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Doença coronariana 1 Doença coronariana Desempenho Doença isquêmica do miocárdio O termo isquemia significa "desequilíbrio entre oferta e consumo de O2" Sua principal etiologia é a aterosclerose das artérias coronárias. Pode ter 3 apresentações clínicas: assintomática, aguda ou crônica Na forma assintomática, o paciente, em geral, é portador de fatores de risco para aterosclerose, porém, os indícios de isquemia miocárdica só podem ser detectados através da realização de exames complementares Na forma aguda SCA - síndrome coronariana aguda), o paciente evolui em curto espaço de tempo com sinais e sintomas de isquemia progressiva, que acaba se manifestando em repouso. A causa desse problema é a instabilidade da placa de ateroma. Existem 3 síndromes: angina instável, IAM sem supra, IAM com supra Na crônica (angina estável), o paciente refere sinais e sintomas de isquemia durante o esforço, mas em repouso essas manifestações desaparecem Na ausência de tratamento, o desfecho final de todas as formas de aterosclerose coronariana é o mesmo: infarto miocárdico. Pode evoluir com complicação elétricas e ou mecânicas Fisiopatologia Isquemia miocárdica O coração é o tecido com a maior taxa de extração de O2 do organismo Na medida em que surgirem oclusões hemodinamicamente significativas nas coronárias epicárdicas, a reserva coronariana será progressivamente requisitada, a fim de manter em equilíbrio a relação entre oferta e consumo de O2 Reserva coronariana é a capacidade das arteríolas intermiocárdicas se dilatarem, elevando a oferta de sangue https://www.notion.so/ef5766e9f7284e4d98b51c281274cae2 Doença coronariana 2 Quando uma coronária epicárdica evolui com colusão total, o tempo que leva para a necrose do miocárdio começar é de cerca de 20 minutos. Por este motivo, na síndrome coronariana aguda com supra de ST, a presença de dor em repouso > 20 min prediz com elevado grau de certeza a ocorrência de IAM Os determinante da demanda miocárdica de O2 são: frequência cardíaca, contratilidade, tensão na parede ventricular. Já os determinantes do aporte do miocárdio de O2 são conteúdo arterial de O2 e fluxo coronariano Cardiomiócito isquêmico → ↓ATP → disfunção mecânica e elétrica: disfunção diastólica → disfunção sistólica → hipocinesia → acinesia → discinesia Se uma grande porção de massa ventricular se tornar isquêmica 40%, a contratilidade global diminui → insuficiência cardíaca aguda. Se afetar os músculos papilares, pode fazer insuficiência mitral aguda Os primeiros sinais de isquemia são as alterações na repolarização ventricular, como a onda T alta, pontiaguda e simétrica (isquemia subendocárdica) e a onda T invertida, pontiaguda e simétrica (isquemia subepicárdica). Quando a isquemia é grave e persistente, sobrevém o desnivelamento do segmento ST (“corrente de lesão”): o INFRAdesnivelamento indica lesão “não transmural”, predominantemente no subendocárdio, ao passo que o SUPRAdesnivelamento denuncia lesão “transmural”, acometendo toda a espessura da parede cardíaca (do endocárdio ao epicárdio). Outra consequência importantíssima da isquemia é a instabilidade elétrica: a região isquêmica e suas adjacências manifestam propriedades eletrofisiológicas diferentes (ex.: excitabilidade variável, heterogeneidade dos períodos refratários). A região de isquemia apresenta instabilidade elétrica = fenômeno de REETRADA → taquiarritmias, morte súbita FV ou TV. Fatores de risco para aterosclerose (principal causa de SCA Idade (homens 45, mulheres 55 ↓HDL, ↑LDL, ↑lipoproteína A LpA Tabagismo, sedentarismo, obesidade Doença coronariana 3 HAS, DM, resistência insulínica História familiar de doença coronariana precoce Angina estável Isquemia miocárdica transitória, esforço induzida, que melhora com repouso Sua causa é a obstrução hemodinamicamente significativa 50% do lúmen) de uma ou mais coronárias epicárdicas por placas de ateroma "estáveis" Quando suspeitar? Angina típica: dor ou desconforto retroesternal que é desencadeada por esforço ou estresse e\ou melhora com repouso e nitrato SL 1 