Buscar

TCC MAYANA REVISADO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
UNIDADE DIAMANTINA-MG
MAYANA FERNANDES SOUZA
A POSSIBILIDADE DO USO DE BENS MÓVEIS COMO FORMA DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR MEIO DA DAÇÃO EM PAGAMENTO
DIAMANTINA – MG
2021
MAYANA FERNANDES SOUZA
A POSSIBILIDADE DO USO DE BENS MÓVEIS COMO FORMA DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR MEIO DA DAÇÃO EM PAGAMENTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado de Minas Gerais, unidade Diamantina/MG, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Ms. Simone Murta Cardoso do Nascimento.
DIAMANTINA-MG
2021
MAYANA FERNANDES SOUZA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado de Minas Gerais, unidade Diamantina/MG, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Direito. Aprovada em 
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________
Prof. Dr. Ms. Simone Murta Cardoso do Nascimento.
_________________________________
Avaliador 1
_________________________________
Avaliador 2
Dedico este à minha mãe, Salete que me apoiou incansavelmente durante a trajetória acadêmica. Ao meu pai, José Carlos (in memoriam), por ter sido meu exemplo de garra e persistência.
“Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis à nós mesmos”.
(Friedrich Nietzsche)
AGRADECIMENTOS
É chegado o momento de celebrar esta conquista. Foi um longo e árduo caminho percorrido, mas a sensação de dever cumprido é imensamente satisfatória. Mas em cada curva dessa trajetória, estava Deus com sua presença viva me amparando e guiando meus passos. À Ele toda honra e toda glória.
Impossível seria dizer que essa conquista é somente minha. Por trás de cada percalço, tive as mãos firmes da minha amada mãe me segurando. Em cada momento de alegria também tive o privilégio de dividir as boas emoções com ela. Por inúmeras vezes ela abdicou dos próprios sonhos por mim: D. Salete, gratidão por tanto, a senhora é um exemplo de vida para mim. Te amo infinitamente e lhe serei eternamente grata por tudo. Meu querido pai (in memoriam), gostaria muito de ter proporcionado ao senhor essa felicidade. Você, com quem tanto me pareço, que é meu espelho de força e determinação nos momentos difíceis, só tenho o que agradecer.
	Um fato dessa vida é que todas as pessoas mereciam ter por perto uma Tia Miriam e tio Nascimento. Ela que é sinônimo de carinho, zelo e compreensão. Que tem um colo aconchegante e um coração tão lindo que é um orgulho chamá-la de tia. Contribuíram de forma singular para que eu alcançasse esse objetivo com êxito, me proporcionando dias incríveis ao lado deles e mesmo quando estamos longe, se fazem presente. Muito obrigada por tudo, tios.
	À toda minha família Fernandes e Souza, agradeço pelo apoio incondicional e por todas as orações. Cada um de vocês participou da realização deste sonho, e levarei gratidão comigo para sempre.
	Já dizia o sábio Vinícius de Moraes: “Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos”. Com essas palavras agradeço a todos os amigos que fiz nessa caminhada, aos que ficaram, aos que se foram, todos estão guardados na memória do meu coração. Babi, Dani, Pri, Diovana, Carolzinha, Uirá e família, Saulo, Amanda e família, Lílian, Rafael e Jonathan. Vocês fizeram e fazem a diferença nos meus dias. Muito obrigada.
	À minha orientadora, Simone. Obrigada por encarar o desafio de conduzir esse trabalho em uma área diversa da sua. Levarei seus ensinamentos em sala de aula e durante a monografia por toda minha carreira profissional.
	Poderia escrever um livro de gratidão a tantas pessoas iluminadas que Deus colocou em meu caminho para deixar os dias mais leves e outras tantas que vieram com o intuito de me ensinar tanto sobre a vida, mas por hoje encerro aqui meus agradecimentos.
RESUMO
	O presente estudo tem por escopo analisar a possibilidade de extinguir o crédito tributário por meio da dação em pagamento de bens móveis sem ferir os princípios licitatórios que são resguardados pela Constituição Federal. É essencial para a atividade financeira do Estado a arrecadação de tributos, porém o contribuinte muitas vezes não consegue arcar com essas despesas incorrendo em dívida ativa. Preliminarmente buscou-se explanar os princípios basilares ao analisar o instituto do crédito tributário com clareza e objetividade, também sua natureza jurídica e como se dá a formação da obrigação tributária. Ademais discutiu-se as formas de extinção do crédito tributário com ênfase na dação em pagamento. A partir destes pressupostos trouxemos as leis pertinentes e o posicionamento dos tribunais superiores. Essa temática da dação em pagamento de bens móveis vem sendo discutida amplamente e não é pacificada na jurisprudência, mas é um assunto relevante no contexto jurídico e acadêmico.
Palavras-Chave: direito tributário, dação em pagamento, direito civil
ABSTRACT
	The present study aims to analyze the possibility of extinguishing the tax credit through the donation in payment of movable assets without violating the bidding principles that are protected by the Federal Constitution. It is essential for the financial activity of the State to collect taxes, but the taxpayer is often unable to afford these expenses by incurring an active debt. Initially, we sought to explain the basic principles when analyzing the tax credit institute with clarity and objectivity, also its legal nature and how the formation of the tax obligation takes place. In addition, the forms of extinction of the tax credit were discussed with an emphasis on the donation in payment. Based on these assumptions, we have brought the relevant laws and the position of the higher courts. This issue of donation in payment for movable goods has been widely discussed and is not pacified in the jurisprudence, but it is a relevant subject in the legal and academic context.
Keywords: tax law, donation in payment, civil law 
Sumário
INTRODUÇÃO	10
1. DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO	11
1.1	Princípios Constitucionais Tributários	12
1.1.1 Princípio da Legalidade Tributária	12
1.1.2 Princípio da Isonomia	13
1.1.3 Princípio da Irretroatividade	13
1.1.4. Princípio da Anterioridade Tributária e Anterioridade Nonagesimal	13
1.1.5. Princípio do Não Confisco	14
1.1.6. Princípio da Capacidade Contributiva	14
1.2. Natureza Jurídica do Crédito Tributário	15
1.3. Elementos da Obrigação Tributária	17
2. DAS FORMAS DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO	21
2.1. Hipóteses extintivas do Art. 156 do Código Tributário Nacional	21
2.2 Da Dação em Pagamento	25
2.3 Aplicabilidade da Dação em Pagamento no Direito Tributário	27
3. DAÇÃO EM PAGAMENTO DE BENS MÓVEIS E A EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO	30
3.1 Legislação e doutrina	30
3.2 Jurisprudência	35
3.3 Impedimentos e desafios	38
CONCLUSÃO	40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	41
INTRODUÇÃO
	É notória a dificuldade que o cidadão contribuinte encontra em regularizar sua situação com o Fisco uma vez que a dívida ativa já esteja configurada. Inúmeros são os motivos, que vão desde a situação financeira até mesmo com a burocracia para negociar uma situação de pendência.
	Então, o presente trabalho aborda essa temática, de uma possibilidade que o cidadão tenha em extinguir sua obrigação tributária por meio da dação em pagamento de bens móveis, uma vez que a hipótese de dar em troca um bem imóvel já é amparada por lei.
	O enfoque do tema concerne em analisar a possibilidade de usar esse instituto na forma de bem móvel para sanar crédito tributário, dentro dos princípios basilares, visão da doutrina, limites constitucionais, legislação específica e jurisprudência.
	O estudo se divide em três capítulos, onde no primeiro instante, difunde-se as origens e do crédito tributário, juntamente com seus princípios constitucionaise natureza jurídica, a fim de elucidar como se dá a obrigação tributária.
	No segundo capítulo, cita-se as formas de extinção do crédito tributário, de forma mais sucinta, e com ênfase ao objeto deste trabalho que é a dação em pagamento, disposta no art. 156, XI do CTN. Após essa explanação, contextualiza-se este instituto dentro dos ramos do direito civil e tributário, onde verificamos sua origem e aplicabilidade.
	Para finalizar o trabalho, no terceiro capítulo faz-se necessário apresentar a legislação pertinente ao tema, no mesmo instante em que se expõe os entendimentos jurisprudenciais. Neste momento é o foco do estudo, onde evidenciamos os impedimentos e desafios para alcançar o problema discutido.
1. DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Nas palavras de Hugo de Brito Machado[footnoteRef:1], para viver em sociedade, necessitou o homem de uma entidade com força superior, bastante para fazer as regras de conduta, para construir o direito positivo. Dessa necessidade nasceu o Estado (...). [1: MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 37ª ed., Malheiros. 2016. P. 23.] 
O Direito Tributário compõe um dos ramos do Direito Público, e tem natureza obrigacional, visto que regula as relações jurídicas oriundas de crédito e débito. O Estado necessita da atividade financeira obtida com a arrecadação, no caso de impostos, para manter suas despesas operacionais em funcionamento.
