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Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 1 Envenenamento e intoxicações exógenas agudas Tóxico ou veneno Qualquer substância nociva que, quando introduzida no organismo, provoca alterações em um ou mais sistema fisiológicos. Epidemiologia Não existem dados nacionais confiáveis. Nos EUA, estima-se em 23 milhões de intoxicações agudas por ano. Etiologia e fisiopatologia Os casos mais significativos são por tentativas de suicídio. Ocorre também por abuso de substâncias. Outra causa de intoxicação ocorre em pacientes com uso de múltiplas medicações ou com metabolização diminuída. Ingestão oral é a mais frequente. Intoxicações agudas MANIFESTAÇÕES: neuropsiquiátricas, gastrointestinais, respiratórias, cardiovasculares e renais. Achados clínicos A história e o exame físico são extremamente importantes na avaliação inicial e no manejo - depende da substância ingerida, dose, duração da exposição, tempo entre a exposição e o atendimento médico hospitalar. Devem ser avaliados: Sinais vitais devem ser anotados e reavaliados periodicamente; SaO2, glicemia capilar e nível de consciência Glasgow); Sistemas cardiovascular, respiratório e neurológico; Alterações oculares na chegada; Odores característicos (álcool, organofosforados - alho); Avaliação cutânea: sudorese, calor, cianose, equimoses, pontos de punção venosa prévia, sinais de trauma. Manifestações neuropsiquiátricas ALUCINAÇÕES (percepção real de um objeto não existente) AGITAÇÃO Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 2 DELÍRIO (interpretação da alucinação - cocaína, anfetamina, pesticidas) CONVULSÕES (estricina) MIOSE (opiáceos, barbitúricos) MIDRÍASE (éter) Manifestações gastrointestinais AVALIAÇÃO DA CAVIDADE ORAL (ácidos) SIALORREIA (organofosforados) NÁUSEAS VÔMITOS HÁLITO CARACTERÍSTICO (álcool) DIARREIA DOR ABDOMINAL AUMENTO DA RHA Manifestações respiratórias AVALIAÇÃO DAS NARINAS (cocaína) SATURAÇÃO DE O2 ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS → ritmo, frequência, profundidade AUSCULTA PULMONAR → roncos, crepitações Manifestações cardiovasculares TAQUICARDIA BRADICARDIA HIPERTENSÃO HIPOTENSÃO DOR PRECORDIAL, IAM, EMERGÊNICA HIPERTENSIVA, ARRTMIAS Manifestações renais INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (mercúrio, fósforo, inseticidas) Síndromes relacionadas às intoxicações agudas Intoxicação com hiperatividade adrenérgica ou simpaticomimética SINTOMAS: Ansiedade, agitação, alucinação, hiper-reflexiva, hipertermia, sudorese, taquicardia, taquipneia, pupilas midriáticas, tremores de extremidades; Dor precordial, IAM, emergência hipertensiva, arritmias; Casos mais graves → hipertermia, rabdomiólise, convulsões. Muito prejudiciais, em especial, ao sistema cardiovascular. Deve-se procurar sítios de punção. Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 3 TÓXICOS MAIS PROVÁVEIS → anfetaminas, cafeína, efedrina, cocaína, derivados de ergotamina teofilina, hormônio tireoidiano (medicações para emagrecimento). Síndrome anticolinérgica Pode se manifestar semelhantemente à intoxicação com hiperatividade adrenérgica. SINTOMAS: Pele seca, quente e avermelhada, pupila bem dilatada com mínima resposta à luz, diminuição de ruídas intestinais e retenção urinária; Casos mais graves → convulsão, hipertermia, insuficiência respiratória. TÓXICOS MAIS PROVÁVEIS → antidepressivos tricíclicos, anti-histamínicos, antiparkinsonianos, atropina, ciclobenzaprina, antiespasmódicos (escopolamina) e fenotiazinas. Síndrome colinérgica Aumento de ACh. Típico de trabalhadores rurais. SINTOMAS: Confusão mental, rebaixamento do nível de consciência RNC, convulsões, miose, bradicardia, hipertensão, taquipneia, sialorreia, incontinência