a 5min) Equivalente anginoso: mulheres, idosos, diabéticos, transplantados cardíacos. Dispneia, fadiga, sopro transitório, palpitações, náuseas, vômitos, sudorese e palidez. Quando solicitamos ao paciente que localize o desconforto isquêmico, ele esfrega a mão difusamente sobre o esterno ou coloca o punho cerrado no meio do peito (sinal de Levine) PS angina não irradia para trapézio! Pensar em pericardite aguda. Principais diagnósticos diferenciais Doença coronariana 4 Exame físico O exame físico pode ser absolutamente normal quando o paciente está em repouso e sem sintomas Muitos pacientes possuem exame físico alterado não pela doença coronariana em si, mas sim pelos fatores de risco Exames complementares Realizados para identificar fatores de risco cardiovascular Hemograma, lipodograma, função renal, glicemia, miroalbuminúria, função tireoidiana, PCR ECG de repouso: pode ser completamente normal na angina estável Testes provocativos de isquemia: Se conseguir fazer exercício: ECG normal → teste ergométrico (+ usado pela facilidade) Doença coronariana 5 ECG anormal BRE ou HVE → cintilografia ou ecocardio de esforço Não conseguir fazer exercício: Cintilografia com Dipiridamol (evitar em asmáticos*) e Adenosina OU Ecocardio com Dobutamina Nos casos de ECG anormal, não consegue-se avaliar o infra de ST no teste ergométrico, por isso tem que ver a isquemia no exame (cintilo ou eco). Teste ergométrico: é o teste provocativo mais utilizado. O paciente é colocado na esteira e aumenta a velocidade e a inclinação (aumenta o esforço cardíaco). O teste é positivo (em coronariopata) se infra de ST 1mm (todos apresentam o infra, mas é 1 – avaliar o ECG, a PA e a presença de sintomas. O teste é tão mais sensível quanto maior o número de fatores de risco do paciente pré exame (clínica de IVE, disfunção sistólica do VE no eco, IAM prévio). Resultados de alto risco: isquemia no Estágio 1 de Bruce, infra de ST ≥ 2 mm, 5 min para recuperar o infra de ST, déficit inotrópico (queda da PAs), arritmia ventricular, distúrbios de condução. Paciente normal no esforço: todos fazem infra no esforço, mas ele é 1mm e volta rapidamente para a linha de base, PAs aumenta O surgimento de desconforto precordial, dispneia, tonteira, exaustão, depressão de ST > 2 mm 0,2 mV, queda da PA > 10 mmHg ou taquiarritmias ventriculares obriga a suspensão imediata do exame Tratamento Tratamento clínico MEV Parar de fumar, realizar exercícios, diminuir peso, avaliar comorbidades, vacina anti-influenza, fazer dieta, controlar a PA, controlar os níveis de LDL (< 70, reduzir obesidade AAS vários estudos com grande número de pacientes comprovaram que seu uso na angina estável reduz significativamente a chance de IAM e morte cardíaca. A dose recomendada pode ser 100 mg/dia. A atual indicação de AAS neste grupo é: Doença coronariana 6 pacientes de ambos os sexos com idade entre 5069 anos, cujo risco cardiovascular estimado em 10 anos seja > 10%, desde que o paciente não possua fatores de alto risco para sangramento e esteja disposto a utilizar a medicação por pelo menos 10 anos. A inibição plaquetária reduz a probabilidade de se formar um trombo intracoronariano, fator precipitante do IAM. Tienopiridinas Clopidogrel, Ticlopidina): seu efeito é a inibição específica da ativação da glicoproteína IIb/IIIa pelo ADP, isto é, inibem a ativação plaquetária ADP-induzida. O clopidogrel é a droga de escolha, e deve ser utilizado na dose de 75 mg 1x/dia, em todos os pacientes que apresentam contraindicação ou intolerância ao AAS. Pacientes que realizaram angioplastia também devem ser tratados com o clopidogrel (em associação ao AAS por no mínimo 30 dias. Cumarínico: a warfarina pode ser utilizada em associação ao AAS em pacientes coronariopatas que apresentam alguma indicação específica para anticoagulação (ex.: FA com riscocardioembólico elevado, pós-IAM anterior extenso ou com presença de trombo intramural, entre outras). A dose é titulada para manter o INR entre 23. Estatinas: são os mais potentes inibidores do LD. São as drogas mais importantes para a redução do risco