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Extinção do crédito tributário

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Extinção do crédito tributário 
O presente artigo se destina a explicar as causas extintivas do 
crédito tributário, apresentando suas modalidades previstas no 
Código Tributário Nacional e na doutrina. 
 
1 - Introdução 
O presente artigo se destina a explicar as causas extintivas do crédito tributário, 
apresentando suas modalidades previstas no Código Tributário Nacional e na 
doutrina. 
Tal temática proporciona diversas discussões no ramo do Direito Tributário e 
discutir as modalidades de extinção do crédito apresentadas no Código 
Tributário Nacional e na doutrina, contribui à compreensão do tema, a partir 
dos esclarecimentos dos mais respeitados doutrinadores brasileiros. 
2 - Causas extintivas do crédito tributário 
O que se extingue é a própria obrigação tributária e não somente o crédito 
tributário, que é um dos seus elementos (a obrigação tributária possui três 
elementos: sujeito ativo, sujeito passivo e crédito tributário)– art. 113, § 1.º, 
parte final, do CTN. Essa regra, porém, não é absoluta: pode ocorrer a extinção 
de um crédito sem a extinção da obrigação, desde que a causa extintiva tenha 
afetado apenas a formalização do crédito. 
As principais causas extintivas encontram-se enumeradas no art. 156 do CTN: 
pagamento; compensação; transação; remissão; prescrição e decadência; a 
conversão de depósito em renda; o pagamento antecipado e a homologação do 
lançamento, nos termos do disposto no art. 150 e seus §§ 1.º e 4.º; a 
consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2.º do art. 164; a 
decisão administrativa irreformável, assim entendida a defendida na órbita 
administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; a decisão 
judicial passada em julgado; a dação em pagamento de bens imóveis, na forma e 
condições estabelecidas na lei. O rol é exemplificativo, havendo mais três causas 
de extinção enumeradas pela doutrina: confusão; desaparecimento, sem 
sucessor, do sujeito ativo do tributo; desaparecimento, sem sucessor, do sujeito 
passivo do tributo. 
As causas extintivas têm o poder de libertar o contribuinte da relação de 
sujeição que possui com a Fazenda Pública. A obrigação tributária não 
permanece no tempo, não é eterna. 
As principais causas extintivas encontram-se enumeradas no art. 156 do CTN: 
pagamento; compensação; transação; remissão; prescrição e decadência; a 
conversão de depósito em renda; o pagamento antecipado e a homologação do 
lançamento, nos termos do disposto no art. 150 e seus §§ 1.º e 4.º; a 
consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2.º do art. 164; a 
decisão administrativa irreformável, assim entendida a defendida na órbita 
administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; a decisão 
judicial passada em julgado; a dação em pagamento de bens imóveis, na forma e 
condições estabelecidas na lei. O rol é exemplificativo, havendo mais três causas 
de extinção enumeradas pela doutrina: confusão; desaparecimento, sem 
sucessor, do sujeito ativo do tributo; desaparecimento, sem sucessor, do sujeito 
passivo do tributo. 
As causas extintivas têm o poder de libertar o contribuinte da relação de 
sujeição que possui com a Fazenda Pública. A obrigação tributária não 
permanece no tempo, não é eterna. 
 
Inicialmente, é importante diferenciar remissão de remição. A primeira 
significa perdão e a segunda significa pagamento. 
Assim, remissão é o perdão legal do débito tributário, que pode ser total ou 
parcial. Somente a lei pode perdoar o débito tributário (lei remissiva), não 
podendo, a remissão, ser concedida por decretos, portarias ou qualquer outro 
ato que não seja lei propriamente dita (princípio da legalidade e princípio da 
indisponibilidade do interesse público). Somente lei específica da pessoa 
política tributante pode conceder a remissão. (art. 150, § 6.º, da CF/88). 
A remissão tanto como a moratória são medidas de política fiscal (moratória é 
o adiamento da obrigação tributária). 
