulação do cotovelo. A finalidade do ―roubo‖ é permitir ao aluno/atleta manipular mais peso. A quantidade de resistência oposicional aos músculos bíceps braquial, braquial e braquiorradial na execução da rosca bíceps varia durante o percurso articular devido à mudança do braço de resistência (distância entre o ponto de apoio ou de giro e a resistência, peso adicional), já que o antebraço forma com o braço um ângulo de 180° no início do movimento, passa para uma posição onde formam um ângulo de 90° e a seguir para uma flexão total do cotovelo, em que o peso se encontra próximo ao ombro. O limite de peso a ser manipulado neste exercício está relacionado com o ponto de maior dificuldade mecânica do percurso articular. Segundo Arthur Jones, este ponto se encontra em torno de 120° graus, Jack Leighton se refere a 90° graus. A finalidade do movimento de extensão do tronco (repetição roubada) é a de se conseguir uma aceleração que permita ultrapassar o ―ponto crítico‖ (ponto de maior dificuldade mecânica)com um peso maior que o manipulado numa execução normal do exercício. No campo prático, observamos este método sendo utilizado de duas formas A que lhe originou, utiliza o ―roubo‖ desde a primeira repetição do grupo a ser executado. A mais atual preconiza que só se utilize o ―roubo‖ nas três últimas repetições de um grupo em determinado exercício. Este método é uma das opções eficazes para os casos em que se deseja o aumento da 21 massa muscular, e conseqüentemente, o desenvolvimento da força. Devido aos posicionamentos adotados, os músculos não se alongam completamente, o que acarreta um declínio da flexibilidade. Para compensar esta deficiência, recomenda-se um trabalho paralelo visando a manutenção ou melhora desta qualidade física. Na periodização em que se utilizar o método do ―roubo‖, não se deve treinar por um período superior a dois meses, num ciclo de treinamento de seis a sete meses. O método da repetição roubada apresenta ainda outras vantagens, tais como A facilidade de execução, já que a tendência da utilização do roubo é instintiva. Não se torna necessário a presença de auxiliares, recursos materiais específicos ou de alterações na montagem da série de exercícios, para se conseguir maior intensidade no treinamento. As desvantagens do método, estão ligadas a técnica inadequada, que pode causar danos ao corpo devido ao esforço colocado nas partes afetadas. A hiperextensão da coluna lombar que ocorre quando se aplica a execução roubada na rosca de bíceps, pode desenvolver disfunções e desvios posturais, o risco de lesões é maior e o desenvolvimento desproporcional dos seguimentos corporais. A utilização deste método pode ser considerada errada, ou inadequada, para iniciantes, sedentários, quando a se perde a eficiência do método devido ao ―roubo‖ exagerado, ou quando o aluno apresenta algum tipo de restrição a este tipo de movimento. 10.12 - Forma de aplicação ou método da repetição forçada É a execução de mais repetições de um exercício do que o indivíduo é capaz de executar sem ajuda (Leighton - 1987). Esta aluda é fornecida por um auxiliar, que pode ser o professor ou um parceiro, fazendo apenas o suficiente para que o movimento possa ser completo nas repetições extras. Essas repetições extras, realizadas com ajuda é que são chamadas de repetições forçadas, e devem ser num número de duas a quatro no máximo. Como a presença de um ajudante é indispensável para a utilização do método, o professor Godoy (1 994) traçou as características importantes para tal, que são: a) Atenção e percepção para notar o momento em que ocorre a perda de controle do peso ; b) Sensibilidade para dosar o auxílio prestado c) Certo grau de conhecimento de musculação e do indivíduo que estiver auxiliando; d) Algum grau de treinabilidade, para que possa manter o controle do peso e /ou auxiliar neste controle em uma situação de emergência. Recomendo-se que ao periodizar o emprego da repetição forçada, não o faça de forma constante por períodos longos, correndo-se o risco de um overtraining. Este método tem os mesmos objetivos e cria as mesmas adaptações que o anterior, porém com menores riscos de lesão. 