cardiovascular. Independente dos níveis lipêmicos. Fluvastatina < sinva < Rosuvastatina (+forte) Fármacos antianginosos (melhora a capacidade no exercício): A prevenção do IAM, evento isquêmico agudo e morte cardíaca é um efeito não bem documentado com essas drogas, porém, a qualidade de ida do paciente coronariopata melhora Os efeitos constituem em: aumento da perfusão coronariana no miocárdio isquêmico ou redução da demanda metabólica miocárdica Os principais antianginosos são: nitratos, betabloqueadores e BCC Nitratos: são potentes vasodilatadores das coronárias epicárdicas, mesmo aquelas comprometidas pela aterosclerose, bem como dos ramos colaterais. São eficazes, também, contra o vasoespasmo. Leva a venodilatação, que reduz o retorno venoso e a pré carga, efeito bastante benéfico na ICC. os principais nitratos utilizados na prática são a nitroglicerina, o dinitrato de issosorbida Isordil) e o mononitrato de issosorbida. Pode-se utilizar o isordil 15 a 30 min antes do Doença coronariana 7 exercício. Os nitratos de ação rápida (isossorbida, propatilnitrato) são ministrados por via sublingual ou spray oral, e começam a agir nos primeiros cinco minutos, mantendo seu efeito por 3045 minutos. Os nitratos de ação longa (mononitrato ou dinitrato de isossorbitol) NÃO SÃO MAIS RECOMENDADOS como antianginosos de primeira linha em longo prazo! Tais drogas, na realidade, pioram a morbimortalidade na DAC estável crônica!!! Betabloqueadores: essas drogas agem bloqueando os receptores β1 do miocárdio e nódulo sinusal, reduzindo, respectivamente, a contratilidade miocárdica (inotropismo negativo) e a frequência cardíaca (cronotropismo negativo). Os betabloqueadores são as drogas de escolha para prevenir a angina de esforço. Essas drogas não possuem propriedades vasodilatadoras, como os nitratos e os antagonistas do cálcio. Pelo contrário: o bloqueio dos receptores β2 coronarianos pode levar à vasoconstricção em raras situações, como na angina de Prinzmetal (vasoespástica), condição que, diga-se de passagem, CONTRAINDICA o uso de betabloqueadores. Dose de β-bloq: o suficiente para deixa a FC em 60 no repouso BCC essas drogas possuem um efeito vasodilatador coronariano e sistêmico. Representam os antianginosos de segunda escolha. As di-idropiridinas, como a nifedipina e a anlodipina, são mais vasosseletivas, tendo um efeito coronariodilatador mais potente. A nifedipina de ação curta não deve ser utilizada no paciente anginoso, pois produz taquicardia reflexa. A anlodipina tem mostrado excelentes resultados como antianginoso. Como grupo, os AC são bastante eficazes na angina estável de limiar variável, pelo efeito coronariodilatador e na angina vasoespástica de Prinzmetal. IECA ou BRA os pacientes de alto risco, como diabéticos, nefropatas crônicos, hipertensos, história prévia de IAM, pacientes com disfunção sistólica do VE e idade maior que 54 anos, também devem receber IECA. Outros: A trimetazidina Vastarel) não produz efeitos hemodinâmicos nem altera a frequência cardíaca ou a pressão arterial. No entanto, parece “proteger” a célula miocárdica da isquemia, evitando a depleção de ATP, o aumento do cálcio citossólico, a acidose intracelular e o rompimento da membrana plasmática. Pode ser associada à terapia antianginosa padrão (ex.: BB com ou Doença coronariana 8 sem antagonistas de cálcio), ou pode ser feita em monoterapia em pacientes que não toleram as referidas drogas. A ivabradina Procoralan) inibe especificamente a corrente If responsável pelo automatismo do nódulo sinusal. Logo, seu efeito é a redução da frequência cardíaca sem alterar a contratilidade miocárdica, a condução atrioventricular ou o metabolistmo glicídico/lipídico. Pode ser associada aos demais antianginosos, inclusive os BB, como opção para tratamento da angina refratária, especialmente em pacientes com disfunção de VE e FC basal ≥ 70 bpm (situação em que a literatura mostra redução de morbimortalidade com o uso de ivabradina). O alopurinol Zyloric), uma droga empregada no tratamento da gota (efeito hipouricemiante por inibição da xantina-oxidase), quando utilizado em