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PROBLEMA 4 INTRODUÇÃO ❖ Os pênfigos são doenças bolhosas autoimunes com tendência à progressão, de evolução crônica e ilimitada, com prognóstico reservado ❖ Faz parte do grupo das dermatoses bolhosas crônicas ❖ As bolhas são intraepidérmicas e decorrem de processo acantolítico, induzido por autoimunidade ❖ Os antígenos variam segundo o tipo de pênfigo, podendo ser as desmogleínas, desmocolinas e desmoplaquinas moléculas constituintes dos desmossomos, incluindo a placa desmossômica PÊNFIGO VULGAR EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO ❖ O PV é uma doença relativamente rara ❖ Maior frequência na idade adulta (depois dos 40 anos) - Ocasionalmente pode ocorrer na criança ❖ Na idade adulta, ambos os sexos são atingidos igualmente ❖ Isso não ocorre antes dos 20 anos, quando a incidência é maior no sexo feminino ❖ Incide predominantemente na raça branca - Porém é uma doença universal ❖ É mais frequente entre os judeus Ashkenazi e povos de origem mediterrânea, tendo, portanto, uma incidência maior nos locais com maior população dessas origens. ❖ As duas variantes do pênfigo vegetante (PVe), tanto Hallopeau (forma localizada) quanto Neumann (forma disseminada), são expressões raras de PV PATOLOGIA ❖ No pênfigo vulgar, surgem autoanticorpos do tipo IgG dirigidos contra determinada proteína desmossomal: a desmogleína tipo 3 ❖ Esses anticorpos, atacando os desmossomos dos queratinócitos suprabasais (local onde predominam as desmogleínas 3), determinam acantólise, ou seja, a desagregação dos queratinócitos ❖ O histopatológico é diagnóstico! - Caracteriza-se pelo descolamento intraepidérmico logo acima da camada basal (fenda suprabasal), destacando todo restante da epiderme ❖ A imunofluorescência direta da pele demonstra acúmulo de IgG (+ C3) na superfície dos ceratinócitos, sendo este um achado característico ❖ Sabe-se que, no PV, o principal antígeno desmossômico envolvido é a desmogleína 3 (Dsg3), ao passo que, no PF, é a desmogleína 1 (Dsg1) ❖ Os pacientes com PV com acometimento exclusivo das mucosas têm anticorpos apenas contra a Dsg3 (a Dsg1 é praticamente ausente nelas) ❖ Já nas formas mucocutâneas, os pacientes também apresentam anticorpos anti-Dsg1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ❖ Uma das principais características → acometer as mucosas, especialmente a mucosa oral. - Esta é acometida em todos os pacientes, sendo que, em 50% dos casos, pode anteceder as manifestações cutâneas por vários meses (a desmogleína 3 é muito encontrada no epitélio das mucosas) ❖ A lesão oral se apresenta com: - Úlceras aftosas, evoluindo para erosões dolorosas e extensas, acometendo a cavidade bucal ❖ Muitas vezes, dificultam a alimentação do paciente ❖ Eventualmente os lábios, a língua, a orofaringe e outros sítios mucosos do corpo (ex.: genitália) podem ser afetados ❖ A lesão cutânea típica do pênfigo vulgar é uma bolha flácida, que logo sofre rotura, deixando uma erosão vermelho vivo, com aspecto de “bife sangrante” - Esta erosão apresenta um odor característico, descrito como “ninho de rato” ❖ Ao examinar o paciente, o médico observa múltiplas e extensas erosões, marginadas por retalhos de bolhas rotas, encontrando eventualmente algumas bolhas flácidas que ainda não romperam ❖ A doença pode afetar qualquer parte do tegumento, predominando na cabeça, tórax e dobras axilares ❖ O sinal de Nikolsky é o achado clínico clássico do pênfigo - Mesmo na pele aparentemente sã, provoca-se facilmente o descolamento da pele quando o dedo do examinador a traciona tangencialmente - Na síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica, o sinal de Nikolsky só está 2 presente na pele acometida ❖ O sinal de Asboe-Hansen também é positivo no pênfigo: ao pressionar uma bolha, provoca a sua progressão (o seu conteúdo líquido “corre” sob a pele) ❖ Neonatos podem apresentar a doença de forma transitória, sobretudo filhos de pacientes com PV, pois a epiderme deles apresenta, proporcionalmente, maior quantidade de Dsg3 quando comparada à do adulto - Com o tempo, ocorre