10.13 - Forma de aplicação ou método D.T.A. Trata-se da execução até a exaustão de um número de repetições de um exercício utilizando 60 a 70 por cento do peso máximo em apenas um grupo. A finalidade básica deste programa é condicionar o atleta a tal ponto onde ele seria capaz de executar aproximadamente o mesmo número de repetições em cada exercício que seria exigido na performance de movimentos similares durante a competição atlética. Coker elaborou programas deste tipo para cinco modalidades esportivas. Estes programas constituíam-se de seis a sete exercícios, dependendo do esporte, para serem 22 utilizados com o Universal Gym. O princípio de levar um grupo à exaustão é utilizado por muitos treinadores nos dias de hoje. O mesmo princípio também é empregado para alunos com objetivos estéticos, onde os primeiros grupos são realizados com um número de repetições restrito, de acordo com o objetivo, no último grupo se aplica o princípio do D.T.A.. Na execução de qualquer exercício até a exaustão, deve-se dar preferência as máquinas, de onde as pessoas podem facilmente sair quando concluir o exercício, ou pedir que um ou dois parceiros ajude na segurança e retirem o peso, evitando assim, qualquer possibilidade de acidente. Este método está descrito por Joe Weider como um de seus sistemas com o nome de ―treinamento até o ponto falho‖. Treinar até o ponto falho quer dizer, dar continuidade as repetições de um exercício, até que os músculos responsáveis pelo movimento estejam incapacitados de produzir mais uma única repetição, dentro da técnica correta. O conceito do treinamento até o ponto falho pode ser utilizado em uma ou todos os grupos de uma sessão de treinamento. Weider recomenda que após cinco a seis semanas de adaptação muscular ao treinamento de alta intensidade, se torna conveniente levar ao ponto falho pelo menos um grupo para cada grupamento muscular, e ir aumentando o número de grupos deste tipo até que a maior parte do treinamento seja de grupos que levem suas repetições ao ponto falho. 10.14 - Forma de aplicação ou método da pirâmide O método da pirâmide, ou pirâmide crescente, é um método muito antigo e bastante conhecido. Este método consiste em aumentar o peso adicional e diminuir proporcionalmente o número de repetições a cada grupo de determinado exercício (Fig.1). Como vantagens do método, podemos apontar o aquecimento gradual, preparando o sistema músculo-articular para o aumento progressivo da intensidade que é uma das características do método. O recrutamento e adaptação ao esforço de unidades motoras de diferentes potenciais de excitabilidade, que varia em intensidade e volume de grupo para grupo. Estas adaptações nos mostram um incremento da força dinâmica ; indiretamente, incrementa a resistência muscular localizada e provoca uma grande exigência neural devido a execução de um grupo de 1 RM. Como desvantagem do método, podemos citar a espoliação do fosfagênio, o que não permitirá que os últimos grupos, onde a resistência oposicional é maior, sejam manipulados pesos ainda mais elevados. Devido a grande intensidade do método, não se pode perder de vista, sua utilização, na Fig.1 23 periodização. Quando esta metodologia for utilizada de forma exclusiva, o período deve ser breve. A não recomendação da aplicação constante de grupos de 1 RM, nos leva a variações no método da pirâmide. Uma dessas variações é o método da pirâmide truncada. Neste caso, não se chega no último grupo a 1 RM. (Fig.2). Outras variações são o método da pirâmide invertida truncada (Fig.3) e o método da pirâmide invertida (Fig. 4). Nestes casos, não se observa a presença do aquecimento gradual, porém, os pesos elevados são manipulados nos primeiros grupos, permitindo que se consiga trabalhar com pesos mais altos que no método da pirâmide ou pirâmide truncada. Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4 24 10.15 - Forma de aplicação ou método da repetição parcial Consiste em não trabalhar, o exercício, com a amplitude total da articulação, realizando apenas parte do movimento articular. As contrações podem ser concêntricas completas e excêntricas incompletas, concêntricas incompletas e excêntricas completas, ou com ambas incompletas. Este método possibilita ao praticante ultrapassar o ponto da fadiga muscular momentânea (ponto falho) sem ajuda de um companheiro, realizando 1 a 4 repetições parciais, além das repetições completas, nas porções fáceis do arco articular do movimento. Por exemplo, num exercício de supino os 2 a 4 movimentos a mais poderiam estar compreendidos entre o ponto que antecede o falho e a posição final de extensão total dos cotovelos, ou da clavícula ao pontoque antecede o falho. Uma outra opção de utilização deste método nos é apresentada por Joe Weider (1986) através, do que ele denomina de ―queimada‖. A queimada são repetições rápidas de movimentos curtos (contração concêntrica e excêntrica incompleta), de 5 a 8 centímetros de amplitude, que quando aplicada para os músculos da loja posterior da perna (gastrocnêmios e sóleo) pode chegar até 20 repetições a mais do que as que levaram o músculo a fadiga momentânea. Outra forma de aplicação deste método é a utilização da repetição parcial desde a primeira repetição do grupo (série), priorizando, assim, o incremento de força em um percurso específico do movimento articular, prevenindo ou recuperando uma lesão. A utilização deste método nos leva, como adaptação, a hipertrofia muscular. A intensidade do trabalho é muito alta por anular ou reduzir o tempo em encaixes articulares que diminuem a tensão muscular. Sua aplicação é bastante freqüente, também, em processos de reabilitação. O decréscimo da flexibilidade é a grande desvantagem do método, que pode ser neutralizada através da periodização, incluindo-se, adequadamente, o trabalho de flexibilidade. 10.16 - Forma de aplicação ou método do pique de contração É a interferência num segmento de modo que seja aplicada maior resistência durante os últimos graus de conclusão do percurso articular de um exercício.‖(Leighton, 1986). Para que isto ocorra, é feita uma contração isométrica de 2 a 4 segundos no ponto em que o músculo atinge o seu menor comprimento‖. Nem todos os exercícios podem ser treinados através deste método. Os que apresentam encaixe articulares no ponto de maior encurtamento muscular não são adaptados, pois, neste ponto estariam diminuindo a tensão muscular. Exemplo: No agachamento o ponto de maior encurtamento muscular (indivíduo em pé), coincide com o encaixe articular, contrariando o princípio do método. O mesmo ocorre com o desenvolvimento na posição em que os braços estão estendidos, os dltóides e os tríceps estão no seu ponto de maior encurtamento, mas este coincide com o encaixe articular. Os exercícios que se adaptam ao método, são aqueles que no ponto de maior encurtamento muscular estejam obrigados a resistir a ação da gravidade. Weider (1 986) exemplifica a rosca bíceps (flexão do cotovelo) com halteres, mostrando a necessidade de inclinar o corpo para frente, impedindo que o antebraço chegue a posição vertical, dificultando, assim, a flexão total do cotovelo. A extensão dos joelhos na cadeira de extensão é outro exercício que se adapta bem a aplicação deste método, a resistência oposicional aumenta durante a contração concêntrica do exercício, devido ao aumento do braço de resistência, o ponto da extensão total dos joelhos é o ponto de maior resistência oposicional. A aplicação do método é basicamente para fins estéticos ou no fisiculturismo. 