Machado (2016) reforça que a tributação é, sem sombra de dúvida, o instrumento de que se tem valido a economia capitalista para sobreviver. Sem ele não poderia o Estado realizar seus fins sociais, a não ser que monopolizasse toda a atividade econômica. O tributo é inegavelmente a grande e talvez única arma contra a estatização da economia.
Nogueira[footnoteRef:2] pormenoriza a concepção do Direito Tributário: [2: NOGUEIRA, R. B. Curso de Direito Tributário. 14ª ed., São Paulo. Saraiva. 1995. P. 15] 
O Direito Tributário continua ordenando segundo os princípios do Estado de Direito e então, em contrapeso à exigência e à coação unilateral do Fisco, é posto à disposição do obrigado um processo definitivo, por meio de vários remédios jurisdicionais disciplinados pelo próprio Estado, que outorgam ao obrigado uma tutela jurídica adequada para poder opor-se à exigência que considere injustificada.
Contudo, apesar da tributação ser essencial ao funcionamento do Estado, o poder de tributar é dotado de limites constitucionais. Toda e qualquer violação poderá ensejar uma ação do Poder Judiciário afim de sanar e conter a situação antijurídica. Tais limites e restrições são fundamentos normativos que norteiam a aplicação da legislação tributária.
Nos ensinamentos de Celso Antônio Bandeira de Mello[footnoteRef:3]: [3: MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 12ª ed., Malheiros, 2000, P. 748.] 
“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada.”.
Baseando-se em Aristóteles e utilizando metáforas, Humberto Ávila[footnoteRef:4] demonstra de forma bastante didática o que são os princípios: “São vigas mestras do ordenamento, assim como os pilares para um edifício, o leme para o barco, os pais para os filhos e o poder para o Estado”. [4: ÂMBITO JURÍDICO. Princípios de direito tributário. Disponível em: https://www.aurum.com.br/blog/principios-do-direito-tributario/. Acesso em: 30/12/2020. ] 
A Constituição da República impõe limites à tributação em sua redação, afim de proteger o patrimônio do contribuinte contra o poder do Estado. Sabbag[footnoteRef:5], entende como limitação ao poder de tributar toda e qualquer restrição imposta pela Constituição Federal às entidades dotadas desse poder. [5: SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do direito tributário, 8ª ed., Premier. 2006. P. 20.] 
	Intitula-se por crédito tributário, a formalização de uma situação jurídica onde o sujeito ativo, competente por tornar a prestação líquida e certa, deve exigir do sujeito passivo o cumprimento da obrigação tributária. Toda a limitação do Estado em tributar, é amparada pela Carta Magna e pela legislação complementar do CTN, juntamente com os princípios que norteiam esse ramo do direito.
Dentro das formas de extinguir a obrigação tributária, destaca-se a dação em pagamento de bens imóveis e a possibilidade do uso de bens móveis para tal, que é o objeto desse estudo como veremos em capítulo posterior. Contudo, antes de adentrar à natureza jurídica do crédito tributário e suas formas de extinção, necessário se faz tecer alguns comentários sobre os princípios que regulam o Direito Tributário em geral.
1.1 Princípios Constitucionais Tributários
1.1.1 Princípio da Legalidade Tributária
Sob o prisma da Administração Pública, o princípio da legalidade tributária versa sobre a possibilidade de só fazer o que a lei permitir. Encontra-se disposto na letra do art. 150, I da CF/88: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal: I- exigir ou aumentar tributos sem que a lei estabeleça”, c/c art. 97 do CTN: “Somente a lei pode estabelecer: I- instituição de tributos, ou a sua extinção”. 
A regra é clara, só se pode instituir algum tributo por meio de lei ordinária ou lei complementar e desde que não ultrapasse os limites constitucionais do princípio da legalidade tributária. 
É mister salientar a velha máxima de que “quem pode o mais pode o menos”, sendo assim cabe ao Presidente da República o poder de reduzir alíquotas de impostos quando for devido.
1.1.2 Princípio da Isonomia
O princípio da igualdade ou isonomia está previsto no art. 150, II, da Constituição Federal e versa sobre o tratamento igualitário para seus contribuintes iguais, e, os desiguais, na medida das suas desigualdades. O texto legal assim se posiciona:
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...)
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.”.
	Eis um dos princípios basilares de maior relevância do direito tributário constitucional, pois assegura aos contribuintes uma política democratizada. 
1.1.3 Princípio da Irretroatividade 
	Conforme explicita a Constituição Federal, em seu art. 150, III, “a”:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III - cobrar tributos:
 a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; (...)
	A lei deve abranger fatos geradores ocorridos após sua entrada em vigor, jamais em situações já decorridas. A lei tributária não retroage, portanto, se aplica no momento da materialização da situação tributária que origina o fato gerador.
1.1.4. Princípio da Anterioridade Tributária e Anterioridade Nonagesimal
	O primeiro, conforme dispõe o art. 150, III, “b”, da Constituição da República, “(...) é vedado à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal, cobrar tributos: no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”.
	Em outras palavras, o ente federativo não pode cobrar tributo no mesmo ano fiscal que a lei tenha sido publicada. Esse princípio garante que o contribuinte não seja pego desprevenido ao se depararcom algum crédito tributário não esperado.
	E o segundo, quanto a anterioridade nonagesimal tem o mesmo respaldo jurídico do princípio da anterioridade, porém se encontra no art. 150, III, “c”, da Constituição Federal e veda a cobrança de tributos antes de transcorridos 90 (noventa) dias da data da lei que os instituiu.
1.1.5. Princípio do Não Confisco
	Nas palavras de Sabbag[footnoteRef:6], o tributo é inexorável, mas o “poder de tributar” não deve ser o “poder de destruir” ou de aniquilar o patrimônio do sujeito passivo. [6: SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do direito tributário, 8ª ed., Premier. 2006. P.41.] 
Nota-se que esse princípio delimita a questão da tributação em excesso, para afastar o caráter confiscatório e não contributivo do mesmo. Essa vedação está disposta na Carta Magna, em seu art. 150, IV:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco. (...)
	Nesse caso, pode-se observar que o legislador se preocupou em proteger a eficácia mínima dos princípios da proteção da propriedade e da liberdade em favor do sistema tributário, garantindo a vedação ao confisco. Cabe ressaltar que essa vedação é pertinente ao tributo, não à penalidade pecuniária, em outras palavras, multa.
1.1.6. Princípio da Capacidade Contributiva 
	A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a norma que expressa o princípio da capacidade contributiva em seu art. 145, § 1º:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
(...)
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
	Nos ensinamentos de Sabbag	[footnoteRef:7], esse subprincípio vem reforçar o princípio da isonomia tributária. Apregoa a graduação de incidência quanto aos impostos pessoais, no tocante à fixação de alíquotas diferenciadas, com o fito de promover a justiça fiscal. Traduz-se do brocardo “quanto mais se ganha, mais se paga”. [7: SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do direito tributário, 8ª ed., Premier. 2006. P. 36.] 
	O princípio da capacidade contributiva reforça a ideia de igualdade tributária, onde a cobrança dos tributos em geral será imputada na medida exata à possibilidade do contribuinte. A característica da pessoalidade assegura o respeito e limite às condições de cada cidadão contribuinte.
Hugo de Brito Machado esclarece, que: “Ter caráter pessoal significa ser calculado, ou ter o seu montante determinado, conforme as peculiaridades e características inerentes a cada contribuinte. ”
O legislador ao agregar esse princípio ao rol das normas constitucionais tributárias, levou em consideração os preceitos da justiça fiscal, para evitar uma cobrança exagerada de tributos aos menos favorecidos de recursos, tentando manter uma justiça igualitária nas proporções de cada cidadão.
1.2. Natureza Jurídica do Crédito Tributário
Crédito, do latim creditu, dá-se através da confiabilidade das partes. No campo tributário, o crédito representa o vínculo jurídico que obriga o contribuinte a arcar com prestação devida ao Estado, que carece dessa obrigação para sanar as despesas operacionais de seu funcionamento e revertê-las em prol do contribuinte por meios de direitos sociais assegurados pela Constituição Federal.
O crédito tributário surge no instante em que se instaura a obrigação tributária dentro da relação jurídica tributária. Nas palavras de Rosa Junior[footnoteRef:8]: [8: ROSA JUNIOR, Luiz Emygdio Franco da. Manual de Direito Financeiro e Direito Tributário. 18ª ed., Rio de Janeiro. Renovar, 2005.] 
Assim, o crédito tributário consiste na formalização da relação jurídica tributária, autorizando ao Fisco, como sujeito ativo, exigir do sujeito passivo, o cumprimento da obrigação tributária principal da qual se deriva. A obrigação tributária existe na lei, quando define a hipótese de incidência do tributo, efetiva-se com a ocorrência do fato gerador e formaliza-se com o lançamento, que constitui o crédito.