a catabolização dos anticorpos maternos e o processo extingue-se ❖ PV neonatal é raro, no entanto bem mais frequente do que o PF ❖ Pode ocorrer abortamento, principalmente, nas formas graves de PV PÊNFIGO VEGETANTE ❖ Pênfigo vegetante de Hallopeau → Forma localizada, relativamente benigna - As lesões inicialmente recordam as lesões cutâneas da piodermite vegetante, localizando-se em áreas de flexão, dando lugar a verdadeiras vegetações - Podem estar acompanhadas de lesões nas mucosas oral, genital e anal ❖ Pênfigo vegetante de Neumann → Caracteriza-se por lesões vegetantes úmidas, com predileção pelas áreas de flexão (axilares, inguinais, genitália e períneo) - Seu início, em geral, ocorre como o do PV, porém as lesões, durante o processo de reparação, vão se tornando vegetantes. DIAGNÓSTICO ❖ É suspeitado pela clínica, mas deve sempre ser confirmado pela biópsia - Esta deve ser realizada numa bolha intacta para o histopatológico→ descolamento intraepidérmico em fenda suprabasal - Na pele aparentemente sã, para a imunofluorescência direta (acurácia de praticamente 100%) → Acúmulo de IgG (+C3) em superfície de queratinócito ❖ O sangue do paciente deve ser colhido para a pesquisa pela imunofluorescência indireta dos anticorpos antidesmossomais, encontrados em 75% dos casos - O título destes anticorpos pode ter associação com a atividade da doença apenas em alguns pacientes DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ❖ Outros pênfigos ❖ Impetigo ❖ Farmacodermia TRATAMENTO ❖ A base da terapia é o uso de corticosteroides sistêmicos em altas doses - Prednisona na dose de 2 mg/kg/ dia. ❖ A dose do corticoide é ajustada de acordo com a gravidade do quadro, podendo variar de 40 mg/dia (forma localizada) até 200 mg/dia (forma grave) ❖ O tratamento é mantido até a resolução do quadro clínico (primeiras semanas) ❖ A negativação do sinal de Nikolskiy é o primeiro indício de inatividade da doença ❖ Depois, a dose é paulatinamente reduzida e mantida em dias alternados, embora a recorrência seja comum ❖ Em muitos pacientes, é necessário associar imunossupressores, como: - Azatioprina ou ciclofosfamida, com intuito de poupar o uso do esteroide ❖ Um estudo demonstrou a remissão completa e prolongada (cura?) de 40% dos pacientes que usaram prednisona + azatioprina ❖ Alguns autores brasileiros preferem usar a dapsona 100 mg/dia no lugar dos imunossupressores ❖ Casos muito graves podem precisar de plasmaférese ou imunoglobulina intravenosa ❖ O prognóstico é melhor quanto mais novo o paciente Pênfigo foleáceo EPIDEMIOLOGIA ❖ Há duas variantes de Pênfigo Foliáceo (PF). São eles: (1) PF não endêmico (pênfigo de Cazenave); e (2) PF endêmico (fogo selvagem) Independentemente da forma clínica, encontra-se com frequência o sinal de Nikolsky positivo ELISA para anticorpos desmogleína (1 e 3), também pode ser feita. 3 ❖ O PF endêmico é descrito em algumas regiões de países sul-americanos, como Brasil, Colômbia, El Salvador e Peru ❖ O fogo selvagem (forma endêmica) tem o seu maior número de casos registrados no Brasil, tendo elevada frequência no Distrito Federal, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais (triângulo mineiro) e São Paulo (oeste paulista) ❖ Tem predileção por populações ribeirinhas e acreditava-se na participação da picada de um mosquito simulídeo (Simulium nigrimanum), que poderia agir como vetor de algum vírus - Entretanto, trabalhos mais recentes vêm contestando essa hipótese ❖ A doença não é, a princípio, de causa infecciosa, mas alguns agentes poderiam atuar como desencadeante da reação autoimune ❖ Nas áreas endêmicas, a prevalência pode chegar a 2- 3%, predominando em crianças e adultos jovens ❖ Por isso,em nosso meio podemos afirmar que o pênfigo foliáceo é o tipo mais comum de pênfigo! ❖ O PF não endêmico é uma doença universal que acomete pessoas principalmente a partir de 40-50 anos, tendo associação com HLA-B16, A26 e A24 ❖ O pênfigo foliáceo (e em menor escala o pênfigo vulgar) pode ser desencadeado por certos fármacos, caracterizando o pênfigo farmacoinduzido. As principais drogas incriminadas