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patologia gástrica Lavínia Vasconcellos Patrus Pena 2020-21 2020-21 Aspectos de normalidade do estômago · Órgão com formato de bolsão entre esôfago e duodeno na região superior do abdômen · Funções de armazenamento e digestão · Regiões: cárdia, fundo, corpo, antro · Incisura angular e grande curvatura · Histologicamente: · Mucosa: epitélio (simples colunar mucossecretor), lâmina própria, muscular da mucosa · Submucosa: camadas circular interna e longitudinal externa · Muscular própria: musculares interna e externa · Serosa · Corpo e fundo gástrico: mucosa oxíntica · Células parietais (ricas em mitocôndrias -> rosa): produzem ácido clorídrico e fator intrínseco (absorção de vitamina B12) · Células principais (zimogênicas -> roxo): produzem pepsinogênio (ativada em pepsina -> digestão de proteínas) · Células neuroendócrinas (como a ECL -> produz histamina que estimula a produção da célula parietal) · Antro: mucosa antral -> células produtoras de mico e bicarbonato · Células G produzindo gastrina e células D produzindo somatostatina (efeito inibitório na célula parietal) · Fatores de proteção da mucosa: camada muco, bicarbonato, barreira epitelial, fluxo sanguíneo, prostaglandinas: produção de muco e bicarbonato, inibição da secreção de HCl e vasodilatação (aumento do fluxo sanguíneo) · Fisiologia · Mucosa oxíntica: células parietais produzindo HCl · Mucosa antral: células mucossecretoras e células G · Mecanismo de Feedback · Gastrina estimula a células parietais a produzirem HCl · Altos níveis de HCl provocam inibição da produção de gastrina pelas células G Gastrites · Processo inflamatório da mucosa gástrica (antral e ou oxíntica) · Condição histopatológica sem quadro clínico específico -> sintomas dispépticos · Dispepsia funcional: diagnóstico diferencial -> dor epigástrica em queimação, desconforto abdominal sem lesão morfológica (gastrite precisa ter lesão morfológica com infiltrado inflamatório) · Classificação · Topográfica: antral, oxíntica, pangastrite (antral + oxíntica) · Etiológica: álcool, medicamentosa (AINEs), autoimune, infecciosa (H. pylori)… · Tempo de duração: aguda ou crônica aguda · Agressão aguda ou de curta duração à mucosa gástrica · Causas: · Álcool: inibe camada de muco e barreira epitelial · Isquemia: inibe fluxo sanguíneo · AINEs (inibem COX-1 e COX-2 -> produção de prostaglandinas): redução da produção de prostaglandinas · Microscopia: IIGMN (muitos neutrófilos), hiperemia, edema, erosões (perda do epitélio) · Endoscopia: hiperemia, edema, erosões, hemorragia · Clínica: maioria assintomática -> dor epigástrica, náuseas, vômitos, hemorragia crônica · Agressão crônica ou de longa duração à mucosa gástrica · Forma + comum, com sintomas menos grave, mas + persistentes · Principal causa: H. pylori gastrite crônica bacteriana – h. pylori · H. pylori (80%) = bacilo espiralado · Principal causa de gastrite no mundo · Relacionada a baixos índices socioeconômicos: transmissão via fecal-oral e associada às más condição sanitárias e de higiene · Adquirida na infância · BRA presente em 60% na população · Gastrite predominantemente antral com alta produção de ácido, a despeito da hipogastrinemia · Resulta da produção aumentada de ácido e na ruptura dos mecanismos de proteção das mucosas gástrica e duodenal normais · Desequilíbrio entre as defesas das mucosas gastroduodenais e forças danificadoras que se superam essas defesas · Fatores de virulência: · Morfologia espiralada -> movimentos de rotação e aprofundamento no muco gástrico · Flagelos · Adesinas · Cepas: CagA+ e VacA+ (+ virulentas) · Alta produção da enzima urease que cliva a ureia em amônia + CO2 · Fisiopatologia: · Inflamação da mucosa gástrica antral pelo H. pylori (prefere ficar na região do pilório) · Alta produção de urease na mucosa antral · Ureia = NH3 (amônia) + CO2 · Elevação constante do pH da mucosa antral -> amônia é básica · Constante estímulo para as células G produzirem gastrina · Hipergastrinemia · Bloqueio do feedback negativo · Constante estímulo para a mucosa oxíntica produzir HCl = Hipercloridria · Conteúdo gástrico hiperácido no duodeno -> úlcera péptica duodenal · Endoscopia: achados inespecíficos (hiperemia) · Microscopia: · Inflamação da mucosa antral -> entra para dentro do epitélio para tentar fazer a fagocitose do H. pylori · Agressão neutrofilia -> atividade · Antro (+ comum): hipotrofia mucosa e MI (sempre focais), associada à hipersecreção ácida e muitas vezes à UPD · Antro e corpo (pangastrite) · Evolução + rápida para hipotrofia mucosa e MI (focos múltiplos, gastrite crônica atrófica multifocal) · Hipocloridria · Associada com UPG e maior risco para carcinoma gástrico · Diagnóstico: · EDA (endoscopia digestiva alta): biópsia (identificação direta da bactéria) e teste rápido da urease · Teste respiratório (simples e não invasivo) · Outros como PCR, sorológico e cultura · Tratamento: IBP + antibióticos · Evolução: · Cepas ulcerogênicas -> UPG e UPD · Cepas carcinogênicas -> carcinoma gástrica autoimune (10%) · Mulheres, 50-60 anos · Caracterizada por · Anticorpos para células parietais e fatores intrínsecos que podem ser detectados no soro e nas secreções gástricas · Auto-anticorpos contra células parietais (mucosa oxíntica) -> antro poupado · [] sérica de pepsinogênio I reduzida · Hiperplasia de células endócrinas antrais · Deficiência de vitamina B12 por causa da redução da produção de fator intrínseco · Anemia perniciosa (megaloblástica de crescimento lento) e neuropatias · Secreção defeituosa de ácido gástrico (aclorídria) -> pH aumenta · Fisiopatologia: · Anticorpos contra célula parietal que produz HCl e fator intrínseco -> produção de HCl vai reduzir = hipocloridria -> pH alcalino · Aumento da produção de gastrina (hipergastrinemia) e, assim, da atividade das células G antrais produtoras de gastrina (hiperplasia das células G) · Bloqueio de feedback -> gastrina tenta estimular a produção de HCl, mas não tem HCl para bloquear as células G · Constante estímulo das células ECL (estimulada pela gastrina) -> tumor neuroendócrino (massa de células neuroendócrinas = carcinoide gástrico) · Fator de risco para surgimento de neoplasia neuroendócrina · Morfologia: dano difuso da muco oxíntica (produtora de ácido) dentro do corpo e do fundo · Endoscopia: atrofia de mucosa oxíntica (corpo/fundo), com redução de sua espessura e pregamento habitual · Microscopia: · IIMN (principalmente de linfócitos, macrófagos e plasmócitos) · Atrofia (não muitas glândulas) · Hiperplasia de células neuroendócrinas (que corre paralelamente ao grau de atrofia da mucosa e é um resposta fisiológica à produção reduzida de ácido) · Outras: lesão por radiação, refluxo biliar, doença de Crohn, AINEs, álcool, tabagismo… Clínica · Maioria assintomático · Sintomas dispépticos: dor abdominal geralmente em queimação (azia), empachamentos (plenitude) pós-prandial, saciedade precoce, náuseas/vômitos (menos comuns) Úlceras pépticas · Lesão escavada na mucosa/parede gástrica ou duodenal · Digestão ácido-péptica (HCl + enzimas) · Homens (2 a 3H: 1M), 30-50 anos · Causas: H. pylori (principal), AINEs, tabagismo, outros · Incidência vem reduzindo · Patogênese: · Desequilíbrio entre defesa e ataque à mucosa gástrica ou duodenal (como na gastrite crônica) · Com um aumento do ataque -> UPD · Aumento da agressão -> níveis elevados de secreção ácida e pepsinogênio · Esvaziamento gástrico rápido · Maior número de células parietais · Maior sensibilidade das células parietais · Hipergastrinemia -> principal H. pylori · H. Pylori na mucosa gástrica antral -> Urease: Ureia = NH3 + CO2 · Aumento do pH da mucosa antral · Estímulo para as células G produzirem gastrina-> Hipergastrinemia · Estímulo para produção de HCl = Hipercloridria · Conteúdo gástrico hiperácido no duodeno · Úlcera Péptica Duodenal · Com uma diminuição da defesa -> UPG · Diminuição da defesa -> quebra da barreira de defesa -> retrodifusão de íons H+ e pepsina -> digestão ácido-péptica da mucosa · Geralmente na incisura angular · H. pylori -> toxinas que lesam o epitélioe clivam o muco · AINEs: agressão epitelial direta e inibição da COX -> redução de prostaglandinas · Álcool: agressão epitelial direta · Tabagismo -> vasoconstrição · Refluxo duodenal -> sais biliares · Morfologia: redonda ou oval, bordas regulares, fundo limpo (fibrina) · UPD · UPG · Tipos: de acordo com a profundidade de invasão · Superficial: até a submucosa · Profunda: até a muscular própria · Perfurada: todas as camadas -> até a região da serosa · Terebrante: atingiu o pâncreas -> não perfurou diretamente na cavidade abdominal -> pode gerar quadro de pancreatite aguda · Histologicamente: · Clínica · Dor epigástrica em queimação que surge 2-3h após refeições · Melhora com antiácidos e alimentação · Náusea, vômitos, distensão abdominal e perda de peso · Complicações · Hemorragias: maciça (hematêmese ou melena) e discreta (anemia) · Perfuração: peritonite · Cicatrização: estenose (obstrução) · Malignização: rara · Tratamento: tratar o H. pylori