altas doses (ex.: 600 mg/dia) exerce efeito antianginoso pouco compreendido. É considerado medicação de quarta linha, isto é, pode ser associado no tratamento da angina refratária a todas as demais medicações. Revascularização miocárdica TODOS os portadores de Doença Arterial Coronariana DAC estável devem receber tratamento clínico otimizado, lançando mão das medidas anteriormente estudadas (no mí- nimo, mudanças no estilo de vida + AAS + estatina, na ausência de contraindicações). As indicações GERAIS de revascularização miocárdica na DAC estável são apenas duas: 1.Angina estável refratária ao tratamento clínico otimizado, ou intolerância a este. 2.Situações de ALTO RISCO onde a literatura mostrou ganho de sobrevida com a revascularização, mesmo na ausência de sintomas. Em pacientes com indicação de revascularização, o SYNTAX pode auxiliar na escolha entre a Cirurgia de Revascularização Miocárdica CRVM e a Intervenção Coronariana Percutânea ICP Doença coronariana 9 A ICP é realizada através de cateterismo coronariano cujo acesso pode ser feito pelas artérias femoral ou radial. O procedimento considerado “padrão-ouro” para revascularização cirúrgica do miocár- dio é aquele que combina uma ponte de MAMÁRIA ESQUERDA para a artéria DESCENDENTE ANTERIOR associada a múltiplas pontes de SAFENA para as OUTRAS ARTÉRIAS CORONÁRIAS, de acordo com a necessidade. Quando indicar revascularização? Angina refratária Paciente de alto risco Esses pacientes devem ser submetidos a avaliação: Coronariografia CAT anatomia e extensão das lesões – NÃO mostra risco da placa romper Cintilografia de perfusão: avalia extensão da isquemia Ecocardio: avalia função do VE O CAT NÃO mostra risco da placa romper, só mostra anatomia e grau de obstrução. Se houver lesão no CAT, indicar cirurgia de revascularização com ponte, ou angioplastia por balão PCI ou stent. Indicações de cirurgia de revascularização coronária (cirurgia melhor que PIC Tronco da coronária esquerda com obstrução 50% Lesão trivascular 70% Lesões multivasculares em diabético Refratariedade ou CI à angioplastia Obs: a veia mamária tem maior patência, enquanto a veia safena tem maior facilidade técnica. A ponte mamária é difícil de fazer, mas permanece aberta por mais tempo. Padrão-ouro: usar a mamária esquerda para a DA e a safena para as outras Doença coronariana 10 Após a colocação de stent tem que usar: AAS + clopidogrel (dupla antiagregação) PCI reestenose em 30 a 45% dos casos (ocorre geralmente nos primeiros 6 meses) Isquemia silenciosa: Paciente assintomático com alterações isquêmicas (comum em pacientes com DM Maior incidência de eventos coronarianos fatais e não fatais Controle dos fatores de risco Se infra ST = 5mm na parede anteroapical do VE V1 a V6 = revascularização Se o paciente for idoso e sedentário não precisa de terapia intervencionista Síndrome X ou angina microvascular: Paciente com sintomas anginos mas com testes normais Apresentam baixa reserva coronariana devido a uma patologia microvascular em remodelamento, sem causas estenose luminal NÃO tem placa de aterosclerose Tratamento: bloqCa O tratamento geralmente é insatisfatório, com remissões e recidivas Infarto agudo do miocárdio com supra de ST IAM sem supra de ST IAMSST é o IAM associado à oclusão subtotal de uma artéria coronária. Este tipo de oclusão é causado por trombos “brancos” (ricos em plaquetas), e atualmente corresponde a cerca de 70% dos casos. Já o IAM com supra de ST IAMST é o IAM associado à oclusão total de uma artériacoronária. Relaciona-se aos trombos “vermelhos” (ricos em fibrina), e responde pelos 30% restantes. Doença coronariana 11 Rompimento da placa → agregação plaquetária → trombo sob a placa (aterotrombose) → suboclusão ou oclusão total → acinesia ou discinesia Causas: Aterotrombose 95% Outros 5% prinzmetal (espasmo coronariano), cocaína, embolia, dissecção coronariana, SAF, trombofilias, vasculites, trauma, amiloidose Remodelamento cardíaco pós IAM pode ocorrer nos infartos extensos após 310 dias, devido ao deslizamento das fibras necróticas. Isso altera a morfologia do ventrículo (dilatação). As áreas não infartadas tendem a hipertrofiar, para manter a FE → insuficiência cardíaca. OS IECA melhoram de forma significativa o prognóstico em longo prazo dos pacientes com disfunção sistólica do VE, devido a inibição do remodelamento cardíaco, por bloqueio da angiotensina II e redução ad pós carga. Já o uso de corticoide e AINEs nas primeiras 4 a 8 semanas após IAM deve ser evitado. O afinamento ou discinesia das áreas infartadas pode originar aneurisma ventricular. Esse aneurisma pode romper ou facilitar a formação de trombos Quadro clínico Dor torácica angionosa (precordialgia constrictiva), tipicamente de forte intensidade, longa duração (> 20 minutos), e que não se resolve por completo com repouso ou nitrato sublingual Certos comemorativos são comumente observados: dispneia, náuseas e vômitos, palidez, sudorese fria, ansiedade, e não raro uma sensação de morte iminente A dor pode irradiar para o epigastro, dorso, membros superiores e pescoço/ mandíbula. A dor do IAM não irradia para baixo do umbigo nem para os trapézios (neste caso, a dor é compatível com pericardite Equivalentes anginosos (mais em idosos, sexo feminino, diabetes mellitus, marca passo definitivo, transplante cardíaco): dor torácica em queimação ou facada, dispepsia, exaustão, lipotímia ou síncope, déficit neurológico focal, choque cardiogênico indolor, edema agudo de pulmão, morte súbita Doença coronariana 12 Exame físico Na maioria dos IAM o exame físico é pouco informativo. Os principais achados físicos durante a fase aguda são: bradicardia sinusal (especialmente no IAM inferior, por aumento do reflexo da atividade vagal), taquicardia sinusal (mais em IAM anterior extenso, por adaptação à queda na função sistólica do VE, hipertensão arterial e surgimento da quarta bulha Edema agudo de pulmão Sinais de hipoperfusão orgânica generalizada definem a existência de choque cardiogênico Killip e Kimbal idealizaram uma classificação prognóstica do IAM com base nos sinais e sintomas clínicos de insuficiência ventricular esquerda: Diagnósticos diferenciais Doença coronariana 13 Confirmação diagnóstica Tríade: anamnese e exame físico + ECG + marcadores bioquímicos de necrose Anamnese e exame físico: Cardio: irradiação da dor MSE, mandíbula – se a dor for para as costas, lembrar de dissecção de aorta), FC, presença de B3, sopro, PA desigual nos MMSS, pulsos Resp: ruídos adventícios (classificação de Kilip) Eletrocardiograma ECG (fazer 10 minutos → repetir em 510 minutos). Na presença de supradesnível de ST ou BRE de 3 grau novo ou supostamente novo, está indicada a reperfusão coronariana emergencial. Até metade das isquemias miocárdicas agudas cursa com os primeiros ECGs dentro da normalidade: Alterações positivas (necessidade de internamento em CTI ou UCO Infra de ST e inversão da onda T (indicam suboclusão e necessidade de terapia antiplaquetária) Doença coronariana 14 Supra de ST (indica oclusão – IAM – e necessidade de reperfusão). Após as primeiras horas o supra começa a reduzir, até chegar na linha de base. BRE novo Onda Q patológica: infarto antigo OBS.: o "supra de ST" não é patognomônico de IAM, podendo ocorrer agudamente na angina de Prinzmetal e, cronicamente, na discinesia ou aneurisma ventricular Fase hiperaguda: supradesnível de ST proeminente, com onda T positiva, promovendo um formato retificado ou côncavo do STT Fase subaguda (após as primeiras horas, até 4 semanas): onda T começa a se negativar, modificando o segmento ST que passa a ter o formato de abóbada (convexo). Surge a onda Q patológica Fase crônica ou infarto antigo (após 2 a 6 semanas): o "supra de ST" desaparece, permanecendo a onda Q patológica, que marca a sequela do infarto Parede anterior: V1 - V6 Parede inferior: D2, D3 e aVF Parede lateral alta: D1 e aVL Parede lateral baixa: V5 - V6 No BRE normalmente se observa um supradesnível de ST em precordiais direitas V1, V2 e um infradesnível de ST em precordiais esquerdas V5, V6 Em todo IAM com supra de parede inferior D2, D3 e aVF, devemos obter o traçado de derivações precordiais direitas V3R e V4R e derivações posteriores