são: d-penicilamina, penicilina, rifampicina, captopril e propranolol ❖ O pênfigo foliáceo (PF) clássico tem as mesmas características epidemiológicas do PV, com algumas variações entre diferentes populações ❖ A epidemiologia desta forma de pênfigo é peculiar por sua ocorrência familial, afetando inclusive crianças e, sobretudo, populações rurais - Além disso, tem, provavelmente, conotação genética, considerando-se sua elevada frequência familial (12% dos casos). ETIOPATOGENIA ❖ No pênfigo foliáceo, os autoanticorpos patogênicos são voltados exclusivamente contra a desmogleína 1 - Esta proteína é essencial para a integridade dos desmossomas da camada granulosa da epiderme - São os queratinócitos desta camada que sofrem acantólise (desagregação) ❖ O histopatológico difere do pênfigo vulgar por ter a zona de clivagem numa porção superficial da epiderme ❖ O achado na imunofluorescência direta da pele é semelhante ao do pênfigo vulgar MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ❖ Ao contrário do pênfigo vulgar, as mucosas são geralmente poupadas ❖ Nesta doença, dificilmente são encontradas as bolhas intactas, pois, geralmente, já se encontram rompidas pela sua extrema superficialidade - Portanto, o que predomina no paciente são múltiplas erosões crostosas sobre base eritematosa, conferindo um aspecto semelhante a “salpico de lama” ou ceratose seborreica (esta conhecida como lesão acantomata) ❖ O aspecto foliáceo decorre do fato de que as bolhas, por aparecerem em surtos subentrantes, deixam intensa descamação, recobertas em parte por crostas que podem destacar-se ❖ As lesões podem permanecer localizadas por tempo variável e, até mesmo, regredir espontaneamente, por período variável (fase pré-invasiva). Na maioria dos casos, entretanto, o que ocorre é a tendência à generalização (período invasivo) chegando à universalização, isto é, toda a pele apresenta-se acometida, evoluindo, portanto, para eritrodermia esfoliativa (período de estado) ❖ Tardiamente, podem surgir lesões papilomatosas, verrucosas (acantomata, lesões verrucosas e persistentes), hiperpigmentação, aspecto de pele de leopardo e em “salpico de lama” (lesões amarronzadas, crostosas e focais como que jogadas no dorso), onicorrexe e onicólise com descoloração, alopecia difusa do couro cabeludo, das sobrancelhas, das axilas e do púbis, e ceratodermia palmoplantar ❖ As lesões cutâneas do PF atingem predominantemente as áreas seborreicas do corpo (face, região malar, couro cabeludo, região pré- esternal e interescapular) A ceratodermia palmoplantar corresponde a um grupo de condições da pele caracterizado pelo espessamento (hiperceratose) das palmas das mãos e sola dos pés. Ela também pode ser uma característica de várias síndromes subjacentes. Em formas raras da doença, outras regiões da pele e outros órgãos além da pele também podem ser afetados. 4 ❖ O paciente sente sensação de queimação que piora, caracteristicamente, com o calor ou exposição solar (daí o termo “fogo selvagem”) ❖ A doença pode apresentar-se restrita às áreas seborreicas fotoexpostas, principalmente regiões malares, com aspecto eritematocrostoso semelhante ao lúpus eritematoso agudo - Este quadro, que apresenta banda lúpica positiva em até 80% dos casos e acantólise ao histopatológico, recebe o nome de pênfigo eritematoso ou síndrome de Senear-Usher ❖ Em outros casos, as lesões se disseminam no sentido craniocaudal (forma generalizada), algumas vezes evoluindo com eritema descamativo por quase todo o tegumento (forma eritrodérmica) ❖ No pênfigo foliáceo, os sinais de Nikolskiy e de Asboe-Hansen também são positivos DIAGNÓSTICO ❖ As características clínicas variam de acordo com a faixa etária do paciente, porém um considerável número de pacientes apresenta lesões características simultâneas de mais de uma faixa etária ❖ Avaliação clínica ❖ Histopatologia: Descolamento intraepidérmico em camada granular - Biópsia de pele aparentemente sã: a imunofluorescência direta (acurácia de praticamente 100%) → Acúmulo de IgG (+C3) em superfície de queratinócito ❖ Avaliação sorológica: - IFI de