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Queimaduras • Paciente vitima de queimadura = paciente vitima de trauma • ABCDE - vias aéreas - ventilação - circulação - hipotermia • REMIT(resposta endócrina metabólica e imunológica ao trauma) extremamente intensa → liberando mediadores • Quanto maior e mais profunda, mais intensa é a resposta ➢ Choque da queimadura • Aumento significativo da permeabilidade vascular como reflexo de uma disfunção da microcirculação, com intensa perda de liquido do intravascular para o terceiro espaço • Principais mediadores responsáveis: histamina, bradicinina, prostaciclina (PGI2) e prostaglandina E2 (PGE2) ➢ Hipermetabolismo • Elevação de citocinas e hormônios que promovem catabolismo tecidual (cortisol, catecolaminas, glucagon) • aumento da taxa metabólica em 200% em relação ao normal • Curreri: 25 kcal/kg/dia + 40kcal por área de SCQ, por dia • Harris – Benedict • Calorimetria indireta - Método não-invasivo que determina as necessidades nutricionais e a taxa de utilização dos substratos energético a partir do consumo de oxigênio e da produção de gás carbônico obtidos por analise de ar inspirado e expirado pelos pulmões • Multiplica-se o resultado por 1,4 ➢ ABCDE • Segurança da cena 1- Interromper o processo: - Remover o paciente da fonte de calor - Interromper a progressão da queimadura (irrigação da área afetada com água em temperatura ambiente) CUIDADO COM QUEIMADURAS QUÍMICAS→ o agente químico em contato com a água pode piorar o quadro; 15-20 min de irrigação - Remover toda roupa do paciente, anéis, relógios, joalherias (impedir o efeito torniquete) 2- Controle da via aérea - Comprometimento inicial → lesão direta ou edema subjacente a queimadura - ATENÇÃO: armadilhas da via aérea no grande queimado SCQ = superfície corporal queimada a- Lesão térmica das vias aéreas b- Lesão por inalação c- Intoxicações Lesão térmica das vias aéreas: • Ação direta do calor sobre os tecidos • Mais comum em vias aéreas superiores (laringe funcionando como válvula de escape para o calor) • Rouquidão broncoespasmo, taquipneia, escarro carbonáceo, queimadura de face • Todos devem receber máscara com alto fluxo de O2 • Ficar atento com as indicações de intubação Lesão por inalação Intoxicações: • As duas principais são: ➢ Monóxido de carbono - Suspeitada em todo individuo que inalou fumaça (principalmente em ambientes fechados) - A afinidade do CO pela hemoglobina é 240 vezes superior ao do oxigênio - CO + Hb = carboxi-hemoglobina – impede a hemoglobina de transportar O2 - Manifestações clinicas variam de acordo com os níveis de COHb no sangue - Os níveis de COHb sérico estão diretamente relacionados ao tempo de exposição à fumaça - Diagnóstico: história positiva + dosagem de COHb - CUIDADO: oxímetro de pulso não é capaz de distinguir COHb de O2Hb - Caso não seja possível dosagem de COHb iniciar tratamento empírico - Tratamento: suporte ventilatório e oferta de oxigênio a 100% ➢ Cianeto - produto da queima de materiais como nylon, poliuretano, lã e algodão - inibe de forma irreversível a fosforilação oxidativa inibindo o metabolismo aeróbico celular - quadro clinico: rápido progresso para coma; apneia central; acidose lática severa - tratamento: oxigênio a 100% Hidroxocobalamina (se liga ao cianeto formando cianocobalamina que é eliminada na urina). Dose IV 70mg/kg Circulação: • Todo paciente com mais de 20% de SCQ deve receber reposição volêmica • Solução cristaloide (Ringer Lactato aquecido) em acesso periférico • Ainda no pré-hospitalar: • Volume de reposição= peso kg x SCQ %/8 • Crianças com menos que 30 kg repor também DEXTROSE a 5% junto com a reposição volêmica (soro glicosado) Transporte: A de segundo grau e subdivida em superficial e profunda! As queimaduras de quarto grau nem sempre são consideradas! ➢ Primeiro Grau • Mais superficiais, limitadas à epiderme e não perdem a integridade da barreira cutânea • Quadro clinico: eritema, dor moderada, não ocorre bolhas nem comprometimento de anexos cutâneos (folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas) • Não deixa lesões teciduais • Principal exemplo: queimaduras solares • Tratamento: analgesia com AINE oral e soluções tópicas hidratantes • ATENÇÃO: não possuem significado fisiológico de impacto (exceto nos extremos de idade), não sendo considerada em cálculos de SQC ➢ Segundo Grau: • Acometem toda a epiderme e chegam até a derme • Dois tipos: superficial e profunda • Superficial (epiderme e derme superficial ou papilar): eritematosas, dolorosas, geralmente com bolhas e empalidecem com a compressão • Profundas (epiderme e profundamente na derme): pele com maior palidez e eventualmente mosqueada, dolorosas ao toque, não empalidecem a compressão. Deixam cicatrizes com resultado estético ruim • ATENÇÃO: ATLS da 10° edição = queimaduras de espessura parcial (superficial e profunda) ➢ Terceiro Grau • Avançam por toda a derme, chegando ao tecido subcutâneo • Pele endurecida