Buscar

Teoria arquitetura Idade Média

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Copyright 2004 by Verlag C. H. ollG, München 
Titulo do Original: Geschichte der Architekturtheorie 
Titulo: História da Teoria da Arquitetura 
Autor: Hanno-Walter Kruft 
Tradutor: Oliver Tolle 
Revisão de Tradução: Ivete Fantucci ce Marco Aurélio Werle 
Produção: Marilena Vizentin 
Capa, Projeto Gráfico e Editoraçio Eletrónica: Gustavo Piqueira | Casa Rex 
Revisão de Texto: Antonio de Pádua Danesi, Marina Nakai Witt e Marilena Vizentin 
Divulgação: Regina Brandão e Bruno Tenan 
Formato: 19,5 x 25 cm 
Tipografia: Familia Mercury, Knockoute Sentinel 
Papel: Certificado FSC Couché Fosco 150 g/n (capa), 
Certificado FSC* Offset Extra Alvura 180 g/m* (guardas) 
e Certificado FSC" Pólen Soft 80 g/m' (miolo) 
Número de Páginas: 1 000 
Tiragem: 1500 
CTP, Impressão e Acabamento: Intergraf Indústria Gráfica 
Eireli 
Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento 
Técnico do istema Integrado de Bibliotecas da USP 
Adaptada conforme as normas da Edusp. 
Kruft, Hanno-Walter. 
História da Teoria da Arquitetura/Hanno-Walter Kruft; tradução de 
Oliver Tolle. - São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2016. 
1000 p, it, 25 cm. 
Inclui bibliografia e índice onomástico. 
Tradução de: Geschichte der Architekturtheorie: Von der Antike bis 
zur Gegenwart, c. 1985 
ISBN 978-85-314-1550-0 
1. História da arquitetura. 2. Teoria da arquitetura. I. Tolle, Oliver. 
II. Título 
CDD 720.1 
Direitos em lingua portuguesa reservados á 
Edusp- Editora da Universidade de São Paulo 
Rua da Praça do Relógio, 109-A, Cidade Universitária 
05508-050 São Paulo SP Brasil FSC 
www.sc.org Divisão Comercial: Tel. (11) 3091-4008 /3091-4150 
www.edusp.com.br email: edusp@usp.br 
MISTO 
Papel produzido 
fontes responsáveis 
Printed in Brazil 2016 
FSC C011188 
Foi feito o depósito legal 
A.radiçio de Vitrúvio e a Teoria da Arquitetura na +iade Médis 
A influência de Vitrúvio na Antiguidade foi muito limitada. Sua pre- 
CE. Herbert Koch, Vom Nachleben des 
Vitruv, p. 9. 
tensão de estabelecer normas para a arquitetura e seu julgamento não Cf. idem, pp. 11 e ss. 
se cumpriram na época para a qual ele escreveu. Isso se deve em par- 
te ao fato de que seu tratado não abordou, ou só abordou periferica- 
mente, problemas atuais como o emprego de tijolos, a construção de 
abóbadas e de edifícios com múltiplos andares!. Vitrúvio não exerceu 
influência alguma sobre as construções e o pensamento da época dos 
césares; apenas Plínio, o Velho, faz uma referência a Vitrúvio, nos li-
vros xXxV e xxxvi de seu Naturalis Historia; isso ocorre, todavia, em 
associação com suas exposições sobre a pinturae as espécies de pe- 
dras. Do periodo posterior dos césares há o Kompendium de Faventino 
e seu emprego por Paládio, bem como menções em Sidônio Apoliná- 
rio (c. 430-486) e Cassiodoro Senator (c. 490-583) ; essas referências, 
ATratição de Vitrivio ea' Teoria ta.Avqitetnra: na tlade Média 37 
Sobre a recepção de Vitrúvio, além do contudo, permanccem no canmpo da retórica. Nada sabemos sobre 
a 
Francesco Pelati, "Vitruvio nel Medioevo 
divulgaçao do texto vitruviano na Antiguidade. 
e nel Rinascimevnto". pp. 111-132; Félix 
Peeters, "Le Codex Bruxellensis' 5253 
(b) de Vitrure et la tradition manuscrite 
du De Architectura", Pn. 119-143; lucia 
Capponi, "1 De Architectura' di Vituvio alcança um grau 
de popularidade' com que Vitrúvio jamais poderia 
1nel Primo Umanesimo (dal ms. Rodl. Auct. 
Cscrito de Koch (nota 1), cl. sobretudo: 
Um interesse palpável por Vitrúvio só se mostra a partir do pe-
riodo carolingio, eresce na Alta Idade Média e, durante o Renascimento, 
sonhar. O destino particular do tratado de Vitrúvio sobre a arquitetu- 
F 5.7)", pp 59.00; Karl-August Wirth, 
"Bemerkungen zum Nachleben Vitruvs 
im 9. und 10. Jalrhundert und zu dem 
ra foi, com razão, caracterizado da seguinte maneira: "Praticamente 
Schlettstäidter Vitruv-Codex". p. 281-291; não há na história da arte outro exemplo de um manual 
sistemático
Carol Herselle Krinsky, "Seventy-Eight 
Vitruvius Mar:aseripts", Journal of the 
Warburg and Courtauld mstitutes xXx, 
pp. 36-70, 1967; Carol Heitz, "Vitruve 
et l'architecture du haut moyen âge"; 
concebido para sua é�poca que era sua finalidade propriamente dita e 
que, todavia, séculos depois de seu aparecimento, tenha conhecido um 
sucesso tão imponente" 
Afirmou-se reiteradas vezes' que se fez uso de Vitrúvio na mais Giangacomo Marties, "Hygno 
Gromatico: Fonti leonografiche Antiche
per la Ricostruzione Rinascimentale della 
Città Vituviana", Manfredo Tafuri, Scritti 
importante das enciclopédias da primeira Idade Média, a Etymologiae 
Rinascimentali di Architetura. Milão, 1978, de Isidoro de Sevilha (c. 560-636). Isidoro se refere, contudo, apenas as 
Pp. 389 e ss. 
enciclopédias romanas de Marco Terêncio Varrão já usadas por Vitrúvio 
(sobretudo o Antiquitates), que só foram conservadas parcialmente. Se 
Koch, op. cit., p. 10. 
Por exemplo. Pellati, op. cit. (1932), Pp. 111 
lermos as principais passagens de Isidoro sobre a arquitetura no livro 
XIx da Etymologiae, fica claro que Varrão dificilmente se teria apoiado 
em Vitrúvio. Ele introduz três categorias para a arquitetura: Aedificiorum 
es. 
W. M. Lindsay (org), Isidori Hispalensis 
Episcopi Etymologiarum sive Originum 
Libri xx, Oxford, 1911 (diversas 
rempressões), XIX,9. 
partes sunt tres: dispositio, constructio, venustas. 
Para caracterizar a distância em relação a Vitrúvio são suficien- 
tes aqui as definições de Isidoro de dispositio e venustas: "Dispositio est 
areae vel solii et fundamentorum descriptio'" (Etymologiae, xIx, 9). 
"Venustas est quidquid illud ornamenti et decoris causa aedificiis addi- 
tur ." (Etymologiae, xIx, 1). 
Os conceitos que surgiram com Vitrúvio e empregados por Isido- 
ro não correspondem, em seu teor, às definições fornecidas por Vitrúvio. 
Olivro xv da Etymologiae, que trata da arquitetura e da medição 
de terrenos, não permite igualmente reconhecer o emprego 
de conceitos 
vitruvianos. Existem inúmeras referências incompreendidas, em geral 
de conteúdo, feitas sobre a arquitetura antiga. Nesse contexto, é interes- 
sante notar que Isidoro parece conhecer cinco ordens arquitetônicas. 
A passagem sobre as colunas é um exemplo típico disso: 
Columnae pro longitudine et rotunditudine vocatae, in quibus totius fabricae 
pondus eregitur. Antiqua ratio erat columnarum altidudinis tertia pars 
latitudinum. Genera rotundarum quattuor: Doricae, Ionicae, Tusscanicae, 
Corinthiae, mensura crassitudinis et altitudinis inter se distantes. Quintum 
genus est earum quae vocantur Atticae, quaternis angulis aut amplius,
paribus laterum intervallis (Etymologiae, xv, 8, 14) 
Quando se recorre a Hrabanus Maurus (780-856) como um 
testemunho medieval da recepção de Vitrúvio, citando-se de sua 
obra De Universo Libri xxiu a seguinte sentença: "Aedificiorum partes 
História da Tooria da Arquitetura 
sunt tres: dispositio, constructio, venustas" (XXI, 2), 
isso indica, ao Cf. Carol Herselle Krinsky, op. cit., p. 36, 
nota 4. 
contrário, uma dependência direta em relação a 
Isidoro de Sevilha. 
0 aproveitamento de Vitrúvio no período carolingio 
foi pro- 
vavelmente menos extenso do que se supôs. A menção a 
Vitrúvio em 
uma carta de Einhart a seu discipulo Vussin" 
indica um interesse 
Cf. Julius von Schlosser, Schriftquellen zur 
Geschichte der karolingischen Kunst, Viena, 
1892, Pp. 6 e s., n. 16. 
Cf. Wirth, op. cit., pp. 282es.
Cf. Heitz, op. cit. (1974), pp. 747 e s. 
puramente filológico; Einhart teve 
dificuldades com os verba et no- 
mina obscura de Vitrúvio e recomendou a 
Vussin consultar Virgilio 
Carol Herselle Krinsky, op. cit, pp. 36 e 
ss. O manuscrito mais inportante éo de 
Vitrúvio do Museu Británico, Harley 2767 
(cf. Carol Herselle Krinsky, p. 51). 
sobre o significado do termo scenographia. 
