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Gabriela	Lacerda	 1	
 
 
A manutenção de volume relativamente 
constante dos líquidos corporais é 
extraordinária, pois existe troca 
constante de líquidos e solutos com o 
meio externo, bem como entre 
diferentes compartimentos do corpo. Por 
exemplo, a entrada de líquidos no corpo 
é muito variável e deve ser 
cuidadosamente combinada com a 
saída de água, para evitar que o volume 
de líquido do corpo aumente ou 
diminua. 
 
 
 Entrada Diária de Água: 
 
A água é adicionada ao corpo por duas 
fontes principais: 
1. É ingerida na forma de líquidos ou 
pela água nos alimentos. 
2. É sintetizada pelo corpo por oxidação 
de carboidratos. 
 
 
 Perda diária de água o corpo: 
 
• Perda insensível de água; 
• Perda de líquido no suor; 
• Perda de água nas fezes; 
• Perda de água pelos rins. 
 
 
 
 
Compartimentos de líquidos corporais: 
 
O líquido corporal total está distribuído 
principalmente em dois compartimentos: o 
líquido extracelular e o líquido intracelular. 
 
Existe outro compartimento menor de 
líquido, conhecido como líquido 
transcelular. Este inclui o líquido dos espaços 
sinoviais, peritoneais, pericárdicos, 
intraoculares e o líquido cefalorraquidiano. 
 
É considerado tipo especializado de líquido 
extracelular, embora em alguns casos sua 
composição seja notadamente diferente 
dos líquidos intersticial ou plasmático. Todos 
os líquidos transcelulares juntos constituem 
cerca de 1 a 2 litros. 
 
 
Compartimento liquido intracelular (FIC): 
 
Os líquidos intracelulares constituem cerca 
de 40% do total do peso corporal em uma 
pessoa de porte médio. 
 
O líquido intracelular é separado do líquido 
extracelular pela membrana celular que é 
muito permeável à água, mas não é 
permeável à grande maioria dos eletrólitos 
existentes no corpo. 
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Contém somente pequena quantidade 
dos íons sódio e cloreto e quantidades 
ainda muito menores de íons cálcio. 
 
Apresenta grande quantidade de íons 
potássio e fosfato, além de considerável 
quantidade de íons magnésio e sulfato. 
 
 
Compartimento líquido extracelular (FEC) 
 
O líquido extracelular, constitui cerca de 
20% do peso corporal. 
 
Os dois maiores compartimentos do 
líquido extracelular são: 
1. Líquido intersticial 
2. Plasma (parte não celular do 
sangue) 
 
 Obs.: os líquidos extracelulares estão 
constantemente em contato, de forma 
que o plasma e os líquidos intersticiais 
têm aproximadamente a mesma 
composição, exceto pelas proteínas em 
alta concentração no plasma. 
 
 
Volume sanguíneo 
 
O sangue contém tanto o líquido 
extracelular (o líquido do plasma) como 
o líquido intracelular (o líquido nas 
hemácias). 
O sangue é considerado 
compartimento líquido em separado, 
por ter sua própria câmara, o sistema 
circulatório. Seu volume é 
extremamente importante no controle 
da dinâmica cardiovascular. 
 
 
 Hematócrito (Volume das Hemácias 
Empacotadas): 
 
O hematócrito é a fração do sangue 
representada pelas hemácias, determinada 
pela centrifugação do sangue num “tubo 
para hematócrito” até que as células 
fiquem compactadas no fundo do tubo. 
 
Como a centrífuga não compacta 
completamente todas as hemácias, cerca 
de 3% a 4% do plasma permanecem entre 
as células, e o verdadeiro hematócrito é 
apenas aproximadamente 96% do 
hematócrito medido. 
 
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Constituintes dos líquidos extracelular e 
intracelular 
 
• Comparações da composição do 
líquido extracelular, incluindo o 
plasma e o líquido intersticial, com 
o líquido intracelular: 
 
 Regulação da troca de líquidos e 
equilíbrio osmótico entre os líquidos intra e 
extracelulares 
 
A distribuição dos líquidos entre os 
compartimentos intra e extracelulares, em 
contraste, é determinada, sobretudo, pelo 
efeito osmótico de solutos menores — 
especialmente sódio, cloreto e outros 
eletrólitos — agindo através da membrana 
celular. 
 
A razão para isso é que as membranas 
celulares são muito permeáveis à água, mas 
relativamente impermeáveis a íons menores 
que a água, tais como sódio e cloreto. 
 
Portanto, a água se move rapidamente 
através da membrana celular e o líquido 
intracelular permanece isotônico em 
relação ao líquido extracelular. 
 