V7, V8. O IAMST infeiror se relaciona à oclusão da coronária direita, o que pode causar infarto no ventrículo direito Doença coronariana 15 Curva enzimática Marcadores bioquímicos de necrose (indicam IAM Troponina: mais sensível e específico. Determina risco CV. Não são encontradas nos outros músculos (troponina I e troponina T. Atualmente são consideradas os MNM de escolha para diagnóstico de IAM. Seus níveis se elevam de 4 a 8h do início dos sintomas. A troponina é recomendada como marcador de escolha para diagnóstico de reinfarto (novo IAM que acontece em até 28 dias após o primeiro IAM > há elevação de mais dde 20% do valor inicial após 3 a 6 h da primeira dosagem CKMB massa: melhor para determinar infarto, se eleva em 3 a 6 horas do início do evento, com pico em 12 a 24h e normalização em 48 a 72h. 5 suspeitar de IAM Mioglobina: se estiver baixa, exclui IAM (alto VPN. Sobe mais rápido e retorna mais rápido ao normal CKMB e troponina começam a ficar positiva 4hs de dor. No intervalo de 04hs, pode-se pedir mioglobina (principalmente para excluir IAM. Doença coronariana 16 Na oclusão total, os marcadores bioquímicos se elevam (é IAM com supra). Na suboclusão, os marcadores podem vir negativos (angina instável) ou positivos IAM sem supra). Estratificação de risco O mais empregado na prática é o escore TIMI risk Possui versões diferentes para IAMST e IAMSST O ecocardio deve ser feito em todos os pacientes para quantificar a extensão do infarto. TIMI risk: Paciente de alto risco: Tentar reperfusão Iniciar estratégia invasiva precoce Usar anti-trombínico: inibidor da GP IIb IIIa Associar CAT com intenção de angioplastia em até 48 horas! Doença coronariana 17 ECG – ordem das paredes Lateral alta: D1 e AVL (circunflexa) Inferior: D2, D3 e AVF (coronária D → olhar VD V3r e V4r) Anterior: V1 a V6 (descendente anterior) Anterior extenso: V1 a V6 + D1AVL Antero-septal: V1 a V4 Antero-lateral: D1AVL + V5V6 Lateral: V5 a V6 Ventrículo direito: V3R aV4R Posterior: espelho de parede anterior + V7 a V8 DA irriga parede anterior Coronária direita irriga parede inferior Circunflexa irriga parede lateral Leis do ECG Tem que ter supra ≥ 2 derivações da mesma parede, mas não pode ter em todas as derivações → se tiver em todas = avaliar o PR’ → SUPRA difuso + INFRA PR = pericardite Se tem infra e supra, quem manda é o supra Causas de supra: IAM, aneurisma de ventrículo, síndrome de Brugada, variante Prinzmetal Atenção à transição elétrica da parede anterior V1V6** – se estiver muito alterada, observar se há infra V1 e V2 = infarto dorsal (ver V7V8 Se tem IAM de parede inferior, olhar o VD V3r e V4r) Tratamento As primeiras 12h são extremamente importantes do ponto de vista terapêutico Doença coronariana 18 O ECG deve ser realizado e interpretado em, no máximo, 10 minutos. Caso o ECG seja inconclusivo, mas a suspeita clínica permaneça alta, monitorização contínua ou ECGs seriados (a cada 5 a 10 min) são indicados Exames laboratoriais básicos, como hemograma, lipidograma, glicose, ureia, creatinina, eletrólitos e TAP/PTT devem ser solicitados, assim como os MNM Rx de tórax em 30 minutos (ddx com dissecçãoaórtica) A angioplastia é superior ao trombolíticos, levando a desfechos comprovadamente melhores Internar em CTI ou UCO Acesso venoso Oxímetro Desfibrilador ao lado do leito (caso precise) Dieta zero Protocolo MONABICHE O2 3L/min se Sat < 94% → Uso de oxigênio em pessoas sem hipóxia: aumenta a mortalidade (faz vasoconstrição periférica se uso 3hs). Em pacientes hipoxêmicos devido À congestão pulmonar (spO2 < 94% está indicada a gasometria seriada Analgesia: analgésico de escolha é a morfina, uso até o alívio da dor ou ocorrência de toxicidade. Também tem propriedade vasodilatadora > reduz pré carga. É contra indicada em IAM de parede inferior (risco aumentado de bradicardia reflexa, podendo levar a choque cardiogênico) Nitratos: via sublingual. Promovem vasodilatação venosa e arterial, incluindo as coronárias, o que promove redução da pré carga, pós varga e aumento da perfusão miocárdica, respectivamente. Contraindicados nos casos de