	Corroborando com esse conceito, Sabbag[footnoteRef:9], afirma que o crédito tributário representa o momento da exigibilidade da relação jurídico-tributária. Seu nascimento ocorre com o lançamento tributário, o que nos permite definir o crédito tributário como uma obrigação tributária lançada ou obrigação tributária em estado ativo. [9: SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do direito tributário, 8ª ed., Premier. 2006. P. 213.] 
Essa prestação do contribuinte para com o Estado tem caráter obrigatório, deve ser instituída por lei e a competência de cobrar é da Administração Pública. O CTN traz em seu art. 3º, o conceito de tributo:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
A Constituição Federal não cria os tributos, outorga a competência para que os entes federados assim o façam. Nesse sentido, corrobora Sabbag[footnoteRef:10]: “A competência tributária é a habilidade privativa e constitucionalmente atribuída ao ente político para que este, com base na lei, proceda à instituição da exação tributária”. [10: SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, P. 339.] 
Ainda acerca da competência tributária, temos a lição de Moraes[footnoteRef:11]: [11: MORAES, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1993. 1º V., P. 266.] 
“A competência tributária, que compreende a competência legislativa plena, constitui uma atribuição constitucional, não podendo, pois ser alterada por normas jurídicas menores. Deve ela respeitar, portanto, os princípios e as normas constitucionais, bem como a hierarquia das leis tributarias (CTN, art. 6.°). Daí o princípio da indelegabilidade da competência tributária. A competência tributária ‘é indelegável’, dispõe o Código Tributário Nacional, (art. 7.°). Sendo parcela de poder, a competência tributária tem a natureza deste e, portanto, torna se intransmissível. Sua aquisição deve ser sempre originária, com fulcro na soberania do Estado. O poder ‘é em si e por si intransmissível’, lembra Benedetto Cocivera. Somente a pessoa jurídica de direito público constitucional a quem tenha sido atribuída competência tributária, cabe a competência para legislar sobre o respectivo tributo. Outras pessoas não podem fazê lo, sob pena de invasão de competência tributária ou prática de ato de incompetência tributária.”
“De se notar que a atribuição de competência tributária, por obra de disposição constitucional, a uma pessoa de direito público, outorga a esta uma faculdade que pode ou não ser utilizada. A entidade tributante não é obrigada a decretar o tributo. Devemos ver que, na hipótese do não exercício da competência tributária nenhum direito perde o poder tributante. O não uso da competência tributária não provoca decadência do respectivo direito, pois o poder fiscal é imprescritível por natureza. E nem pode, a entidade tributante, por sua vez, deferir tal parcela de poder a outra pessoa, pois a matriz da atribuição de competência tributária é unicamente: a Constituição. Corolário da afirmação de que a competência legislativa é indelegável, temos essa outra conclusão: o não exercício da competência tributária não a defere a pessoa diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído. A conclusão é evidente.”
	A competência para tributar se caracteriza pela indelegabilidade, visto que é vedado ao ente político transmitir autonomia conferida pela Constituição Federal a outro ente para as funções de tributar. Não se confunde a qualidade de indelegávelcom a atribuição de encarregar a outrem função arrecadatória.
	Outro aspecto relativo à competência é a irrenunciabilidade, impedindo o ente federado de renunciar ao poder que lhe foi outorgado constitucionalmente. É importante frisar que a competência tributária não afasta a possibilidade de delegar funções dentro da Administração Pública. 
1.3. Elementos da Obrigação Tributária
É notório que o Estado necessita dos encargos financeiros que advém de arrecadação de impostos para manter suas despesas operacionais em funcionamento. O tributo é a forma que o cidadão tem de contribuir, e, em troca é oferecido ao contribuinte os direitos garantidos pela Constituição Federal.
Tal obrigação tributária se constitui através do chamado fato gerador, que conforme esclarece o art. 114 do CTN: “Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. Se o fato gerador for oriundo de obrigação acessória, se difere apenas por ser uma situação prevista na legislação que institui a prática ou abstenção do ato que não represente a obrigação principal.
Sabbag[footnoteRef:12] elucida que a hipótese de incidência tributária representa o momento abstrato, previsto em lei, hábil a deflagrar a relação jurídico-tributária. Caracteriza-se pela abstração, que se opõe à concretude fática, definindo-se pela escolha, feita pelo legislador, de fatos quaisquer, no mundo fenomênico, propensos a ensejar o nascimento do episódio jurídico-tributário. [12: SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, P. 166.] 
Em outros termos, a hipótese de incidência é o momento subjetivo em que o acontecimento tributário tende a se deflagrar por meio do fato gerador, momento de relevância para que o crédito tributário aconteça na forma da lei. Para que o Estado possa pleitear o direito ao crédito, o lançamento deve ser certo, líquido e exigível.
Ataliba[footnoteRef:13], explana que o fato gerador é a materialização da hipótese de incidência, representando o momento concreto de sua realização, que se opõe a abstração do paradigma legal que o antecede. [13: ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª ed., 3 tir. São Paulo. Malheiros, 2002.] 
Melhor dizendo, o fato gerador tributário é uma situação descrita em lei, imputada ao pagamento de impostos para arrecadação do Estado. Todo e qualquer cidadão que realizar o fato gerador poderá ser polo passivo na relação jurídica tributária e terá que cumprir obrigações com o Fisco.
O fato gerador tem relevância pois define a lei que será aplicada no momento da hipótese de incidência, reforçando o princípio da irretroatividade tributária que já fora menciona anteriormente. A autoridade competente para tributar deve-se valer da lei em vigor pertinente para não cometer uma cobrança indevida constitucionalmente.
As partes que compõe essa relação jurídica-tributária são intituladas sujeitos ativo e passivo. O CTN em seu art. 119 esclarece que: “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento”. Ou seja, o lado credor da relação obrigacional, é o ente federativo, Município, Estado ou União.
	As pessoas jurídicas de Direito Público são os detentores da função fiscalizatória dos tributos. Se subdividem em diretos e indiretos. O sujeito ativo direto são os entes federados, União, Estados, Municípios e Distrito Federal. O sujeito ativo indireto são os entes parafiscais, que detém poder de arrecadar e fiscalizar a tributação.
Para ilustrar a figura do sujeito passivo, novamente o CTN, em seu art. 121 elucida:
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
 Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - Contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
 II - Responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.[footnoteRef:14] [14: BRASIL, Código Tributário Nacional (1966), Capítulo IV – Sujeito Passivo, Art. 121. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em: 05 de março de 2021.] 
	Observando a citação acima, em seu inciso I, se trata da distinção do sujeito passivo direto, e, em no segundo inciso, o legislador ilustra o sujeito passivo indireto, destinatário do crédito tributário
	Após clarificar todos os elementos da relação jurídica tributária, é importante delimitar o objeto da obrigação tributária. Nos dizeres de Sabbag[footnoteRef:15], equivale à prestação a que se submete o sujeito passivo diante do fato imponível deflagrador da obrigação tributária. Essa prestação, pode ser pecuniária, caracterizada como obrigação principal, ou não pecuniária, qualificada como obrigação acessória. [15: SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 8ª ed., São Paulo. Saraiva, 2016. P. 741.] 
	O vínculo jurídico necessário entre os sujeitos da relação jurídico tributária é o fato gerador, conforme foi explanado. A causa dessa obrigação advém da força da lei, amparada pelos limites constitucionais.
É mister salientar nesse momento o conceito do lançamento nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
 Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.[footnoteRef:16] [16: BRASIL, Código Tributário Nacional (1966), Capítulo II – Constituição de crédito tributário, Art. 142	. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em: 05 de março de 2021.
] 
	Ainda sobre o lançamento, Sabbag[footnoteRef:17] acertadamente afirma que: é ato documental de cobrança por meio do qual se declara a obrigação tributária nascida do fato gerador. Deste conceito deflui a natureza declaratória do lançamento, que opera efeitos ex tunc, em abono ao Princípio da Irretroatividade, segundo o qual a lei deve anteceder os fatos geradores aos quais ela se refere. É mister destacar que o fato gerador, por sua vez, opera efeitos ex nunc, caracterizando-se como ato que cria direitos e deveres, portanto ato constitutivo. [17: SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do direito tributário, 8ª ed., Premier. 2006. P. 214.] 
	Portanto, o lançamento é um documento que confere a exigibilidade da obrigação tributária, oriundo de um ato administrativo discricionário e privativo do Fisco. Esse instrumento deve clarear a quantia e qualidade do débito do contribuinte.
	Com o crédito tributário definido, poderá fazer-se inexigível em três hipóteses: a suspensão, a exclusão e a extinção. As possibilidades de suspensão dessa exigibilidade, estão dispostas no art. 151 do CTN[footnoteRef:18]. A exclusão ocorre pela anistia e isenção. [18:  Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:   I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento.] 
