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É a expulsão de um ou mais conceptos a termo (no momento certo, após desenvolvimento, preparado para respirar no ambiente extrauterino). “Parto eutócico” é realizado de forma natural, sem intercorrências. Acontece decorrente de mudanças fisiológicas e endócrinas no trato reprodutor da fêmea. Os fatores de desencadeamento são ainda estudados, mas sabe-se que o feto é o maior responsável (estresse fetal, competição por espaço, alimento...) e a mãe tem pouca influência, ou seja, não é ela que decide, o organismo é preparado mediante ao mecanismo disparado pelo feto. O miométrio é o componente chave, influencia na contração do útero e expulsão do feto. Existe o mecanismo neural, humoral e mecânico, sendo o humoral mais importante. A quiescência uterina é interrompida, fazendo com que ele adquira capacidade contrátil. Existem casos onde a fêmea não consegue mais contrair, as vezes pela necessidade de expulsar vários fetos, isso pode ser trabalhado com protocolo terapêutico, uma vez que sabe-se da possibilidade de passagem. Em outros casos quando a fêmea contrai e o filhote não nasce, indica falta de passagem (não abertura da cérvix, grande tamanho do feto..., é avaliado através da palpação), pode ser questionado o porte do pai, para saber o tamanho possível desse feto. Para que o feto consiga demonstrar estresse fetal, necessita da ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal do feto visando liberação de cortisol. Mais especificamente uma estrutura chamada núcleo paraventrocular, que é responsável pelo disparo. Pré-parto Maturidade feto-placentária em sincronismo com a função glandular mamária garantindo a vida do recém-nascido. Por isso, o parto normal é sempre a melhor opção, já que ele só será desencadeado quando está maturidade for atingida. O feto elimina sistematicamente o cortisol, que será percebido pela placenta, responsável por traduzir o sinal para dar continuidade ao processo. Parto Ocorre ativação do hipotálamo fetal, ativando habilidade em responder aos efeitos dos hormônios (placenta), aumento da função neuroendócrina, stress fetal → hipóxia, hipercapnia, mudanças na pressão devido ao espaço e glicose sanguínea. Tudo isso leva ao aumento da secreção de cortisol pela adrenal do feto. Esse cortisol vai para a circulação e é percebido e interpretado pela placenta, como já dito antes. Estresse fetal → liberação de CRH (hormônio liberador de corticotrofina) pelo hipotálamo → ação sob células corticotróficas da hipófise → liberação de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) pela hipófise → ação sob adrenal fetal → CORTISOL. O aumento da secreção de cortisol estimula a placenta a converter progesterona em estrógeno, além de fazer com que a placenta entenda e ative outros processos no organismo materno. Fonte: Prestes & Ladim-Alvarenga, 2017 O estrógeno é um hormônio preparatório que atua no miométrio, aumentando resposta a ocitocina, também atua no relaxamento da cérvix (altera sua da estrutura de colágeno) e estimula produção/liberação de prostaglandinas pelo útero. PGF2α: lise do corpo lúteo (redução dos níveis de progesterona); ação sobre a contratilidade do endométrio; PGE: relaxamento cervical e do canal do parto PGI2: vasodilata, manutenção da perfusão sanguínea da placenta. @tudopelavet @ tudopelavet Quando aumenta-se a contração do útero de forma exacerbada, não é indicado fazer várias doses de ocitocina (menor fluxo sanguíneo é direcionado à placenta e fetos). O tempo máximo de intervalo entre nascimentos é em torno de 2 horas. Fases do Parto 1) Fase de Preparação (Fase prodrômica) Facilmente identificada pelo tutor, a fêmea busca pelo isolamento e no caso de cadelas e porcas: iniciam a formação do “ninho”. Além disso ocorre queda da temperatura de cadelas em até 1°C. Inapetência, ansiedade, agitação, e em éguas, presença de colostro nos tetos. - Vacas: andar inseguro/cambaleante (os hormônios e prostaglandinas atuam no relaxamento dos músculos da garupa. Ocorrem modificações estruturais e bioquímicas na cérvix (relaxamento das fibras colágenas e aumento do ácido hialurônico). 2) Fase de dilatação da Via fetal (Fase de insinuação) Envolve o período desde as contrações uterinas até o rompimento das membranas fetais. Duração variável: 2 h (equinos) até 16 h (bovinos). Relaxamento da musculatura lisa → posicionamento crânio- ventral do útero → dilatação da cérvix → insinuação das bolsas fetais. Ruptura do alantocórion: lubrificação do canal do parto. Contrações uterinas Inicialmente são fracas e irregulares, repetindo-se a cada 25 a 50 segundos. Posteriormente, passam a se tornar fortes e regulares, repetindo-se a cada 50 a 90 segundos. No final do parto, o normal são 6 contrações em 15 minutos, fêmeas com menos de 4 contrações = deficiência de contratilidade uterina, e portanto, necessidade de intervenção. A evolução do parto deve ocorrer obrigatoriamente com presença de contração. 