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AVE ✓ É a morte neuronal do tecido, levando a uma série de consequências neurológicas, é uma das maiores causas de morte e sequela neurológica no mundo. É a segunda maior causa de óbitos no mundo (5,7 milhões por ano) e no Brasil corresponde a cerca de 10% das internações hospitalares e cerca 10% dos óbitos hospitalares. ✓ 85% das mortes ocorrem em países não desenvolvidos ou em desenvolvimento. 1/3 acontece em pessoas economicamente ativas. A maioria dos pacientes que sobrevivem à fase aguda do AVC apresenta déficit neurológico que necessita de reabilitação (normalmente dura alguns meses ou pode ser para sempre). 75% desses pacientes não retornarão ao seu trabalho e 30% necessitarão de auxílio para caminhar. ✓ A mortalidade aumenta ao longo dos anos (pode estar ligado direto ou indiretamente ao AVC). A morbidade se mantém de maneira estável. ✓ Epidemiologia no Brasil: Incidência anual de 108 casos/100000 habitantes. ✓ Temos 2 tipos de AVC: • Isquêmico: Corresponde a 85% dos casos. Apresenta maior taxa de morbidade (gera mais sequelas) e menor taxa de mortalidade • Hemorrágico: Corresponde a 15% dos casos. Tem menor taxa de morbidade e maior taxa de mortalidade AVE isquêmico ✓ Infarto de determinada área do parênquima cerebral por interrupção do fluxo sanguíneo (pode ser por causa obstrutiva), permanente ou transitório, levando ou não a prejuízo de funções neurológicas específicas (como, déficit motor, visual, de linguagem) ✓ AIT – Ataque isquêmico transitório: Conhecido popularmente como pré-AVC. É a presença de um prejuízo de função neurológica com recuperação total em até 24 horas. Não é visto em exame de imagem. ✓ Penumbra isquêmica: Sempre que uma artéria for obstruída, existe um tecido que morrerá desde o princípio. Mas, ainda existe uma área que está sobre influência dessa artéria interrompida, mas que ainda não morreu, mas que está sofrendo. O objetivo é salvar essa área de penumbra. ✓ Tomografia com perfusão: A área em amarelo já morreu. E as áreas com demais cores apresentam probabilidades distintas de morrer cada vez menor. ✓ Fatores de risco para AVC: DM2, Dislipidemia, obesidade/sobrepeso, etilismo, história familiar, sexo masculino, sendo a HAS e o tabagismo os fatores de maior impacto na história natural da doença e que devem ser combatidos desde o princípio. ✓ Etiologia: • A principal causa para o AVC isquêmico é cardioembolia (30%) – presença de um trombo no coração que de alguma maneira alcança a circulação e chega ao vaso sanguíneo cerebral, obstruindo-o. ❖ Exemplos de doenças que podem cursar com cardioembolia: Fibrilação atrial, dilatação do átrio E, trombo intracardíaco, valvulopatias, endocardite (formação de vegetações que ganham a circulação) ❖ A cardioembolia causa lesão de territórios vasculares distintos: • Arterioembolia (15%): Deposição de placa arterosclerótica a nível das carótidas e em algum momento um fragmento dela se solta e ganha a circulação cerebral, se depositando em alguma artéria. • Trombótico lacunar (20%): Tem-se uma trombose in situ em pequenos vasos, levando a pequenos infartos, chamados de lacunas isquêmicas. Geralmente, localizados nos núcleos das bases. • Trombótico em artérias de médio calibre (5%): Por arteriosclerose, tabagismo e trombofilias (doenças relacionadas aos fatores de coagulação com uma exacerbação desses). • Hemodinâmico – AVE isquêmico em zona de fronteira ou watershed (10%): Ocorre uma diminuição do fluxo sanguíneo cerebral, em situações como hipotensão, pós- parada cardiorrespiratória, IC descompensada ❖ Essas regiões de fronteira são onde recebe fluxo sanguíneo por último, por isso sofrem primeiro em caso de redução do fluxo sanguíneo. ❖ Nesse tipo de AVC, temos o sinal de colar de contas ou contas de rosário. Na imagem abaixo, observa-se a zona de fronteira entre A. cerebral anterior e A. cerebral média. ❖ Tomografia pós-parada: • Criptogênio (20%): Quando