urinária e fecal, diarreia, vômitos, lacrimejamento, broncoespasmos e fasciculações; QUADRO TÍPICO = bradicardia, miose, hipersalivação, diarriea, vômitos, broncorreia, lacrimejamento, sudorese intensa, fasciculações; Casos mais graves → PCR, IR, convulsões e coma. TÓXICOS MAIS PROVÁVEIS → carbamatos, fisostigmina, organofosforados, pilocarpina, nicotina, gás sarin. Síndrome com hipoatividade ou sedativo-hipnótica SINTOMAS: Rebaixamento do nível de consciência, pupilas variaveis, bradicardia e depressão respiratória; Bradipneia, hipoatividade, rebaixamento do nível de consciência, coma, IR, hipercampia, aspiração. TÓXICOS MAIS PROVÁVEIS → opiodes (fentanil, morfina, oxicodona, metadona - pupila muito miótica), álcool e derivados, anticonvulsivantes (barbitúricos), zolpidem e BZD (pupila não miótica). Síndrome sertoninérgica Aumento de serotonina. SINTOMAS: Confusão, agitação, coma, midríase, hipertermina, taquicardia, hipertensão, taquipneia, tremor, hiper-reflexia, hipertonia (pior em MMII, sudorese, rigidez, trismo e diarreia. TÓXICOS MAIS PROVÁVEIS → inibidores da MAO, inibidores eletivos da recaptação de serotonina, tramadol se em associação com ISRS ou duais, antidepressivos tricíclicos. Síndrome alucinogênica SINTOMAS: Alucinações, distroção da percepção e do sensório, agitação, midríase, nistagmo, hipertermia, taquicardia, hipertensão, taquipneia. TÓXICOS MAIS PROVÁVEIS → anfetaminas, dietilamida do ácido lisérgico LSD, N-metil D-aspartato NMDA. Intoxicação com sangramento SINTOMAS: Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 4 Alteração da coagulação TP/INR 2472h após a ingestão; Sangramento de pele, mucosas, TGI, SNC, cavidades e articulações. TÓXICOS MAIS PROVÁVEIS → antagonistas da vit K (alguns venenos para ratos) e warfarina sódica (marevan). Síndrome de abstinência Difícil diferenciar se é excesso de droga ou se é abstinência. SINTOMAS: Agitação, sudorese, tremor, taquicardia, taquipneia, midríase, ansiedade, confusão; Casos mais graves → alucinações, convulsões, arritmias. TÓXICOS MAIS PROVÁVEIS → álcool etílico, antidepressivos, cocaína, sedativos e opioides. Exames complementares Na grande maioria dos casos, nenhum exame adicional é necessário. O screening qualitativo tem maior utilidade quando a substância ingerida é desconhecida, em casos de ingestões múltiplas e quando os achados não são compatíveis com a história. A dosagem sérica quantitativa apenas será útil em situações onde exista relação entre nível sérico, toxicidade e tratamento. PODEM SER DOSADOS → antiarrítmicos, barbitúricos, digoxina, etilenoglicol, metanol, ferro, paraquat, anticonvulsivantes (carbamazepina, ácido valproico, fenitoína), lítio, paracetamol, salicilatos, metotrexato, meta- hemaglobina, monóxido de carbono/cianeto. Diagnóstico diferencial Em qualquer paciente comatoso no PS, que não tenha diagnóstico óbvio, deve-se pensar em intoxicação exógena. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: TRAUMAS → especialmente coluna cervical e TCE; INFECÇÕES → meningite, encefalite, abscesso cerebral, sepse; LESÕES DO SNC → AVC, hematoma subdural, tumores; DISTÚRBIOS METABÓLICOS → hipercalcemia, hiponatremina, uremia, encefaltopatia hepática, hipoglicemia, hiperglicemia, cetoacidose diabética; DOENÇAS CV → IAM, arritmias, embolia pulmonar; TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS. Tratamento - princípios gerais RECONHECER UMA INTOXICAÇÃO IDENTIFICAÇÃO DO TÓXICO AVALIAR O RISCO DA INTOXICAÇÃO AVALIAR A GRAVIDADE DO PACIENTE E ESTABILIZÁLO CLINICAMENTE SEGUINDO OS PRINCÍPIOS DO ACLS DIMINUIR A ABSORÇÃO DO TÓXICO PREVENIR REEXPOSIÇÃO - AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA Etapas do atendimento inicial do paciente vítima de