Não se deduza daí que 
se deu atenção à doutrina arquitetônica 
de Vitrúvio'. Um possível 
aproveitamento de Vitrúvio na construçãodas 
basílicas de Einhart 
em Steinbach e Seligenstadt" continua 
sendo mera especulação. 
Cf sobretudo Wirth, op. cit, pp. 283 e 
Ss. (figuras 1-4); as ilustrações do 
códice 
de Schlettstädter foram publicadas pela 
primeira vez por V. Mortet, "La mesure 
et les proportions des colonnes antiques", 
pranchas I e lI. Cf. também Carol 
Herselle 
Krinsky, op. cit., pp. 4l e s, 47. Como 
ilustração dos manuscritos de 
Vitrúvio 
aparece diversas vezes o diagrama 
de Wind; 
cf. Carol Herselle Krinsky, op. cit., p. 41. 
O número de manuscritos vitruvianos 
do período carolingio que se 
conservaram é extremamente pequeno"; os 
comentários sobre Vi- 
trúvio nesse período não foram comprovados. 
Em contrapartida, é 
notável que um manuscrito 
vitruviano dos séculos Ix ex 
contenha Wirth, op. cit, p. 289. 
ilustrações que permitem 
reconhecer uma discussão com as 
indica- Idenm, p. 286 (figura 3). 
"Koch, op. cit, pp. 15 e s. (nota 22). 
ções práticas de Vitrúvio para 
a arquitetura (códice vitruviano em 
Séléstat, Bibl. Munic., ms. 1153 bis); 
essas ilustrações, porém, não 
Cf. Gustina Scaglia, "A Translation of 
Vitruvius and Copies of Late Antique 
Drawings in Buonaccorso Ghiberti's 
Zibaldone", pp. 11 e ss. A autora situa 
a data 
dos desenhos em 750-800. A releção com se referem às passagens 
selecionadas por Vitrúvio especificamente 
para as ilustrações 
- suas ilustrações se perderam, 
mas as passa- 
Aachen se torna crivel graças as copias 
realizadas por Buonacecorso Gl1iberti 
baseadas em ilustrações de Vitrúvio muito 
gens que tratam 
das ordenações de colunas; 
os textos explicativos 
são transcrições simplificadoras, 
segundo Vitrúvio" (FiGURA 
1). 
Contudo, as ilustrações não 
refletem nem o conhecimento 
da ar-
semelhantes. 
Idem, ,p. 13. 
quitetura antiga nem o da 
contemporänea e pertencem 
à "terra do 
nunca entre a tradição literária e 
monumental da Antiguidade"i 
O fato de a passagem de 
Vitrúvio sobre as proporções do corpo 
hu-
Hartwig Beseler e Hans Roggenkanp, 
Die 
Michaeliskirche in Hildesheim, Berlim, 
1954, pp. 112 e ss., p. 121, pp. 147 e s.; 
Heitz, op. cit. (1974), Pp. 749 
e s. 
mano (Vitrúvio, 11, 1, 2) ter sido copiada 
merece atenção"; além dis- 
so, ainda não se chega 
à exposição da "figura 
vitruviana". Pedro, o 
Diácono (% 1107), estabeleceu 
em Montecassino 
uma passagem do 
tratado de Vitrúvio e fez um 
excerto sobre as proporções do corpo 
humano análogo ao 
do códice de 
Schlettstädter. Recentemente, 
passou-se a 
acreditar que o arquétipo 
dessas ilustrações surgiu no 
palácio de Carlos Magno 
em Aachen, na Alemanha, e 
as ilustrações 
do códice de Schlettstädter 
foram atribuídas a Einhart". 
Ao mesmo
tempo,
ressaltou-se a semelhança entre a ilustração 
do capitel jónico 
com os capitéis de pilastras do pórtico 
de Lorsch". 
A importância de Vitrúvio para 
a arquitetura otomana tor- 
nou-se uma possibilidade a partir 
do exemplo da catedral de São 
Mi- 
guel em Hildesheim, na 
Alemanha". O manuserito 
vitruviano mais 
antigo que se conservou 
(Londres, Museu Britânico, Harley 2767) 
provém dos bens do prepósito 
Goderammus da igreja de São Panta- 
lão em Colônia, a quem o bispo 
Bernward de Hildesheim se refere 
em 996 como o primeiro abade de 
São Miguel. Se Bernward (t 1022)
de fato teve.uma contribuição 
decisiva no projeto e, com sua postura 
A Tradição de Vitrúvio 
ea Tevriada Arquitetura na 
Idade MHédia 
.. , 
ww 'Ämrtnmw.WN AVA NNMw A'"ipdivsvww 
wwww 
finm4 
rons 
fima 
ofoooo0O 
fronf 
Cmatit 00000 
Bcrracul LUL 
CimATiu 
Zoforu 
. 
fronf 
KAKAKAKK Cimatu 
CorfA 
Cimattu 
Corfa RNKAKAK 
1o1Cy 
* 
Aik, 
DaR LCA 
cientilica, apoiou-se no manuserito Liber Mathematicalis de Boécio, 
Cf. sobretudo Rognlamp, ep. cit. pp. 147 
e ss; cf. tanbém Konrad Algermissen (org), Berward und Godehari von liildesheinm. constante de sua própria coleção (Hildesheim, tesouro do domo) e no thr Lcton und ihr Wrkern, 1 ildesheim 1060, Vitrúvio de Goderammus (início da construção em 1001), então esse prineipamente ppr. 112es. foi um caso único para uma compreensão aprofundada de Vitrúvio 
e de sua aplicação na arquitetura real". Seria necessário pressupor 
Sobre a classificação de São Miguel 
11 arquitetura otomana, ct. Juntzcn. 
Otonische Kunst (197!). Hambung 
1959, pp. 15 e s. Uma adaptação direta de modclos antigos na arte plästica e 
uma explicação de Vitrúvio que permitisse separar um pensamento nos sistemas de proporção da linguagem formal da arquitetura an- tiga e adaptá-la completamente às necessidades e possibilidades de expressão da arquitetura otomana*" 
observada na coluna de Bernward em 
Hildesheim; ef. Rudolf Wesenberg, 
Bernwardinische Plastik, Berlim. 1955, pp. 125 e s., pranchas 256 e ss. 
No que respeita às descriçòes 
arquitetónicas na literatura antiga, cf. 
Paul Friedländei, cniiics Von Gaza, Paulus Silentiarius. Ktunstbescihreibungen 
justinianischer Zeit. pp. 41 e s. No que 
respeita às descrições arquitetónicasda Idade Mlédia, cí. o texto de Gerhard 
Antes de entrar na literatura ocidental da Alta Idade Média 
sobre a arquitetura, é importante mencionar brevemente uma forma literária da descrição arquitetônica que foi talvez obtida em fontes he- 
lenisticas e romanas (Flávio Josefo, Estácio, Plínio, o Moço, Luciano)" e teve sua época de florescimento como ekphrasis" com Justiniano. 
Do rico material da ekphraseis bizantina ressaltaram-se, Reallexikon für Antike und Christentum iv, com razão, as famosas apreciações do edifício de Justiniano de 
Goebel, Poeta Faber, pp. 23 e ss., ea 
bibliografia por ele citada. 
2 Glanville Downey, "Ekphrasis", 
1959. pp. 921-944. 
Santa Sofia de Constantinopla. Nos anos 532-537 a construção dos séculos Ive v, destruida pela insurreição de Nika (532), foi substituí- 
da por Justiniano pelo novo edifício de Antêmio de Trales e Isidoro 
ASpincipais coietáncas de fontes 
sobre a história da arte bizantina são: 
Friedrich 1Vilhelm Unger, Quellen zur 
byzantinischen Kunstgeschichte, Jean 
Paul Richter, Quellen der byzantinischen 
Kunstgeschichte, Cyril Mango, The Art 
of the Byzantine Enpire 312-1453. As 
coletáneas de textos de Unger (1878) 
e Richter (1897) são consagradas 
de Mileto", Em 558, um terremoto ocorrido em dezembro de 557 
provocou a queda da cúpula, que foi refeita com uma cúpula de ma- 
deira mais ingreme nos anos seguintes, de modo que ne dia 24 de ercusivaniente à arquitetura e sc limitam 
a Constantinopla; o voltume de Unger trata dezembro de 562 pöde ocorrer a nova consagração. Tanto a cons- 
trução como sua renovação parcial ocorreram durante o governo de Justiniano (527-565) e foram objeto da écfrase, que é muito elu- 
cidativa não só para a história da construção mas também para a 
apenas da arqutetura profana. 
Cf. particularmente a excelente apreciação 
critica feita por Richard Krautheimer, 
Early Christian and Byzantine 
Architecture (The Pelican History of Art), 
Harmondsworth, 1965, pp. 153 e ss.; um 
estudo panorámico acompanhado de uma
bibliografia abrangente cncontra-se em 
Wolfgang Müller-Wiener, Bildlexikon zur 
Topographic Istanbils, Tübingen, 1977. pp. 
estética arquitetônica do período. 
0 jurista e historiador Procópio (século vI), oriundo de 
Cesareia e contemporâneo de Justiniano, concluiu, no final desse 
governo (em torno de 560), um texto completo sobre a ampla ati- 
vidade arquitetônica do imperador sob o título Construções (Ilequ 
84 e ss. 
25 J. Haury (org.), Procopii Caesaricnsis 
Opera 1, 2, Leipzig, 1913, Procopius, 
The Loeb Classical Library, vol. vil, ed. 
greco-inglesa de H. B. Dewing e Glanville 
Downey, Londres/Cambridge, MA 1940; 
ed. greco-alem� de Otto Veh: Procopio, 
Bauten, Munique,1977. 