hipotensão, bradicardia e infarto de VD, além de uso de tadalafil (viagra) Betabloqueadores: drogas que reduzem a FC, o inotropismo e a PA, ao mesmo tempo que aumentam o fluxo sanguíneo na rede de colaterais e no subendocárdio. Contraindicados na bradicardia, na hipotensão, da asma ou DPOC grave. Prefencialmente VO. Metoprolol Doença coronariana 19 Antiplaquetários: AAS está indicado em todas as formas de IAM. Dose inicial entre 200a 300 mg. Clopidogrel (dupla anti agregação) Anticoagulação: heparina IECA TODOS os pacientes devem utilizar IECA na fase aguda do IAM, devido a redução da cardiotoxicidade direta da angiotensina II sobre os cardiomiócitos. Os BRA não são melhores que os IECA Estatinas: o início precoce de estatinas potentes e em dose máxima é comprovadamente benéfico no IAMST Altera sobrevida: AAS, clopidogrel e βbloq Não usar morfina, nitrato e β bloq no IAM de VD Usar IECA se IAM anterior ou IC com FE 40% Usar estatina assim que estável (independente do nível lipêmico) Se o paciente for fazer trombolítico, usa clopidogrel, se for fazer angioplastia, usar prasuguel ou ticagrelor Se o paciente usou cocaína, não pode fazer β-bloq → fazer doses cavalares de benzodiazepínico Nitrato NÃO altera a sobrevida. Se a dor persistir, fazer nitroglicerina Paciente > 75 anos: NÃO fazer dose de ataque de clopidogrel (faz só 75mg) e de enoxaparina 0,75mg/kg SC de 12/12. É preferível hemodinâmica à trombose Renal crônico: fazer 1/2 dose BRE reperfusão mecânica é melhor que a química Doença coronariana 20 Terapia de reperfusão Existem 2 estratégias: trombolíticos e angioplastia com balão Indicações: Sintomas compatíveis com IAM Delta-T de até 12 horas Supra ≥ 2 derivações da mesma parede ou BRE novo (ou presumivelmente novo) A angioplastia é melhor que o trombolítico IAM com supra de ST (rota 1 Oclusão total → necrose endocárdica = aumento de onda Q → evolução da lesão → onda Q cada vez mais profunda e o ST vai voltando para a linha de base → apenas necrose: onda Q patológica + sem supra Tratamento: MONABICHE + abertura do vaso (trombolítico ou invasivo) Se houver CAT\angioplastia no hospital: fazer em até 90 minutos Doença coronariana 21 Se não houver e for possível transferir e realizar o CAT em até 2 horas: transferir (transferir também independente do tempo se: paciente em choque ou IC grave ou CI ao trombolítico) Se não houver e não for possível transferir e realizar o CAT em até 2 horas: trombolítico em até 30 min; manter anticoagulado por 48h-8 dias; e, caso haja falha ou reoclusão, transferir o paciente Trombolítico não funciona muito bem em paciente muito grave (choque cardiogêncio, IC grave) Trombolíticos Atualmente, há 3 trombolíticos : estreptoquinase, alteplase e tenecteplase O intervalo entre o início da dor e a aplicação da droga (delta T é de até 12h, porém, é nas primeiras 3h que se observam maiores benefícios Contra-indicação ao trombolítico: Absoluta: sangramento ativo; diátese hemorrágica; dissecção aórtica aguda; tumor craniano ou MAV; AVE hemorrágico prévio; AVC isquêmico ou TCE < 3 meses Relativa: úlcera péptica, gestação, menstruação, retinopatia diabética proliferativa, anticoagulante, uso de STK nos últimos 6 meses (> 5 dias), HAS CI absoluta: ta sangrando, pode sangrar, dissecção e coisa na cabeça A estreptoquinase é o trombolítico preferencial para pacientes com idade > 75a Caso surjam evidências de reoclusão e reinfarto, após uma reperfusão química inicialmente bem sucedida, a nova reperfusão deverá ser feita de preferência, com angioplastia de resgate Angioplastia Primária (sem uso prévio de trombolítico) → feita < 12hs. É preferível se puder ser feita em 90 minutos do diagnóstico de IAM ou CI ao trombolítico / choque cardiogênico Doença coronariana 22 Resgate (pós insucesso do trombolítico ou após 90 minutos de diagnóstico) Eletiva (após sucesso do trombolítico) → TODOS submetidos a fibrinolítico SEMPRE colocar stent (reduz taxa de reoclusão) e manter com dupla antiagregação AAS + clopidogrel): Mecânico Farmacológico: preferível (maior durabilidade) Cirurgia de revascularização Indicação de