intoxicação exógena MONITORIZAÇÃO - PA não invasiva, oximetria, cardioscopia me sala de emergência; PUNÇÃO DE ACESSOS DVENOSOS PERIFÉRICOS CALIBROSOS; Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 5 AVALIAÇÃO DE VIAS AÉREAS → se ausência de perviedade ou sinais de obstrução iminente (rouquidão, lesão por inalação), proceder a via aérea definitiva IOT; AVALIAÇAO DA RESPIRAÇÃO → se presença de hipoxemia, ofertar oxigênio suplementar; AVALIAÇÃO CARDIOVASCULAR → se hipotensão, realizar expansão volêmica 1020ml/kg de solução cristaloide, se hipotensão refratária, adicionar droga vasopressora de modo precoce/com efeito inotrópicoassociado; AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA → avlaiar capacidade de proteção de vias aéreas; EXPOSIÇÃO TOTAL DO PACIENTE; REALIZAR MEDIDAS DE DESCONTAMINAÇÃO, SE TEMPO HÁBIL; COLETA DE EXAMES, incluindo nível sérico de substâncias dosáveis; SOLICITAÇÃO DE ECG. Tratamento - lavagem gástrica Eficácia depende do tempo da ingestão do tóxico = recuperação de 90% do material ingerido até o 5o minuto e de 8 32% até a primeira hora. INDICAÇÕES → tempo de ingestão menor que 2h, substância potencialmente tóxica ou desconhecida. CONTRAINDICAÇÕES → rebaixamento do nível de consciência, ingestão de substâncias corrosivas ou hidrocarbonetos (álcool), risco de hemorragia ou perfuração do TGI. COMPLICAÇÕES → broncoaspiração, hipotermia, laringoespasmo, lesão mecânica do TGI. MODO → SNG (sonda nasogástrica) ou SOG (sonda orogástrica) 1822 para adultos e 1014 para crianças. Posição DLE cabeceira a 20 graus; Infusão de SF 250ml por vez até 6L ou líquido límpido (adultos) ou 10ml/kg até um total de 4L (crianças). Tratamento - carvão ativado Eficácia depende do tempo de ingestão, sendo muito pequena após 2h. Apresenta menos complicações que a lavagem gástrica. INDICAÇÕES → usar em múltiplas doses em intoxicações causadas por: fenobarbital, ácido valpróico, carbamazepina, teofilina, substâncias de liberação entérica ou prolongada. CONTRAINDICAÇÕES → intoxicação por substâncias não adsorvidas pelo carvão ou substâncias corrosivas (ácidos, álcoois, cianeto, lítio, metais pesados), risco de perfuração ou obstrução intestinal, RN, gestantes, RNC sem proteção de via área, agitação psicomotora. Não são adsorvidos pelo carvão ativado → álcool, metanol, etilenoglicol, cianeto, ferro, lítio, flúor. COMPLICAÇÕES → bronco aspiração, constipação ou obstrução intestinal, redução da eficácia de antídotos orais. Tratamento - diálise MÉTODOS DIALÍTICOS → HEMODIÁLISE e HEMOPERFUSÃO. Hemodiálise INDICAÇÕES → substâncias com baixo peso molecular, pequeno volume de distribuição, baixa afinidade/ligação com proteínas plasmáticas, baixo clearance endógena. SUBSTÂNCIAS DIALISÁVEIS → lítio, fenobarbital, salicilatos, ácido valpróico, metanol/etilenoglicol, teofilina. COMPLICAÇÕES → instabilidade hemodinâmica, complicação de punsão de acesso vascular. Hemoperfusão INDICAÇÕES → subtâncias adsorvíveis pelo carvão ativado, pequneo volume de distribuição, baixa afinidade/ligação com proteínas plasmáticas. SUBSTÂNCIAS DIALISÁVEIS → teofilina, carbamazepina. Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 6 COMPLICAÇÕES → complicação de punção de acesso vascular, substâncias não adsorvível. Alcalinização da urina INDICAÇÕES → intoxicação moderada a grave por salicilatos, sem indicação de diálise, intoxiacação por fenobarbital, antidepressivos treicíclicos, cloropropamida. CONTRAINDICAÇÕES → hipervolemia já existente (edema pulmonar ou cerebral), insuficiência renal, hipocalemia não corrigida. COMPLICAÇÕES → hipervolemina, hipocalemia, alcalose metabólica, hipocalcemia. MODO → bicarbonato de sódio 8,4% 12mEq/kg em bolus, infusão contínua 150 mE1 de bicarbonato 8,4% em 