KTOLATOV)35, O escrito tem um caráter de adulação em relação a 
Justiniano, semelhante ao tratado de Vitrúvio em relação a Augusto. 
0 sentido explícito do texto é garantir a Justiniano a fama de gran- de construtor2, Com Constantinopla começando, Procópio apresen- 
tatodos os empreendimentos imobiliários de Justiniano durante seu 
Procopiu, op. cit, pp. 2 e ss. (1977), 
Pp.16 e ss. 
Idem, pp. 2 e s., pp. 10-32; há uma trad. 
inglesa em Mango, op. cit. (Procopius,
op. cit. (1972), pp. 72-78; trad. alemã 
em Veh, op. cit. (1977), Pp. 20-33; inglesa 
em Mango, op. cit. (Procopius, op. cit. 
império. A primeira construção apresentada é a Santa Sofia*". O pa- 
pel ativo do imperador se mostra, segundo Procópio, principalmente 
na nomeação de dois engenheiros (unyavomoLo), Antêmio de Trales 
e Isidoro de Mileto, dos quais destaca a importância pessoal para o 
(1972), pp. 72-78; trad. alem em Veh, 
op. cit. (1977). pp. 20-33. 
projeto e a execução da obra. Antêmio aparece como 0 arquiteto que 
realiza o projeto. Apesar de toda a retórica, a écfrase de Procópio con- 
tém um conceito claro, no qual a descrição da obra e o efeito estético se 
unem na apresentação. Suas observações são muito profundas, como, 
2 
História da Teoria da Arquitetura 
por exemplo, quando ele explica o 
contexto urbano de Santa Sofia da Citudo segundo Procópio, Veh, 
0p. cit. (1977), p. 23. 
seguinte maneira: Idenm, pp. 22 e ss. (ouvia toû jëTQ0u, 
oUTE TL ÚU:oryavovr: TL ÉVOLíG ÜZova). 
0 
dem, p. 27 
A igreja fornecia uma das visões mais divinas [...]; a casa de 
Deus se eleva 
Friedländer, op, cit. (1912), com cd. critica 
do texto grego; trecho em trad. inglesa 
em Mango, op. cit. (1972), pp. 80-91; texto 
greco-alemnão: Procópio, op. cit. pp. 306 e ss. 
quase até o céu e, enquanto se desgarra das demais construções, 
saúda do 
alto a cidade restante. A basílica de Sophia é o adorno da cidade, já que per 
tence a ela, também é embelezada por ela, porque, como parte da 
cidade e do 
seu orgulhoso ponto culminante, ela se eleva tão alto que dela 
se pode olhar 
como que de uma sentinela". 
Isso ultrapassa em grande medida a experiência das fun- 
ções litúrgicas. 
Procópio cita expressamente as proporções bem calculadas se- 
gundo a planta e o volume da construção (úguovía tok jHÉTQOV), nos 
quais nada há de excessivo e às quais nada falta, uma formulação que 
antecipa Alberti". Mais do que a mera grandiosidade, o que constituia 
elegância do edificio é a proporção. A impressão de que a cúpula central 
está suspensa e a introdução consciente da iluminação são descritas 
por Procópio com precisão em seu efeito estético. O comportamento 
do espectador, que é capturado igualmente pelo conjunto e pelos 
pormenores da construção, é analisado do seguinte modo: 
Todas as partes da construç�o, que - quase não se pode acreditar 
- se 
mantem pairando no alto entrelaçadas umas nas outras e se apoiam 
apenas no que as circunda, conferem àobra uma harmonia única, su-
mamente primorosa, não deixando que o olho do espectador permaneça 
muito sobre um determinado lugar, mas cada parte desvia o olhar para 
atraí-lo o mais rápido sobre si. O olho oscila veloz de um lado para o ou- 
tro,já que o espectador se sente em condição de escolheraquilo que 
deve 
admirar mais do queo restante, 
Procópio descreve de modo semelhante a decoração e as 
funções litúrgicas, de modo que surge diante do leitor 
uma imagem 
complexa. A conclusão da descrição é formada por anedotas sobre as 
intervençes do imperador guiadas por Deus em pontos críticos da 
história da construção. 
Um poema de Paulo Silenciário sobre Santa Sofia foi apresen- 
tado poucos dias após a consagração, no começo de janeiro de 563 
(Expoaons tov vaov tns Ayus Eoduas)"'. Mais ainda do que Pro- 
cópio, Paulo Silenciário ilustra os encantos visuais da construção e 
de sua decoração. São enumerados os tipos afins de mármore e seus 
locais de origem e é fornecida uma descrição pormenorizada dos dis- 
positivos de iluminação depois do irromper da noite. Como poeta, 
ele é arrebatado pelo prazer em suas descrições; contudo, o leitor 
13 Tndigio de Vitiria e aTeoria da Arguitecuna na ldade iidi 
de hoje ganha uma representação precisa da cadeia de associaçoes 
que se colocavam para um observador contemporâneo de Santa Sofia 
Ct. a passagem tradu7ula para o ngles 
em Mango, or. cu. (1972), pp. 9n-102. 
Hans Sedmayr, "Das erste mittelalterliche 
Architektursysten", Kunstwissen 
schatliche Forschunger i1, 1933, pp. 25-62: 
reimpresso em Sedayr, Epochen und 
1Worke, , Wien/Minchen 1950,m s0-19; S. Sophia, do século vuu ou Ix - sempre atribuem å construção o cará- 
Krautheimer, op. cit. (1965). p. 19 e ss. 
instruido e sensivel. 
Descrições posteriores por exemplo, a anönima Narratio de 
ter do legendário. O projeto é revelado ao imperador por um "anjo do 
Ct, a Csse respeito, Georg Scheja, 
"Hagia Sophia und Templum Salomonis" 
Istanbuler Mitteilngen 12, 1962, pp. 44-58, 
especiamente pp. 47 cs. 
Senhor". Ao lado de uma descrição algo transcendente da construção 
se encontram, todavia, dados técnicos precisos sobre o uso de grampos 
ldem, pp. 53 e ss. de ferro e o desmonte do andaime. 
Cf. Richard Nrautheinme, "Introduetion to A écfrase bizantina do periodo de Justiniano deixa reconhecer 
an 'Iconography ot Medieval Architeture", 
Uul 1at OI tIe varturg ourtauld 
Institutes 5, 1942. 
uma referêicia aos antigos apenas na forma da descrição literária, mas 
não mais numa percepção arquitetônica. Isso não se dá por acaso, já Pp. 1e s. Sobre o teplo de Jerusalém, 
cf. Ginter Bandmann, Lexikon der 
que a arquitetura bizantina começou sob o império de Justiniano ou, 
em outras palavras, sob ele foi instituído o "primeiro sistema arquite 
tônico da Idade Média'" 
Em relação às descrições de Santa Sofia, deve-se mencionar ou- 
christlichen Ikonograplhie, vol. 4, 
pp. 255 e ss. 
As nmais importantes coletâneas 
sistemåticas de fontes para o século x 
são: Otto Lehmann-Brockhaus, 
Die Kunst des. Jahrhunderts inn Lichte 
der Schriftquellen; para a França (séculos 
X1-X1): Victor Mortet, Recueil de textes 
relatifs à l'architecture et à le condition 
des architectes en France au moyen 
tra referência arquitetônica, que aqui é apreendida pela primeira vez 
e deverá ter uma importància extraordinária para a concepção arqui- 
tetônica da Idade Média, para a Contrarreformae para o barroco, sem 
age, para a Alemanhaea Itália: Otto 
Lehmann-Brockhaus, Schriftquellen 
zur Kunstgesciichte des il. und 12. 
Jahriunderts jür Deutschland, Lotfirmgen 
und Italie1, 2 vols., Berliim, 1938 (pp. 
1-535, fontes sebre a aryuitetura): para 
a Inglaterra: Otto Lehmann-Brockhaus, 
Lazeinische Schriftgueilen zur Kunst în 
Englani, 1fales nd Schottitnd vo7m Jahre 
901 bis zuni Jahre 1307, 5 vols., Munique, 
que seja possível abarcar completamente sua extensão: a referência a 
Templo de Salomão de Jerusalém, tal como ele se tornou conhecido 
a partir das descrições do Antigo Testamento (Reis I 5 e 6; Ezequiel 
40-42). Por ocasiäo da inauguração de Santa Sofia em 537, Justiniano 
teria pronunciado a seguinte frase: "Salomão, eu te superei", a qual não 
é fornecida pela écfrase, mas por outra fonte". Comprovou-se recente- 
1955-1960. 
"Chronica Monasterii Casinensis" mente que a construçao justiniana, com sua primeira cúpula, coincide 
(MGH. SS, vol. vi, 551-844; nova edicão de 
Hartmut Hoffmann em MGH, Scriptores, 
vol. 34, Hannover, 1980); excertos em 
Julius von Schlosser, Quellenbuch zur 
Kunstgeschichte des abendländischen 
Mittelalters, Viena, 1896, pp. 192-217; 
Lehmann-Brockahaus, op. cit. (1938), 
pp. 476 e ss., 681 e s.; cf. também a trad. 
inglesa de Elizabeth Gilmore Holt, A 
Documentary History 
nas medidas da base e da altura com as proporções indicadas para o 
Templo de Salomão, onde a altura, a largura e a altura estão na propor 
ção de 3:1:1,5 Que a imagem externa da Santa Sofia é completamente 
diversa do Templo de Salomão não surpreende ante o entendimen 
to abstrato de cópias a Idade Média". Os esforços para reconstruir o 
Templo de Salomão com consequências concretas na arquitetura real 
of Art i, Garden City, N.Y., 1957, pp. 8-17. só terão início na Contrarreforma. Mais adiantevoltaremos a isso. 