Porém, como não se trata do objeto deste trabalho, vamos nos ater as possibilidades de extinção do crédito tributário, conforme veremos de forma sucinta no capítulo seguinte, com ênfase na dação em pagamento que constitui objeto deste estudo.
2. DAS FORMAS DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
Consoante o pensamento de Jardim[footnoteRef:19], “sob a imprecisa denominação “Extinção do Crédito Tributário”,o legislador do Código Tributário Nacional cuidou da matéria relativa à extinção. A impropriedade terminológica, diga-se de passagem, repousa na alusão à parte quando se cogitar referir ao todo, no caso, à obrigação”. [19: JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de Direito Financeiro e Tributário. 11º ed., São Paulo. Saraiva 2010. P. 451.] 
Em outras palavras, o que se extingue não é de fato o crédito, mas sim a obrigação oriunda da relação jurídica tributaria.
A forma mais comum de extinguir a obrigação tributária é através do pagamento da prestação devida, mas o art. 156 do Código Tributário Nacional, com efeito da Lei nº 5.172/1996, prevê outras hipóteses conforme citaremos brevemente a seguir, com ênfase ao inciso XI do citado artigo, que trata sobre a dação em pagamento de bens imóveis.
Para analisarmos melhor a dação em pagamento de bens móveis, objeto do presente estudo, faz-se necessário pontuar brevemente sobre cada uma das causas de extinção do crédito tributário, especificadas a seguir.
2.1. Hipóteses extintivas do Art. 156 do Código Tributário Nacional
	Embasadas nos princípios citados no capítulo anterior, as causas de extinção do crédito tributário estão elencadas no art. 156 do CTN, com o seguinte texto:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - a remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos
do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do
artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na
órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições
estabelecidas em lei. (Incluído pela LC nº 104, de 10.1.2001)
O pagamento é o meio mais usual de extinção da obrigação tributária. Consiste na entrega ao sujeito ativo da quantia em pecúnia correspondente à prestação devida. É uma modalidade extintiva direta de extinguir o crédito tributário.
	É imprescindível que seja feito mediante os termos da lei, para que seja cumprido os requisitos de praxe legal. Caso o pagamento seja feito indevido, o sujeito passivo tem direito à restituição da quantia.
	Já a compensação é pontuada por Machado[footnoteRef:20] como que um encontro de contas. Se o obrigado ao pagamento do tributo é credor da Fazenda Pública, poderá ocorrer uma compensação pela qual seja extinta sua obrigação, isto é, o crédito tributário. [20: MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 37ª ed., Malheiros. 2016. P. 216.] 
	Essa modalidade indireta de extinção do crédito tributário teve total influência do Direito Privado, onde nos artigos 356 a 359[footnoteRef:21] do Código Civil encontra-se a regulação dessa possibilidade. [21: BRASIL, Código Civil Brasileiro (2002), Capítulo V – Da Dação em Pagamento, Arts. 356 a 359. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 05 de março de 2021.
“Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.”.
] 
	Sabbag[footnoteRef:22] explana que a compensação não pode ser feita ao bel-prazer do contribuinte, pois carece de lei autorizativa e, mais especificamente, de uma autorização do Executivo. [22: SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do direito tributário, 8ª ed., Premier. 2006. P. 260.] 
	Em relação a transação pode-se dizer é uma modalidade indireta de extinção do crédito tributário, e, trata de concessões acordadas entre o Fisco e o contribuinte com objetivo de colocar fim à demanda, sendo ônus e vantagens recíprocas entre as partes.
	Segundo o preceito do Código Tributário Nacional, em seu art. 171, “a lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em terminação de litígio e consequente extinção do crédito tributário”.
Se respaldam nos artigos 840 a 850 do Código Civil, e dependem de lei autorizativa para ser instituída. A legislação tributária não permite que a transação ocorra de forma preventiva, somente extintiva.
	Nas palavras de Machado[footnoteRef:23], remissão é perdão. É dispensa. Esta modalidade de extinção do crédito tributário, só pode ser concedida pela autoridade administrativa, e para tanto deve ser expressamente autorizada por lei. Pode, também, embora não diga o Código Tributário Nacional, ser concedida diretamente pela lei. (...) A remissão não se confunde com anistia. [23: MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 37ª ed., Malheiros. 2016. P. 222.] 
	O art. 172 do CTN, traz as de hipóteses desse instituto:
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:
 I - à situação econômica do sujeito passivo;
 II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
 III - à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
	Consoante os ensinamentos de Machado[footnoteRef:24], podemos definir a decadência como a extinção da relação jurídica obrigacional tributária entre o Fisco e o contribuinte pelo decurso de determinado tempo sem que a Fazenda Pública exerça o direito de constituir o crédito tributário. [24: MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 37ª ed., Malheiros. 2016. P. 223.] 
	Tal decurso de tempo, é estipulado pelo Código Tributário Nacional em 5 (cinco) anos, a contar do lançamento efetivado. A prescrição distingue-se da decadência no tocante em que esta perde o direito a ação.
	Sobre a conversão de depósito em renda, Sabbag[footnoteRef:25] elucida que após decisão definitiva administrativa ou judicial favorável ao sujeito ativo, o depósito integral efetuado nos autos é convertido em renda a favor daquele, extinguindo-se o crédito tributário. [25: SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do direito tributário, 8ª ed., Premier. 2006. P. 266.] 
	É permitido o depósito, mesmo sem que ainda haja o crédito tributário, na possibilidade de o tributo ser sujeito a lançamento por homologação.
	Em casos de pagamento antecipado, Machado[footnoteRef:26] pontua que nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o sujeito passivo faz o pagamento respectivo com base em apuração por ele próprio feita. Então o pagamento é chamado de antecipado, porque ocorreu antes do lançamento. [26: MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 37ª ed., Malheiros. 2016. P. 229.] 
	A consignação em pagamento tem hipóteses específicas nos termos do art. 164 do CTN[footnoteRef:27], e se trata de uma ação própria para resguardar o direito do sujeito passivo de pagar devidamente o tributo. A ação consignatória segue os preceitos do Código de Processo Civil. [27: Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. § 1º A consignaçãosó pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar. § 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
] 
	As decisões administrativas irreformáveis são referentes às decisões favoráveis ao sujeito passivo, em caso oposto, não excluem o crédito tributário, pois o contribuinte ainda pode recorrer judicialmente.
	Na hipótese de decisão judicial passado em julgado, Sabbag[footnoteRef:28] esclarece que é causa extintiva do crédito tributário, uma vez que representando o último pronunciamento a ser emitido por autoridades julgadoras, quanto à lides que se apresentam à sua apreciação. [28: SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do direito tributário, 8ª ed., Premier. 2006. P. 268.] 
	Por fim, a última hipótese do art. 156 do CTN trata da dação em pagamento, que constitui objeto deste trabalho. Será melhor apresentada nos próximo tópicos deste capítulo, mas resumidamente, esse instituto está previsto no Código Civil, nos artigos 356 a 359[footnoteRef:29], foi incluída à legislação tributária por meio da Lei Complementar nº 104/2001, e segundo Sabbag[footnoteRef:30], corresponde ao ato de dar em pagamento algo em substituição à pecúnia. [29: Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão. Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.] [30: SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 8ª ed., São Paulo. Saraiva, 2016. P. 951.] 
2.2 Da Dação em Pagamento
	Francisco dos Santos[footnoteRef:31] explana que dação em pagamento, chamada datio in solutum, tem a sua origem no Direito Romano. A entrega de coisa diferente da contratada para o cumprimento da obrigação, aliud pro alio, é admitida na legislação brasileira, como forma de adimplemento e extinção da obrigação, sendo prevista nos artigos 356 a 359 do CC/2002. [31: SANTOS, Francisco José Rezende dos. A dação em pagamento e o novo código civil. Direito Contemporâneo. 2021. Disponível em: < http://www.direitocontemporaneo.com/wp-content/uploads/2014/02/Santos-Dac%CC%A7a%CC%83o-em-pagamento.pdf> Acesso em: 10 de fevereiro de 2021.] 
Salienta-se que esse instituto é uma figura trazida do Direito Privado, sendo mais específico, advém do direito das obrigações, e se trata de um acordo entre credor e devedor, em que o sujeito ativo da relação concorda em receber algo diverso do que acordado anteriormente com o sujeito passivo.
	Maria Helena Diniz[footnoteRef:32], tem o mesmo entendimento e disserta que: [32: DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. São Paulo: Saraiva, 2008. P. 198.] 
