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DM Gestacional

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Medicina Ana Catarina Dutra Rebelo 
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DM Gestacional 
Introdução 
• Conceito DMG 
Mulher com hiperglicemia detectada pela 
primeira vez durante a gestação, com níveis 
glicêmicos que não atingem critérios 
diagnósticos para DM. 
- O principal risco para o desenvolvimento de 
DM tipo 2 em mulheres é o antecedente 
obstétrico de DMG. 
- A hiperglicemia na gestação também 
apresenta riscos para que o bebê desenvolva 
em sua vida obesidade, síndrome metabólica e 
diabetes. 
• Fatores de risco 
Idade (quanto mais idade, maior o risco) 
Sobrepeso/ obesidade – IMC > 25kg/m2 
HF de diabetes em parentes de primeiro grau 
Antecedentes pessoais de alterações 
metabólicas como HbA1c > 5,7%, SOP, HAS, 
uso de medicamentos hiperglicemiantes 
Antecedentes obstétricos (2 ou + perdas 
gestacionais prévias, DMG, polidrâmnio, 
macrossomia, óbito feta ou neonatal, 
malformação fetal 
 
- Toda gestante deve ter garantida a 
possibilidade de diagnóstico de DMG, 
independente dos fatores de risco. 
• Epidemiologia 
‐ É uma das principais causas de morte materna 
na maioria dos países. 
 
‐ Houve aumento nas últimas décadas de 
mulheres com diabetes na idade fértil e ciclo 
gravídico puerperal. 
‐ Prevalência de 16,2%, 1 em cada 6 nascimentos 
ocorre em mulheres com alguma forma de 
hiperglicemia, sendo 84% decorrente de DMG. 
 
Fisiopatologia 
• Primeiro trimestre 
O organismo materno passa a ser 
responsável pelo crescimento e 
desenvolvimento do feto, causando um 
estado de hipoglicemia de jejum, 
catabolismo exagerado de lipídeos e 
progressiva resistência à insulina. 
• Segundo trimestre 
Desenvolvimento de resistência à insulina (que 
progride por toda a gestação) comandada 
pelos hormônios contra insulínicos (lactogênio 
placentário, estrogênio, cortisol, progesterona, 
prolactina), reduzindo a ação da insulina, a fim 
de direcionar a glicose para o feto, deixando a 
gestante com produtos do metabolismo dos 
lipídeos. Assim, há um aumento da produção de 
insulina nas gestantes saudáveis, já nas que 
estavam com sua produção de insulina no limite, 
podem ser levadas a um estado hiperglicêmico, 
podendo desenvolver DMG. 
1 o trimestre Tendência a hipoglicemia 
2 o trimestre Hormônios contra insulínicos, 
aumento da necessidade de 
insulina 
3 o trimestre Aumento da necessidade de 
insulina até próximo ao termo 
Puerpério Queda brusca da 
necessidade de insulina 
 
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• Alterações decorrentes deste 
processo fisiológico 
‐ Glicosúria. 
‐ Maior pré-disposição à infecção urinária. 
‐ Candidíase vaginal. 
‐ Progressão de lesões vasculares (retinopatia 
diabética, por exemplo). 
‐ Associação com pré-eclâmpsia. 
 
Diagnóstico 
‐ TOTG com 75g: alta sensibilidade e 
especificidade. Deve ser realizado entre 24-
28 semanas para gestantes com resultado de 
glicemia de jejum <92 mg/dl. 
‐ Para as que realizaram o pré-natal tardiamente 
(após 20 semanas) deve ser realizado o TOTG 
o mais breve possível. 
‐ Todas as gestantes devem dosar a glicemia 
de jejum até as 20a semanas de gestação. 
 