1000ml de soro glicosado a 5% de 200250ml/h, monitorar nível sérico de potássio e pH 2/2h até 4/4h) e corrigir distúrbios conforme necessário, meta de pH urinário 7,5 e pH sérico 7,55 a 7,6. Tratamento - antídotos Intoxicação por álcoois e drogas de abuso Ação sobre o SNC 3 grupos, segundo a atividade exercida sobre o SNC DEPRESSORES DO SNC → rebaixamento do nível de consciência ÁLCOOL HIPNÓTICOS (barbitúricos e alguns benzodiazepínicos) ANSIOLÍTICOS (benzodiazepínicos) OPIÁCEOS E OPIOIDES (morfina, heroina, codeina, meperidina) INALANTES OU SOLVENTES (colas, inttas, removedores etc) ESTIMULANTES DO SNC → agitação AFETAMINAS E ANÁLOGOS (anoxerígenos, metanfetamina) COCAÍNA PERTURBADORES DO SNC → alucinação DE ORIGEM VEGETAL MESCALÍNA (cacto mexicano) THC (maconha) PSILOCIBINA (cogumelos) LÍRIO (trombeteira, zabumba, saia branca) Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 7 DE ORIGEM SINTÉTICA LSD25 ECSTASY KETAMINA ANTICOLINÉRGICOS (artane, bentyl, fienilciclidina) Indicadores de emergência relacionada a álcool ou drogas INCONSCIÊNCIA DIFCULDADE RESPIRATÓRIA ELEVAÇÃO DA TEMPERATUA FREQUÊNCIA CARDÍACA ALTA OU BAIXA VÔMITO EM ESTADO PARCIAL OU TOTAL DE INCONSCIÊNCIA CRISES CONVULSIVAS Cocaína e crack Alcaloide extraído das folhas de Erythroxylum coca, utilizada antigamente como anestésico. VIAS DE CONSUMO: Nasal - cloridrato de cocaína - pó branco - 1520% do alcaloide; Via oral - folhas de coca - 0,51,5% do alcaloide; Injetável - cloridrato de cocaína; Via fumo - crack - mistura de cloridrato de cocaína com bicarbonato ou hidróxido de sódio; merla - pasta de cocaína - ambos 4071% do alcaloide; Body-packers - pessoas que transportam a droga em pacotes dentro do intestino. É bem absorvida por todas as vias, é metabolizada pelo fígado e excretada na urina em 4 subprodutos identificáveis. Se consumida juntamente com álcool, forma um composto cujo efeito dura 13h, com ação vasoconstritoria, cardiotóxica, arritmogênica e neurotóxica. Em todo paciente com síndrome adrenérgica, deve-se suspeitar de intoxicação por cocaína ou crack. Efeitos Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 8 Sintomas Cocaína - Intoxicação aguda (Gay) 3 FASES: ESTIMULAÇÃO INICIAL → pico estimulatório ESTIMULAÇÃO AVANÇADA DEPRESSÃO → relacionada com dependência 1. Estimulação inicial Midríase, cefaleia, náuseas, vômitos; Vertigem, tremores não intencionais (face, dedos), tiques; Palidez, diaforese; Bradicardia transitória, hipertensão arterial, taquicardia, dor torácica; Hipertermia; Euforia, agitação, apreensão, instabilidade emocional inquietude, pseudo-alucinações. 2. Estimulação avançada Hipertensão arterial, taquicardia, arrttmias ventriculares e, às vezes, hipotensão arterial; Encefalopatia maligna, convulsões, estatus epileticus; Dor abdominal; Taquipneia, dispneia; Pode ocorrer hipertermia. 3. Depressão Coma arreflexivo, arresponsivo; Midríase fixa; Paralisia flácida; Instabilidade hemodinâmica; Insuficiência renal (vasculite, necrose tubular aguda por rabdomiólise); Fibrilação ventricular ou assistolia; Insuficiência respiratória, edema agudo pulmonar; Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 9 Cianose, respiração agônica, PCR. Manejo da intoxicação por cocaína BENZODIAZEPÍNICO + O QUE PRECISAR EVITAR BETABLOQUEADORES → piora a parte alfa-adrenérgica Anfetaminas Substâncias que apresentam em sua estrutura feniletilamina. Utilizada para emagrecer. Anfetamina, MDS (love drug), DOB, DOI, MDEA (eve) e metanfetamina (crystal-ice), metilfenidato, dexanfetamina. Podem ser usado via oral, inalatória ou respiratória, com boa absorção nas 3. Sintomas Manejo da intoxicação por anfetamina BENZODIAZEPÍNICO + O QUE PRECISAR EVITAR BETABLOQUEADORES → piora a parte alfa-adrenérgica Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 10 Ecstasy/MDMA 3,4-metileno-dioximetanfetamina, derivado da anfetamina. "Bala". Geralmente, usado via oral. Quadro clínico e manejo semelhantes aos da cocaína e anfetamina. LSD Dietilamida do ácido lisérgico - droga sintética com efeito alucinógeno. Conhecida como "ácido", "doce" ou "ponto". Consumida via sublingual. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → alterações da percepção visual, auditiva, labilidade de humor e possibilidade de "bad trips" (experiências desagradáveis que levam a ansiedade, agressividade e alterações de comportamento). TRATAMENTO → medidas de suporte. Maconha e canabinoides Maconha - mistura de folhas e flores da planta Cannabis sp. Conhecida como marijuana, pot, bomba, baseado, erva. Outros canabinoides: haxixe, skank, canabinoides sintéticos K2, spice). Perturbadores do SNC. Consumida como fumo ou via oral. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → hiperemia conjuntival, boca seca, aumento do apetite, taquipneia e fala pastosa. Pode ocorrer ataxia, nistagmo, hipotensão postural, taquicardia, hipertensão,euforia e diminuição da ansiedade e da atenção, exacerbação dos quadros psicóticos. TRATAMENTO → controle dos sintomas. Etanol Droga mais utilizado do mundo. Propriedades depressoras do SNC. Absorvidas em 60 minutos, metabolizada pelo fígado. Toxicidade variável, tolerância individual (relacionada com água corporal). Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 11 Quadro clínico Depende do nível sérico e da tolerância do paciente. ALCOOLEMIA: 50150 mg/dl = verborragia, reflexos diminuídos, visão borrada, excitação ou depressão mental; possível recuperar; 150300mg/dl = ataxia, confusão mental, hipoglicemia (principalmente, em crianças), logorreia; 300500mg/dl = incoordenação acentuada, torpor, hipotermina, hipoglicemia (convulsões), distúrbios hidroeletrolíticos (hiponatremia, hipercalcemia, hipomagnesemia, hipofosfatemia), distúrbios ácido-básicos (acidose metabólica); 500mg/dl = coma, falência respiratória, falência circulatória, óbito. obs.: não conclua imediatamente que um paciente com hálito de álcool está bêbado, os sinais podem indicar doenças ou lesões como epilepsia, diabetes ou traumatismo craniano. Sinais de intoxicação Odor de álcool no hálito; Oscilação e instabilidade; Fala arrastada; Náuseas e vômitos; Face ruborizada; Sonolência Comportamento instável, destrutível ou violento; A vítima fere a si mesmo, geralmente, sem perceber. Efeitos Depressor → afeta o discernimento, visão, reflexo e coordenação; Quando ingerido com outros depressores, o resultado pode ser maior do que o efeito combinado das drogas; Em quantidades muito grandes, pode paralisar o centro respiratório do cérebro e causar morte. Tratamento O mesma que um paciente com lesão ou doença; Monitore os sinais vitais do paciente constantemente; Forneça suporte à vida, quando necessário; Posicione o paciente para evitar aspiração do vômito; Não deixe o paciente ferir a si mesmo ETANOL: Assistência respiratória e O2, se necessário; Lavagem gástrica em caos de ingestão recente 3045 min) e de grande quantidade; Carvão ativado NÃO é eficiente; pode ser útil no caso de associação com outros agentes tóxicos; NÃO INDUZIR VÔMITOS RISCO DE BRONCOASPIRAÇÃO; Crianças → prevenir hipoglicemia com SG 25% - 2ml; Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 12 Tiamina - 100mg/l de SF/SG ou 100 mg VO 3x/dia - previne a encefalopatia de Wernicke; Niacina - 50mh VO 4x/dia ou 25mg IV 23x/dia. HIPOGLICEMIA → glicose a 50% em IV (nunca antes da tiamina - pode precipitar S. Wernicke) Adulto = 40ml IV, seguindos de SG a 5%IV Crianças = glicose a 10% 2ml/kg IV em 510 min e 68 ml/kg/min para