• Princípios Básicos da Osmose e da 
Pressão Osmótica: 
Devido às membranas celulares serem 
relativamente impermeáveis para a maioria 
dos solutos, mas muito permeáveis à água, 
sempre que existir maior concentração de 
soluto de um lado da membrana celular a 
água se difunde pela membrana em 
direção ao lado de maior concentração de 
soluto. Dessa maneira, se o soluto, por 
exemplo, o cloreto de sódio for adicionado 
ao líquido extracelular, rapidamente 
ocorrerá difusão de água através da 
membrana celular, 
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da célula para o líquido extracelular, 
até que a concentração de água em 
ambos os lados da membrana se 
igualem. Inversamente, se o soluto 
como o cloreto de sódio for removido 
do líquido extracelular ocorrerá 
difusão de água do líquido 
extracelular através das membranas 
celulares e para as células. A 
intensidade da difusão da água é 
conhecida como intensidade da 
osmose. 
 
• Osmolalidade X Osmolaridade: 
A concentração osmolar de uma 
solução é chamada osmolalidade 
quando a concentração é expressa 
em osmóis por quilograma de água; 
já essa concentração expressa em 
osmóis por litro de solução é 
conhecida por osmolaridade. 
o Cálculo da Osmolaridade e 
Pressão Osmótica de uma Solução. 
Utilizando-se a lei de van’t Hoff, 
pode-se calcular a pressão 
osmótica potencial de uma 
solução, assumindo que a 
membrana celular é impermeável 
ao soluto. 
 
 
 O Equilíbrio Osmótico É Mantido entre 
 os líquidos Intra e Extracelulares: 
 
Altas pressões osmóticas podem ser 
desenvolvidas através da membrana 
celular, com alterações relativamente 
 pequenas da concentração de solutos do 
líquido extracelular. 
 
• Líquidos Isotônicos, Hipotônicos e 
Hipertônicos: 
Isotônica: não altera o volume das células. 
Hipotônica: com concentração de solutos 
impermeantes, a água se difundirá do 
líquido extracelular para a célula, causando 
inchamento. A água continuará a se 
difundir pela célula diluindo o líquido 
intracelular até que este se torne isotônico 
em relação ao extracelular. Caso o 
inchamento da célula ultrapasse a 
capacidade de distensão da membrana, 
esta se rompe. Ex.: Soluções de cloreto 
de sódio com concentração menor do que 
0,9% são hipotônicas. 
Hipertônica: com concentração maior de 
solutos impermeantes que o líquido 
intracelular, água sairá da célula para o 
líquido extracelular, concentrando o líquido 
intracelular e diluindo o líquido extracelular. 
Nesse caso, a célula encolherá até que a 
osmolaridade do líquido intracelular se 
iguale à do meio extracelular. 
Ex.:As soluções de cloreto de sódio maiores 
do que 0,9% são hipertônicas. 
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• Líquidos Isosmóticos, 
Hiperosmóticos e Hipo-osmóticos: 
Os termos isotônico, hipotônico e 
hipertônico referem-se às soluções 
que causarão alterações do volume 
celular. A tonicidade de uma solução 
depende de sua concentração de 
solutos impermeantes. Entretanto, 
alguns solutos podem permear a 
membrana celular. 
 
Isosmóticas: Soluções com a mesma 
osmolaridade, independentemente 
do soluto poder penetrar na 
membrana celular. 
Hipo-osmótico: referem-se às 
soluções com maior e menor 
osmolaridade, respectivamente, em 
relação à do líquido extracelular 
normal, se os solutos não forem 
permeantes. 
 
 
 Volume e osmolalidade dos líquidos 
extra e intracelulares ementados anormais 
 
Alguns fatores que podem causar alteração 
considerável nos volumes dos líquidos extra 
e intracelulares são o excesso da ingestão 
ou a retenção renal de água, a 
desidratação, a infusão intravenosa de 
diferentes tipos de soluções, a perda de 
grandes quantidades de líquido pelo trato 
gastrointestinal e a perda de quantidades 
anormais de líquidos através dosuor ou dos 
rins. 
Podem-se calcular as alterações nos 
volumes dos líquidos intra e extracelulares e 
o tipo de terapia que deve ser instituída se 
os seguintes princípios básicos forem 
considerados: 
 
1. A água se move rapidamente de um 
lado ao outro da membrana celular; 
portanto, as osmolaridades dos líquidos 
intra e extracelulares permanecem 
exatamente iguais entre si, exceto por 
poucos minutos após alterações da 
osmolaridade de um dos 
compartimentos. 
2. As membranas celulares são quase 
completamente impermeáveis a muitos 
solutos, como sódio e cloro; portanto, o 
número de osmóis do líquido extracelular 
e intracelular geralmente permanece 
constante salvo casos em que solutos 
são adicionados ou retirados do 
compartimento extracelular. 
 
