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Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 1 Doença da Aorta Divisão Aorta Torácica As doenças da aorta apresentam elevada morbimortalidade Aorta absorve o impacto de 2 a 3 bilhões de batimentos cardíacos Divisao da aorta: AORTA ASCENDENTE SEIO DE VALSA: que sustenta as válvulas da valva aórtica e de onde originam os óstios coronarianos JUNCAO SINUTUBULAR ARCO AORTICO AORTA DESCENDENTE A aorta é uma artéria elástica composta por três camadas: a íntima, a média e a adventícia Lamelas circulares: confere elasticidade e resistencia a parede da aorta Constituem o arcabouço estrutural da camada média e servem para manter o fluxo de sangue para diante durante a diástole Durante a sístole, o diâmetro das lamelas aumenta, enquanto que na diástole, as fibras elásticas sofrem um rebote elástico projetando para diante o sangue no interior da aorta 3. A aorta torácica é composta de 45 a 56 unidades lamelares enquanto que a aorta abdominal contém apenas 28 unidades O colágeno e a elastina são as principais proteínas estruturais da aorta, sendo o primeiro responsável pela força tensil do vaso e a segunda pela sua capacidade de rebote elástico O envelhecimento, ocorre a fragmentação das fibras elásticas, diminuição das células musculares lisas, o colágeno torna-se mais proeminente e desorganizado, a substância fundamental amorfa aumenta, resultando na diminuição das propriedades elásticas da aorta, enfraquecimento da sua parede e subseqüente dilatação. Por isso ocorre aumento da incidência dos aneurismas de aorta a partir da 6a e 7a década de vida. Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 2 O aneurisma da aorta é uma dilatação irreversível que excede seu diâmetro normal para idade e peso. É denominado aneurisma quando o diâmetro transversal da aorta exceder em uma vez e meia o diâmetro normal. Epidemiologia 50% a 60% aorta ascendente 30% a 40% a descendente 10% o arco Incidência : 5,9 casos por 100.000 pessoas/ano. A média de idade : 59 a 69 anos Sexo masculino de 2:1 a 4:1. Fatores predisponentes: tabagismo, hipertensão, aterosclerose, desordens genéticas (síndrome de Marfan e Ehlers-Danlos), infecciosa (sífilis) e congênita (valva aórtica bivalvulada). Manifestações Clínicas 75% dos aneurismas da aorta são assintomáticos e diagnosticados ao acaso em exames de rotina Sintomáticos: dor torácica, lombar ou abdominal Situações de ruptura da aorta: tamponamento cardíaco, hemotórax, hemomediastino, sangramento para o retroperitônio, hematêmese, hemoptise, hemoptoicos. Comprometimento da valva aórtica com insuficiência valvar Fenômenos embólicos: manifestados como acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, dos vasos abdominais ou isquemia de membros. Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 3 Tratamento Prevenção do crescimento do aneurisma e suas complicações de ruptura e dissecção. Controle da pressão arterial, da frequência cardíaca, do perfil lipídico, além da suspensão, quando for o caso, do tabagismo. Beta bloqueadores: frequência cardíaca de 60bpm e pressão arterial sistólica de 120mmHg. Inibidores de enzima de conversão e as estatinas possuem efeito protetor na fisiopatologia dos aneurismas de aorta por reduzir o estresse oxidativo Evitar realizar levantamento de peso Exercícios aeróbicos: caminhadas -> seguros Tratamento – Indicação de Cirurgia Diâmetro exceder os 5cm Síndrome de Marfan ou Ehler-Danlos têm indicação com diâmetros menores, entre 4,5cm e 5cm, pois em função das alterações do tecido conectivo, apresentam risco aumentado de complicação (dissecção ou ruptura) com diâmetros menores. Dissecção da Aorta Definição: é um evento de início súbito em que o sangue sai da aórtica normal canal através de um ponto discreto de saída = rasgo intimal e dissectos rapidamente interno das camadas exteriores da mídia