2.3 - Compensação 
A compensação corresponde ao encontro de contas do Fisco e do contribuinte, 
sempre que forem credor e devedor um do outro. Existem duas grandes 
modalidades de compensação em matéria civil: a legal e a consensual. Em 
matéria tributária, entretanto, somente é admitida a compensação legal. Para 
que a compensação ocorra, é necessária a presença de três requisitos: 
1. As partes devem ser as mesmas (mesma Fazenda Pública, federal, estadual 
ou municipal, e mesmo contribuinte). O contribuinte não pode utilizar um 
crédito federal, por exemplo, para compensar um crédito estadual. 
2. Os créditos já devem estar liquidados, ou seja, é necessário que se saiba 
exatamente quanto há de ser pago. 
3. A existência de uma lei autorizando a medida: cada pessoa política deve 
legislar a respeito. A União obedece à Lei n. 8.383/91; o seu art. 66 permite a 
compensação de tributos federais, indevidos ou recolhidos a maior, com 
outros da mesma espécie. A Fazenda Pública entende que tributo da mesma 
espécie significa o mesmo tributo (p. ex.: IR somente poderá ser compensado 
por IR). A doutrina, entretanto, entende que tributo pode ser compensado por 
tributo, taxa por taxa e contribuição de melhoria por contribuição de melhoria. 
A jurisprudência tem decidido em favor da doutrina. 
2.4 - Transação 
Transação é um acordo celebrado, com base em lei, entre o Fisco e o 
contribuinte, pelo qual a primitiva obrigação tributária desaparece, dando 
lugar a uma ou mais novas obrigações tributárias. É causa extintiva da 
obrigação tributária, muito rara. 
Há quem admita que o parcelamento do débito tributário seria uma 
modalidade de transação; entretanto, outros doutrinadores entendem que o 
parcelamento é uma modalidade de moratória. 
Em resumo, a transação é um acordo celebrado com base em lei entre o Fisco 
e o contribuinte, pelo qual a primitiva obrigação tributária desaparece, fazendo 
nascer uma nova (ou várias) obrigação tributária. 
2.5 - Confusão (doutrina) 
Ocorre quando o Fisco se torna, ao mesmo tempo, credor e devedor do tributo. 
Por exemplo, no caso da herança vacante, os débitos que o espólio possuía 
para com o Município desaparecem no caso de incorporação de empresas pelo 
Poder Público. 
Ocorrendo a confusão, o débito se extingue, não podendo renascer, se o Poder 
Público alienar a propriedade a terceiros, objetivando cobrar crédito anterior. 
2.6 - Desaparecimento sem Sucessor do Sujeito Passivo do Tributo e do 
Sujeito Ativo (doutrina) 
Não pode subsistir a relação jurídica tributária se uma das partes deixa de 
existir, sem deixar sucessores. Exemplo: desaparecimento de Município em 
razão de inundação da área onde se localizava (isso ocorreu no Nordeste, na 
década de 60). 
O desmembramento de Goiás e Tocantins não fez desaparecer os débitos 
tributários, pois houve sucessão. 
Exemplo de desaparecimento do sujeito passivo sem deixar sucessores: 
contribuinte que morre sem deixar bens, apenas dívidas tributárias. 
2.7 - Prescrição e Decadência 
Os arts. 173 e 150, § 4.º, ambos do Código Tributário Nacionaal, dispõem 
sobre a decadência do direito de efetuar o lançamento. O art. 174 do Código 
Tributário Nacional dispõe sobre a prescrição da ação de cobrança do crédito 
tributário devidamente constituído pelo lançamento. Antes do lançamento, 
pode ocorrer a decadência; após o lançamento, pode ocorrer a prescrição. 
Ambos os institutos importam na extinção do crédito tributário (art. 156, inc. 
V, do CTN). 