não conseguimos definir a causa. ✓ AVE isquêmico em jovem: Geralmente, é mais grave do que em idosos (pois, os idosos apresentam mais espaço no cérebro, devido a atrofia e processo de degeneração, então é preciso de um AVC maior para pode causar hipertensão intracraniana, já em jovens como não há espaço, ocorre a hipertensão intracraniana mesmo em AVC pequeno) • Etiologias não consideradas para os idosos, mas que devem ser levadas em consideração em jovens: Forame oval patente, doença de moya- moya (principalmente em crianças), cocaína e anfetaminas, anticoncepcional oral, SAAF, ➢ A: Infarto da A. cerebral média D e transição da A cerebral média E com A. cerebral posterior E. ➢ B: Infarto do núcleo-capsular D ➢ C: Infarto parietal E ➢ D: Infarto insular deficiência de proteína C e S, deficiência de antitrombina III, mutação do fator V de Leiden, mutação da protrombina, hiperhomocistinúria, vasculites e principalmente dissecção de carótida (mais comum). ✓ Polígono de Willis: • Circulação anterior: Território irrigado pela A. cerebral anterior e A. cerebral média. • Circulação posterior: Território irrigado pelas artérias originadas pela A. basilar, incluindo a A. cerebral posterior. ✓ Dependendo da artéria envolvida no AVC, teremos um quadro clínico característico. • A. cerebral média (ACM): Hemiparesia geralmente incompleta (envolve face e braço) e desproporcionada (braquial > crural), disartria (fala alterada por questões mecânicas) e hemisfério dominante causa afasia (déficit da linguagem). ❖ De acordo com o homúnculo de Penfield, quando falamos em território da A. cerebral média, temos o envolvimento das regiões que comprometem braço, ombro, cotovelo, antebraço, mão, face, olho, nariz, lábios, língua. Por isso, são as regiões mais afetadas. ❖ Pode ser profundo ou profundo e superficial ou apenas superficial. • A. cerebral anterior (ACA): Hemiparesia geralmente incompleta e desproporcionada (crural > braquial) ou monoparesia crural ❖ De acordo com o homúnculo de Penfiel, a área afetada corresponde a perna, pé, quadril, genitais. • Cápsula interna: região pequena de confluência das fibras motoras. O AVC que acontece nessa região provoca uma grande repercussão clínica • A. cerebral posterior (ACP): Corresponde a área visual primária e secundária – Um AVC dessa região causará alteração de campo visual: Hemianopsia homônima contralateral. ✓ Classificação de Bamford: • LACS (Lacunar Anterior Circulation Stroke) – Os déficits são proporcionados, sem afasia, sem distúrbio visuoespacial e sem distúrbio campo visual: Síndrome motora pura, síndrome sensitiva pura, síndrome sensitivo-motora, disartria – “Clumsy Hand” e hemiparesia atáxica • TACS (Total Anterior Circulation Stroke): Hemiplegia, hemianopsia, disfunção cortical superior (demência vascular - linguagem, função visuoespacial, nível de consciência). 25% é secundária a hematoma intraparenquimatoso. Profundo Profundo e superficial Superficial Unilateral Bilateral AVC lacunar de cápsula interna: Hemiplegia ou hemiparesia importante completa (envolve face, braço e perna) e proporcionada • PACS (Parcial Anterior Circulation Stroke): Déficit sensitivo motor + hemianopsia, déficit sensitivo motor + disfunção cortical, disfunção cortical + hemianopsia, disfunção cortical + motor puro (monoparesia), disfunção cortical isolada • POCS (Posterior Circulation Stroke) – Mais complexos: Paralisia de nervo craniano (única ou múltipla) ipsilateral + déficit sensitivo motor contralateral, déficit sensitivo motor bilateral, alteração dos movimentos conjugados dos olhos, disfunção cerebelar sem déficit de trato longo ipsilateral, hemianopsiaisolada ou cegueira cortical ✓ Diagnóstico: CLÍNICO • É um déficit neurológico focal e súbito – Até que se prove o contrário, é um AVC. • Tomografia computadorizada do crânio: É o exame de escolha (disponível, rápido e barato) e se apresenta normal na fase aguda. O objetivo é afastar AVE hemorrágico, pois