anticorpos antidesmossomais - ELISA para anticorpos desmogleína (1 e 3) TRATAMENTO ❖ Sem o tratamento, 40% dos pacientes com fogo selvagem morriam nos primeiros dois anos ❖ Na maioria dos casos restantes, a doença toma um curso crônico, com exacerbações e remissões, com eventual fatalidade ❖ A letalidade total do PF era de 60%! - Somente 10% dos casos, com forma localizada, evoluíam bem, eventualmente com remissão espontânea ❖ O tratamento baseia-se também no uso de corticosteroides sistêmicos, neste caso em doses mais baixas do que no pênfigo vulgar - Prednisona 1 mg/kg/dia ❖ Os imunossupressores muitas vezes não são necessários ❖ Nos casos de PF localizado, o tratamento com corticoides tópicos pode ser suficiente Penfigoide Bolhoso A doença é mais benigna que os pênfigos, embora também tenha um curso crônico, com exacerbações e remissões EPIDEMIOLOGIA ❖ A doença tem uma prevalência um pouco maior que a dos pênfigos não endêmicos ❖ Afeta igualmente ambos os sexos e raças e incide preferencialmente em idosos ou adultos velhos PATOGENIA ❖ Trata-se de uma doença autoimune, em que há a formação de autoanticorpos dirigidos contra a membrana basal da junção dermoepidérmica, onde ocorre o descolamento e a formação da bolha e acúmulo de eosinófilos ❖ Os autoanticorpos são direcionados contra o Antígeno Penfigoide (AP ou BP), que é um componente da camada basal, encontrado na porção superior da lâmina lúcida, representado pelas proteínas BP230 e BP18o ❖ Esses autoanticorpos (AP1 e AP2) são encontrados no soro do paciente (imunofluorescência indireta), respectivamente, em 100% e 65% dos casos ❖ Não há acantólise MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ❖ Clinicamente, o paciente apresenta bolhas tensas, duradouras, grandes, sobre a pele sã ou eritematosa, com conteúdo citrino ou hemorrágico, de distribuição simétrica e predominando em áreas flexoras (face interna da coxa, virilha, abdome inferior, axila) ❖ Pode atingir mucosa oral em até 30% dos casos DIAGNÓSTICO ❖ Avaliação clínica ❖ Histopatologia: Bolhas subepidérmicas com acúmulo de eosinófilos ❖ Imunofluorescência direta: depósitos de IgG + C3, de padrão linear ao longo da camada basal 5 ❖ Sorologia: Anticorpos contra BP180 e BP230 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ❖ Outros pênfigos ❖ Impetigo ❖ Farmacodermia ❖ Dermatite herpetiforme ❖ Lúpus TRATAMENTO ❖ O tratamento é feito geralmente com corticosteroides sistêmicos, em doses moderadas (0,5-1 mg/kg/dia) ❖ Porém, há estudos comprovando uma eficácia semelhante com corticoides tópicos, mesmo nos casos extensos ❖ Tetraciclina + nicotinamida e dapsona podem proporcionar efeitos benéficos Outros tipos de pênfigos PÊNFIGO INDUZIDO POR FÁRMACOS ❖ A D-penicilamina é o principal fármaco causador, seguida do captopril (anti-hipertensivo), que são estruturalmente semelhantes por conterem o grupamento sulfidrila (tiol), que, por sua vez, faz reação cruzada com as desmogleínas. ❖ Outras substâncias (não tióis) também podem desencadear pênfigo: - Penicilina, rifampicina e outros inibidores da enzima conversora de angiotensina, como o enalapril ❖ Interferon-α pode desencadear a doença ❖ É mais frequente o desencadeamento de PF do que PV ❖ A suspensão da substâncianão interrompe obrigatoriamente o processo PÊNFIGO HERPETIFORME ❖ No pênfigo herpetiforme, as lesões simulam a dermatite herpetiforme, ou seja, vesículas, bolhas ou pápulas agrupadas que tendem a formar arranjo anular, inclusive prurido intenso ❖ Raramente mucosas estão acometidas PÊNFIGO POR IGA ❖ Trata-se de uma entidade rara ❖ Responsivo à dapsona ❖ Caracterizado por vesículas ou pústulas, sobre base eritematosa ou pele normal ❖ Estas lesões agrupam-se, exibindo aspecto anular ou circinado ❖ Elas se localizam em áreas intertriginosas, nas laterais do tronco e na parte proximal dos membros ❖ O sinal de Nikolsky pode ser negativo ❖ Constitui um diagnóstico diferencial importante com a doença de Sneddon-Wilkinson; nesta, a IFD é negativa PÊNFIGO ERITEMATOSO ❖ Nada mais é do que uma forma benigna e localizada do PF, e que tem como sinonímia