manutenção da glicemia Convulsão → diazepam ou lorazepan Lorazepam: Adultos = 48 mg Crianças = 0,050,1 mg/kg Diazepan: Adultos = 510 mg IV em bolus; repetir até 30mg se necessário; Crianças 0,250,4 mg/kg/dose até 10mg/dose Choque, desidratação e acidose - soluções isotônicas de cloreto ou bicarbonato de sódio. obs.: ENCEFALOPATIA DE WERNICKE AGUDA → deficiência de tiamina; considerada uma emergência médica com mortalidade de 17%; início abrupto com a tríade: Distúrbios oculares → nistagmo, paralisia abducente bilateral, paralisias oculares até oftalmoplegia total; Ataxia cerebelar → tronco e MMII, com marcha de base ampla e oscilante; Confusão mental → desorientação, sonolência, desatenção e baixa capacidade de resposta; Pode haver sintomas de abstinência associados. obs.: PSICOSE DE KORSAKOFF CRÔNICA → pode aparecer gradualmente isolada ou associada ao Wernicke. Falhas de memória de evocação, desorientação, falta de concentração, apatia e, por vezes, fabulação. Metanol Álcool utilizado como adulterante em combustíveis de automóveis e bebidas alcóolicas, fluidos, limpadores de para-brisas, matéria-prima para fabricação de biodiesel e como solvente. Rapidamente absorvido via oral. Principal intoxicação por álcoois. Alta letalidade e ocorrência de complicações. Dose letal = 30240ml. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → inicialmente semelhante à intoxicação por etanol, cursando com ataxia, desinibição e sedação, podendo ser acompanhado de dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, taquicardia e hipotensão. APÓS 1224h → acidose metabólica, hipotensão, taquicardia, arritmias, convulsões, RNC, injúria renal aguda, parkinsonismo; alterações visuais comuns (diplopia, visão borrada, diminuição da acuidade e cegueira). FUNDO DE OLHO → midríase, hiperemia do disco óptico e papiledema. Tratamento Estabilização clínica, expansão volêmica, drogas vasoativas, IOT, correção de acidose metabólica. ANTÍDOTO: Indicado para pacientes sintomáticos e ânion gap>12 ou concentração sérica 20mg/dl; Etanol 0,8 g/kg de atanol ebsoluto EV em 1h seguido de 130 mg/kg/k de manutenção, diluído a 10% em SG 5% - satura a enzima álcool-desidrogenase, diminuindo a formação de metabólitos tóxicos do metanol; Fomepizol → não tem no Brasil. Ácido fólico 1mg/kg até 50 mg, diluído em 100ml de SG 5% a cada 4h - aumenta a transformação do ácido fórmico em CO2 e H2O. Envenenamento e intoxicações exógenas agudas 13 Hemodiálise - pacientes com acidose metabólica grave, alterações visuais, IRA, instabilidade hemodinâmica, DHE refratários, metanol 50mg/dl. Carvão ativado e lavagem gástrica são contraindicados. Síndrome da abstinência alcóolica Conjunto de sinais e sintomas específicos causados pela suspensão abrupta de consumo de álcool em pacientes usuários crônicos. DIAGNÓSTICO → história de interrupção de ingestão de álcool mais, pelo menos, 2 sintomas, incluindo hiperatividade autonômica (taquicardia, sudorese, hipertensão), tremores de mão, insônia, náuseas e vômitos, alucinações visuais, táteis ou auditivas, ansiedade, agitação, crises convulsivas (tônico-clônicas generalizadas). Início dos sintomas 624h após a última ingesta de álcool. DELIRIUM TREMENS → manifestação mais grave; ocorre 4872h após a última ingestão; dura até 3 dias na maioria dos casos; MANIFESTAÇÕES → desorientação e confusão mental importantes, extrema agitação, com necessidade de restrição mecânica, tremores grosseiros, instabilidade autonômica (taquicardia, elevação da PA, alterações hidroeletrolíticas), ideação paranoide, alucinações visuais ou auditivas. Avaliar outras condições associadas Wernicke-Korsakoff). Esteio do tratamento → benzodiazepínicos.
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