3) Fase de Expulsão Envolve o período desde a ruptura das bolsas fetais até o nascimento dos fetos. Duas forças estão associadas a essa fase- contração uterina e contração abdominal. Passagem do feto pelo canal do parto estimula receptores nervosos na parede vaginal → estímulos de centros motores na medula espinhal → contração abdominal. Alteração do comportamento: o animal deita-se e assim permanece até o nascimento dos fetos (pode apresentar exceção). Expulsão das membranas fetais com o auxílio das contrações uterinas (ocitocina continua agindo no miométrio). Existem processos pós-parto de habilidade materna necessário para a sobrevivência do feto. Algumas espécies de animais ingerem a placenta, que serve como fonte de nutrientes. Isso pode ser estimulado na mãe que não apresenta este comportamento natural. Maturação Fetal Relacionada à transição da vida intrauterina para a extrauterina Depende de eventos que antecedem o parto: Maturação pulmonar, formação de reservas de carboidratos e gorduras (reservas de energia para respiração e sucção) e início da lactação (manutenção da glicemia). - Maturação Pulmonar Agente surfactante: material produzido pelos pneumócitos na parede dos alvéolos pulmonares Surge no período em que a vida extrauterina torna-se viável, sua síntese é estimulada pelo cortisol, previne o colapso pulmonar e promove a estabilidade alveolar. - Reserva de Carboidratos e Gorduras Na vida intrauterina, o ambiente é climatizado e bem controlado, com a saída do útero, o feto precisa regular sua própria temperatura, a qual não consegue estabilizar nas duas primeiras semanas de vida. Ou seja, a reserva é necessária para manutenção dos padrões biológicos. Reserva de carboidratos Glicogênio hepático: mantém a homeostasia da glicose após o parto, até a disponibilidade alimentar; Glicogênio na musculatura cardíaca: mantém a atividade cardíaca no pós-parto imediato, mesmo na ausência de oxigênio. OBS: o cérebro não possui reservas de glicogênio e utiliza a glicose circulante. Reserva de gorduras: controlada pela insulina, que armazena a glicose disponível em gordura. @tudopelavet @ tudopelavet Gordura branca: libera ácidos graxos e glicerol para a circulação (metabolização tissular); Gordura marrom: sofre oxidação e libera energia em forma de calor (termorregulação). Puerpério Período de recuperação dos órgãos reprodutivos após o parto 1) Fase de delivramento: do pós- parto até a eliminação das membranas fetais; 2) Fase de involução uterina: retorno do útero à condição normal e aptidão para uma nova gestação. Especificidades Vacas Fase de delivramento dura de 30 min a 8 horas (a acima de 12 horas é patológica e necessita de intervenção). Separação do placentomas: alterações hormonais, modificação do epitélio, aumento do colágeno no tecido conjuntivo de placenta e contrações uterinas (isquemia X hiperemia). Redução do útero → reduçãodas carúnculas. A partir do momento que a placenta se desfazer, o útero vai entrar na fase de involução. Involução uterina lenta: 30 a 60 dias (taurinos) e 100 a 120 dias (zebuínos), Contrações uterinas cessão 5 dias após o parto (quando há perda da resposta da musculatura à ocitocina). Involução total da cérvix: 34 ao 40 dia pós-parto. Corno gravídico e cérvix nunca voltam ao tamanho de antes e a involução uterina é retardada em casos de distocias, partos gemelares e retenção placentária. Lóquios: secreção fisiológica derivada da cavidade uterina, eliminada no puerpério, derivado da necrose da superfície endometrial (incluindo carúnculas), é eliminado até o 14 dia pós parto, podendo demorar até 30 dias para desaparecer totalmente (se não cessa ou existe algo errado com textura/cor/odor + fêmea com sinais sistêmicos de infecção = intervenção).O restabelecimento do ciclo reprodutivo começa logo após o parto (possui redução rápida do CL) Amamentação: retarda a dinâmica folicular e a ovulação (impede o retorno do cio, mas pode variar). Vacas leiteiras: 30 a 72 dias. Vacas de corte:46 a 104 dias. Equinos Delivramento: 15 a 90 minutos após o parto (eliminação da placenta intacta). O alantocório rompe ao nível da “estrela cervical”, permitindo a expulsão do alantoâmnio (esbranquiçado), este alantocório é expulso invertido, a ausência da sua ruptura indica necessidade de rápida intervenção → romper o cório e retirar o feto envolto pela membrana amniótica. A placenta equina deve ser avaliada após a sua eliminação para se obter informações sobre o status uterino na gestação. Cório: superfície aveludada (vilosidades) com áreas desnudas (dobras placentárias ou estrela cervical); cor vermelho-vivo a vermelho-queimado. Alantóide: superfície branco-pálida e rica em vasos sanguíneos. Cordão umbilical: cistos que podem ou não estar calcificados. Lóquio: corrimento de coloração amarelo-clara a marrom- avermelhado observado na 1 semana pós-parto. O ciclo estral reinicia 6 a 14 dias após o parto (“cio do potro”), é um cio fértil porém endométrio ainda está desorganizado, esse cio pode acelerar o condicionamento do endométrio para uma nova gestação (3 a 5 dias), mas em casos de acúmulo de lóquio ou infecção uterina está cobertura é infértil ou ocorre morte embrionária. Suínos Expulsão das membranas fetais logo após o parto, junto com os leitões correspondentes, no máximo até 4 horas após a parição do último feto. Involução uterina rápida: lóquio claro e escasso, restos placentários intrauterinos absorvidos O retorno ao ciclo estral é influenciado pela lactação, geralmente ocorrem em 2 semanas para porcas que amamentam seus leitões na primeira semana pós-parto. Cães e Gatos Expulsão das membranas fetais ocorre logo após o parto ou junto com os fetos correspondentes Eliminação do lóquio: 3 a 6 semanas pós-parto (sero- sanguinolento) Involução uterina: 12 semanas após o parto (tônus uterino, eliminação do lóquio, reconstituição epitelial). Em casos de distocia ocorre redução do tônus e consequentemente retenção de lóquio e placenta → infecção. Na cesárea retira-se as placentas, restos fetais e limpa-se o útero antes de fechar. @tudopelavet @ tudopelavet
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