 
 
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Considerando esses princípios básicos, 
podemos analisar os efeitos de diferentes 
condições dos volumes e das 
osmolaridades dos líquidos intra e 
extracelulares: 
 
• Efeito da Adição de Solução 
Salina ao líquido Extracelular: 
Se a solução salina isotônica for 
adicionada ao compartimento de 
líquido extracelular, a osmolaridade 
do líquido extracelular não se altera; 
portanto, não ocorre osmose através 
das membranas celulares. O único 
efeito é o aumento no volume do 
líquido extracelular. 
 
Se a solução hipertônica é 
adicionada ao líquido extracelular, a 
osmolaridade extracelular aumenta e 
causa osmose de água das células 
para o compartimento extracelular. 
 
Se a solução hipotônica é 
adicionada ao líquido extracelular, a 
osmolaridade do líquido extracelular 
diminui e parte da água extracelular 
se difunde por osmose para as 
células, até que os compartimentos 
intra e extracelulares tenham a 
mesma osmolaridade. 
 
 
 Glicose e outras soluções 
administradas com o objetivo nutricional: 
 
Muitos tipos de soluções são administrados 
por via intravenosa para proporcionar 
nutrição a pessoas que não podem ingerir 
quantidades adequadas de nutrientes. As 
soluções de glicose são muito utilizadas, e 
as soluções de aminoácidos e de gordura 
homogeneizada são utilizadas em menor 
escala. 
 
Quando essas soluções são administradas, 
suas concentrações de substâncias 
osmoticamente ativas são, em geral, 
ajustadas aproximadamente à 
isotonicidade, ou são infundidas de forma 
lenta para que não perturbem 
consideravelmente o equilíbrio osmótico 
dos líquidos corporais. 
 
Depois que a glicose ou outros nutrientes 
são metabolizados, excesso de água ainda 
permanece, em particular, se for ingerido 
líquido adicional. Nas condições normais, os 
rins excretam isso na forma de urina muito 
diluída. O resultado final, portanto, é a 
adição de apenas nutrientes ao corpo. 
 
 
Anormalidades clínicas da regulação do 
volume de líquidos: hipótese e 
hipernatremia: 
 
Uma medida disponível ao médico para 
avaliação do status dos líquidos do 
paciente é a concentração de sódio no 
plasma. A osmolaridade do plasma não é 
medida rotineiramente, mas, em razão do 
sódio e de seus ânions associados 
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(principalmente o cloreto) 
contabilizarem mais de 90% do soluto 
do líquido extracelular, a 
concentração de sódio no plasma é 
indicador razoável da osmolaridade 
do plasma sob várias condições. 
 
Quando a concentração de sódio no 
plasma é reduzida por mais do que 
alguns miliequivalentes abaixo do 
normal (cerca de 142 mEq/L), o 
indivíduo tem hiponatremia. 
 
Quando a concentração de sódio no 
plasma está alta, acima do normal, o 
indivíduo tem hipernatremia. 
 
• Causas de Hiponatremia: Excesso 
de Água ou Perda de Sódio 
• Consequências da Hiponatremia: 
Inchaço Celular 
 
 
 
 
• Causas de Hipernatremia: Perda de 
Água ou Excesso de Sódio. 
• Consequências da Hipernatremia: 
Murchamento Celular. 
 
 
Líquidos nos ‘’espaços em potencial’’ 
do corpo: 
 
Alguns exemplos de “espaços em 
potencial” são: cavidade pleural, cavidade 
pericárdica, cavidade peritoneal e 
cavidades sinoviais, incluindo as cavidades 
das articulações e as bolsas. 
 
Os líquidos dos capilares, adjacentes ao 
espaço em potencial se difundem não 
somente para o líquido intersticial, mas 
também para o espaço em potencial. 
 
Proteínas se acumulam nos espaços em 
potencial, tal qual ocorre com o líquido 
intersticial, quando acontece vazamento 
de proteína dos capilares para o interstício. 
A proteína deve ser removida pelos 
linfáticos ou por outras vias e retornar para 
a circulação. Cada espaço em potencial 
está direta ou indiretamente ligado aos 
vasos linfáticos. 
 
Quando ocorre edema no tecido 
subcutâneo adjacente ao espaço em 
potencial, o líquido (efusão) do edema 
geralmente se acumula no espaço em 
potencia. 
 
REFERÊNCIAS: Fisiologia Médica; Guyton & Hall. 13 edição