para produzir um canal falso. Rasgo na camada interna do vaso sanguíneo grande que se ramifica do coração (aorta). Pode ocorrer sem rasgo intimal. Agudo: menos de 14 dias. Crônica: mais de 14 dias DISSECÇÃO DA AORTA é a entrada de sangue por dilaceração da íntima aórtica, com separação da íntima e da média, bem como a criação de uma falsa luz (canal). A dilaceração da íntima pode ser um evento primário ou secundário à hemorragia dentro da média. A dissecção pode acontecer em qualquer local ao longo da aorta e estender-se, em sentido proximal ou distal, a outras artérias. A hipertensão é um fator importante. Os sinais e sintomas incluem início abrupto de dor torácica ou lombar dilacerante, e a dissecção pode acarretar regurgitação aórtica e comprometer a circulação em ramos arteriais. Efetua-se o diagnóstico por métodos de imagem (p. ex., ETE, angiografia com TC, ARM e aortografia contrastada). Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 4 História 1819 – Laennec – O termo aneurisma dissecante aórtico foi incorretamente aplicado a essa entidade em 1819, quando René Laënnec utilizou pela primeira vez o termo “aneurisma” 1934 – SHENNAN - Os dados coletados a partir de então vieram referendar as descrições de Shennan, feitas em 1934, sobre as úlceras de aorta. 1954 – DeBakey – Operação de Sucesso - Os pioneiros da terapêutica cirúrgica da dissecção aórtica foram DeBakey, Cooley e Creech que propuseram, em 1955, a excisão do segmento da laceração da íntima e reanastomose direta ou com interposição de prótese de Dacron para substituir o segmento aórtico excisado. Anatomia Normal da Aorta Toracoabdominal Morfologia Dissecção distal e proximal Degeneração medial (necrose medial cística): 20% de DA Síndrome de Marfan: 20-40% AD; defeito no gene da fibrilina a longo prazo braço cromossomo 15 Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 5 Anuloectasia: necessita de substituição da raiz da aorta. Válvula aórtica bicúspide: AD 9x Dilatando aorta ascendente: maior que 5,0 a 5,5 cm Coarctação de aorta: hipertensão Lagrima Intimal Hematoma intramural como um precursor de DA O Ulcera/rasgo íntimo é suportado por muitos autores (Larson e Edwards, Murray) aorta ascendente 38% arco aórtico 10-20% O hematoma intramural precede a dissecção de aorta, que é uma hemorragia na camada média da aorta sem lesão aparente na camada intima. As lesões na camada intima 38% das vezes na aorta ascendente e de 10-20% das vezes no arco da aorta. -Essa dissecção pode se estender para a carótida, subclávia e renal, e ilíaca. Ela pode vir sem sintomas, pode haver choque hipovolêmico, ou até morte súbita. Dissecção Ramos da aorta podem ser cortados de lúmen Extensão em: inominado, carótida, subclávia e renal, ilíaco False Channel CANAL FALSO Exterior da mídia aórtica, parede fina, 2 terço de circunferência Ruptura em pericárdio ou pleura, ou abdômen Classificação DeBakey A classificação da dissecção da aorta é anatômica O sistema de classificação de DeBakey é o mais amplamente utilizado; Tipo I (50% das dissecções): aquelas que se iniciam na aorta ascendente e se estendem pelo menos até o arco aórtico e, às vezes, mais adiante. Tipo II (35%): essas dissecções iniciam e limitam-se à aorta ascendente (proximal à artéria inominada ou braquicefálica). Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 6 Tipo III (15%): aquelas que se iniciam na aorta torácica descendente, logo adiante da origem da artéria subclávia esquerda e estendendo-se no sentido distal ou, com menos frequência, em sentido proximal. Dissecções do tipo IIIa se originam distalmente à artéria subclávia esquerda e estão confinadas à aorta torácica. Dissecções do tipo III/B se originam distalmente à artéria subclávia esquerda e se estendem abaixo do diafragma. Stanford O sistema de Stanford é mais simples Tipo A: as dissecções que envolvem a aorta ascendente. Tipo