a clínica é a mesma do AVE isquêmico e o TTO é distinto. Além disso, é importante afastar outros diagnósticos diferenciais. ❖ A lesão do AVE isquêmico é hipodensa e aparece em 24-48h. Por isso, é necessário repetir a tomografia. ❖ Há sinais precoces de isquemia que podem ser encontrados algumas horas após o evento isquêmico: • Como diferenciar um AVC agudo de um AVC crônico? No agudo, temos uma hipodensidade que gera efeito de massa (desvio da linha média e compressão do ventrículo lateral). No crônico, temos uma cicatriz que puxa o ventrículo lateral (alargando-o) e é mais hipodenso do que no agudo. • Ressonância Nuclear Magnética do Crânio: É um exame mais acurado, mas não é o exame de escolha na urgência (é caro e demora). Sequência de escolha é a difusão (mostra o AVC de forma mais precoce) e evita sempre contraste (pois, confunde com outras lesões como as placas na esclerose múltipla). O déficit do hematoma subdural é progressivo. Enquanto, do AVC é súbito. Tomografia inicial Tomografia após 24h Representa um trombo dentro da A. cerebral média. Agudo Crônico ❖ DWI (difusão) e ACD (mapa) é onde encontramos o AVC de forma mais precoce ❖ AVC agudo: ❖ AVC crônico: Aparece em qualquer sequência. Em T1 é hipodenso (preto) e no T2 é hiperdenso (branco) com o mesmo efeito cicatrical visto na tomografia. ❖ Mismatch: Diferença entre o que encontramos na sequência de difusão (área que já morreu desde o princípio) e perfusão (área morta + área de penumbra). Ou seja, é a área de penumbra que precisa ser salva. ✓ Escore ASPECTS: Empregado para escolha de TTO no AVC. Diz quais foram as áreas da A. cerebral média que foram afetados pelo AVC. Temos 10 territórios e para cada território afetado diminui 1 ponto e calcula o ASPECTS. • Territórios: núcleo caudado, cápsula interna, núcleo lentiforme, insula, frontal anterior-inferior, frontal anterior-superior, frontal médio-inferior, frontal médio-superior, frontal posterior-inferior e frontal posterior-superior • Nessa situação abaixo, não utiliza o ASPECTS, pois é um caso de AVC da A. cerebral posterior. O ASPECTS é usado apenas em AVC da A. cerebral média. • ASPECTS < ou = 7: Pior prognóstico funcional em 3 meses e maior risco de transformação em AVC hemorrágico. ASPECTS < ou = 8 apresenta maior risco de sangramento pós trombólise. ✓ Atendimento pré-hospitalar – Para identificar precocemente o AVC. “Tempo é cérebro” • Verifica se a face está simétrica; • Verifica se consegue levantar os braços; • Observa se a fala está embolada; • Ligar para o SAMU – 192; ✓ Atendimento hospitalar: • Suporte básico de vida - ACLS: Oxigênio, acesso venoso calibroso, monitorização dos sinais vitais, avaliação de via área e hemodinâmica; • Escala de Coma de Glasgow; • Avaliação das pupilas; • Avaliação dos déficits neurológicos (hemi ou monoparesia ou plesia, proporcionada ou desproporcionada, completa ou incompleta); ✓ NIHSS (0-42 pontos): Escala completa que fornece pontuações para cada estância neurológica. É preciso ser avaliado em vários momentos. Quanto maior a pontuação, pior é o nível clínico do paciente. ✓ TTO fase aguda – Medidas específicas: • Terapia trombolítica ou trombólise (Medicação: rTPA – Alteplase): Via parenteral e tem o objetivo de dissolver o trombo. Deve ser realizada em até 4,5h do ictus (momento em que o paciente apresentou os sintomas) – tempo sintoma-agulha. ❖ Objetivo: Diminuir a morbidade – há melhora rápida. NÃO diminui a mortalidade. ❖ Dose: 0,9 mg/kg EV administrando 10% em bolo em 1 minuto e o restante em 1 hora em bomba de infusão. Não deve exceder a dose máxima de 90mg. ❖ Se não for bem empregado pode transformar um AVC isquêmico em hemorrágico. ❖ Principais critérios para uso: PA < ou = 185mmHg, até 4,5h do ictus, TC sem hemorragia ou doença cerebral e não pode estar anticoagulado; ❖ Critérios que contraindicam de forma absoluta: o TCE ou AVC anterior nos últimos 3 meses; o Hemorragia intracraniana prévia; o Neoplasia