25 10.17 - Forma de aplicação ou método da contração lenta e contínua O método da tensão lenta e contínua consiste em realizar a contração concêntrica e a excêntrica, de cada repetição do exercício, de forma lenta, evitando os encaixes articulares ou pausas no movimento. O objetivo desta forma de execução é manter a tensão contínua na musculatura em ação. O tempo de duração de cada repetição é de 10 a 12 segundos, sendo que Darden (1985), Wolf (1984) e Peterson (1982) preconizam a execução de uma repetição com 30 a 40 segundos. Devido ao tempo prolongado de cada repetição, o volume do treinamento é aumentado e o peso adicional diminuído proporcionalmente. Mesmo com a diminuição do peso adicional haverá um maior recrutamento de unidades motoras, devido à somação assincrônica para a manutenção da contração por tempo prolongado. A aplicação deste método exige a execução do movimento no arco articular completo, mantendo, assim, a flexibilidade. No caso de sedentários ou destreinados, observa-se aumento no nível de flexibilidade. O método proporciona uma melhora no trofismo e na resistência muscular, assim como, no domínio do movimento e na contração muscular. As maiores dificuldades que se enfrentam na aplicação deste método são a monotonia, a necessidade de concentração e a percepção temporal. A utilização do método, é mais freqüentemente observada, no fisiculturismo (em fase pre-contest), na ginástica artística, no balé, e em outras modalidades, em que seus atletas necessitam de realizar movimentos lentos e controlados. 10.18 - Forma de aplicação ou método super lento Os movimentos realizados de forma lenta e controlada favorecem a mobilização das fibras musculares com contração lenta, ou fibras vermelhas; ao contrário, as execuções em caráter de velocidade elevada mobilizam mais eficientemente as fibras de forca ou brancas (Ffolmann & llettinger, 1980, in Weineck, 1986, Zakbarov, 1992). A manutenção do movimento por um período de tempo maior produz um gasto energético mais acentuado, favorecendo um maior desgaste nas reservas musculares e produzindo elevados valores de resíduos do metabolismo muscular. E conveniente utilizar diferentes cadências ou ritmos de execução em função do volume de carga, ou seja, se o peso permitir maior velocidade esta deve ser utilizada. O oposto é verdadeiro nos casos de volumes de cargas elevados. Se cruzarmos formas e métodos de treinamento, atingiremos as maiores performances no conjunto das categorias diferenciadas da qualidade força através do poder de mobilização das fibras musculares brancas e vermelhas, proporcionada pela utilização de resistências de cargas diferentes. A variação de ritmo e de cargas é bem conhecida para a realização dos trabalhos visando aos desempenhos de hipertrofia muscular. O tempo para a realização dos movimentos é na ordem de três repetições para cada 1 min ou de 7 a 10 seg na fase concêntrica e 7 a 10 seg na fase excêntrica ou negativa (Leigton, 1987). Segundo Fleck e Kraemer (1999), os tempos variam de 20 a 60 seg para cada repetição, com um número de repetições entre um e cinco, e número de grupos de um a dois por série. O inicio do movimento cadenciado, de forma lenta, possibilita eliminar eficazmente a energia cinética adquirida na fase primária do movimento. Essa manobra estimula maiores volumes de músculos envolvidos no movimento. Uma metodologia, muito utilizada em sala de aula, diz respeito à fase negativa do movimento, que deve ser realizada sempre mais lenta e demoradamente do que a fase positiva, com base na força superior que os músculos produzem na fase excêntrica. 10.19 - Forma de aplicação ou método do set descendente Consiste em realizar um grupo de determinado exercício, com o peso máximo para o 26 número de repetições estipulado. Sem intervalo de recuperação, repetir o procedimento até completar vários grupos. Como não há intervalo de recuperação entre os grupos, a disponibilidade ATP é pequena, o que torna necessário diminuir o peso antes de dar início aos grupos. Este método estimula uma grande quantidade de unidades motoras de diferentes potenciais de excitação, desenvolvendo resistência muscular, hipertrofia e hiperemia, com grande segurança. 