B: essas dissecções são confinadas à aorta torácica descendente (distal à artéria subclávia esquerda). Embora a dissecção possase originar em qualquer lugar ao longo da aorta, ocorre mais comumente nas áreas de maior estresse hidráulico, que são Parede lateral direita da aorta ascendente (até 5 cm da valva aórtica) Segmento proximal da aorta descendente (logo depois da origem da artéria subclávia esquerda) Raramente, a dissecção limita-se a artérias individuais (p. ex., artérias coronárias ou carótidas), classicamente nas gestantes ou no período pós-parto. Classificação de DeBakey. Tipo I: envolve aorta ascendente e descendente; tipo II: envolve somente aorta ascendente; tipo III: envolve somente aorta descendente. Classificação de Stanford. Tipo A: envolve o arco aórtico; Tipo B: inicia-se distalmente à artéria subclávia esquerda. Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 7 Características clínicas e Critério de diagnóstico Morte súbita Choque hipovolêmico Sem Sintomas Demografia e Síndrome 80-90% AD > 60 anos, hipertensão Cocaína = O uso da cocaína acarreta um aumento extraordinário no nível de hormônios, capazes de levar a um aumento súbito da pressão arterial, e levando à ruptura da camada íntima. Síndrome de Marfan = Doença hereditária que afeta o tecido conjuntivo. A síndrome afeta o coração, os olhos, os vasos sanguíneos e os ossos. Pessoas com síndrome de Marfan são altas e magras, com longos braços, pernas e dedos da mão e do pé. O tratamento inclui medicamentos para manter a pressão arterial baixa, óculos ou lentes de contato e cirurgia = Problemas Cardiovasculares da Síndrome de Marfan. A dilatação da raiz da aorta (início da aorta), levando à formação de aneurisma, dissecção e insuficiência da valva aórtica, é a principal causa de morbidade e mortalidade nesta síndrome. “Uma complicação muito grave é a dissecção aórtica. Gravidez Síndrome de Turner, Noonan e Ehlers-Sanlos Dor súbita interescapular, precordial = angina de peito AVC em 5 - 10% de dissecção tipo I Oclusão da artéria ilíaca Paraplegia 2-5%: artérias intercostais são separadas do lúmen aórtico Diagnóstico Ecocardiografia: TEE é o mais útil e diagnóstico preciso 96% -100% de sensibilidade 86% -100% de especificidade CT: menor sensibilidade e especificidade do que TEE MRI: alta sensibilidade e especificidade Aortografia E Coronarigrafia -USG transesofágica: exame rápido; ideal para pacientes instáveis. -Angio-TC: exame mais refinado; permite a avaliação do tamanho da dissecção e a relação com os outros vasos, porém só deve ser feita nos pacientes estáveis -Ecocardiograma transesofágico é o melhor para diagnostico. -Ressonância magnética e tomografia também podem ser utilizados. -Pode haver morte por ruptura do canal falso. Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 8 História Natural Evento serio Sobrevivência o 40% - 90% = sobrevive 24hs o Tipo A = perigo o Tipo B = perigo o Aorta Ascendente o Hipertensão o Trombose no falso canal tem risco reduzido Complicações ruptura de canal falso: hemoperricárdio. Ou ruptura retardada ou disfunção de órgão para artérias oclusão Pós-Complicações maior risco de morrer do que a população em geral canal falso torna-se aneurismático -> ruptura nova dissecção Tratamento Cirúrgico Impedir a morte de tamponamento ou exsanguinação por excisando ou substituindo a área e restaurando o sangue Fluxo para os ramos não remove o canal falso inteiro Paliativo ao invés de curativo Cerca de 20% dos pacientes com dissecção da aorta morrem antes de chegar ao hospital. Sem tratamento, a taxa de mortalidade é de 1 a 3%/hora nas primeiras 24 horas, 30% na 1ª semana, 80% na 2ª semana e 90% no 1º ano. A taxa de mortalidade hospitalar para pacientes tratados é de cerca de 30% para dissecção proximal e 10% para distal. Para pacientes tratados que sobrevivem ao episódio agudo, o índice