É o acordo liberatório feito ente credor e devedor em que aquele consente na entrega de uma coisa diversa da avençada. Por exemplo, se A deve a B uma quantia em dinheiro e propõe saldar seu débito mediante a entrega de um terreno sendo aceita sua proposta pelo credor, configurada estará a dação em pagamento, extinguindo-se a relação obrigacional, por ter a mesma índole do pagamento, sendo, porém, indireta.
Em outras palavras, esse instituto jurídico é um acordo entre as partes, onde o credor aceita receber algo diverso do que lhe era devido, e essa transação coloca fim à obrigação tributária.
Para Venosa[footnoteRef:33], a natureza jurídica da dação em pagamento é de um negócio jurídico bilateral, oneroso e real, e com a finalidade de extinguir a dívida. Para que ocorra a dação, há necessidade de uma obrigação previamente criada, um acordo posterior, em que o credor concorda em aceitar coisa diversa e, por fim, a entrega da coisa diversa com a finalidade de extinguir a obrigação. [33: VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. Obrigações e Responsabilidade civil. 19ª ed., São Paulo: Atlas. 2019. P. 315.] 
Podemos dizer então que para que ocorra de fato a dação em pagamento, é de suma importância que haja de um lado, o credor, do outro, o devedor, e que exista uma obrigação entre as partes que levem a anuir o pagamento desta, com prestação diferente da acertada anteriormente.
No mesmo sentido, Carlos Roberto Gonçalves[footnoteRef:34] elucida que: [34: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: teoria gera das obrigações. São Paulo: Saraiva, 2008. P. 307.] 
A dação em pagamento é um acordo de vontade entre o credor e o devedor, por meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo para exonerá-lo da dívida, prestação diversa da que lhe é devida. No entanto, se aceitar a oferta de uma coisa por outra, caracterizada estará a dação em pagamento. Tal não ocorrerá se as prestações forem da mesma espécie.
Essa modalidade indireta de extinção de crédito tributário, foi instituída pela Lei Complementar n. 104/2001, e necessita de lei ordinária que especifique certas normas e condições para que seja aceito o pagamento com bens imóveis.
Tartuce[footnoteRef:35] menciona que, a respeito da concordância do credor, bem concluiu o Superior Tribunal de Justiça que “a origem do instituto da dação em pagamento traduz a ideia de acordo, realizado entre o credor e o devedor, cujo caráter é liberar a obrigação, em que o credor consente na entrega de coisa diversa da avençada, nos termos que dispõe o art. 356, do Código Civil.” (...) (STJ, REsp 1138.993/SP, Rel. Min. Massami Uyeda, Terceira Turma, j. 03.03.2011, DJe 16.03.2011). [35: TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Direito das obrigações e responsabilidade civil v - 2. 14ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2019. P. 183.] 
A dação em pagamento é amparada pelo art. 3º do Código Tributário Nacional, que menciona que o pagamento do tributo deve ocorrer mediante moeda ou valor que nela se possa exprimir. Ao permitir, na forma da lei prestação diversa como pagamento, o direito tributário acolhe esse instituto como forma de extinção do crédito tributário, antes mesmo da entrada em vigor da LC n. 104/2001.
Há juristas que defendem que essa possibilidade já era válida mesmo antes do vigor da supracitada lei. Alexandrino e Paulo[footnoteRef:36] esclarecem: [36: ALEXANDRINO, Marcelo Paulo, Vicente. Manual de direito tributário. Rio de Janeiro. Impetus. 2006. P.266] 
Mesmo antes da LC nº 104/201, havia autores que entendia, ser possível a quitação de tributos mediante dação em pagamento, uma vez que o art. 3º do CTN afirma ser tributo uma prestação pagável em moeda ou em valor que possa ser expresso em moeda.
Há algumas divergências tanto na doutrina quanto na jurisprudência sobre o acolhimento deste instituto como forma de extinção do crédito tributário, ao passo que discutiremos essa diversidade de pensamentos em capítulo próprio.
2.3 Aplicabilidade da Dação em Pagamento no Direito Tributário
Grande parte da doutrina acolhe o rol do art. 156 do CTN como taxativo, em outras palavras, sendo impossíveis a existência de demais formas de extinção do crédito tributário. Porém, para alguns juristas, esse rol é exemplificativo, conforme dispõe Amaro[footnoteRef:37]: [37: AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14ª ed., São Paulo. Saraiva. 2008. P. 330 e 331] 
O rol do art. 156 não é taxativo. Se a lei pode o mais (que vai até o perdão da dívida tributária) pode também o menos, que é regular outros modos de extinção do dever de parar tributo. A dação em pagamento, por exemplo, não figurava naquele rol até ser acrescentada pela Lei Complementar nº 104/2001; como essa lei só se refere à dação de imóveis, a dação de outros bens continua não listada, mas nem por isso se deve considerar banida. 
Para Machado[footnoteRef:38], esse disposto incluso é rigorosamente inútil,pois nada acrescentou ao direito tributário brasileiro, já que o dispositivo não autoriza adquirir bens imóveis sem a observância das normas de direito administrativo aplicáveis à Fazenda Pública. [38: MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 37ª ed., Malheiros. 2016. P. 231.] 
	A letra da lei inserida no inciso XI do art. 156 do CTN não era autossuficiente e carecia de regulamentação especial por lei ordinária de cada ente federado. Em âmbito federal, com o advento da Lei nº 13.313/2016, que editou a Lei nº 13.259/2016 em seu art. 4ª, resumiu-se como deve proceder a dação em pagamento para extinção do crédito tributário.
“ Art. 4º O crédito tributário inscrito em dívida ativa da União poderá ser extinto, nos termos do inciso XI do caput do art. 156 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional , mediante dação em pagamento de bens imóveis, a critério do credor, na forma desta Lei, desde que atendidas as seguintes condições:
I - a dação seja precedida de avaliação do bem ou dos bens ofertados, que devem estar livres e desembaraçados de quaisquer ônus, nos termos de ato do Ministério da Fazenda; e
II - a dação abranja a totalidade do crédito ou créditos que se pretende liquidar com atualização, juros, multa e encargos legais, sem desconto de qualquer natureza, assegurando-se ao devedor a possibilidade de complementação em dinheiro de eventual diferença entre os valores da totalidade da dívida e o valor do bem ou dos bens ofertados em dação.
§ 1º O disposto no caput não se aplica aos créditos tributários referentes ao Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional.
§ 2º Caso o crédito que se pretenda extinguir seja objeto de discussão judicial, a dação em pagamento somente produzirá efeitos após a desistência da referida ação pelo devedor ou corresponsável e a renúncia do direito sobre o qual se funda a ação, devendo o devedor ou o corresponsável arcar com o pagamento das custas judiciais e honorários advocatícios.
§ 3º A União observará a destinação específica dos créditos extintos por dação em pagamento, nos termos de ato do Ministério da Fazenda."(NR).
	Conforme estabelecido com a nova lei que finalmente normatizou este instituto, o procedimento deve seguir uma série de condições, para que enfim seja homologada a extinção do crédito tributário por meio da dação em pagamento. 
O primeiro passo é que o contribuinte devedor declare o bem imóvel apto a extinguir a pendência regularmente inscrita em dívida ativa. Após esse requerimento apresentado junto à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), o bem será avaliado pela instituição oficial. Em caso de imóvel urbano, a avaliação é feita pela Caixa Econômica Federal, e se for imóvel rural, pelo Incra[footnoteRef:39]. [39: INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Autarquia federal da Administração Pública brasileira. Foi criado pelo decreto nº 1 110, de 9 de julho de 1970, com a missão prioritária de realizar a reforma agrária, manter o cadastro nacional de imóveis rurais e administrar as terras públicas da União.] 
Leal[footnoteRef:40], explana que além da já citada condição de que o procedimento em questão somente é aplicável às dívidas inscritas em dívida ativa, as condições impostas pela lei para que a dação possa ser concretizada são, basicamente, duas: os bens devem estar livres e desembaraçados de quaisquer tipos de ônus e deverão ser previamente avaliados para que possam ser aceitos, e a dação deverá abranger a totalidade dos débitos que se pretende liquidar, devidamente atualizados e sem qualquer espécie de redução. [40: Leal, Gustavo Paz. A quitação de tributos federais por meio da dação em pagamento de bens imóveis. Conjur. 2021. Disponível em https://www.conjur.com.br/2018-mai-01/gustavo-leal-quitacao-tributos-dacao-pagamento-bens Acesso em: 10 de fevereiro de 2021.] 
	Na hipótese de o Fisco concordar com a negociação da dação em pagamento, e que com a avaliação do bem imóvel, o valor do montante deste seja superior ao do débito inscrito em dívida ativa, a aceitação da transação fica a critério do devedor, com a ciência de que deve renunciar expressamente a qualquer ressarcimento por parte do Fisco. Não há hipótese em que a Fazenda Pública reverta qualquer valor remanescente ao contribuinte devedor.