Do disposto acima decorre, como conseqüência prática, que o contribuinte que 
paga o débito prescrito não tem direito à repetição, pois o direito à percepção 
do tributo persiste; ao contrário, se o contribuinte pagar tributo lançado após o 
prazo decadencial, ele faz jus à repetição, pois o direito já não mais existia. 
2.7.1 - Prescrição 
Prescrição é a perda da ação inerente ao direito e de toda a sua capacidade 
defensiva, por seu não exercício durante certo lapso. A fluência do lapso 
prescricional,diferentemente do que ocorre com a decadência, pode ser 
suspensa ou interrompida. 
São requisitos para ocorrência da prescrição: 
1. Existência de uma ação exercitável. 
2. Inércia do titular dessa ação. 
3. Prolongamento dessa inércia durante certo lapso. 
4. Ausência de qualquer ato ou fato a que a lei atribua o efeito de impedir, 
suspender ou interromper a fluência prescricional. 
Segundo o art. 174 do Código Tributário Nacional, a prescrição da ação de 
cobrança do crédito tributário opera-se em 5 (cinco) anos, contados da data de 
sua constituição definitiva. 
A doutrina tem entendido que o dies a quo, para o cômputo do prazo 
prescricional, é o do inadimplemento do contribuinte, pois é a partir dessa data 
que a Fazenda Pública passa a ter ação exercitável, ou seja, passa a poder 
executar o devedor. 
No art. 151 do CTN e arts. 2.º, § 3.º, e 40 da Lei 6.830/80 estão previstas as 
causas suspensivas do crédito tributário aquelas hipóteses que suspendem a 
exigibilidade do crédito tributário já definitivamente constituído (moratória, 
recurso administrativo, liminar ou antecipação de tutela, depósito integral do 
montante tributário, parcelamento). 
Para a execução da dívida tributária, deve o Fisco: 
a) inscrever, no livro próprio, a dívida do contribuinte inadimplente (Lei n. 
6.830/80, art. 2.º, § 3.º); 
b) extrair certidão de dívida ativa (título executivo extrajudicial); 
c) ajuizar a execução fiscal, como ação judicial propriamente dita. 
A partir da inscrição da dívida no livro próprio, suspende-se o prazo 
prescricional por 180 dias (Lei n. 6.830/80, art. 2.º, § 3.º), concedendo-se o 
prazo restante para a realização das operações “b” e “c”. 
O art. 40 da Lei n. 6.830/80 estabelece que, quando a execução é iniciada, mas 
o contribuinte não é encontrado para citação, ou é citado, mas não tem bens 
para a execução, a prescrição fica suspensa até que se faça a citação ou 
encontrem-se bens para serem penhorados. 
Na verdade, esse dispositivo é inconstitucional, pois pode implicar na 
imprescritibilidade da dívida tributária. Na Constituição Federal, 
imprescritíveis são apenas os direitos da personalidade. Porém, esse 
dispositivo ainda não foi declarado inconstitucional pela via concentrada, 
apenas pela via difusa (incidenter tantun). 
O art. 174, par. Ún., do Código Tributário Nacional prevê as causas 
interruptivas do lapso prescricional, são elas: 
1. Despacho do juiz que ordena a citação (Lei n. 6.830/80, art. 8.º, § 2.º) 
não mais se interrompe pela citação pessoal do devedor. 
2. Interrompe-se pelo protesto judicial: medida cautelar disciplinada no 
CPC, arts. 867 a 873. 
3. Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Exemplo: a 
notificação judicial, a intimação judicial e a interpelação judicial. 
4. Qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em 
reconhecimento do débito pelo devedor. Exemplo: carta que o 
contribuinte escreve à autoridade administrativa pedindo prazo maior 
para pagamento do tributo ou parcelamento. 