intracraniana, aneurisma ou má formação arteriovenosa; o Cirurgia intracraniana ou intraespinhal recente; o Sangramento interno ativo; o < 100.000 de plaquetas; o Uso de heparina nas últimas 48h; o INR >1,7 OU PTT > 15s; o AVC grande com hipodensidade >1/3 do hemisfério cerebral; • Trombectomia mecânica: Retirada do trombo através de um cateter introduzido na A. femoral, que pode aspirar o coágulo ou espremê-lo. Critérios para indicação: ❖ Paciente com escala de Rakin modificada entre 0-1, ou seja, com performance funcional boa. ❖ Associado a oclusão da A. carótida interna ou território de M1 da A. cerebral média; ❖ Idade maior ou igual a 18 anos; ❖ NIHSS > ou = 6; ❖ ASPECTS > ou = 6; ❖ Pode ser feita em até 6 horas do início dos sintomas; OBS: Ou seja, para indicar trombectomia mecânica é necessário a oclusão de grandes vasos, contraindicação ou não responde ao rtPA EV e até no máximo 6h de ictus (há estudos que falam 12 e 24h); ✓ TTO fase aguda – Medidas gerais (devem ser feitas para todos os casos): • Ventilação: Pacientes com Glasgow < ou = 8 precisa ser entubado; • Controle da PA: Normalmente não trata em AVE isquêmico, pois é a PA alta que está garantindo o fluxo sanguíneo e a perfusão cerebral, exceto nas seguintes situações: ❖ PA >220X120mmHg: Reduz 15% no primeiro dia e após uma semana tem o objetivo de voltar ao normal. Drogas de escolha: Nitroprussiato de sódio e Labetalol; ❖ PA >185x110mmHg em candidato a trombólise; ❖ Emergências hipertensivas: AVC isquêmico associado a edema agudo de pulmão, IAM, dissecção da aorta, IR aguda • Controle glicêmico: Manter entre 120-180; • Controle da temperatura: A febre agrava muito; • Tratar infecções e crises convulsivas; • Nutrição; ✓ Outras medicações para o TTO da faz aguda: • Antiagregação – AAS 325mg (1x após o almoço durante 48h) – Para afinar o sangue e prevenir uma piora. Uma alternativa ao AAS é o clopidogrel. • Estatinas (Inibidores da HMG-CoA redutase): Sinvastatina 40mg ou Atorvastatina 10mg; • Heparinização profilática (HFN ou HBPM): Não deve fazer heparinização plena na fase aguda devido ao risco de sangramento. A heparinização plena deve ser feita em cardioembolia (após o 3º dia se for AVE pequeno e após uma semana se for um AVE grande) OBS: AAS e heparina só podem ser usados após 24h do uso do trombolítico. ✓ Investigação etiológica: Descobrir de onde veio o AVC: • ECG e Holter 24h; • Ecocardiograma de preferência transesofágico; • Doppler de carótidas e vertebrais; ✓ TTO crônico: Controle dos fatores de risco e realizar reabilitação (fisioterapia motora e fonoaudiologia – vocalização e deglutição) • AVE isquêmico cardioembólico: Anticoagulação com Marevan/Xarelto e antiagregação + estatina; • AVE isquêmico arterioembólico: Antiagregação + estatina e avaliar a necessidade de endarterectomia da carótida (abrir a carótida e retirar a placa), se houver déficit compatível + obstrução >70% no doppler • AVE isquêmico trombótico e hemodinâmico: Antiagregação + estatina; • AVE isquêmico hemodinâmico: Cuidado na hipotensão. Hemicraniectomia descompressiva ✓ Para tratar a hipertensão intracraniana causada por grandes AVC. ✓ Indicações: • Até 48h do ictus; • Extensão do infarto (>50% do território ou >145cc na RM de difusão); • Clínica compatívelcom a radiologia; • Piora do NIH em relação à admissão ou história de deterioração neurológica desde o início dos sintomas; • Idade <80anos; • Independe da lateralidade (direito ou esquerdo); Incisão question mark: formato de interrogaçã o Incisão kemp: formato de T Pontos de marcação para retirada um flap ósseo Incisão em T Abertura do tecido subcutâneo e musculo Retirada do osso – Dura-mater abaulada devido a PIC elevada. Abre a dura-mater e o cérebro sobe devido a pressão Coloca um enxerto (pode ser externo ou pode ser a gálea aponeurótica) e sutura na dura mater – Duroplastia para que o cérebro expanda O paciente fica sem o osso
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