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Resumo - Últimos dias de um condenado

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RESUMO DA OBRA “OS ÚLTIMOS DIAS DE UM CONDENADO”, DE VICTOR HUGO
1 RESUMO 
1.1 A condenação
O texto principal da obra “O Último Dia de um Condenado”, de Victor Hugo, se passa na França da primeira metade do século XIX. Antes de abordar dois prefácios acrescentados em edições posteriores, o resumo se aterá ao livro.
O prefácio original dizia haver duas maneiras de explicar a existência da obra: que realmente foi realizada a partir de manuscritos amarelados do personagem principal ou então que se tratava de um observador, um filósofo, um poeta, que decidiu lançar essa narrativa em um livro, deixando no ar, para os leitores, se tratava-se ou não de ficção.
O texto principal se inicia com o personagem principal revelando que está condenado a morte, que há cinco semanas só consegue pensar nesse fato e que acabou deixando para trás seus tempos de liberdade prazeres e fantasias para estar preso, com a única certeza de que morreria em pouco tempo.
Colocada sua situação, o autor volta para o momento crucial, o que definiu o destino do personagem: o julgamento. Já preso, o futuro condenado foi acordado de sobressalto, mas mostrou-se relativamente animado com o dia ensolarado, mas percebendo que já não gozava mais do mesmo respeito como cidadão ao tentar travar um diálogo com o carcereiro. 
No julgamento, o personagem principal teve uma real dimensão do que aquilo realmente representava e que, prestes a ouvir sua sentença, estava em um momento decisivo. Só conseguia pensar em liberdade, em ter chance de aproveitar a vida, mas o advogado logo tratou de colocar a situação em sua verdadeira perspectiva: talvez ele conseguisse se livrar da pena de morte e poderia ser condenado “apenas” a trabalhos forçados por toda a vida.
Indignado, o protagonista disse preferir “cem vezes a morte”, ainda com a convicção de que não haveria tal sentença, já que o bom tempo indicava algum bom presságio. No entanto, o veredito foi o pior possível: a guilhotina. Vendo que o advogado se preparava para realizar alguma defesa, tentando atenuar a situação e substituir para a pena de trabalhos forçados, o réu tentou impedir essa situação. O veredito do júri popular se manteve, no entanto. Nesse momento, o personagem principal deixou de se sentir como qualquer homem, palpitando, vivendo, respirando como qualquer pessoa. Ele viu seu status mudar para o de um condenado a morte e todo o dia resplandecente que pouco antes admirava ganhou um tom branco e pálido, remetendo à morte. Notou, pela declaração de uma donzela, que tinha cerca de seis semanas de vida.
1.2 Os primeiros dias como destinado à morte
Após o fim do processo que o encaminhou para a guilhotina, o condenado notou que o tratavam com certo respeito, até por conhecer seu destino. O tempo, no entanto, logo os fez esquecer, tratando-o com a mesma brutalidade que os outros prisioneiros. No entanto, com alguma habilidade, ele conseguiu um pouco mais de conforto nos primeiros dias, além de lâmpada, tinta e papel, que permitiu que ele registrasse seus passos. Sua intenção era justamente criar um diário com sentimentos, para que, em algum momento, tudo pudesse chegar a outras mãos como um profundo ensinamento, como o processo agonizante e doloroso pelo qual estava passando, uma lenta sucessão de torturas que representavam a espera pela morte. 
É um momento crucial da obra, pois ele questiona se as pessoas que condenam consideram que há, no condenado, uma inteligência que via a vida como o caminho natural, que não se dispõe a morrer. Pensavam que não há nada antes e nada depois para um condenado, que ele mudava de status, deixava de ser humano. Queria que essa mensagem chegasse sobretudo para os responsáveis pelas condenações caso as páginas fossem publicadas.
Poucos dias após a sentença, sua apelação foi indeferida, confirmado as seis semanas previstas pela donzela.
No momento de realizar o testamento, o condenado reflete sobre as pessoas que ficarão: sua mulher, sua mãe e sua filha. Ele mostra certa despreocupação com as duas primeiras, pois não teriam saúde e morreriam com certa tranquilidade. Mas a sua filha, seu legado, era o que mais o preocupava. Amava-a intensamente e sentia muita dor em deixá-la para trás.
1.3 A cela
Em uma passagem importante, o condenado delimita seu espaço: uma cela que permite que muito pouco do mundo exterior seja visto e uma visão de uma prisão fria, com compartimentos que dividem os condenados a trabalhos forçados e à morte, de acordo com a necessidade de vigília. A prisão seria os restos de um antigo castelo, edificado pelo mesmo cardeal que mandou queimar Joana d’Arc, fazendo um paralelo com sua própria condenação. Descreveu também uma sentinela à porta da prisão, com olhos fixos e sempre aberto.