	Outra questão que a referida lei destaca é quanto as empresas optantes pelo Simples Nacional, que não podem utilizar desse procedimento de dação em pagamento em extinção de dívida ativa com a União.
	Neto[footnoteRef:41] reitera acerca do procedimento da dação em pagamento: [41: NETO, Aluisio. Dação em Pagamento em Bens Imóveis – Lei Federal nº 13.259, de 2016. São Paulo. Disponível em: https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/dacao-em-pagamento-em-bens-imoveis-lei-federal-no-13-259-de-2016/ . Acesso em: 10 de fevereiro de 2021.] 
Com a previsão, os eventuais débitos tributários do sujeito passivo junto à União, e desde que já inscritos em Dívida Ativa da União (DAU), poderão ser saldados com a entrega, à Fazenda Federal, de bens imóveis (já que o CTN não permite a entrega de bens móveis com o mesmo objetivo) pelo sujeito passivo devedor, extinguindo a relação tributária. Os bens imóveis ofertados e a serem entregues à Fazenda com o fim de se extinguir a obrigação tributária deverão, inicialmente, ser avaliados, devendo ainda estar desembaraçados e livres de quaisquer ônus que venham a onerar o imóvel. Ou seja, o bem imóvel, como não deveria deixar de ser, terá seu valor fixado em conformidade com o que dispuser o mercado de imóveis, prevalecendo o valor que melhor reflita uma operação normal de compra e venda entre interessados independentes. Tais procedimentos, especialmente quanto à forma como se dará a avaliação, serão estabelecidas em ato normativo expedido pelo Ministério da Fazenda. Por sua vez, o imóvel, uma vez avaliado e aceito como meio de se extinguir os débitos tributários, deverá abranger a totalidade do débito ou débitos que se pretende liquidar, incluindo-se nesse montante as rubricas devidas quanto a atualização, a juros, a multa e a encargos, sem desconto de qualquer natureza, e não apenas o valor do tributo em si.
Ainda sobre o Fisco não ressarcir o contribuinte devedor com quantia remanescente na transação acordada, levanta dúvidas quanto à constitucionalidade do dispositivo que delibera essa questão. Pois, o devedor com sua intenção em quitar a dívida ativa, não ter direito ao valor que excede sua dívida, gera enriquecimento ilícito por parte da União.
Não se pode admitir ações do Fisco que levem ao prejuízo do contribuinte, que mesmo em momento de adversidade financeira, utiliza de um bem para saldar uma dívida e sai prejudicado quanto ao valor remanescente, como ocorre com a dação em pagamento de bens imóveis. Portanto, é justo que o devedor possa quitar sua dívida com bem de valor igual ao crédito, no caso desta discussão, com bem móvel devidamente avaliado.
3. DAÇÃO EM PAGAMENTO DE BENS MÓVEIS E A EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Embasado no que foi discutido neste trabalho, é sabido que a dação em pagamento, foi inserida na matéria tributária pelos moldes da Lei Complementar 104 de janeiro de 2001. Diante da implementação dessa modalidade ao rol do artigo 156 do CTN, refutou-se um questionamento acerca da taxatividade ou não do referido dispositivo. 
No sub tópico seguinte deste estudo, veremos as posições de alguns doutrinadores no tocante ao caráter taxativo ou exemplificativo do supracitado artigo, em seguida alguns entendimentos da jurisprudência e por fim, os impedimentos e desafios para alçar essa forma de extinguir o crédito tributário.
3.1 Legislação e doutrina
Primeiramente, cabe-se ressaltar que para ser considerado taxativo, o crédito tributário somente poderia se extinguir se fosse estritamente obedecendo as formas descritas no art. 156 do CTN. Por conseguinte, tal dispositivo só seria alterado mediante lei complementar.	
Acerca da temáticaenvolvendo a taxatividade ou não do art. 156 do CTN, inicia-se a explanação com as palavras de Rocha[footnoteRef:42]: [42: ROCHA, Roberal. Código tributário nacional para concursos. 2 ed. Bahia: Jus Podivm, 2012. P.156.] 
A questão da inclusão desta modalidade, circunscrevendo sua aceitação somente a bens imóveis, traz à tona o caráter taxativo ou exemplificativo do rol constante do art. 156 do CTN – que define as modalidades de extinção do crédito tributário. Juristas de renome como Aliomar Baleeiro e Luciano Amaro opinam para a abertura do rol. Para eles, quem pode o mais, que é perdoar a própria dívida (art. 156, IV) pode o menos, que é regular outros modos de extinção do crédito. 
	Nos dizeres do autor acima, o rol não deve ser considerado como taxativo, e pode facilitar de outros modos para o contribuinte a extinção do crédito tributário, já que o detentor do crédito tem o poder máximo de perdoar a dívida, porque não possibilitar formas mais viáveis para a sua extinção.
	Luciano Amaro, já citado anteriormente em capítulo próprio sobre a dação em pagamento também corrobora com esse entendimento, de que o art. 156 do CTN não possui característica de ter seu rol taxativo e que há possibilidade de acrescentar dispositivos, para que o contribuinte encontre menos dificuldades em quitar seus débitos com o Fisco, por meio de Lei Complementar.
	Entretanto, há divergência doutrinária quanto a esse posicionamento, uma vez que reputam como taxativo o rol mencionado no art. 156 do CTN. Para o professor Ricardo Alexandre[footnoteRef:43]: [43: ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 11ª Edição. Salvador, BA: Juspodivm, 2017. P. 492.] 
É cirrada a discussão doutrinária sobre a configuração da lista acima transcrita como exaustiva ou exemplificativa. Na mesma linha que foi adotada quando da análise das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito, pode-se afirmar que o art. 141 do CTN aponta no sentido de taxatividade da lista, uma vez que afirma expressamente que “o crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei.” Observa-se que não se fala que a extinção ocorrerá nos casos previstos em lei- o que permitiria a estipulação legal de outras hipóteses de extinção; assevera-se que os casos são os previstos nesta Lei, ou seja, no CTN, a lei de normas gerais sobre matéria tributária. Perceba-se que, no dispositivo, a palavra “Lei” aparece grafada com a inicial maiúscula, o que, como mandam as regras da gramática, só é cabível no início de uma frase ou – o que é o caso- quando o redator se refere a uma determinada lei. No caso, a lei referida é o próprio CTN e não qualquer lei editada pelo ente federado.
	Sabbag, não só defende a taxatividade do artigo, quanto se preocupa com ofensa a licitação. Nos seus dizeres podemos verificar seu posicionamento:
Por derradeiro, é importante frisar que tal instituto se refere, tão somente, a bens imóveis. Para o STF, o dispositivo no CTN avoca o disciplinamento por lei complementar, uma vez que o crédito tributário deve estar àquela adstrito, consoante o art. 146, III, “b”, CF. Ademais, a Corte entendeu que a dação em pagamento para bens móveis – procedimento encontradiço em algumas legislações estaduais, v.g., a Lei 1.624-97/DF – ofenderia a exigência constitucional de licitação para a aquisição de mercadorias pela Administração Direta e Indireta, na contratação de obras serviços e compras (art. 37, XXI da CF). (SABBAG, 201, p.893)
	Em suma, é evidente a divergência doutrinária e legislativa acerca da taxatividade do rol do art. 156 do CTN, por conseguinte, não há possibilidade de dação em pagamento de bens móveis a menos que seja feita por lei complementar de cada Estado ou município. O fato de não haver lei com essa disposição específica, não impede o contribuinte a perspectiva de dar em troca um bem móvel para quitar seus ativos tributários, basta que o Estado na figura do ente federativo implemente Lei Complementar pertinente.
	A ausência de lei dificulta o procedimento, mas não o impede. Conforme explanado, há estados que vislumbram essa possibilidade para facilitar ao contribuinte adimplir o que lhe é devido, de forma mais facilitada.
	Para ilustrar o que foi dito, na cidade de Diamantina, em Minas Gerais temos um exemplo de Lei Complementar, na qual o ente federado municipal autoriza o contribuinte a quitar seu crédito tributário inscrito em dívida ativa com o uso de bens móveis. Se trata da Lei nº 2812 de 20 de dezembro de 2002[footnoteRef:44]. [44: DIAMANTINA. Prefeitura Municipal de Diamantina. Lei 2812. Dação em pagamento de bens móveis, MG, 2002. Disponível em: < http://diamantina.mg.gov.br/wp-content/uploads/2015/11/2812Lei.pdf> Acesso em: 18 de fevereiro de 2021.] 