com aspecto de couro, não empalidece a compressão, região indolor e seca • Reepitelização feita através das margens da queimadura ou de enxertia com aspecto estético muito ruim • Atls: queimadura de espessura total ➢ Quarto Grau: • Queimaduras de ossos, tendões e músculos • Característica de queimaduras elétricas e de alta voltagem • O ATLS não considera esse tipo de queimadura Superfície Corporal Queimada: • Queimaduras de 1° grau não entram no calculo da SCQ • Regra dos nove ou método de Wallace • Divisão do corpo em regiões anatômicas que representam 9% ou múltiplos de 9 Muito utilizado em centros de terapia intensiva! Cuidados hospitalares: 1- Reposição volêmica no intra-hospitalar ➢ Formula de PARKLAND - 4x peso x SCQ - volume inicial em ml a ser infundido em 24 hrs - 50% deve ocorrer nas primeiras 8hrs e os outros 50% nas 16 horas seguintes - atenção: lembrar de subtrair o valor a ser infundido nas primeiras 8 hrs, o volume administrado no extra-hospitalar - ATLS 10° edição - ringer lactato - 2x peso x SCQ - volume inicial em ml a ser infundido em 24 hrs - metade nas primeiras 8 hrs e metade nas 16 horas subsequentes 2- Cuidados com a queimadura: • Tratamento guiado de acordo com a profundidade e tamanho das lesões • Limpeza e desbridamento • Curativo: - proteger o epitélio - minimizar a colonização - manter a posição anatômica do segmento afetado - impedir a hipotermia - proporcionar conforto - minimizar a dor 3- Escarotomia: • Necessária em queimaduras profundas circunferenciais nas extremidades (edema comprometendo a circulação venosa e arterial) • Queimadura circunferencial do tronco com insuficiência respiratória ou dificuldade de ventilação • Realizada com incisão longitudinal para aliviar a restrição devido a escara • Necessidade mais comum em queimaduras de espessura total e que são circunferenciais 4- Fasciotomia • Edema que compromete de forma prolongada o suprimento vascular e desenvolvimento de síndrome compartimental muscular • Mais comum em trauma ósseo com esmagamento, lesão elétrica de alta voltagem e queimaduras acometendo tecidos abaixo da aponeurose Complicações pós-queimadura 1- Infecção e sepse • Fatores de risco para infecção: perda da integridade cutânea, imunodepressão, predisposição a translocação bacteriana, presença de dispositivos invasivos (ventilação mecânica, cateteres venosos profundos, sonda vesical de demora) • Não existe indicação de antibioticoprofilaxia sistêmica • Diagnostico precoce de infecção é fundamental • Evidenciasde processo infeccioso - evolução da área de queimadura para necrose de toda a espessura da derme - surgimento de foco de hemorragia, escuros ou enegrecido - aparecimento de lesões sépticas na pele integra em torno de queimaduras - surgimento de celulite em áreas adjacentes à queimadura • Principais agentes infecciosos: - S. aureus - P. aeruginosa - C. albicans • Tratamento: excisão da região infectada + antibioticoterapia sistêmica • Medidas que diminuem incidência de complicações infecciosas: - vigilância constante da área queimada - higiene das mãos - manipulação adequada de cateteres profundos - posicionamento da cabeceira do leito de 30° a 45° - nutrição enteral precoce - controle glicêmico adequado (níveis mantidos entre 140 e 180mg/dL) 2- Trato Gastrointestinal • Íleo adinâmico • Ulcera aguda do estomago e duodeno (ulcera de curling) • Tratamento: correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e uso profilático de bloqueadores de H2 3- Úlcera de Marjolin • Carcinoma de células escamosas que ocorre na cicatriz da queimadura • Complicação desenvolvida muitos anos após a fase aguda (media de 35 anos) do trauma • Tumor de comportamento agressivo • 35% apresentam metástase nodais ao diagnóstico Queimaduras elétricas: • A pele é um tecido muito resistente a corrente elétrica, ela acaba sendo poupada e, por isso as lesões cutâneas geralmente não são tão graves exceto no ponto de contato • Atendimento específico: - monitorização cardíaca: devido ao risco de arritmia - fasciotomia (síndrome compartimental muscular) - avaliação musculoesquelética - IR: manter debito urinário de 100ml/h, manitol 25 g a cada 6 hrs e bicarbonato de sódio para alcalinizar a urina (evitar risco de necrose tubular aguda) • Causa dano progressivo e continuo a pele e tecidos subcutâneos, ate que a substancia seja inativada por reação tecidual ou diluída por lavagem mecânica do local • A gravidade da lesão vai depender do contato, a concentração do agente, tipo de substancia e a quantidade • Podem ser ocasionadas por ácidos, álcalis e derivados do petróleo • Atendimento especifico: - retirada da roupa contaminada - lavagem exaustiva da pele com agua - lavagem com agua corrente, evitando que a agua utilizada entre em contato com outro ponto da pele do paciente - geralmente 15 a 20 litros de agua - queimaduras por pós secos devem retirados antes da lavagem
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