Ainda na expectativa, resolveu examinar todos os escritos na cela, em busca de pistas. Tentava reconstituir os retalhos de informações, dar sentido às inscrições mutiladas nas paredes das celas. Observou corações inflamados e perfurados por uma seta com a inscrição “Amor para sempre”. O desenho imediatamente remeteu o condenado à morte.
Começou a pensar em assassinos célebres que puderam ter passado por aquele mesmo lugar.
1.4 O espetáculo hediondo
Um evento na prisão, que se tornava um espetáculo para quem lá estava, chamou a atenção do condenado: uma espécie de cerimônia de envio de prisioneiros para os campos de trabalhos forçados. Imaginou que seria uma fortuna poder assistir a algo naquele ambiente, mas chocou-se com tudo o que viu.
Um carcereiro cedeu a ele local privilegiado, de onde assistia a uma multidão observando tudo de suas janelas gradeadas e um grupo de outros condenados que seriam amarrados a ferragens por soldados. Depois de um exame médico, foram submetidos a uma chuva em um dia frio, o que transformara a humilhação em tortura.
O condenado sentia cada pancada dos martelos que prendiam as ferragens no pescoço com grande aflição, já que a menor imperícia seria capaz de despedaçar o crânio do prisioneiro. Apesar de hediondo, o espetáculo o fez esquecer um pouco dele mesmo. Lembrou-se somente quando o reconheceram como o condenado à morte, com um certo alvoroço. Lembrou também que, em poucos dias, seria ele o protagonista de um espetáculo hediondo, na praça de Grève, onde se fazia a cerimônia de decapitação.
Mesmo assim, lembrou-se do desejo do seu advogado e reiterou que seu destino era muito melhor do que os trabalhos forçados. Segundo ele, era melhor ser aniquilado. Para aqueles prisioneiros arrastando correntes, aquilo era só o começo.
1.5 A declaração do crime e os devaneios de liberdade
Sufocado pela prisão, o condenado sentiu-se, em um momento, presenteado pela voz de uma menina de quinze anos que entoava uma canção, mas a mensagem perturbadora na canção o fez declarar expressamente, pela primeira vez, que havia assassinado um homem. Claro que o livro já deixava claro antes a gravidade do crime, mas nesse momento percebe-se uma humanização maior do condenado. Sentia um misto de sensibilização com choque. Notou que estava vilanizando uma canção de uma donzela de quinze anos e observou como a prisão é infame, com um veneno que tudo corrompe.
Começou a pensar em como seria fugir. Correria? Cantaria e andaria com rosto erguido? Pensou, então, qual caminho seguiria. Logo se identificou como um infeliz sonhador, que não tinha outro escape, senão a morte.
Enquanto escrevia tudo isso, ouviu um carcereiro desculpando-se pelo incômodo e perguntando o que ele queria para almoçar. O fez com todas as pompas: tirando o chapéu e cumprimentando de forma cordial, com voz suave. O condenado se perguntou se aquele era o fatídico dia. Sim, aquele era o dia.
1.6 As primeiras sensações
Curiosamente, a primeira sensação de condenado foi de sossego, pois tudo, ao final, estaria acabado e ele sairia da ansiedade. Ainda tinha alguma esperança de escapar, mas já nada esperaria. Não imaginava, no entanto, os momentos de tortura que ainda teria pela frente.
Foi apresentado a um padre que acompanharia o processo e seria responsável pelo conforto espiritual,mas em nenhum momento o padre demonstrou a empatia necessária. Recebeu um oficial de justiça que lhe traria uma mensagem do procurador geral, uma mensagem longa, que terminava na denegação do seu último recurso. O Oficial reafirmou a execução da sentença naquele dia, na praça da Grève,
Novamente a situação tornou-se muito real para o condenado. Ficou sozinho numa cela e pensou novamente se haveria algum meio para fugir e resignou-se com a impossibilidade dessa ação.
Com muita fraqueza, dirigiu-se à sua viagem, parecia que não teria forças de caminhar sozinho. Notou que desde aquele momento era perseguido por integrantes da multidão que veriam o espetáculo da sua morte. 
Seu espírito tomado pela dor começou a observar as ruas, como que relembrando dos momentos de vida que teve. Teve um diálogo atabalhoado com o Oficial de Justiça e também era acompanhado pelo padre, que seguia sem demonstrar empatia ou tentar levar o conforto espiritual, que seria a função dele, no fim das contas. 
Chegou às galerias públicas do Palácio da Justiça, sentiu-se quase livre, mas se enfiou por lugares abafados, secretos, claustrofóbicos, onde somente os condenados à morte entram. O oficial de justiça seguiu acompanhando o deixaram num gabinete, onde também estava um outro prisioneiro, esperando para cumprir sua pena perpétua. O prisioneiro fez com que trocassem de vestes e o condenado se viu vestido de trapos, o que piorou sua sensação de falta de dignidade.