• Valores de referência 
Glicemia de jejum solicitado na primeira 
consulta: < 92 mg/dl. 
➢ Fazer TOTG com 75g entre 24-28 
semanas. 
➢ Se na 2 hora > 200 mg/dl, indicação de 
DM prévio. 
➢ Valores normais do TOTG: 
0h < 92 mg/dl 
1h 180 mg/dl 
2h < 153 mg/dl 
 
Se um ou mais destes valores alterados: 
diagnóstico de DMG. 
➢ Se glicemia de jejum > 92 mg/dl e < 125 
mg/dl: DMG. 
➢ Se glicemia de jejum na primeira consulta 
> 126 mg/dl; repetir glicemia, se > 126 
mg/dl: DM prévio. 
Se não houver disponibilidade de realizar o 
TOTG, se basear na glicemia de jejum, 
independente da idade gestacional que foi 
iniciado o pré-natal. 
Deve-se realizar o TOTG após 6 semanas do 
parto para rastreio de DM tipo 2, assim como 
a glicemia de jejum. 
Complicações 
Maternas TPP, RPMO, polidrâmnio, 
pré-eclâmpsia, infecções, 
atonia uterina, distocia de 
ombro 
Fetais Feto GIG, macrossomia, 
óbito fetal 
Neonatais Hipoglicemia, hipocalemia, 
icterícia, desconforto 
respiratório 
A longo prazo Obesidade, DM, HAS 
 
Tratamento 
• Objetivos 
‐ Diminuição da morbimortalidade perinatal e da 
morbidade materna a curto e longo prazo. 
‐ Controle eficaz da glicemia materna. 
 
• Terapia nutricional 
Distribuição de macronutrientes nas refeições, 
redução de carboidratos, acompanhamento 
com nutricionista sempre que possível. 
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• Exercícios físicos 
Deve ser encorajado, como natação, 
caminhada, aeróbicos de baixo impacto, yoga, 
pilates, treinamento de força, exercícios 
ergométricos. 
• Monitorização da glicemia 
‐ Desde o diagnóstico até o pós-parto. 
‐ Automonitorização de glicemia capilar com 
glicosídeo, mostrá-los em cada consulta 
médica. 4x ao dia para gestantes sem 
tratamento farmacológico, e 6x ao dia para as 
que utilizam insulina. 
‐ Metas glicêmicas: < 95 mg/dl em jejum, < 70 
mg/dl com uso de insulina, no trabalho de parto 
e durante o parto 70-120 mg/dl. 
 
Terapia medicamentosa 
• Insulinoterapia 
‐ Caso em 15 dias de mudança de hábitos e 
estilo de vida não consigam controlar a 
glicemia da gestante, indica-se insulinoterapia. 
‐ É a primeira escolha do tratamento 
medicamentoso na gestação. 
‐ As mais indicadas são de ação intermediária, 
para controle da glicemia de jejum e pré-
prandiais. A de ação rápida é indicada para 
o controle pós-prandial. 
 
• Antidiabéticos orais 
➢ Metformina, por exemplo 
Indicados para a não acessibilidade à insulina, 
dificuldade de administração da insulina, 
estresse exacerbado do uso da insulina seguido 
de restrição alimentar, necessidade de altas 
doses de insulina sem resposta adequada no 
controle glicêmico e ganho de peso excessivo 
em uso da mesma. 
➢ Mulheres que tratam DM antes da 
gestação, substituir o tratamento para 
insulina quando possível e voltar o uso 
de antidiabéticos orais apenas após o 
parto. 
Seguimento 
‐ Consultas devem ser realizadas quinzenalmente 
até a 30a semana, assim como deve-se 
proceder com a realização trimestral de função 
renal e proteinúria, urocultura, fundo de olho. 
‐ As gestações com bom controle metabólico, 
adequado crescimento fetal e de líquido 
amniótico não deve passar de 40 semanas e 
dias. 
‐ As que tiveram tais alterações não devem 
passar de 39 semanas e 6 dias, devendo 
individualizar cada caso. 
‐ Gestantes em uso de insulina devem ter o parto 
realizado até 38 semanas. 
‐ Via de parto preferencial: vaginal. 
‐ Cesária indicada para situações que não há 
bom seguimento do trabalho de parto. 
‐ A DMG não é indicação de parto cirúrgico, 
depende de cada caso.

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