síndrome de Senear-Usher, já em desuso ❖ Ocorre na etapa inicial ou regressiva (espontânea ou terapêutica) do PF ❖ Chama-se a atenção para o aspecto morfotopográfico (lesão em “asa de borboleta” na face) que lembra o lúpus eritematoso ❖ Em certos casos da síndrome de Senear-Usher, alguns autores observaram uma “banda lúpica” de IgG à IFD ❖ Atualmente alguns pacientes são descritos com ambas as enfermidades. Tratamento dos pênfigos ❖ Nas fases graves da doença, o tratamento deve ser feito com elevadas doses de prednisona (1 a 2 mg/kg de peso, sobretudo para o PV) - Período ≥ 6 semanas. Dermatite herpetiforme: doença crônica extremamente pruriginosa na qual observamos bolhas e vesículas agrupadas de forma simétrica distribuídas sobre a face extensora dos membros.Em alguns pacientes observamos apenas pequenas lesões encimadas por crostas nos cotovelos e joelhos, acompanhado de prurido. Virtualmente todos os casos estão associados à intolerância intestinal ao glúten (doença celíaca) que, nesses pacientes, costuma cursar sem alterações do hábito intestinal. 6 - A dose deve ser aumentada (mais 40 a 60 mg) se não houver resposta clínica após 4 a 6 semanas de tratamento - Depois de 6 semanas, as doses devem baixar gradualmente (7 a 21 dias) até uma dose de manutenção ❖ Visando “poupar corticosteroide”, faz-se cada vez mais a associação a imunossupressores. Os mais utilizados são: - Metotrexato (20 mg, 1 vez/semana) - Ciclofosfamida (100 mg/dia) - Azatioprina (150 mg/dia). ❖ A administração de prednisona, em dias alternados, após o controle da doença, também pode ser feita ❖ A terapêutica do pênfigo deve ser realmente muito agressiva. Essa conduta é a ideal, sobretudo para o PV e, até mesmo, para os casos de PF. - Nas formas benignas (vegetante e eritematoso), as doses são menores. ❖ Nas formas irresponsivas, pode-se fazer pulso com corticosteroide (p. ex., metilprednisolona, 500 mg a 1 g/dia durante 5 dias consecutivos) e/ou imunossupressor, em especial a ciclofosfamida - Nessas situações, uma dose menor de ciclofosfamida ou corticosteroide oral é administrada entre os ciclos ❖ Outra opção de eficácia ainda maior é a utilização de pulso de imunoglobulina intravenosa na dose de 400 mg/kg/dia em infusão lenta (4 a 4,5 h) ou 2 g/kg/ciclo divididos em 3 dias a cada mês até a remissão e, a partir daí, aumenta-se o intervalo em 2 semanas para cada novo ciclo - Esta eficácia é alcançada com cerca de 18 ciclos, e o tempo médio sem doença foi de 20,4 semanas ❖ Dentre os efeitos colaterais desse tratamento estão: - Cefaleia - Urticária - Febre - Artralgias - Mal-estar - Insuficiência renal, meningite asséptica, acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio → Raros ❖ Os antimaláricos podem ser usados como coadjuvantes nas formas localizadas de PF ❖ A sulfona está indicada nas formas por IgA e herpetiforme, podendo ser acompanhada de corticosteroide sistêmico em baixa dose ❖ A betametasona e a triancinolona tópicas têm sido usadas com sucesso no PFB ❖ Em certas formas localizadas, as injeções intralesionais têm sua indicação. ❖ Rituximabe é um anticorpo quimérico monoclonal anti-CD20 do linfócito B que tem sido utilizado com grande sucesso em casos refratários tanto de PV quanto de PF - Recomenda-se uso semanal, por 4 semanas IV, na dose de 375 mg/m2 de superfície corpórea, acompanhado da corticoterapia sistêmica. - Todos os pacientes entraram em remissão ❖ A tendência atual é associar medicamentos que mitiguem a osteoporose causada pelos corticosteroides, sobretudo em mulheres na menopausa - Suplemento de cálcio (1.000 mg/dia), vitamina D (800 UI/dia) e bisfosfonatos também estão indicados. - Nos pacientes que não tolerarem esta classe de medicamento, pode ser empregada a calcitonina ❖ Recomenda-se expressamente evitar exposição solar e, dependendo do grau de fotossensibilidade, utilizar fotoprotetor ❖ Em caso de lesões refratárias aos tratamentos propostos, recomenda-se a pesquisa de eventual infecção viral concomitante, e, se confirmada, tratá-la conforme a etiologia.
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