de sobrevida é de cerca de 60% em 5 anos e 40% em 10 anos. Cerca de um terço das mortes tardias decorre de complicações da dissecção e o restante é decorrente de outras enfermidades Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 9 Dissecção Aguda DeBakey tipo I ou II ( Tipo A) O tratamento cirúrgico consiste em cirurgia aberta para excisão da ruptura intimal, obliteração da entrada na falsa de luz e reconstituição da aorta pela interposição de enxerto sintético com ou sem reimplante das coronárias ou reconstituição da valva aórtica. A mortalidade operatória varia de 15 a 35% em centros especializados. As dissecções do tipo B não complicadas têm prognóstico mais favorável. De 85 a 90% dos pacientes que sobrevivem à fase aguda, apenas um terço necessitam de alguma intervenção no futuro. Entretanto, quando há complicações na fase aguda da DA tipo B, cerca de 50% dos pacientes morrem ou necessitam de alguma intervenção. Após duas semanas, as DAs são classificadas como crônicas. Essa classificação baseia-se em dados de necropsias que apontam uma mortalidade geral de 74%, levando em consideração os dois tipos de DA nos primeiros 14 dias. Para controle da pressão arterial na dissecção da aorta, não usar vasodilatadores (p. ex., nitroprussiato) sem um betabloqueador ou bloqueador do canal de cálcio porque o vasodilatador provoca ativação simpática reflexa, o que aumenta a tensão de cisalhamento na aorta. Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 10 Complicações Pós – Cirúrgicas Após a operação: Hemorragia Insuficiência cardíaca aguda Lesão cerebral Síndromes de má perfusão IAM Nova dissecção e ruptura aórtica Reparo no falso canal 88% persistência de um falso canal 22% aneurisma recorrente Somente cura se for Debakey II ou Tipo IIIa Indicação para Cirurgia Debakey Tipo I ou II = cirurgia imediata Contraindicação para Cirurgia idade avançada fragilidade malignidade demência crônica lesão cerebral irreversível Fatores de Risco para Morte prematura Debakey tipo II = 87% sobrevida Debakey Tipo I 56% Idade superior a 70 Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 11 Sem contra-indicação: IAM, coma, paraplegia, insuficiência renal, isquemia de extremidades e vísceras abdominais Arco aórtico Rasgo íntimo localizado no arco Camada interna da aorta está fragmentada Parede externa da aorta é aneurismática ou ruptura DeBakey Tipo III Se nenhuma complicação clínica -> médica tratamento: Nitroprussiato, bloqueio beta adrenérgico Complicação: ruptura aórtica, dissecção em aneurisma, isquemia de membros, órgãos viscerais ou rins, dor intratável, hemotórax extenso Resumo A dissecção da aorta pode se originar em qualquer ponto ao longo da aorta, mas ocorre com mais frequência na aorta ascendente proximal (dentro de 5 cm da valva aórtica) ou na aorta torácica descendente (logo adiante da origem da artéria subclávia esquerda). A dissecção requer degeneração preexistente da camada média aórtica (p. ex., causada por distúrbios do tecido conjuntivo, lesão), mas hipertensão geralmente também está envolvida. Pacientes geralmente têm dor precordial ou interescapular excruciante e dilacerante. Outras manifestações dependem da raiz aórtica e/ou ramos da aorta estar afetados, e presença e localização de qualquer ruptura; podem ocorrer insuficiência cardíaca, isquemia de órgão e choque hemorrágico. O diagnóstico é feito por ecocardiograma transesofágico (ETE), angiografia com tomografia computadorizada (ATC) ou angiografia com ressonância magnética (ARM) Administrar imediatamente betabloqueadores e outros fármacos conforme necessário para controlar a pressão arterial. Terapia medicamentosa isolada é apropriada para a dissecção estável, sem complicações e confinada à aorta descendente; outros casos exigem cirurgia. Dacirlene Ferrari – 5º P- 2021 12 FlashCard
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