10.20 - Forma de aplicação ou método do isolamento De alguma forma, cada músculo contribui num determinado movimento, seja como estabilizador, agonista, antagonista ou sinergista. Quando se torna necessário especificar o trabalho em determinado músculo, a indicação é procurar um recurso para proporcionar o maior isolamento possível. Isto será possível com a utilização de máquinas, implementos ou simplesmente mediante a determinadas trocas anatômicas de posição. Podemos dar como exemplo, a rosca bíceps scott, que isola muito mais o braquial (flexor do cotovelo) do que a puxada pela frente no puxador alto, pegada em posição de supinação com pequena distância entre as mãos. 10.21 - Forma de aplicação ou método dosuperset (agonista x antagonista) O superset vem sendo utilizado desde 1950, sua forma tradicional consiste em agrupar dois exercícios, o primeiro visa desenvolver um determinado grupamento muscular, e em seguida, sem intervalo de recuperação, executa-se outro exercício que atue na musculatura antagônica ao primeiro. Terminado o primeiro super-set, dá-se um intervalo de recuperação, que deve ser curto, e repete-se o mesmo procedimento, realizando o segundo super-set e assim sucessivamente até completar o número de super-set estipulados no programa. Exemplo de super-set para membros superiores: Movimento Articular Meio Material Grupo Muscular Grupo x Rep. Flexão do Cotovelo Barra Longa com anilhas Bíceps Braquial Braquial 4 x 10 Extensão do Cotovelo Barra Longa com anilhas Tríceps Braquial Ancôneo 4 x 10 O super-set devido a sua característica de agrupar dois exercícios sem intervalo entre eles, e de realizar um intervalo curte entre os super-sets, apresenta uma redução no tempo total de uma sessão de treinamento. Ao se trabalhar um grupamento muscular e em seguida seu antagonista, garante-se um desenvolvimento harmônico, evitando desproporções entre os grupamentos musculares. Esta forma de treinar proporciona um grande congestionamento sanguíneo (hiperemia) na musculatura em ação, esta hiperemia tem sido relacionada a hipertrofia, variações na composição corporal, tem sido observadas (diminuição do tecido adiposo), devido a elevação do metabolismo basal (Hatfield, 1 988). O baixo incremento da força muscular, é apontado como a desvantagem deste método. Hatfield (1988) sugere a inclusão de um pequeno intervalo de recuperação entre os exercícios do super-set para corrigir esta deficiência. Deve-se lembrar que, a alteração proposta para o método, irá causar decréscimo nas vantagens anteriormente citadas. 27 10.22 - Forma de aplicação ou método da série composta A série composta é um superset para o mesmo grupo muscular. Suas vantagens e desvantagens são as mesmas observadas no método anterior, porém, muito mais intensa. 10.23 - Forma de aplicação ou método do superset múltiplo Consiste em executar, seqüencialmente, três ou quatro exercícios, um grupo de cada, dar um curto intervalo de recuperação e executar uma outra seqüência de exercícios para grupos musculares antagônicos aos que foram exercitados anteriormente, até completar o número de grupos previsto no treinamento. Exemplo: Seqüência 1 Supino inclinado Desenvolvimento pela frente Tríceps na máquina Seqüência 2 Remada curvado Puxada pela frente no pulley Rosca bíceps na máquina Este método apresenta as mesmas vantagens do superset convencional, havendo uma maior sobrecarga do sistema cardiovascular, que acarretará uma maior aptidão orgânica. 10.24 - Forma de aplicação ou método do triset ―Trata-se da utilização de três exercícios, geralmente para o mesmo segmento corporal, podem incluir grupamentos musculares antagonistas e diferentes, com pouco ou nenhum descanso entre os exercícios.‖ (Jack Leighton - 1986). Joe Weider (1986) considera tri-set o método que utiliza três exercícios para o mesmo grupo muscular, sem intervalo de recuperação entre eles. E um método semelhante, porém mais intenso que o superset. Originalmente era utilizado para desenvolver músculos que tivessem três ou mais porções a serem trabalhadas, como, por exemplo os deltóides: Triset para deltóides Desenvolvimento pela frente Abdução de ombros Crucifixo invertido Devido a grande intensidade deste método, não é aconselhável sua indicação a iniciantes, e sim a alunos/atletas num estágio avançado de treinamento. Os grupos musculares grandes e complexos, como o quadríceps, fora os que já foram mencionados, são os que melhor se adaptam a este tipo de treinamento. 