Uma série de escritos ocidentais da Alta Idade Média que tra- 
taram direta ou indiretamente da arquitetura refere-se principalmen-
te a obras isoladas". Mas, como elas podem conter informações sobre a 
compreensão da arquitetura para além do interesse monográfico sobre 
a construção, mencionaremos algumas das mais importantes. 
Na história do mosteiro beneditino de Montecassino, iniciado 
por Leo de Óstia (c. 1046-1115)3", no livro IIl a atividade construtora é 
atribuida expressamente ao abade Desidério. A reconstruçäo e a de- 
coração da igreja permitem reconhecer um conceito politico de arte 
bastante amplo. Por ocasião da compra do mármore, o abade viajou 
pessoalmente para Roma. Com a construção iniciou-se (1066) conductis 
Iistória da 7ria taArqnitetura 
protinus peritissimis artificibus"; ainda durante a construção o aba- Schlosser, op. cit. (1896), p. 203, 
Sobre Suger ef. principalmente 
Erwin Panofsky, A bbot Stuger. On the 
Abbey and Church of St.-Denis and Its 
Art Treasures, (com reproduçãoe trad. 
inglesa das partes mais importantes 
dos escritos de Suger). Cf. também Paul 
Frankl, The Gothic, Literary Sources and 
Interpretations through Eight Centuries, 
Pp. 3-24. 0s cscritos de Suger sãoas 
"Ordinationes" (de 1140/41), do Libbellus 
de recrutou mosaicistas em Constantinopla para a decoração, com 
o fito de fazè-los novamente prosperar no Ocidente depois de cinco 
séculos de abandono da arte; fez com que alguns de seus monges 
recebessem formação téenica etc. O cronista introduz uma descri- 
ção precisa da construção e das medidas. A totalidade da concepção 
sobre arquitetura e decoração indicada pelo contratante é bastante 
clara, conquanto tenha sido realizada por artistas de origens comple- 
Alter de Consecretione Ecclesiae Sancti 
Dionysii (de 1144-46/47) e do Liber de 
Rebus in Administratione Sua Gestis 
tamente distintas. 
de 144-49). 
Um dos testemunhos mais surpreendentes das explicações 
medievais para a arquitetura são os escritos do abade Suger de Saint- 
Denis (1081-1151). que não podemos reduzir a pressupostos de teoria 
Suger (Libellus Alter de Consecratione), 
org. Panofsky, p. 90. Uma descrição feita 
em 799 da basílica carolingea de Saint-Denis, 
com uma precisão surpreendente na 
informação das medidas, foi publicada 
pelo bispo Bernhard (Eine Beschreiburg 
der Basilika von Saint-Denis aus dem Jahre 
da arquitetura ou mesmo a Vitrúvio. O fato histórico quase singular de 
um mestre de obras relatar sua construção pode ser explicado a partir 
de considerações apoiogéticas (contra o puritanismo cisterciense) e da 
799, Kunstchronik 34, pp. 97-103, 1981). 
vaidade pessoal do autor"". A reconstrução parcial da abadia de Saint- 
-Denis (1140-1144) é justificada por Suger pela necessidade de espa- 
Cf. sobretudo Richard Krautheimer, 
"Introduction to an Iconography of 
Medieval Architecture". Journal of the 
Warburg and Courtauld Institutes 5, 1942, 
Pp. 10 e s. 
ço para os dias festivos de Raumnot; a conservação da nave carolingia 
mais longa da igreja eainclusão de um novo coro e átrio como anexo 
colocaram Suger diante de um problema estético, que ele reconheceu 
Suger (Liber de Rebus in Administratione), 
Panofsky, org. 
PP. 62 e ss. 
Cf. a introdução de Julius von Schlosser 
para Quellenbuches zur Kunstgeschichte
des abendländischen Mittelalters, Viena. 
claramente quando se caracterizou como de convenientia et cohaeren- 
tia untiqui et novi operis sollicitus .Questões formais referentes ao pla- 
nejamento não são abordadas por Suger; por isso não aparece nenhum 
1896, p. xvu. 
william Stubbs, The Historical Works 
of üervase oef Canterbury, 2 vols., Londres. 
1879-80 (reprodução do texto no vol. 
T1, Pp. 325-414); Schlcsser, Quellenbuch 
(1896), pp. 252-265; Frankl, The Gothic 
(1960), pp. 24-35; Teresa G. Frisch, Gothic 
Art 1140-c. 1450, Englewood Cliffs, N.Y, 
1971, pp. 14-23 (trad. inglesa). 
nome de um mestre. Suger menciona apenas, com certa naturalidade, 
que as doze colunas do coro aludem 
aos doze apóstolos, o que cor- 
respondia a uma concepção iconológica anplamente difundida2. Nas 
passagens sobre material e pessoas 
durante a construção, Suger men- 
ciona repetidamente a intervenção divina, o que confere ao processo 
da construção e a ele mesmo uma aura mágica. O interesse particular 
de Suger resulta na decoração preciosa de sua igreja com aparatos li- 
Carl Schnaase, Geschichte der bildenden 
Künste im Mittelalter, vol. I1, p. 242. 
túrgicos, e ele não esconde niss0 um pensamento de 
concorrência com a 
decoração da Santa Sofia de Constantinopla. A censura implícita de que 
o 
material precioso é um fim em si mesmo ele faz acompanhar com uma 
sentença tirada de Ovídio: "materiam superabat opus", 
e com astúcia 
teológica argumenta que pedras e gemas preciosas trazem "anagogico 
more para a meditação*, 
E possivel que os escritos de Suger tenham sido sugeridos pela 
écfrase bizantina, mas foram atribuídos com convicção ao tipo dos me- 
moriais a que pertence tambémo tratado do monge Gervásio sobre a 
reconstrução da catedral de Canterbury. 
Esse tratado, cujo título é Gervasü Cantuariensis Tractatus de 
Combustione et Reparatione Cantuariensis Ecclesiae", foi caracterizado 
na metade do século xix como "o documento escrito mais importante 
da história medieval da arquitetura"", Pouco se sabe sobre o editor, o 
45 A Tradicão de Vitrúvio en Teoria da Argtuieinra na idate Média 
monge Gervásio (c. 1141-1210) da abadia de Canterbury. Se comparar- 
mos seu tratado com os escritos de Suger, então são sobretudo o em- 
Sobre a construção do coro da catedral 
de Canterbury, ef. Geoffrey Webb, 
Architecture in Britain. The Midule Ages 
(Pelican History of Art), Harmondsworth, 
1956, pp. 72 ess; Peter Draper, "William 
of the Choir Termination of Canterbury 
prego preciso da terminologia da história da arquietura e o enfoque 
em categorias estéticas para o julgamento da arquitetura que tornam 
Cathedral 1175-1179", JournaB of Socicty of 
Architectural Historiarns NLI, 1983, seu texto extraordinariamente "moderno" no sentido da história da 
Pp 238-248. 
arquitetura atual. Após o incêndio da catedral de Canterbury no ano 
de 1174, consultaram-se arquitetos franceses e ingleses (artifices Franci 
et Angl) sobre uma eventual reconstrução ou nova construção, e final- 
mente o artifex subtilissimus Wilhelm de Sens foi incumbido de super- 
visionar a obra". Gervásio, que conhecia bem a construçgão originária, 
Citado segundo Schlosser, op. cit., (1896), 
p. 264 
1Trad. segundo Frankl, op. cit., (1960), pp. 
30 e s. 
Esse pensamento se encontra em 
Schnaase, op. cit, (1856), p. 245. 
fornece em primeiro lugar uma descrição completa da antiga igreja, 
antes de começar o relato da nova construção (1174-1185). A conmpara- 
ção de ambas as obras apoia-se em formas singulares de construção e, 
apesar de toda discrição, percebe-se claramente que as simpatias es- 
téticas do autor são pela nova construção. Citanmos algumas sentenças 
dessa comparação: 
Nuncautem quae sit operis utriusque differentiadicendumest. Pilariorum 
igitur tam veterum quam novorum una forma est, una et grossitudo, 
sed longitudo dissimilis. Elongati sunt enim pilarii novi longitudine 
pedum fere duodecium. In capitellis veteribus opus erat planum, in novis 
sculptura subtilis [.] 
Ibi murus super pilarios directus cruces a choro sequestrabat, 
hic vero nullo intersticio cruces a choro divisae in unam clavem quase 
in medio fornicis magnae consistit, quae quatuor pilariis principalibus 
innititur, convenire videntur |..43 
Mas agora é preciso declarar em que consiste a diferença das duas obras. 
A forma das antigas e das novas colunas é a mesma, e também sua espessura 
no comprimento, cerca de quatro metros. Nos capitéis antigos a obra era pla- 
na; nos novos, a obra do cinzel é sutil [.J. Aqui, uma parede, construda sobre 
as colunas, separava os braços do transepto docoro, mas lá, não separados 
do cruzamento, elas parecem encontrar-se na chave de abóbada no meio da 
grande abóbada, que descansa sobre as quatro colunas principais [.] * 
Enquanto nos relatos de Suger não é possível traçar uma li- 
nha nítida entre o contratante e o planejador, em Gervásio aparece, 
poucos séculos depois, uma consciência clara quanto à qualificação 
profissional e estética do artifex, de cujo destino o autor participa 
pessoalmente. Nas comparações entre as obras se refletem provavel- 
mente os diálogos que Gervásio manteve com Guillaume de Sens e 
seu sucessor, o inglês Williams0 O texto de Gervásio é a prova escrita 
mais imediata de que há informações sobre o modo de pensar dos 
primeiros arquitetos góticos. 
