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O Filme Vista a Minha Pele

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O Filme “Vista minha pele”, na direção de Joel Zito Araújo e Dandara, foi uma produção lançada pelo MEC, cujo roteiro aborda as questões do preconceito racial. A história possui um ponto de vista interessante: a inversão dos papéis de negros e brancos na sociedade. No filme, os negros são a classe dominante: o atual padrão de beleza é o negro, os brancos vivem as margens da sociedade, os países desenvolvidos são justamente os de matriz africana, enquanto países que em nossa realidade são desenvolvidos, como a União Europeia, por exemplo, foram os escravizados.
A história gira em torno de Maria, uma menina branca, cuja mãe é faxineira em uma escola particular, e graças a essa condição, conseguiu matricular-se em essa escola com uma bolsa de estudos. Maria é a única aluna branca e pobre em todo o colégio, condições que a marginalizam dentro dessa pequena sociedade, cujos alunos a hostilizam, com exceção de Luana, sua única amiga, uma menina que graças a profissão do pai (diplomata), morou em vários países pobres, portanto possui uma mente mais aberta. 
Abandono e tristeza. O idoso como um fardo. Racismo e opressão. Se O Xadrez das Cores fosse um trabalho acadêmico, estas poderiam ser as palavras-chave. Lançada em 2004 e premiada em muitos festivais de 2005, a produção dirigida e escrita por Marco Schiavon nos apresenta Cida uma mulher negra na faixa dos 40 anos, funcionária de Maria, uma senhora de 80 anos que representa a metonímia dos antepassados colonizadores: manipuladora, racista e muito preconceituosa.
Para enfrentar a sua empregadora, Cida propõe um jogo de xadrez, situação alegórica utilizada pelo roteiro para os devidos efeitos reflexivos em relação aos temas centrais (racismo e pobreza) e tangentes (superação de desafios, abandono e velhice, solidão). O filme também flerta com a submissão de muitas pessoas aos trabalhos que podemos designar como subempregos, tamanha a falta de boas condições de atuação. Cida, cotidianamente, precisa lidar com o preconceito e cinismo de Maria, uma senhora que tal como a “empregada”, também tem uma marca profunda do passado que ressoa constantemente no presente: a perda da filha.
Desta maneira, ambas serão desafiadas num enfretamento metafórico por meio de um jogo de xadrez, num debate sobre os obstáculos e desafios encontrados por dois segmentos da sociedade que são alvos de discriminação cotidianamente: o idoso e a mulher negra. Ao passo que a história avança, Cida e Maria deixam espaço para que o público as interprete adequadamente. Assim, compreendemos as suas necessidades dramáticas, delineadas por conta de seus perfis de ordem física, psicológica e social.
Ambos os filmes abordam o racismo, a pobreza, a marginalização do pobre, do preto e do idoso. Ambos os roteiros trabalharam de forma brilhante em suas metáforas. O primeiro fazendo uma inversão dos papéis do preto e do branco, proporcionando ao telespectador a hipótese de como seria essa realidade.
O segundo, nos traz um paralelo entre duas mulheres, marginalizadas e discriminadas por suas condições, uma mulher negra e uma idosa. Cada uma das personagens traz consigo sua experiencia de vida: uma marcada pelo subemprego, a outra, preconceituosa, mas com suas próprias feridas.

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