Art. 1º - Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a receber, em dação em pagamento de créditos fazendários, os bens móveis de propriedade do Senhor Demóstenes José Coelho, de acordo com a descrição abaixo:
- 01 Betoneira amarela sem marca visível (usada), com motor trifásico
- 01 Betoneira vermelha, marca Betom (usada), com motor trifásico
- 01 Mesa vibratória de fabricação caseira (com motor monofásico)
- 01 Máquina para fabricação de blocos de cimento (com motor)
- 01 Matriz 010 para máquina de blocos
- 01 Matriz 015 para máquina de blocos
- 01 Matriz para blocos de laje
- 10 Formas metálicas para poste T ponta virada
- 04 Formas metálicas para poste padrão DER (2,5m)
- 01 Motor elétrico trifásico 3.0CU (novo)
Art. 2º - Os bens móveis previstos no Art. 1º desta lei serão recebidos pela Prefeitura Municipal de Diamantina e servirão para liquidação de débitos tributários, referentes aos exercícios de 1994 a 2001, dos imóveis abaixo especificados, de propriedade do Senhor Demóstenes José Coelho, objetos das seguintes inscrições cadastrais:
I – 01100010870001: Rua José Anacleto Alves S/Nº, Bairro Cazuza;
II – 2501848: Beco Antônio Torres nº 34, Largo D. João;
III – 01060120195001: Rua Padre Belchior nº 44, Bairro da Glória.
Art. 3º - As despesas decorrentes da presente lei correrão por conta de dotações próprias consignadas no orçamento vigente.
Art. 4º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
	Pode-se observar que a Prefeitura de Diamantina, autorizou exclusivamente o contribuinte citado na Lei Complementar acima, a dar em pagamento uma série de bens móveis listados como forma de extinguir seu crédito tributário, colocando um fim na obrigação tributária criada. 
	Existem muitas controvérsias na lei e na jurisprudência, como veremos a seguir, quanto à essa possibilidade ou não de dação em pagamento de bens móveis, mas é pertinente destacar outra linha de raciocínio.
	Ao observar a chamada Lei de Execuções Fiscais, a Lei nº 6830 de 1980, em seu artigo 11, nota-se uma lista de possibilidades do Estado cobrar do contribuinte em virtude de inadimplência. Cita-se:
Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:
I - dinheiro;
II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;
III - pedras e metais preciosos;
IV - imóveis;
V - navios e aeronaves;
VI - veículos;
VII - móveis ou semoventes; e
VIII - direitos e ações.
§ 1º - Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção.
§ 2º - A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do artigo 9º.
§ 3º - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exequente, sempre que está o requerer, em qualquer fase do processo. (grifo nosso)
	No momento da Execução Fiscal, a Fazenda Pública após a citação do devedor, concede um prazo de 5 (cinco) dias para que efetue o pagamento da dívida, com juros, moratória e todos os encargos previstos na Dívida Ativa. Em seguida, na hipótese de o contribuinte continuar inadimplente, o que resta é a penhora de bens, exceto os bensimpenhoráveis.
Em seu inciso VII, no artigo 11 da Lei nº 6830/80, o legislador possibilita executar bens móveis do contribuinte em caso de inadimplemento de suas obrigações tributárias. Eis que surge outra contradição quanto ao pagamento de crédito tributário com bens móveis. Pois se no caso de penhora os bens móveis são aceitos na execução, porque também não os utilizar no momento do pagamento da obrigação tributária.
O Estado de Minas Gerais, por meio da Assembleia Legislativa, instituiu em 6 de agosto de 2003, a Lei Ordinária nº 14.699[footnoteRef:45], que dispõe sobre formas de extinção do crédito tributário por meio do instituto da dação em pagamento de bens móveis. Vejamos uma parte da letra da lei: [45: BELO HORIZONTE. Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Lei 14.699. Formas de extinção e garantias do crédito tributário, MG, 2003. Disponível em: <http://www.fazenda.mg.gov.br/empresas/legislacao_tributaria/leis/l14699_2003.html> Acesso em: 18 de fevereiro de 2021.] 
Art. 4º - O Poder Executivo poderá autorizar a extinção de crédito inscrito em dívida ativa, mediante dação em pagamento ao Estado de bens móveis ou imóveis, verificada a viabilidade econômico financeira, a conveniência e a oportunidade. (grifo nosso)
	Ressalta-se que, para tanto, os bens deliberados para quitar dívida ativa deverão passar por uma patrimonialização, na qual o procedimento é executado por uma comissão permanente que se atribui funções como: registrar o bem; garantir a tradição; a identificação bem caracterizada do bem e sua incorporação ao sistema competente; catalogação técnica; e o principal, comunicar aos Poderes do Estado as ações, para que demonstrem interesse pelo bem adquirido, se assim for o caso.
	Todo e qualquer ato administrativo discricionário deve respeitar primordialmente os princípios basilares e averiguar a lesividade ao erário e à administração pública. O professor Gasparini[footnoteRef:46], reitera: [46: GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 14º ed. São Paulo: Saraiva, 2009. P. 97] 
Há conveniência sempre que o ato interessa, convém ou satisfaz ao interesse público. Há oportunidade quando o ato é praticado no momento adequado à satisfação do interesse público. São juízos subjetivos do agente competente sobre certos fatos e que levam essa autoridade a decidir de um outro modo. O ato administrativo discricionário, portanto, além de conveniente, deve ser oportuno. A oportunidade diz respeito com o momento da prática do ato. O ato é oportuno ao interesse público agora ou mais tarde? Já ou depois? A conveniência refere-se à utilidade do ato. O ato é bom ou ruim, interessa ou não, satisfaz ou não o interesse público?
	Em síntese, o art. 156 do CTN para alguns doutrinadores não tem caráter taxativo, ou seja, o rol constante nele não é engessado, podendo haver modificações. Ainda com toda divergência sobre esse assunto, verifica-se a possibilidade de dação em pagamento de bens móveis, por meio de lei complementar de cada ente federativo, uma vez que cada União, Estados e Municípios têm autonomia para legislar sobre seus tributos.
	A tese de inconstitucionalidade sobre cada ente federado instituir suas leis para tributação entra em controvérsia, pois na Carta Magna isto é expressamente possível. Até mesmo as questões de oposição com os princípios licitatórios serão esclarecidas mais adiante.
3.2 Jurisprudência
Este tema não é pacificado pelo Tribunal Superior, mas há entendimento no sentido de viabilizar que a lei local estipule as formas de extinção no tocante ao crédito tributário. Neste sentido, transcreve-se parte da emenda da decisão colegiada dos autos da ADI 2405/RS:
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade: medida cautelar: L. estadual (RS) 11.475, de 28 de abril de 2000, que introduz alterações em leis estaduais (6.537/73 e 9.298/91) que regulam o procedimento fiscal administrativo do Estado e a cobrança judicial de créditos inscritos em dívida ativa da fazenda pública estadual, bem como prevê a dação em pagamento como modalidade de extinção de crédito tributário. I - Extinção de crédito tributário criação de nova modalidade (dação em pagamento) por lei estadual: possibilidade do Estado-membro estabelecer regras específicas de quitação de seus próprios créditos tributários. (...).
II – Extinção do crédito tributário: moratória e transação: implausibilidade da alegação de ofensa dos artigos 150, § 6º e 155, § 2º, XII, g, da CF, por não se tratar de favores fiscais. III - Independência e Separação dos Poderes: processo legislativo: iniciativa das leis: competência privativa do Chefe do Executivo. (...). IV - Participação dos Municípios na arrecadação de tributos estaduais. (...). V – Precatório e cessão de crédito tributário: (...). VI - Licitação (CF, art. 37, XXI) – (...). VII - Demais dispositivos cuja suspensão cautelar foi indeferida” – (ADI-MC 2.405/RS, Pleno, por maioria, Rel. Min. Carlos Ayres Britto, j. 06.11.2002, DJ 17.02.2006, fls. 378-379). (grifo nosso)
	Esse entendimento do Supremo Tribunal Federal afirma a constitucionalidade desta possibilidade de dação em pagamento por meio de bens móveis para extinção do crédito tributário. A decisão foi obtida por grande maioria dos votos, e reforça a desnecessidade de Lei Complementar diante da autonomia dos entes estatais para dispor de normas especificas para fins tributários, conforme dispõe a Constituição Federal.
	Ainda neste sentido, tem-se as palavras do relator, Ministro Carlos Brito, onde reafirma que medidas internas da economia do ente federado não exigem Lei Complementar. Em seus dizeres: 
A disposição, todavia, pelas razões acima expostas, não teve o efeito de ampliar o rol de causas de extinção do crédito tributário, visto que já era aceita pela doutrina a possibilidade de a lei estadual atribuir ao instituto esse efeito nem muito menos de restringir essa possibilidade aos bens imóveis, dado não se poder ter por razoável qualquer limitação dessa ordem, aos Estados, impedindo-o de aceitar, em pagamento de seus créditos, v.g., títulos públicos por ele mesmo emitidos, ou pela União, o que não passaria de um rematado contra-senso. Nada impedia, nem impede, por isso, em princípio, que a lei estadual, com vista ao incremento da receita, estabeleça novas modalidades de extinção da dívida ativa, como fez a lei gaúcha, ao instituir a dação em pagamento, visto que a transação e a moratória, também nela previstas, estão contempladas no CTN. (grifo nosso).