Neoplasias malignas · Evolução crônica por H. pylori: · Cepas ulcerogênicas -> UPD e UPG · Cepas carcinogênicas · Condições pré-cancerosas (situações em que o portador tem maior risco de desenvolver câncer gástrico: atrofia e metaplasia intestinal) · Atuação do H. pylori -> desequilíbrio do microambiente da mucosa · Metaplasia intestinal (MI): adaptação da mucosa gástrica à agressão prolongada · Células caliciformes, orla em escova, células de Paneth · Classificada em 3 padrões com diferentes risco para evolução para câncer: · Tipo completa: MI do tipo I: todas as características de um epitélio intestinal · Tipo incompleta: MI dos tipos II e III (última com + chance de surgir um câncer gástrico) · Lesões pré-cancerosas (lesões histológicas específicas nas quais o risco de transformação para câncer gástrico é maior: displasia de baixo ou alto grau) · Displasia: · Aumento da proliferação celular: figuras de mitose típicas e atípicas · Atipias celulares e arquiteturas: pleomorfismo/hipercromasia e estratificação · Carcinoma gástrico · Evolução da gastrite crônica: normal, gastrite, atrofia (mucosa + fina sem muitas glândulas), MI, displasia e adenocarcinoma carcinoma gástrico · Representa 90% a 95% das neoplasias malignas gástricas · Países em desenvolvimento: baixo nível socioeconômico · Padrão da dieta e infecção por H. pylori · Importante causa de óbito por câncer em ambos os sexos · Fase inicial assintomática ou sintomas inespecíficos (semelhantes ao das gastrites: dispepsia, disfagia e náusea + perda de peso, anemia, anorexia, hábitos intestinais alterados e hemorragia): apenas 10 a 20% dos casos são diagnosticados · Fase avançada: diagnóstico da maioria dos casos · Prognóstico geralmente ruim · Patogênese: · Doença multifatorial: fatores ambientais + do indivíduo · Aumento dos fatores de agressão da mucosa: · Inflamação crônica: H. pylori · Dieta: nitrosaminas, conservantes, defumados · Diminuição da proteção da mucosa: dieta pobre em alimentos antioxidantes (vitamina C e E) · Condições e lesões pré-cancerosas · Modelo da carcinogênese gástrica · H. pylori -> gastrite crônica -> gastrite atrófica -> metaplasia intestinal -> displasia -> carcinoma gástrico formador de glândulas de padrão intestinal · Fatores genéticos -> carcinoma gástrico formador de células secretoras de muco isoladas sem formas glândulas · Tipos de carcinomas gástricos: · Classificação histológica de Lauren · Do tipo intestinal: H. pylori, fatores ambientas, alimentares · Média = 55 anos; H:M = 2:1 · GCA 90% · Lesões precursoras: displasia, adenomas uniformes, metaplasia intestinal e gastrite atrófica frequentes · População com baixa condição social; queda da incidência · Morfologia: · Tumores volumosos compostos de estruturas glandulares · Capacidade de penetrar na parede gástrica, formando amplas massas coesivas que constituem tanto massas exofíticas quanto um tumor ulcerado · Células neoplásicas com vacúolo de mucina · Núcleos com tamanhos e formas diferentes · Prognóstico + favorável · Do tipo difuso · Média = 48 anos; H:M = 1,2:1 · GCA 30% · MI e DAG raras · Sem preferência populacional; incidência estável · Morfologia: · Células em anel de cinete: células que não formam glândulas, mas apresentam grandes vacúolos de mucina que expandem o citoplasma e empurram o núcleo para a periferia · Tumores infiltrativos que provocam uma reação desmoplásica que endurece a parede gástrica · Achatamento difuso das rugas + parede gástrica espessada e rígida = linite plástica · Prognóstico + reservado · Classificação de Borrmann -> macroscópica 1) Vegetante ou polipoide 2) Ulcerado 3) Úlcero-infiltrativo 4) Infiltrativo -> linite plástica: carcinoma infiltrativo, tipo difuso de Lauren · Estadiamento (TNM) N) Metástases linfonodais M) Metástases à distância -> fígado, pulmões e ossos · Disseminação: · Cicatriz umbilical -> nódulo da Irmã Maria José · Linfonodo supra clavicular -> sinal de Troiser · Ovário -> tumor de Krukemberg · Diagnóstico tardio: perda de peso, anorexia, intolerância alimentar, dor, anemia, vômitos · Obstrução gástrica: lesões volumosas de crescimento para a luz gástrica · Hemorragia -> Hematêmese (HDA) ou Melena (HDB) · Ulceração e necrose tumoral -> choque hipovolêmico · Perfuração da parede gástrica: · Disseminação da neoplasia na cavidade peritoneal -> carcinomatose peritoneal · Infiltração por contiguidade para órgãos abdominais · Peritonite -> SIRS- > Sepse -> Choque séptico 3 lAVÍNIA VASCONCELLOS PATRUS pena
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