46 Históriada Teoria da Arquitet:ra 
Um conhecimento de Vitrúvio - que é principalmente indireto
é indicado na descrição do corpo humano contida no Liber Divinorum 
As obras Hildegard von Bingen foram 
integral 
Patrologiae Cursus Completus, (iber 
Divinorum Operuni, col. 739 e ss.); 
Idefons Herwegen ("Ein mittelalterlicher 
Kanon des menschlichen Körpers", em 
Repertoriunm fir Kunstwisenschaft xxX, 
1909, pp. 445 e s.) loi o prineiro a chamar 
a atenção para a teoria da proporção, sem 
contulo scr possível estabelecer relação 
com teorins da proporção anteriores. 
nte conservadas: J.-P. Migne, 
Operum Simplicis Honinis da mística Hildegard von Bingen (1098- 
179) Demonstra-se claramente a ciência da "figura vitruviana" quan- 
do se diz: "Nam longitudo staturae hominis latitudoque ipsius, brachiis 
et manibus aequaliter a pectore extensis, aequales sunt |J". 
Logo a seguir se alude à figura humana como espelho do cos- 
mos, quando Hildegard afirma: "quemadmodum etiam firmamentum 
aequalem longitudinem et latitudinem habet [..]"s 
Da mesma forma, a tripartição do rosto indica igualmente o 
Liber Divinorum Operum, col. 814. 
3 Idenm, ibidenm. 
" 
Iden, col. 815. 
Cf. Herbert von Einem, "Der Mainzer Kopf 
mit der Binde" (em Arbeitsgemein-schaft für 
Forschung des Landes Nordrhein-Westfalen, 
Geisteswiss., Caderno 37), Colónia/Opladen, 
conhecimento de Vitrúvio. 
As representações do homem (microcosmo) e do macrocosmo 
1955, pp. 25e s., liguras 26 e 21. 
em um manuscrito da primeira metade do século xin do Liber Dininorunm 
Operum de Hildegard (Lucca, Bibl. Governativa, códice 1942, folhas 
9r e 27v) são claras analogias com a figura vitruviana (FIGURA 2). 
Von Einem, op. cit., p. 26, Figura 28. 
Liber Divinorum Operum, col. 845f.: 
Sed et in spatio quod est inter finem 
gutturis et umbilicum aer designatur, qui 
de nubibus usque ad terram descenda . Isso vale ainda mais para a representação do Aer num manuscrito 
do Liber Pontificalis do fim do século xu (FiGURA 3) (Reims, Bibl. 
Municipale, Ms. 672, folha 1)s", que talvez se possa associar a uma 
Ama enim ab altitudine coeli ad terrene 
descendens, hominem quem vivificat, sed a 
Deo creatum esse intellegere facit, ipsaque 
aeri, qui inter coelum et terram medius 
vidctur, assimilatur L.J passagem do texto de Hildegard von Bingen. Essa sobreposição 
de significados desempenhou um papel importante no pensamento 
medieval, inclusive nas representações da escultura de grande por- 
te, como se demonstrou com ajuda do fragmento da cabeça da gale-
Von Einem, op. cit, e Günter Bandmann, 
"Zur Deutung des Mainzer Kopfes mit der 
Binde", Zeitschrift für Kwstwissenschaft 
x. 1956, pp. 153-174 
Kenneth J. Conant, "The After-life of 
Vitruvius in the Middle Ages", Heitz, op. 
cit. (1974), p. 751. 
ria ocidental do domo de Mains" 
Uma aplicação da tradição vitruviana foi feita provavelmente 
para a planta da igreja de Cluny il". Permanece em aberto a questão 
"Sicardi Cremonensis Episcopi Mitrale, 
sive De Officiis Ecclesiasticis Sunmma" (J.-P. 
de saber se se trata aqui de uma exceção ou de um procedimento comunm 
(pelo menos entre os cluniacenses). 
Migne, Patrologiae Cursus Conpletus, sér. 
lat., vol. 213), 1855; cf. sobretudo o Livro 
I, "De Ecclesiae Aedificatione, Ornam et 
Utensilibus", col. 13 e ss.; sobre Sicardo, 
cf. Paul Gerhard Ficker, Der Mitralis des Na obra de Sicardo, bispo de Cremona (t 1215), sobre a cons- 
Sicardus nach seiner Bedeutung fir die 
Tkonographie des Mittelalters; ILeipzig, 1889. trução de igrejas e suas funções litúrgicas ("Mitrale", sive De Officiis 
Ecclesiasticis Mumma)", o autor fornece, a respeito do edifício da Destacam-se na literatura abrangente: 
Josef Sauer, Symbolik des 
Kirchengebäudes und seiner Ausstattung 
in der Auffassung des Mittelalters; 
Günter Bandmann, Mitelalterliche 
1greja e suas partes, uma interpretação que é tipica para a interpre- 
tação teológica da arquitetura, mas não permite deduzir uma 
con- 
cepção estética e teórica sobre a arquitetura. O edifício da igreja 
remonta ao tabernáculo de Moisés e ao Tempo de Salomão como 
Architektur als Bedeutungstrager 
Sobre o problema da iconologia 
arquitetönica, ct. sobretudo Günter 
Bandmann, "Ikonologie der Architektur"
Jahrbuch für Ästhetik und allgemeine
Kunstwissenschaft, 1951, pp: 67-109 (reimp. 
no formato de livro: Darmstadt, 1969), 1951. 
imagem da Ecclesia militans e da Ecclesia triumphans. O principal 
fundamento é Cristo, nele se encontra o fundamento dos apóstolos 
e dos profetas. Cada elemento arquitetônico isolado do portal até o 
teto é interpretado como uma parte da Ecclesia universalis. O edificio 
da igreja torna-se um espelho lógico-funcional dos membros vivos da 
Igreja. Essas explicações iconológicas da arquitetura sâo muito co-
muns na literatura medieval e encerram um significado central°, mas 
o problema do simbolismo da arquitetura ultrapassa em larga medida 
as categorias da teoria da arquitetura e da estética, raz�o pela qual não 
será tratado aqui 
A Tradição de Vitrivio ea Teoria da Arquitetura na Idade Média 
AVIL0 
P 
Mal 
SEPhIR 
w. 
AVSTE 
Para a compreensão científica e teológica da arquitetura du- o Erwin Panofsky, Gothic Architecture and 
Scholasticism (1951), Cleveland/Nova
York, 1963 (6. ed.); Otto von Simson, 
The Gothic Cathedral. Origins of Gothic 
Architecture and the Medieval Concept 
of Order, Nova York, 1956; ed. alem�: 
Die gotische Kathedrale. Beitrage zu ihrer 
Entstehng und Bedcuung, Daiusiadt, 
1968; cf. sobretudo pp. 36 e ss. 
rante o século xilI, chamou-se a atenção, com particular insistëncia, 
para a filosofia escolástica e seus pressupostos", Trata-se, aqui, 
do papel 
da geometria e da aritmética na interpretação do cosmos. A importän- 
cia do número como principio constituinte de ordem foi formulado 
na Antiguidade nas filosofias pitagórica, platônica e neoplatônica. 
A partir dessa tradição, Agostinho criou seu tratado De Musica, no qual 
demonstra a regularidade matemática das "modulações" musicais. Na 
concepção de Agostinho, a músicaea arquitetura são irm�s: 
ambas se 
baseiam no número, que constitui a fonte de toda perfeição estética 
Em seu escrito De Libero Arbitrio, Agostinho caracteriza a forma 
como resultado do número: formas habent, quia numeros habent". 
Por meio de Agostinho e Boécio, que desenvolveu ainda mais essa 
doutrina, uma estética fundada nas relações numéricas ganhou obri- 
gatoriedade na Idade Média. Desde a segunda metade do século xi, 
na escola da catedral de Chartres, a matemática e a geometria se tor- 
Cf. von Simnson, op. cit. (1968), p. 38. 
( Aurélio Agostinho, "De Libero Arbitrio", 
em J-P. Migne, Patrologiae Cursus 
Completvs, sér. lat, vol. 32, (o volume 
contém ainda os escritos de Agostinho, 
importantes para a estética, De Musica e 
De Ordine). 
o0 Von Simson, op. cit. (1968). p. 44. 
6/ Cf. von Simson, op. cit. (1968), pp. 45 e ss. 
(1968), p. 44. 
o "Alanus ab Insulis, Liber de Planctu 
Naturae", em J-P. Migne, Patrologiae 
Cursus Con1pletus, sér. lat., vol. 210, 1855, 
col. 453. A importância da matemática e da 
geometria para a arquitetura cisterciense 
toi demonstrada na arquitetura do 
covento de Eberbacl1 (c.1145-1186) por 
Hanno Hahn (Diefrühe Kirchenbaukunst 
der Zisterzienser, Berlim, 1957, pp. 66 e ss., 
naram um princípio para a interpretação teológica. Thierry de Chartres 
explica o mistério da trindade com a demonstração geométrica do tri- 
ângulo equilátero; a relação entre o Deus Pai e o Filho foi interpretada 
por meio do quadrado". Para os teólogos de Chartres, o cosmos 
se 
73 e ss.) 
6 Cf. von Simson, op. cit. (1968), p. 56; 
Joachim Gaus, "Weltbaumeister und 
Architekt", em Günther Binding 
(org), Beitrage iüber Baufühurung 
und 
Baufinanzicrung im Mittelalter, Colónia. 