1.7 A extensão da espera
O prisioneiro foi levado a sua cela para esperar o momento. Pediu uma cama e foi atendido por pessoas que não entendiam muito bem essas demanda. Voltou a lembrar da filha e do fato de que ela ficaria órfã, sendo obrigada a lembrar do ritual nefasto que levou seu pai, sem alguém para amar. Ponderou sobre o crime que cometeu e sobre o crime que a sociedade estava a cometer com ele. 
Refletiu, novamente sobre o que o esperava no além morte e continuou sofrendo com a perspectiva de ter a vida tirada em pouco tempo. Lembrou de um dia em que passou perto por uma execução na praça de Grève, sem ter tido a curiosidade de acompanhar de perto. 
Em um momento crucial, se arrependeu de ter preferido a morte e pensou em buscar um advogado para ir aos trabalhos forçados. Mudou de ideia e imaginou que esse seria melhor destino, pois ainda viveria e veria o sol.
1.8 O diálogo com o padre 
O padre, uma figura de ar respeitável, voltou a aparecer para o condenado, para o protocolo que envolvia uma conversa de conforto. Perguntou sobre sua crença em Deus e na igreja católica. Mesmo ao receber uma resposta afirmativa, o religioso duvidou de sua fé. Contrariado após o condenado pedir para ficar sozinho, o classificou como ímpio.
A acusação revoltou o futuro guilhotinado, pois além de não ouvir nada de terno de comovedor, algo que acalmasse a alma, ainda ouviu uma ofensa. Pensou que não poderia ser de outra forma, já que o padre é o capelão da prisão, está acostumado a acompanhar últimos momentos e tem isso apenas como uma rotina como qualquer outra.
1.9 Escape frustrado
Ainda esperando a morte, o condenado teve um diálogo com um militar, que veio render o outro que fazia a vigília. Este parecia disposto a tirar vantagem de uma pessoa prestes a morrer, pois estas seriam capazes de realizar alguma previsão acertada. A previsão que o militar queria eram os números da loteria e o condenado achou estranho, mas tentou ganhar algo da situação.
Propôs a ele que trocasse os trajes, para que ele pudesse escapar se passando por funcionário do governo e assim forneceria a chave que tornaria o militar rico. Quase deu certo, mas quando o militar percebeu que o condenado escaparia e deixaria de morrer com essa situação, minando a capacidade de previsão de um homem prestes a morrer, desistiu do negócio. O condenado ficou ainda mais desesperado pela última esperança que teve.
1.10 Recordações
Em outro momento de espera pela morte, o condenado lembrou da infância, de sua vivacidade, da sua primeira paixão, das primeiras experiências com o amor e o sexo.
Nesse momento, contemplou seu próprio crime com horror, mas não conseguia arrepender-se mais do que já estava arrependido. Sente pouco remorso após ser condenado.
Pensa novamente no espaço entre sua infância e o momento em que estava e vê um rio de sangue entre as duas extremidades. Imagina que se algum dia sua história for lida, depois de anos de inocência e felicidade, ninguém poderá acreditar naquele ano que culminou na sua execução.
1.11 Sensações físicas
A espera desperta sensações físicas no condenado: dor de cabeça, rins frios, tremores, fraquezas, olhos ardentes. Logo pensa que em duas boras e quarenta e cinco minutos estaria curado.
Em seguida, passa a descrever a agonia que é estar na espera da morte. Começa a duvidar da morte sem dor, não imagina como vivos podem ter certeza de que a guilhotina não provoca dor, não faz mal a quem ela é submetido. O condenado ressalta que nunca nenhum morto voltou para dizer que o mecanismo é bom.
1.12 Os últimos sonhos e a visita da filha
Dormiu pela última vez na sua prisão de transição e lembrou de situação com amigos, na mesma casa onde sua família dormia. Ouviu barulhos e imaginou ter invasores na casa. Em seguida, se deparou com uma figura surreal, com uma velhinha que em nada reagia às suas provocações. Um de seus amigos disse que deveria ser a cumplice de bandidos invasores. Mas ela era apenas uma figura que lá estava para aterrorizar e o levar às trevas. Acordou com a notícia de que sua filha estava no local para visitá-lo, a mesma que aparecem em seu sonho.
A filha não o reconheceu, para desespero do condenado. Tratou-o com certa indiferença e disse que seu pais estava morto. Ele pediu que a filha dissesse uma oração, mas a filha se recusou, pois orações só se diziam à noite. Convidou-o a acompanhar essa oração noturna, o que só o lembrou do seu destino fatídico em poucas horas. Acabou dispensando a filha e imaginou-se pronto para o que os oficiais iriam fazer.