urgência: CI ou falha do trombolítico/angioplastia Eletiva: após IAMST + lesão no tronco da coronáriaE; oclusão proximal do ramo biventricular anterior; doença trivascular; disfunção do VE Infarto de VD Lesão em D2, D3 e AVF + V3r e V4r) + queda de PA, pulmões limpos, bradiarritmia (ramo nodal da coronária D Conduta: Reposição volêmica Reperfusão Não usar: morfina, nitrato, βbloq e diurético **** VD tem a parede fina: tolera bem volume (distende), mas não tolera aumento de pressão. VD entra em falência quando a pressão do território pulmonar aumenta muito (embolia pulmonar). No IAM de VD não há hipertensão pulmonar, pois o VE ta funcionando. Diurético só usa na SCA se tiver HAP Morfina e nitrato são vasodilatadores venosos – se fizer, aumenta sangue no lado direito do coração, e a pressão cai ainda mais! Se usar nitrato e fizer hipotensão = usou viagra antes (↑FC ou infarto de VD (↓FC Doença coronariana 23 Complicações do IAM Arritmias ventriculares (extrassístoles, FV, TV Arritimias supraventriculares FA Bradiarritmias (bloqueios) Choque cardiogênico Insuficiência cardíaca Pericardite Ruptura de septo interventricular, parede livre ventricular ou músculo papilar. As roturas acontecem em pico bimodal: primeiras 24hs ou após 35 dias. Tratamento com cirurgia imediata Prescrição a alta Cessar tabagismo, realizar dieta, atividade física, redução do peso, controle da DM AAS 100mg/dia β-bloqueador e controle da PA IECA Estatinas Clopidogrel – se colocou stent, manter por 1 ano Não pode fazer cirurgia em uso de clopridogrel. Se a cirurgia for de urgência, suspender 5 dias antes (se for urgente, pode fazer transfusão plaquetária profilática). Se for eletiva, NÃO fazer a cirurgia (fazer após o 1 ano de tratamento). OBS.: A angina de Prinzmetal é uma dor torácica anginosa, que apresenta SUPRA de ST durante a crise (desaparece após). É causada por vasoespasmo coronariano. O tratamento é feito com bloqCa (diltiazem/ verapamil). Tabagismo deve ser abandonado. Doença coronariana 24 Síndrome coronariana aguda sem supra de ST Se na angina estável a queixa predominante era de desconforto precordial do tipo isquêmico (raramente “dor”), precipitado por estresse físico ou emocional, e com rápido alívio (em 510min) ao repouso ou nitrato sublingual, na angina instável o paciente refere desconforto precordial isquêmico acompanhado de pelo menos uma das seguintes características: Surgimento em repouso (ou aos mínimos esforços); Duração prolongada (> 1020min); Caráter mais intenso (descrito como “dor” propriamente dita); Início recente (em geral nas últimas 46 semanas); Padrão em crescendo (dor progressivamente mais intensa, frequente e duradoura do que antes – ex.: a dor passa a despertar o paciente do sono). Diagnóstico Anamnese e exame físico: angina ECG com inversão simétricada onda T ou INFRA de > 0,5mm→ Trata-se de uma suboclusão coronariana Aparecimento de alterações no ECG durante a dor Marcadores de necrose positivos Doença coronariana 25 Classificar no TIMI risk 02 baixo risco → tratamento conservador (teste ergométrico) + AAS, clopidogrel e heparina 34 médio risco → estabilizar e tratamento invasivo (em 24 a 48hs) 57 alto risco → estabilizar e tratamento invasivo (em 24 a 48hs) Tratamento Doença coronariana 26 Internar na UCO ou UTI com monitorização, repouso no leito MONABICHE Heparina HBPM, 1 mg\kg, 12\12 horas *para evitar trombo sobre a placa. Não fazer a dose de ataque 30mg EV! NUNCA usar trombolítico !! (aumenta o risco de sangramento e a mortalidade) Terapia intervencionista: Angioplastia imediata: se instabilidade hemodinâmica ou elétrica, IVE grave e dor refratária CAT + angioplastia 2448hs): Se TIMI 2 ou GRACE 108140 – Quanto maior o GRACE ou TIMI, mais precoce deve ser a angioplastia Aumento de troponina, infra de ST FE 40% PCI < 6 meses, revasc prévia Se o paciente for de baixo risco, fazer a estratificação antes da alta: não invasiva (cintilo / eco de estresse) ou invasiva CAT O tratamento de primeira escolha para a angina de Prinzmetal é a combinação de nitratos e BCC
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