1974, pp. 39-67. 
tornou uma obra de arquitetura e Deus foi seu arquiteto. Os números 
proporcionais matemáticos do cosmos, da músicae da arquitetura são 
os mesmos". O filósofo poeta cisterciense Alano de Insulis (c. 1120-
1202), cujas ideias se aproximavam da escola de Chartres, descreveu 
Deus como mundi elegans architectus, como universalis artifex, que 
Idem, ibidem 
A articulação do Specuhun Majus foi tirada 
em sua sistemática do 
livro fundador de 
Emile Male sobre a arte do século xiin 
para a disposição do conteúdo: Emile 
Male, LArt religieux du xim siècle en 
France. (6. ed) (trad. inglesa utilizada: 
The Gothic Image. Religious Art in France of Assim, a catedral gótica pode ser interpretada 
como "modelo do uni- 
the Thirteenth Century, Nova York, 1958). 
erige o palatium mundiale®", A concepção de Deus como arquiteto 
do mundo tornou-se usual também nas representações imagéticas" 
verso medieval"70 
Cf. sobretudo Achille Pellizzari, 
I Trattati attorno le Arti Figurative, vol. 
1.p. 371e ss. Na página 
435 encontra-se o 
indice do livro xi do Speculum1 Doctrinale 
com reprodução de algumas passagens do 
original que remontam a 
Vitrúvio. 
Os pressupostos teológico-filosóficos são a base intelectual 
da geometria da construção de oficinas na Idade Média. O alcance e 
a forma dessas oficinas ainda não foram esclarecidos, apesar da vasta 
literatura a esse respeito. 1n Tomás de Aquino, por exemplo, parece 
ter tido apenas um conhecimento indireto 
de Vitrúvio; em seu texto De Regimine 
Principum ele cita equivocadamente o 
nome de Veg�cio; ci. W. A. Eden, "St. 
Antes de passarmos a esse problema, é necessário fazer umna 
referência à classificação que a arquitetura recebe nas enciclopédias 
da Alta Idade Média, no Speculum Majus de Vicente de Beauvais Thomas Aquinas and 
Mediaeval and Renaissance Studies 
S, em 
(c. 1190-1264)". Os comentários sobre a arquitetura encontram-se 
no livro XI do Speculum Doctrinale, dedicado aos artibus mechanicis. 
(Warburg I»stitute), 11, 1950, pp. 183-185. 
As passagens sobre arquitetura consistem em compilações, que em 
parte constituem transcrições literais de Vitrúvio e da enciclopédia 
antiga de Isidoro de Sevilla". Se aqui reencontramos as categorias 
vitruvianas da arquitetura, isso comprova mais o conhecimento do 
texto de Vitrúvio do que a relação de sua teoria da arquitetura con 
o século xiu7 A importância de Vitrúvio para o apogeu do gótico 
50 História da Teoria da Arquitetura 
foi superestimada", E questionável que o único livro medieval sobre 
construção de oficinas que chegou até nós pressuponha efetivamente
"Porticularinente em Paul Frankl, op. cit. 
(1960), p. 103, onde se lë: "Sc indagnrnios, 
então, respeito do livro sobre a estética da 
irquitetura 1Nos tenipos góticos, a resposta 
paradoxal deverá ser: Vitrúvio". um conhecimento direto de Vitrúvio. 
O livro sobre construção de oficinas de Villard de Honnecourt 
ativo entre c. 1225 e 1250) é, a rigor, o único manuscrito da Alta Idade 
Média que trata exclusivamente da arquitetura e tem propósitos didá- 
ticos. Apresenta-se inicialmente como um livro de ilustrações reunidas 
pelo viajadissimo arquiteto Villard de Honnecourt, mas dois continua-
dores da obra reformularam-no posteriormente em um tratado sobre 
construção de oficinas", o qual, em virtude da história de seu surgimen-
to, não está constituido metodicamente e chegou incompleto até nós. 
Na página 2, illard se dirige diretamente ao leitor do manus- 
A cd. mais importante é, hoje como 
a1ntes, Hans R. Hal1nloser, Villard de 
Honnecount. Kritische Giesamtausgabe 
des Bauhiüttenbuches ns. fr. 19093 der 
Pariser Nationalbibliothek, Wien, 1935 
(2. ed. ampliada, Graz, 1972); J. B.A. 
Lassus, Album de Villard de Honnecourt, 
Theodore Bowie, The Sketchbook of 
Villard de lomecourt, Nova York, 1959, 
1962 (com a trad. inglesa dos textos). 
Mencionamos da literatura abrangente 
sobre Villard: Frankl, op. cit. (1960), 
pp. 35-54; R. W. Scheller, A Survey of 
Medicval Model Books, pp. 88-94; François 
Bucher, Architector. The Lodge Books 
and Sketchbooks of Medieval Architects, 
1, Nova York, 1979, pp. 15 e ss. (o volume 
contém uma tentativa de biogratia e uma 
bibliografia, bem como uma publicação 
coletiva de desenhos com interpretações 
de folhas isoladas); Cord Meckseper, 
"Uber die Fünfeckkonstruction bei 
crito e define seus propósitos: 
Villard von Honnecourt saúda-vos e roga a quantos fizerem uso das re- 
comendações que se eneontram no presente livro que orem pela alma de 
seu autor e se lembrem dele. Pois nesse livro se podem encontrar bons Villard de Honnecourt und im sp�ten 
Mittelalter", Architectura 13, 1983, 
conselhos sobre a grande arte da arquitetura (maconerie) e as constru- Pp.31-40. 
çöes (engiens) do carpinteiro (carpenterie); e nele encontrareis também Hahnloser, op. cit. (1935), p. 239. 
a arte do desenlho (portraiture), os elementos que exigem e ensinam a Trad. segundo Hahnloser, op. cit. 
(1935), p. 1. 
disciplina da geometria (iometrie)". Hahnloser, op. cit. (1935), p. 241. 
Como Frankl, op. cit. (1960), p. 37 
A exigência de formação do arquiteto (sem que se empregue 
esse conceito ou outro análogo) tem uma abrangência semelhante à 
de Vitrúvio. 0 próprio Villard deve ter estudado o triviume o quatri 
Hahnloser .op. cit. (1935), p. 251; Carl 
Lachmann, Gromatici Veteres, Berlim, 1848: 
para a tradição medieval, cf, da Gromatici 
Veteres, a recente ed. de Giangiacomo 
Martines, "Gromatici Veteres' tra Antichità 
Medioevo", em Ricereche di Storia dell'Arte 
3, pp. 3-23, 1976. 
vium. Além disso, é equivocada a caracterização de Villard como um 
"Vitrúvio gótico" 
Convém ressaltar que não houve um conceito literário que for- 
necesse o estimulo para o surgimento do livro sobre a construção de ofi- 
cinas, mas em sua origem encontra-se um caderno de anotações repleto 
de esboços. Apenas a passagem sobre a geometria da construção de ofi 
cinas (FIGURA 6) (Hahnloser, pranchas 39-41) demonstra certa unidade 
formal entre ilustração e texto, que proVavelmente remonta à tradicão 
-1 
romana, tal como a representam os chamados Gromatici veteres0 
Em sua edição critica do livro, Hans R. Hahnloser organizou os 
desenhos e os textos em sete temas: 
1. desenhos das construções 
2. arquitetura aplicada; 
3. maçonaria e geometria; 
4. carpintaria e maquinaria; 
5. forma humana; 
6. representações de animais; 
7. arte do desenho. 
A Tradição de VitrúvioeaTeoria da Arquiteturana ldade Média 51 
Trad. segundo Hahnloser, op. cit. Q935), ) 
Em seus desenhos arquitetónicos, Villard fornece uma siste 
01. mática abrangente da planta e do alçado até o cume das torres; os 
Ci. Erwin P'anofsky, "Die Entwieklung 
der Proportionstehre als Abbild der 
Stilentwicklung", em Monatshefire fiür 
KtnstwisseHsChaft Nv; rempresso 
em l'anofsky. A:fsätze zu Grunilragen 
pormenores dos desenhos recobrem todos os elementos 
da constru- 
ção de igrejas - faltam tão somente, como meios representativos, 
a 
1Sometria e os cortes transversais. 
er Astwissenschafi. Berim. 1904, 
Cspecalmente pp. 183 e s. Sobre 
a questao da proporçio cm Villard, 
cf. tambemn Nikolaus Speich, 
Die Proportionslehre des menschlichen 
Körpers, diss., Ziürich. 1957, pp. 121ess. 
A passagem sobre portraiture � a mais importante 
de todo o livro. 
Na Prancha 36, Villard explica esseconceito (FIGURA 4): "Aqui começa 
a arte dos elementos básicos do desenho (portraiture), assim como a 
disciplina da geometria, que ensina a trabalhar com facilidade" 
". 
Se, aqui, um sistema geométrico é posto em relação com a ti- 
Panofsky, op. cit. (1964), p. 184, 
Figuas 48 c 49121 e ss 
gura humana e animal, convém observar que, em comparação 
com as 
figuras de proporção da Antiguidade, as figuras já n�o são obtidas a 
partir da nmedição da forma orgânica, mas são projetadas como formas 
geométricas autônomas (quadrado, círculo, triângulo e pentágono). 
A interpretação de corpos como triângulos indica contornos e veto- 
res, mas ignora a substância corporal e a relação entre os membrosS", 
Um reflexo da tradição antiga - herança provável de Bizâncio 
- se 
Trad. segundo Hahnloser. op. cit. (1935), 
. 03. 
Sem duvida, Waller Ueberwasser 
("Nach rechtem Maß". pp. 259 e s.) 
ropoe que as series de quadrados 
desempenhan un papel na concepção da 
plnta, demonstrando-0 a parti1r do desenho 
da planta de Villard para a torre da catedral 
de Laoin 
mostra ainda na divisão de rostos segundo o comprimento do nariz, 
mas a forma geométrica é autônoma em relação à forma da cabeça. 