1.13 O caminho para a morte
Inicia-se a condução do condenado até a guilhotina. Os carrascos tiraram seu casaco e ofereciam os préstimos com boa educação. Sua aparição incendiou a multidão, que esperava o espetáculo, jogando os chapéus para o alto. Conferiu as donzelas nas varandas dos restaurantes, acompanhando de camarote o que iria se suceder. Sentiu raiva do povo.
Seguiu o caminho com muita dificuldade e recebeu a visita de um comissário, um magistrado. Pediu cinco minutos, que foram concedidos a contragosto do carrasco, que tinha hora para realizar a execução. Pela última vez, pensou em talvez poder escapar, em receber um perdão. Chegou a acreditar nessa possibilidade do perdão. Mas o livro se encerra, deixando a entender que a morte se tornaria realidade em instantes...
1.14 Prefácios
Os prefácios ficaram para o fim pois são posteriores à própria obra. No primeiro, na verdade o último a ser publicado, Victor Hugo deixa mais claro que sua obra era um repúdio à pena de morte. A tortura que ela representava, a dor que ela impingia não somente ao condenado, mas a todo um sistema familiar que o acompanhava. Relembrou de um momento em que se pensou em abolir a pena de morte, em 1830, para salvar a cabeça de algumas pessoas com conexão política. Salvaram-nos no processo e mantiveram a morte para os demais.
Assumiu ter feito uma obra política para marcar posições no sentido de buscar a abolição dessa pena. Discursou sobre a figura do carrasco como uma pessoa que teme a humanidade, a filantropia e o progresso, pois essas qualidades na sociedade tirariam seu ganha pão. Relembrou, com riqueza de detalhes, de execuções malsucedidas que impingiram dor extrema aos condenados. Relembrou, em um momento importante, para terem cuidado com a primeira cabeça extraída nas revoluções, pois elas abririam o apetite do povo.
No segundo prefácio, em forma de peça de teatro, o autor cria um diálogo em que a própria obra que se seguiria estava sob duras críticas da sociedade pelo fato de mergulhar no sofrimento do condenado. Criticarama sensação que elas despertariam nos leitores e os capítulos que seriam contra a ordem estabelecida. Pareciam muito incomodados e atingidos pela verossimilidade das atrocidades que leram. Victor Hugo parece ter relembrado das críticas pesadas que a obra sofreu como um reflexo de um sentimento de negação da realidade comum a uma sociedade ainda presa a conceitos pré-iluministas
2 Opinião Pessoal
A literatura sempre teve um grande papel como influenciadora do direito: os grandes escritores sempre retrataram o mundo em todas as suas nuances por meio da ficção e, por meio dessas reflexões, pode-se tirar grandes lições de humanidade e até mesmo de realidades que normalmente passam despercebidas pelo olhar das maiorias.
Victor Hugo retratou a pena de morte como uma situação de perda de humanidade, tanto do condenado quanto das pessoas envolvidas de certa forma com o tenebroso espetáculo: os magistrados, os carcereiros, os carrascos, os clérigos que compactuavam com as cerimônias e os espectadores.
O público que assistia aos espetáculos deveria aprender algo com aquilo, ter medo de eles mesmo passarem por aquilo. Mas não: eles se deleitavam com a situação e se alimentavam de imagens de horror. Não seria irrazoável concluir que tais imagens de horror poderiam ter o efeito exatamente oposto ao que se propunha, pelo alto teor de degradação e desumanização da morte.
As constituições e as leis penais atuais ganharam muito com a visão literária e filosófica dessas situações atrozes e avançaram muito no sentido de garantir a humanidade no tratamento com criminosos. Embora saiba-se que a realidade ainda é muito dura com prisioneiros e que muitos direitos são violados, não pode ser outro o tratamento se quisermos caminhar de ter uma sociedade mais justa, pacífica e livre de arbitrariedades. Prisões perpétuas, trabalhos forçados, pena de morte, foram sendo banidas em muitos lugares, que não necessariamente sofreram impactos negativos na criminalidade por conta disso. Em muitos lugares o movimento foi contrário.
É de se admirar que justamente a França, país em que Victor Hugo militou contra a pena de morte, tenha demorado tanto a aboli-la, o que ocorreu somente em 1981, com a última execução tendo ocorrido em 1977. Mas não dá para negar o papel do autor como uma das grandes vozes a serem levadas em conta pelas nações ou estados que fizeram esforços no sentido de não mais tirar a vida de seus cidadãos, por pior que fossem os crimes cometidos. 
Victor Hugo foi preciso ao expor também o incômodo de cidadãos que pareciam ainda viver no pré-iluminismo: seu prefácio em forma de peça de teatro parece demonstrar um grande sentimento de negação nos personagens, incapazes de se confrontar com os horrores de uma pena capital, como se o sofrimento e a tortura aos quais os condenados eram submetidos fossem mais chocantes do que a própria execução pública. Foi um prefácio que coroou uma obra-prima.

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