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Ansiolíticos INTRODUÇÃO ❖ Ansiedade é um estado emocional com qualidade do medo, desagradável, dirigido para futuro (antecipação), desproporcional e com desconforto subjetivo. – Aubrey Lewis. ❖ . A ansiedade é um estado desagradável de tensão, apreensão e inquietação – um temor que se origina de fonte conhecida ou desconhecida. ❖ Os sintomas físicos da ansiedade grave são similares aos do medo (como taquicardia, sudorese, tremores e palpitações) e envolvem a ativação simpática. ❖ Episódios de ansiedade leve/normal/boa são experiências comuns na vida e não justificam tratamento. Contudo, a ansiedade intensa, crônica e debilitante pode ser tratada com fármacos ansiolíticos (ou antiansiedade) e/ou com alguma forma de psicoterapia. Até um ponto a ansiedade melhora a adaptação, depois de um determinado ponto, quanto mais ansioso, menos adaptada está a pessoa. ❖ Fontes de ansiedade: divórcios, crime, suicídio em adolescentes, contrair HIV, fome, depressão (uma ansiedade constante pode estar relacionada com a depressão). ❖ Neuroanatomia da ansiedade: hipotálamo e amígdala participam ativamente dos processos de geração de estímulos nas reações comportamentais via hipófise. Em resumo, a amígdala e o hipocampo regulam o sistema hipotálamo-hipófise-adrenal e a resposta ao estresse de uma maneira coordenada, tanto com a hiperatividade da amígdala, relacionada a memórias inconscientes estabelecidas por mecanismos de condicionamento pelo medo quanto com a diminuição de atividade do hipocampo, o qual participa no armazenamento de memórias conscientes durante uma situação de aprendizado traumático. ❖ Reações da ansiedade decorrentes da ativação do sistema simpático: Palpitação (sensação do aumento do batimento cardíaco), palidez (vasoconstrição), sudorese, tremores, verborreia (falar compulsivamente), dificuldade de comunicação, taquipneia, taquicardia e elevação da pressão arterial. ❖ Controle da ansiedade :Terapia comportamental, ansiolíticos e sedação. SISTEMA GABAÉRGICO ❖ Neurotransmissores e ansiedade: Noradrenalina (tronco cerebral – locus coereleus), Serotonina (núcleos da rafe) e GABA (ácido gama- aminobutírico). ❖ O GABA é o principal neurotransmissor da ansiedade, é advindo do Glutamato (principal neurotransmissor excitatório), que é convertido através da enzima Descarboxilase do ácido glutâmico (Glu- AD) em GABA. A degradação do efeito GABA (principal neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central) é feita pela enzima GABA transaminase. ❖ O sistema gabaérgico é formado por um receptor GABA e do neurotransmissor GABA. Receptores: - GABAa – ionotrópico (receptor ligado a canais de íons de Cloreto). Formado por 2 subunidades α e 2 β, e 1 γα que é por onde entra o cloreto. O neurônio é positivo por fora e negativo pode dentro, quando entra o cloreto (-), ocorre uma inibição do neurônio, inibição da geração do potencial de ação. - GABAc -ionotrópico (receptor ligado a canais de íons de Cloreto) - GABAb – metabotrópico (não existem fármacos que atuam nele). MECANISMO DO GABA ❖ Mecanismo do GABA: estimulação de receptor gabaérgico no sistema reticular ativador ascendente (tálamo). O GABA é o principal neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central. Portanto, essa estimulação aumenta a inibição e bloqueia os estímulos límbico e cortical. ❖ O GABA se liga a um receptor GABA (ex: GABAa), abrindo o canal de cloreto, fazendo com que o Cloreto adentre o neurônio, causando uma hiperpolarização, inibindo os potenciais de ação. Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada [recurso eletro ̂nico] / Karen Whalen, Richard Finkel, Thomas A. Panavelil ; tradução e revisão técnica: Augusto Langeloh. – 6. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2016 ❖ Mecanismo dos benzodiazepínicos: liga-se ao receptor GABA ( se liga em um sítio alostérico, diferente do local de ligação do GABA), dessa forma, a ligação do neurotransmissor GABA com os seus receptores aumenta a afinidade, o canal fica mais tempo aberto, fazendo com que mais cloreto entre no neurônio, dessa forma, os benzodiazepínicos potencializam a ação do receptor GABA. PRINCIPAIS FÁRMACOS ANSIOLÍTICOS ❖ Benzodiazepínicos: ansiolíticos eficazes, larga margem de segurança. -Alprazolam -Clonazepam -Clorazepate - Clordiazepóxido - Diazepam - Estazolam - Flurazepam - Lorazepam - Midazolam - Oxazepam - Quasepam - Temazepam - Triazolam *doses tóxicas: 250 a 400 mg. Doses terapêuticas (5 a 10 mg) ❖ Outros: Hidroxizina, Buspirona, Barbitúricos, Zolpidem, Antidepressivos, Anti-histamínicos e Hidrato de Cloral. BENZODIAZEPÍNICOS- AÇÕES ❖ Sedativas e hipnóticas: Todos os benzodiazepínicos têm propriedades sedativa e calmante, e alguns podem produzir hipnose (sono produzido “artificialmente”) em doses mais elevadas. O efeito hipnótico é mediado pelos receptores α1-GABAa. ❖ Amnesia anterógrada: A perda temporária (no tempo de efeito do fármaco) da memória com o uso de benzodiazepínicos também é mediada pelos receptores subunidade α1-GABAa. ❖ Efeito anticonvulsivante: receptores α1-GABAa. ❖ Ansiolítico/ Redução da ansiedade: Em doses baixas, os benzodiazepínicos são ansiolíticos. A redução da ansiedade é atribuída à potenciação seletiva da transmissão gabaérgica em neurônios que têm a subunidade α2 em seus receptores GABAA, inibindo, assim, os circuitos neuronais no sistema límbico do cérebro. ❖ Relaxamento muscular: α2-GABAa. ❖ À medida que há um aumento da dose do benzodiazepínicos, aumenta a depressão do sistema nervoso central. (Sedação – Entorpecimento – Sono – Anestesia Geral). USOS TERAPÊUTICOS DOS BENZODIAZEPÍNICOS ❖ Ansiedade patológica: - Distúrbios do pânico; - Transtorno da ansiedade generalizada (TAG); - Distúrbios da ansiedade social ou de performance (agorafobia); - Estresse pós-traumático; - Distúrbios obsessivo-compulsivo. * Uso de Alprazolam – eficácia comprovada no transtorno do pânico. * Clonazepam (Rivotril) - eficácia comprovada no transtorno do pânico. *Uso de Clonazepam e Bromazepam – transtorno de ansiedade social OBS: tolerância – isto é, diminuição da resposta com doses repetidas – ocorre quando o uso se estende por mais de uma ou duas semanas. A tolerância está associada a uma diminuição na densidade de receptores GABA.) Ocorre tolerância cruzada entre benzodiazepínicos e etanol. ❖ Distúrbios musculares: tratamento de espasmos musculares, tratamento de espasmos devido a doenças degenerativas, como esclerose múltipla e paralisia cerebral. Diazepam é útil. ❖ Amnésia: pré-medicação para procedimentos desconfortáveis e que provocam ansiedade, como endoscopias, colonoscopia, broncoscopia, procedimentos odontológicos e angioplastia. Midazolam é indicado. ❖ Distúrbios do sono: diminuem a latência (início do sono) para dormir e aumentam o estágio II do sono não REM (sem movimentos rápidos dos olhos). Benzodiazepínicos de longa duração podem causar “ressaca” (sedação residual”). Flurazepam e Temazepam são utilizados. ❖ Convulsões: promove o controle do estado epilético, e