Como demonstrou Erwin Panofsky, esses retículos geométricos, so- 
brepostos às figuras, foram efetivamente utilizados, pois um vitral da 
catedral de Reims da mesma época coincide exatamente com a re- 
presentação de uma cabeça de Villard feita no reticulo geométrico 
Surpreendentemente, a utilização desse esquema geométrico na ar- 
quitetura se encontra apenas na cobertura de um pórtico e 
na planta 
de uma igreja cisterciense (FIGURA 5), em cuja inscrição se lé: "Aqui se 
encontra a planta de uma igreja angular, prevista para uma construção 
da ordem de Cister". A planta foi elaborada a partir do módulo da 
estacada de uma nave lateral. As demais plantas e alçados comprovam 
apenas parcialmente a tese segundo a qual as construções medievais 
foram erigidas, segundo a planta ou o alçado, respeitando muito pouco 
as fórmulas geométricas elementaress 
A problemática - em torno da construção de oficinas medie- 
vais, das ordens de artesãos e de seus chamados segredos não cor- 
responde inteiramente ao contexto de nossa apresentação. O exame 
dessa questão, e de outras semelhantes, deve passar necessariamen- 
te pelas interpretações históricas que foram projetadas sobre a Ida- 
de Média pela maçonaria e pelo romantismo, para então encontrar a 
confirmação de algumas ideias peculiares a um passado adequadamente 
interpretado. Não se pode tomar como definitivas as interpretações "em 
camadas" que acreditavam poder fundamentar a partir do gótico tanto 
um funcionalismo construtivista e estruturas "orgânicas" (Viollet-le- 
Duc) quanto uma utopia social voltadas para o passado (Ruskin) e os 
segredos de todas as normas geométricas da arquitetura. 
32 listória da l'eoria cda rq"itetura 
EiGRRA 
ar chu au 
or orn 
uetrret 
N 
oh couom
on can 
ne oipnbe gue on ne ree or 1ut e cie 
archu 
&eus pírt aun point soto mackon oe be 
S lons neiesoa pe 
r u parnon aHu oo 
C sobretudo Carl 1leideloff A oficia gótica" e seu "segredo" perderam muito de seu as- 
Die Bautlhiitten des Mittelalters
pecto esotérico; o segredo das oficinas provavelmente não era senão in Deutsehland; Ferdinand Janer, 
Die Bauhitten des deutschen Mittelalters; a representação geométrica de unna relação numérica irracional".
'ierre du Colombier, Les Chantiers 
des cathédrales, Paris, 1953 (1973); 
Frankl, op. cit. (1960), pY). 110 e ss. 
Opapel"da medida e do número" mostrou-se, em um exame critico das 
fontes, como a aplicação de uma determinada etapa de conlhecinmentos 
Ci. sobretudo Paul Frankl, "The Seeret of 
lediaeval Masons", The Art Bulletin 27, 
1945. pp. a6 e ss.; Frankl, op. cu. (1960), pp. 
sobre matemática e geometria ao processo prático de construção". 
A aplicação de métodos de projeção ad quadratum e ad triangulum só 
foi identificada a partir do final do século xiv". Uma série de livros 
ASe S 
No que respeita à discussão critica 
desse problea, tratado de maneira 
sobre cantaria, em parte manuscritos, em parte impressos, de fins do muuto emoconal na literatura antiga, 
verilicar sobretudo Walter Ueberwasser, século xv e começo do xVI cont�m regras práticas de construção e não 
"Nach rechtem Alak. Aussagen über den 
deve ser tomada como manifestaçâão teórica sobre a arquicetura. Como 
neles se manifesta claramente uma tradiç�o de oficinas góticas só tar- 
NIL-XVI. JahrhundertIs", idem. 
"Beiträge zur 1Wiedererkemtnis 
gotiscer Bau-Gesetzinäßigkeiten" 
Zeitschriji fiür Kurstguscuchte 8, 1939, 
Pp. 303-309; particularmente inlluentes 
são as discussões realizadas a respeito 
do templo priunitivo milanés no artigo 
diamente transmitida, faremos uma breve menção apenas aos mais im- 
portantes desses escritos". 
O primeiro desses livros de esboços parece ser um livro não 
publicado de exemplos de arquitetura de meados do século xv, que 
de James S. Ackerman "Ars sine Scientia 
Nihil Est'. Gothic Theory of Architecture 
the Catlhed:al of Milan", uni trabalho 
abrangente é fornecido por Kourad 
Hecht, "Maf und Zahl in der 
se encontra atualmente na Biblioteca Nacional de Viena; ao lado de 
regras para oficinas, ele contém um tratado técnico de arquitetura no 
gotischen Baukunst". 
CI. sobretudo Ueberwasser, op. cit. (1935); qual se abordam diversos aspectos da construção, abrangendo tanmbém 
Ackerman, op. cit. (19.49); Hecht, op. ciu. 
(1970), pp. 137 c ss 
construçöes úteis, como as pontes e as represas 
Umpequeno escrito de Hans Hösch, de Gmünd , de fins do sé- 
Compilações sobre esses manuais de 
cantaria em Paul Booz, Der Baumeister 
der Gotik, Franlkl, op. cit. (1960), p. 144 
e ss.: Elke Weber, "Steinmetzbüicher 
Architekturmusterbiicher", Anncliese 
culo xv, intitulado Geometria Deutsch e concebido para uso de artistas, 
apresenta em nove pontos indicações geométricas para a construção. 
Em 1486 apareceu o primeiro livro impresso sobre cantaria; é 
de autoria do mestre de obras do domo de Regensburg Matthäus Rori- 
Seelinger- Zeiss, "Studien zum 
Steinmetzbuch des Lorenz lechler von 
1516", Architectura 12, 1982. pp. 125-150. 
czer e tem como titulo Biüchlein von der Fialen Gerechtigkeit (Livrinho 
Chama a atenção o estudo panorámico 
de Kurt Rathe, "Ein Architektur 
Musterbuch der Spätygostik mit 
Sraphischen Einklebungen'; cf. sobretudo do, a partir dos fundamentos da geonnetria, o projeto geométrico para 
Frankl, op. cit. (1960), pp. 145 e sS.; cl. uma datação posterior ("não antes do final a construçao de fialas goticas com base em um sistema de quadratura 
do século xv") em Elke Weber, op. cit. 
(1978), p. 25. 
sobre as Regras de Construção das Fialas)". No opúseulo é demonstra- 
cada vez mais diferenciado. Um ou dois anos depois, Roriczer publicou 
Publicado por Heidelofl, op. cit. (1844), pp. 
0 escrito Geometria Deutsch°", em que se fornecem indicações de for- 
95-092, cf Frankl, op. cit. (1960), Pp. 197 es mas geométricas para construções de maneira semelhante à de Hösch. 
Matthäus Roriczer, Das Biichlein von der Pela mesma época da publicação do Livriho sobre as Regras de 
Fialen Gerechtigkeit und Dic Geometria 
Deatsch; cf. também uma ud comentndo. Construção de Fialas (1486) imprimiu-se o Fialenbüchlein (Liv1rinho sobre 
com trad. para o ingles de Lon R. Shelby, 
Gothie Design Techniques. The Fifteenth- 
Century Desining Booklets of Mathes 
Roriczer and Hanns Sch1nattermayer, 
(cf. a esse respeito a resenha de 
Warner Müller em Architectura 8, 1978, 
Fialas) de Hans Schmuttermayer", de Nuremberg, que desenvolve prin-
cipios geométricos análogos para o mesmo tipo de tareta arquitetônica. 
Um livro sobre cantaria publicado em 1516, mas conhecido 
apenas a partir de duas cópias do final do século xvi, é da autoria de 
Lorenz Lacher (Lechler) e foi redigido para seu filho Moritz a titulo 
de "instrução". O livro de Lacher éessencialmentemais abrangen- 
te do que os de Roriczere Schmuttermayer e trata da totalidade dos 
elementos arquitetônicos de uma igreja, começando pelo projeto 
de um coro. Como seus predecessores, Lacher utiliza um sistema 
de quadratura para o corpo do edificio como um todo; exige, como 
Pp. 190-193). 
Fac-simile na ed.de Geldner (1965); ed.
coinentada com trad. inglesa em Shelby 
(1977). 
Ed. comentada com trad. inglesa 
em Sheloy (1977). 
Publicado por August Reichensperger, 
Vermischte Scriften tibr christliche 
Kunst; cf. 1.ou R. Shelhy e Robert Mark, 
Late Gothic Strucural Design in the 
História ta a Autte 
Instructions' of Lorenz Lechler"; 
Anncliese Seeliger-Zeiss, "Studien zum 
Steiinetzbuch des Lorenz Lechler von 
pressuposto para oprojeto, uma observação rigorosa 
das medidas do 
começo ao fin 
1516", Architectura 12, 1982, pp. 125-150. 
Sobre a obra arquitetðnica de Lechlers, 
ef. Anneliese Seeliger-Zeiss, Loren12 
Lachler von Heidelberg und sein Urnkreis, 
Heidelberg, 1967. 
Ao lado desses livros de cantaria relativos a empreendimentos 
arquitetonicos monumentais, imprimiram-se também 
mostruários espe- 
cificos de ornamentos, como consta no mostruário de Hans Boeblinger, o 
Velho (c. 1412-1482), publicado em 1435 e hoje no Museu Nacional de 
Munique. Chama a atenção o fato de todos esses 
mostruários dos sé- 
Citado segundo Reiclicnsperger, 
op. cit. (1856), p 133. 
François Bucher, Architector. 
The Lodge Books and Sketclhbooks off 
Medicval Architects, pp. 375 e ss. culos xve xVI serem do sul da Alemanha. E 
necessário verificar se es- 
ses livros sobre cantaria gótica" possuem um valor documental para 
o modo de pensar e os métodos de fazer projetos do século xiur. 
Walter 
Ci. Lambém o tratado de cantaria 
recentemente publicado do mestre 
WG do Instituto de Arte de Städel em 
Ueberwasser tentou superar a lacuna de dois séculos que 
medeiam en- 
tre eles e Villard de Honnecourt". Em todo caso, esses livros 
sobre 
Frankurt, que não tem nenhun texto e 
consiste apenas em gravuras e desenhos. 