2.7.2 - Decadência 
A regra do art. 173 é aplicada para tributos que são lançados de ofício ou por 
declaração. A regra do § 4.º do art. 150 é aplicada para tributos que são 
lançados por homologação. O art. 173 do Código Tributário Nacional 
estabelece que o direito do fisco, de constituir o crédito tributário, se extingue 
após cinco anos, contados: a) do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o 
lançamento poderia ter sido efetuado; b) da data em que for anulado, por vício 
formal, o lançamento anteriormente realizado; c) da data em que for tomada 
qualquer providência administrativa conducente ao lançamento. 
O parágrafo único do art. 173 estabelece que “o direito a que se refere este 
artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, 
contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário 
pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória 
indispensável ao lançamento”. O Fisco tem cinco anos para constituir o 
crédito tributário. 
A lei é quem aponta a data em que o lançamento será efetuado. Exemplo: o IR 
é lançado no ano seguinte ao do fato imponível. O IR ano base 1996 deveria 
ser lançado em 1997. Se não foi lançado naquele ano, a Fazenda tem até o dia 
31.12.2002 para efetuar o lançamento (cinco anos contados de 1.1.1998). 
Anulado o primitivo lançamento por vício formal, pela Administração ou pelo 
Judiciário, dessa data conta-se o prazo de 5 (cinco) anos. Exemplo de 
providência administrativa conducente ao lançamento é a notificação ao 
contribuinte para que preste as declarações necessárias ao lançamento. 
Observação: a contagem do prazo – da data em que for tomada qualquer 
providência administrativa conducente ao lançamento – só vale se a 
providência for tomada no mesmo ano em que ocorrer o fato imponível. Se for 
tomada no ano seguinte, incide a regra da contagem do primeiro dia do ano 
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou seja, o dies 
a quo será 01.01 do ano seguinte (regra benéfica ao contribuinte). 
Art. 150, § 4., do Código Tributário Nacional: lançamento por homologação. 
O direito da Fazenda Pública de homologar ou corrigir o auto lançamento 
decai em 5 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato imponível. 
Decorridos os 5 (cinco) anos, opera-se a homologação tácita, cujo efeito é 
extinguir o crédito tributário. Porém, se comprovada a ocorrência de dolo, 
fraude ou simulação (a prova compete à Fazenda Pública – norma tributário 
penal), o prazo decadencial se prolonga para 20 (vinte) anos (doutrina: prazo 
máximo admitido em Direito). 
2.8 - Decadência e Prescrição das Contribuições Sociais para a 
Seguridade Social 
A Lei n. 8.212/91, art. 45, estabelece que a decadência do direito de lançar tais 
contribuições opera-se em 10 anos, contados das mesmas hipóteses previstas 
no art. 183 do Código Tributário Nacional. 
A prescrição da ação de cobrança dá-se, também, em 10 anos, conforme o art. 
146 da referida lei. Alguns autores, fundados no art. 146, inc. III, “b”, da 
Constituição Federal, sustentam a inconstitucionalidade desses dispositivos, 
pois, prescrição e decadência devem ser reguladas em lei complementar. 
Porém, essa posição é minoritária, pois, a lei complementar dispõe apenas 
sobre normas gerais. 
3 - Considerações Finais 
O Código Tributário Nacional prevê, em rol exemplificativo, onze 
modalidades de extinção do crédito tributário, havendo mais três causas de 
extinção enumeradas pela doutrina. 
Pelo exposto, foram explicadas as principais modalidades de extinção, 
destacadas nos estudos dos mais respeitados doutrinadores pátrios. 
 
4 - Referências 
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 12ª Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2006. 
CARNEIRO, Cláudio. Manual de Direito Tributário - Série Impetus 
Concursos. Rio de Janeiro: Campus, 2006. 
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 24ª Ed. São 
Paulo: Malheiros, 2004. 
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de Direito Tributário, 10.ª Edição. São 
Paulo: Saraiva, 1990. 
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 10ª Ed. 
Rio de Janeiro: Renovar, 2003. 
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