controle de convulsões epiléticas tônico- clônicas. Utilizados Diazepam e Lorazepam. FARMACOCINÉTICA DOS BZD ❖ Absorção e distribuição: são lipofílicos. São rápida e completamente absorvidos após administração oral, distribuem por todo organismo e entram no SNC. - Hidrossolúveis (Midazolam e Lorazepam): via IM, oral, EV – endovenosa- e intranasal. - Lipossolúveis (Diazepam e Clordiazepóxido): via EV e oral. ❖ Duração de ação: podem ser divididos em grupos de curta, média e longa ação. ❖ Metabolização: hepática – sistema microssomal hepático. Se gerar metabólitos ativos tem uma meia-vida longa(1-3 dias) como o Diazepam, Clordiazepóxido, Flunitrazepam. Se formar metabólitos não ativos, a meia-vida é mais curta como Midazolam, Brotizolam e Triazolam. * Os benzodiazepínicos são excretados na urina como glicuronídeos ou metabólitos oxidados. Todos os benzodiazepínicos atravessam a placenta e podem deprimir o SNC do neonato, se forem administrados antes do parto. O uso dos benzodiazepínicos não é recomendado durante a gestação. Os lactantes também podem ser expostos aos benzodiazepínicos pelo leite materno. TOLERÂNCIA AOS BZD ❖ Perda da eficácia por doses repetidas, há uma redução da densidade de receptores GABAa, fazendo com que o fármaco perca efeito. ❖ Dependência: desenvolve quando se utiliza doses elevadas por longos períodos. Desenvolve tanto dependência física quanto psicológica. A interrupção abrupta do medicamento, o paciente desenvolve a Síndrome de Abstinência (confusão, ansiedade, agitação, intranquilidade, insônia, tensão e convulsões). EFEITOS ADVERSOS DOS BZD VIA ORAL: ❖ Sonolência; ❖ Confusão mental; ❖ Visão Dupla (Diplopia); ❖ Cefaleia; ❖ Descoordenação motora; ❖ Depressão; ❖ Dependência; ❖ Agitação; ❖ Amnésia. VIA ENDOVENOSA - Midazolam: ❖ Depressão respiratória; ❖ Obstrução de vias aéreas; ❖ Parada respiratória; ❖ Apnéia; ❖ Dessaturação de oxigênio (60% dos idosos); ❖ Bradicardia; ❖ Hipotensão; ❖ Sedação prolongada (polimorfismo das enzimas do citocromo P450); ❖ Alucinações e confusão; ❖ Soluço e reações paradoxais (reações opostas); ❖ Ataque apoplético (semelhante ao coma); ❖ Insônia e ansiedade de rebote – quando para de vez; ❖ Morte. CONTRAINDICAÇÕES E PRECAUÇÕES ❖ Contraindicações: - Hipersensibilidade; - Gravidez (1° trimestre), criança pode nascer com fenda nasopalatina; - Glaucoma de ângulo estreito. ❖ Precauções: - Idosos (não é indicado Midazolam usa mais Lorazepam); - Hepatopatas por conta da metabolização; - Lactantes (excretado no leite materno); - Portador de Miastenia gravis, já tem fraqueza muscular; - DPOC já tem dificuldade nos níveis de oxigênio; - Crianças com cardiopatia congênita; - Não operar máquinas que exijam atenção, não dirigir. ❖ Interações medicamentosas: Potencializa a depressão do Midazolam. Reduzem a concentração plasmática do Midazolam. ANTAGONISTA ❖ O flumazenil EV (Lanexat) é o antagonista específico dos benzodiazepínicos, utilizados em casos de intoxicações. ❖ Meia-vida curta, precisa tomar várias doses. ❖ Pode causar convulsões em pacientes com epilepsia, uso de antidepressivos tricíclicos e ou em uso crônico de benzoadiazepínicos. *Bromazepam: utilizada no consultório oontológico, sedação consciente. Referências: Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada [recurso eletro ̂nico] / Karen Whalen, Richard Finkel, Thomas A. Panavelil ; tradução e revisão técnica: Augusto Langeloh. – 6. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2016
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