	O bem móvel aceito como forma de extinção da obrigação tributária entra para a receita do ente federado, que poderá dispor desse bem da forma que lhe for mais conveniente. Porém para alguns governantes, essa proposta pode trazer confusão e desequilíbrio para as finanças públicas.
O art. 24 da Lei n. 6.830 de setembro de 1980[footnoteRef:47], versa sobre a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública, e não menciona restrição sobre a dação em pagamento de bens móveis, corroborando com essa tese de possibilidade de extinguir o crédito tributário por esse meio. [47: Art. 24 - A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados: I - antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os embargos; II - findo o leilão: a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação; b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de 30 (trinta) dias. Parágrafo Único - Se o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da Fazenda Pública, a adjudicação somente será deferida pelo Juiz se a diferença for depositada, pela exeqüente, à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias.] 
	Como foi dito logo ao iniciarmos essa discussão, a divergência quanto ao tema é imensa, e em oposição ao que se explanou anteriormente, temos uma decisão da Suprema Corte, no julgamento do RE 438490-SP por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade[footnoteRef:48]. [48: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 438490/SP. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE OBJETIVANDOA EXCLUSÃO DE EXPRESSÕES, ESPECIFICADAS, NO § 1º DO ARTIGO 268, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO DO MUNICÍPIO DE ASSIS (LEI N. 1.961, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1977), COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR N. 1, DE 20 DE SETEMBRO DE 2002. DISPOSITIVO QUE POSSIBILITA A CONTRATAÇÃO, SEM PRÉVIA LICITAÇÃO, COM OS CONTRIBUINTES MUNICIPAIS QUE ESTEJAM INSCRITOS NA DÍVIDA ATIVA, MEDIANTE DAÇÃO EM PAGAMENTO DE SERVIÇOS, EQUIPAMENTOS, BENS MÓVEIS, ETC. – INCOMPATIBILIDADE COM O DIREITO TRIBUTÁRIO. Recorrido: Município de São Paulo. Relatora: Min Ellen Gracie. 22 de dezembro de 2009. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7146302/recurso-extraordinario-re-438490-sp-stf?s=paid Acesso em: 18 de fevereiro de 2021.] 
1. Trata-se de recurso extraordinário interposto do acórdão, de cuja destaco: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIO-NALIDADE OBJETIVANDO A EXCLUSÃO DE EXPRESSÕES, ESPECIFICADAS, NO § 1º DO ARTIGO 268, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO DO MUNICÍPIO DE ASSIS (LEI N. 1.961, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1977), COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR N. 1, DE 20 DE SETEMBRO DE 2002. DISPOSITIVO QUE POSSIBILITA A CONTRATAÇÃO, SEM PRÉVIA LICITAÇÃO, COM OS CONTRIBUINTES MUNICIPAIS QUE ESTEJAM INSCRITOS NA DÍVIDA ATIVA, MEDIANTE DAÇÃO EM PAGAMENTO DE SERVIÇOS, EQUIPAMENTOS, BENS MÓVEIS, ETC. – INCOMPATIBILIDADE COM O DIREITO TRIBUTÁRIO.” (fl. 186) Ressalto do voto condutor do acórdão: Com efeito, as contratações efetivadas pelas entidades da Administração Pública Direta e Indireta devem ser submetidas a prévio certame licitatório, em que se assegure a igualdade de condições entre todos os interessados em contratar com o Poder Público e a satisfação do interesse da coletividade, excetuadas as hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação previstas na legislação, qual a Lei 8.666, de 1993, conhecida por Estatuto das Licitações. Segue-se, pois, que, diante do ordenamento jurídico, incompatível com o Direito Tributário a extinção da dívida ativa através da dação em pagamento, salvo se se tratar de bens imóveis, nunca, porém, de bens móveis, equipamentos, serviços, etc. (fl.189) 2. No RE sustenta-se ofensa ao art. 30, I, II e III, da Constituição Federal (fls. 195-215).3. Admitido o recurso na origem (fls. 238-239), subiram os autos. 4. O Ministério Público Federal opinou pelo desprovimento do recurso (fls. 245-248). 5. Este Supremo Tribunal Federal possui entendimento de que compete à União legislar, privativamente, sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 22, XXVII, da Constituição Federal. Nesse sentido a ADI 3.670/DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, Plenário, DJ 18.5.2007, cuja ementa transcrevo na parte que interessa: Ação direta de inconstitucionalidade: L. Distrital 3.705, de 21.11.2005, que cria restrições a empresas que discriminarem na contratação de mão-de-obra: inconstitucionalidade declarada.1. Ofensa à competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação e contratação administrativa, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais de todos os entes da Federação (CF, art. 22, XXVII) e para dispor sobre Direito do Trabalho e inspeção do trabalho (CF, arts. 21, XXIV e 22, I). 6. Ademais, destaco do Parecer do Ministério Público Federal, o qual acolho: O pleito não merece acolhida. Com efeito, a nova Ordem Constitucional outorgou aos municípios competência para legislar sobre assuntos de interesse local em caráter exclusivo e sobre matéria suplementar a legislação federal e estadual, no que couber (art. 30, I e II, da CF), respeitando, todavia, os princípios das Constituições Federal e Estadual. Neste sentido, são claras as normas insertas no Texto Maior que atribuem à União competência privativa para legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, sendo os argumentos recursais, insuficientes para infirmar as razões elencadas no acórdão, pois houve de fato, afronta à regra da Constituição Estadual, que repete preceito contido no texto da Lei Maior. Assim é evidente que a vedação contida na Carta Magna não poderia ser entendida como assunto de interesse local” a justificar a elaboração de regra que, ao possibilitar a extinção da dívida ativa, por meio da dação em pagamento e bens móveis, equipamentos ou serviços extrapolou os lindes da competência Municipal. (fls. 247-248) 7. Ante o exposto, nego seguimento ao recurso extraordinário (CPC, art. 557, caput). Publique-se. Brasília, 22 de dezembro de 2009.Ministra Ellen Gracie Relatora
(STF - RE: 438490 SP, Relator: Min. ELLEN GRACIE, Data de Julgamento: 22/12/2009, Data de Publicação: DJe-019 DIVULG 01/02/2010 PUBLIC 02/02/2010) (grifo nosso)
	Diante o teor dessa decisão, reforça a corrente que se opõe ao uso de bens móveis no instituto da dação em pagamento para extinção de crédito tributário. A justificativa é a ofensa aos princípios licitatórios. 
3.3 Impedimentos e desafios
Em razão do impasse, onde de um lado fica a licitação e do outro a dação em pagamento de bens móveis, faz-se necessária algumas ponderações sobre a questão licitatória peos doutrinadores e legisladores. 
Pelos ensinamentos de Alexandre Mazza[footnoteRef:49], “A licitação é um procedimento obrigatório que antecede a celebração de contratos pela Administração Pública.” Nada mais é que um procedimento de cunho administrativo, onde o ente federado realiza compras e contrata serviços da forma mais vantajosa para o órgão público. [49: MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. P. 353.] 
Segundo Mazza (2013), a atuação da Administração Pública se obriga à realização deste procedimento, em observância aos princípios consagrados da Administração Pública, destacando-se a isonomia, a impessoalidade e a moralidade, que norteiam o Direito Administrativo. 
A licitação vem consagrada no art. 37 da Constituição Federal e versa:
Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
XXI - Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
	Di Pietro[footnoteRef:50] também esclarece no tocante à licitação: [50: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23 ed. São Paulo: Atlas, 2010. P. 350.] 
A licitação é um procedimento integrado por atos e fatos da Administração e atos e fatos do licitante, todos contribuindo para formar a vontade contratual. Por parte da administração, o edital ou convite, o recebimento das propostas, a habilitação, a classificação, a adjudicação, além de outros atos intermediários ou posteriores, como o julgamento de recursos interpostos pelos interessados, a revogação, a anulação, os projetos, as publicações, anúncios, atas, etc.
A lei que regula os procedimentos licitatórios é a Lei nª 8666/93, contudo, não vamos nos adentrar nos detalhes específicos, porque foge do objeto do estudo. Mas pode-se afirmar que a licitação sempre visa a melhor proposta obtida na concorrência para a Administração Pública.
Apesar de toda austeridade do procedimento, há hipóteses em que este é dispensado ou inexigível, preservando os princípios da moralidade e isonomia acima de tudo. O art. 24 da supracitada lei assegura a dispensa da licitação em compras ou serviços de até R$8.000,00 (oito mil reais). 
Compreende-se então que em casos específicos, a dispensa da licitação é legitimamente ligada à discricionariedade da

Outros materiais