10.25 - Forma de aplicação ou método da pré-exaustão ou pós-exaustão Os exercícios que envolvem os músculos do tórax (peitoral, dorsal largo, trapézio e deltóide), trabalham normalmente com a ajuda dos músculos do braço (bíceps e tríceps). Estes, por serem músculos menores e mais fracos, entram em fadiga antes que a musculatura torácica tenha esgotado suas possibilidades energéticas e, por isso, em alguns casos, não se desenvolvem adequadamente. Esta situação é encontrada com alguma frequência na execução de exercícios básicos, tais como o supino, desenvolvimento, remada em pé, puxada por trás no pulley ou na remada no pulley baixo, todos exercícios específicos para os músculos do tórax. Com o 28 emprego do método da pré-exaustão pode-se evitar o efeito negativo dos pequenos grupos sobre os grandes grupos musculares. Segunda José Viñas Buenache (1978), ―este é, sem dúvidas, um dos melhores métodos que um indivíduo pode utilizar, treinando sem a ajuda de um companheiro, e que, como diz o nome, proporciona ao músculo trabalhado uma total exaustão.‖ O método da pré-exaustão consiste em realizar um superset ou um tri-set, com um exercício complementar (maior isolamento) para um grupo muscular, e em seguida, sem intervalo de recuperação, passar para o exercício básico, visando trabalhar o mesmo grupamento muscular. O método da pós-exaustão utiliza a ordem inversa de execução. A finalidade nos dois casos é que o exercício complementar esgote o músculo trabalhado sem solicitar a musculatura do braço, permitindo ao exercício básico atingir o seu limite sem a interferência da musculatura dos braços. Por esse motivo é que não se descansa entre os exercícios de pré-exaustão ou pós- exaustão e básico. Exercício Complementar Exercício básico Voador peitoral Supino reto Abdução de braços Desenvolvimento com halteres Pulôver Puxada no pulley 10.26 - Forma de aplicação ou método da série gigante É bem parecida com o superset ou o tri-set, porém mais intensa que eles. Agrupa de quatro a seis exercícios, para um mesmo grupo muscular ou para dois grupos antagônicos. Quanto maior o número de exercícios da série, maior a intensidade. Se a série for composta por exercícios para o mesmo grupo muscular, será mais intensa do que uma para grupos antagônicos. É necessário estar em um nível de treinamento muito avançado para suportar as exigências do método. Exemplo de série gigante para o mesmo grupo muscular: 1º - Supino declinado. 2º - Voador. 3º - Mergulho nas barras paralelas. 4º - Pullover. 5º - Crucifixo no banco inclinado. 6º - Crucifixo em pé no cross over. Exemplo de série gigante para grupos antagônicos: 1º - Supino. 2º - Puxada pela frente. 3º - Supino inclinado com halteres. 4º - Remada baixa na polia. 10.27 - - Forma de aplicação ou método P.H.A. Peripheraf Heart Action (P.H.A.) é um método que tem como objetivo promover a hiperemia por todo o corpo. Para isto, são feitas quatro seqüências de exercícios, trabalhando todos os grupamentos musculares do corpo. As seqüências são compostas por 4 a 5 exercícios trabalhando grupos musculares diferentes. Executa-se a primeira seqüência sem intervalos de recuperação entre os exercícios e repete-se esta seqüência três ou quatro vezes. Em seguida, executa-se as seqüências seguintes da mesma maneira. 29 Por serem as seqüências, entre si, montadas de forma alternada por seguimentos, só devemos dar intervalos de recuperação entre as passagens da mesma seqüência, ou até mesmo entre as seqüências, se for necessário. Sem os intervalos o sistema cardiovascular estará sendo mais exigido, enquanto a musculatura tem tempo suficiente para sua recuperação. Exemplo de uma montagem do P.H.A.: 1ª Seqüência Número Exercício Nº de Grupos Nº de Reps 4 4 4 4 Remado Curvado Extensão da Coluna Flexão dos Joelhos Rosca Bíceps 4 4 4 4 1 2 1 5 1 2 1 2 2ª Seqüência Número Exercícios Nº de Grupos Nº de Reps. 4 4 4 4 Desenvolvimento por