A maioria dos 222 esboços se retere a 
abóbadas do final do período gótico. 
cantaria são os representantes de uma tradição mais antiga e também, 
provavelnmente, modos de pensar condicionados geograficamente 
e 
Claramente, empregaram-se modelos 
do final do século xv. Ci. Elke Weber, 
op. cit. (1978). pp. 26 e ss.; Elke Pauken 
(-weber), Das Steinmetzbuch wG 1572 tm 
Städelschen Kunstinstitut zu Frankfurt que permaneceram 
intocados pelas inovações arquitetônicas e teóricas 
que se processaram na 
Itália. ani Main (15. Veröftentlichung der Abt. 
Architektur des Kunsthistorischen 
Antes de nos voltar à teoria da arquitetura do começo do Re- 
nascimento, precisamos retonmar mais uma vez a questão da tradição 
vitruviana. Na Itália, a ocupação com Vitrúvio na Alta Idade Média de- 
Instituts der Universität Köln); François 
Bucher, Architector. The Lodge Books and 
Sketchbooks of Medieval Architects, pp. 195 
e ss. e 375 e ss. 
Ueberwasser, op. cit. (1935). 
sempenhou um papel claramente marginal. Só com 
os primeiros huma- 
Oxford. Hodleian Libery, Auctar. E S. 5.7; 
ct. Lucia A. Capponi, "Il De Architectura 
di Vitruvio nel Primo Umanesimo (dal ms. 
nistas, Petrarca e Boccaccio, voltou-se a dirigir o 
olhar para seu tratado. 
Uma cópia escrita de Vitrúvio do século xiv em 
Oxford traz notas 
marginais de Petrarca, e conjeturou-se que 
foi por intermédio deste que 
se consultou Vitrúvio para as reformas do palácio papal de Avignon" 
Bodl. Auct. ES. 5.7)", IiaBia Medioevale 
e Umanistica 11, 1960, pp. 73 e ss.; Carol 
Herselle Krinsky, op. cit. (1960), pp. 83 e 
s.; Carol Herselle Krinsky, op. cit. (1967), 
Pp. 52 e s 
Boccaccio também possuía uma cópia manuscrita de Vitrúvio, que ele 
cita pormenorizadamente em seu De Genealogia 
Deorum"2, Enquan- 
to não fica claro se Cennino Cennini se apoia 
diretamente em Vitrú- 
CE. Ciapponi, op. cit. (1960). pp. 83 e ss. 
Cf. Cennino Cennini, Il Libro de!!'Arte, pp 
vio em seu tratado sobre a pintura (fins do século xIv)" em questões 
referentes à proporção humana, uma década depois Filippo 
Villani 
compara o pintor Taddeo Gaddi a Vitrúvio por 
causa de sua pintura 
81 e s.; Nikolaus Speich, Die Proportionen 
des mensehlichen Körpers, pp. 130 e ss., 
aponta para Cennini na~radição medieval 
no sentido de Villard de Honnecourt. 
Filippo Villani, De Origine Civitatia 
Florentiae; sobre o conhecimento 
de Vitrúvio que Villani possui, ef. a 
posição crítica de Carl Frey, in Codice 
Magliabechiano cl. xvIu, 17, Berlim, 1892, 
arquitetónica"". Vitrúvio era 
relativamente bem conhecido no come- 
ço do humanismo, a partir de 
meados do século xiv, de modo que a 
lenda de uma "descoberta", em 1414, de um manuscrito 
de Vitrúvio p. XXXIIIe s. 
pelo humanista Poggio Bracciolini perde importância, 
porquanto já 
se comprovou que Bracciolini 
esteve em Constança em 1414 e pro- 
vavelmente foi sóem 1416 que ele "encontrou" o Codex 
Harleianus Cf.o catálogo de manuscritos em Carol 
conservado em St. Gallen. A tradição vitruviana se dá, para a Idade 
Hebert Koch, Von Nachleben Vitruvs, 
Baden-Baden, 1951, p. 15, nota 18; 
Ciapponi, op. cit. (1960), p. 98. 
Herselle Krinsky, op. cit. (1967); ci. 
também Manfredo Tafuri em Scritti 
Rinascimentali di Architectura, 
Média, de maneira continua. Milão, 1978, p. 393. 
O conhecimento de Vitrúvio teve uma expansão considerável 
no século xv, como demonstram os inúmeros manuscritos desse perío- 
do. Sabemos agora, com base em diversas fontes, que Vitrúvio não 
foi lido apenas por motivos literários ou antiquários: foi consultado em 
virtude de certos projetos. Antonio Beccadelli relata, em sua biogra- 
fia de Afonso de Aragão, que ele "teve diante de si o livro de Vitrúvio 
Cf.Hannn-Walter Kruft e Magne 
Malmanger, "Der Tumphboge 
Afonsos in Neapel. IDas Monunent und 
seine politische Bedeutung", em.Acta 
d Archaeoloyiam et Artum Hstoriam 
pertnerntia Vi, 1075, 1. 262. 
sobre arquitetura" quando começou a reconstrução do Castelnuovo 
em Nápolis", Em seus Commentarii, o papa Pio ii (Enea Silvio Pic- 
colomini) cita Vitrúvio no contexto da ampliação de Pienza (1459- 
1464). Não apenas entre arquitetos mas também entre artistas plás- 
P'io n Enea Silvio Pieelomini. ticos, era comum a leitura de Vitrúvio na primeira metade do século 
Comentari, trad. italiana de Giuseppe 
Benetti, vol. 111 (1 Classici Cristiani, 
n. 222), Siena, 1973, p. 227. 
XV, como demonstram os Commentarii de Lorenzo Ghiberti"". Ghiber- 
ti possuía provavelmente uma cópia manuscrita medieval de Vitrúvio, 
Cf. Lorenco Ghiber ti's Dernkwürigkeiten, 
ed. de Julus von Schlasse 2 vols. Porlim. que ele traduziu parcialmente, talvez 
em virtude do projeto de um tra- 
1912: Richard e Trude Krautheimer, 
Lorenzo Ghiberti (1956), Princeton. 1970, 
tado de arquitetura que ele não chegou a executar". Aparentemente, 
sohretudo P7. 305 e ss. 
sua tradução de Vitrúvio constituiu a base de uma tradução ulterior 
concluída por Buonaccorso Ghiberti (1451-1516), para cuja ilustração 
utilizou modelos que encontrou na cópia manuscrita latina de Vitrúvio 
da biblioteca de Lorenzo Ghiberti, a qual, por sua vez, parece remon 
No final do senindo livro de seus 
Coninientari. Lorenzo Ghiberti escreve: 
Faremos tum trat.do de architetura e 
trataremos dessa matéria'". Cf. o catilogo 
Lorenzo Ghiberti. Materid e Ragionamenti, 
Firenze, 1978, pp. 452 e ss. 
Cf. Gustina Scaglia, "A Translation of 
Vitrurius and Copies of Late Antique 
tar a um tipo originário carolingio - semelhante ao Códice de Schlet- 
tstädter Essa tradução jamais foi publicada". Mas demonstrou-se 
Drawings in Buonaccorso Ghiberti's 
Zibaldone", Transactions of the American 
Phulosophical Society. vol. 69, Parte 1, 1979, 
recentemente, para o Stephanus (1427/1428) de Lorenzo Ghiberti, o 
emprego de proporções vitruvianas 
Essa trad. é uma parte do Buonaccorso 
Ghiberti's Zibaldone (Florença, BibliotecaNacional, Codex Banco Rari 228). O texto 
foi publicado por Scaglia, op. cit. (1979), 
O interesse por Vitruvio no começo do Renascimento partiu 
dos humanistas, mas logo atingiu arquitetos, artistas plásticos e con- 
P19-30. tratantes, ligados por um interesse novo e comum pela arquitetura an- 
Cí Piero Morselli, "The 1'roportions of 
Ghiberti's Saint Stephen: Vitruviu:s De 
tiga, da qual Vitrúvio era a única fonte literária. 
Por mais diversificados que sejanm os textos medievais sobre os årchitectura a:ad alberti's De Statud", The 
Art Bulletiti LX. 1978, pp. 235-241. 
problemas da arquitetura, pode-se estabelecer que apenas em casos 
A respeito das apresentações da 
raros tratava-se de mestres de obra atuantes, por cujas observações 
devemos agradecer. O predomínio de aspectos filosóficos, teológicos 
arquitetura como ars niectiauca (por 
exeniplo. a catedral de Laon), ct. Joche 
Kronjäger, "Berühmte Griechen und 
Romer als Begleiter der Musen und der 
Artes Liberales in Bildzyklen des 2. bis 14. 
Jahrhunderts", Marburg, 1973, 
ou matemático-geométricos mostra claramente que o interesse pela 
arquitetura foi alimentado por fontes heterogêneas. A Idade Média 
não produziu uma teoria da arquitetura própria e não pode produzi pp. 27 e ss e 35 e ss. 
-la, uma vez que a arquitetura como ars mechanica estava numa etapa 
inferior na hierarquia das ciências. O nome Vitrúvio atravessa a li 
teratura como um fio condutor, mas não se conclui daí que o sistema 
teórico de Vitrúvio permaneceu válido durante a Idade Média. Sóo 
primeiro humanismo estava em condições de reconhecer o signifi 
cado sistemático de Vitrúvio. Desses esforços surgiram os primeiros 
sistemas teórico-arquitetônicos posteriores å Antiguidade, que certa- 
mente não invalidavam Vitrúvio, mas em parte o superavam em im- 
portância intelectual. 
lisiri tda leorin daArquiletur

Continue navegando