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SAIBA A VERDADE! O dia a dia, as dificuldades e as soluções encontradas pelos gestores de empresas consagradas A ética, a onda verde e a responsabilidade social: como lidar com as preocupações da atualidade O desafio de gerir pessoas: unindo as individualidades em favor do todo e nos diferentes níveis hierárquicos ADMINISTRAÇÃO www.grupoa.com.br 2a Edição 34649_Serie A-Administracao 1 09/05/12 16:06 B328a Bateman, Thomas S. Administração [recurso eletrônico] / Thomas S. Bateman, Scott A. Snell ; tradução: Allan Vidigal Hastings ; revisão técnica: Gilmar Masiero. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-8055-082-5 1. Administração. I. Snell, Scott A. II. Título. CDU 658 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 74 Administração É quase impossível imaginar como a Nokia – ou qual‑ quer outra empresa – enfrentaria desafios importantes sem desenvolver planos de antemão. O planejamento é uma expressão formal da intenção gerencial. Descreve o que os gestores decidiram fazer e como o farão. Ele fornece o arca‑ bouço, o foco e a orientação necessários que esforços signi‑ ficativos exigem. Sem planejamento, quaisquer ganhos que uma empresa obtenha em inovação, velocidade, qualidade, serviço e custos serão acidentais, se ocorrerem. Este capítulo examina os principais conceitos e proces‑ sos envolvidos no planejamento e na gestão estratégica. Ao aprender esses conceitos e rever os passos aqui indicados, estaremos a caminho de entender as atuais abordagens à gestão estratégica das organizações atuais. Além disso, estejam os gestores envolvidos ou não com o planejamento estratégico em suas empresas, eles tomam decisões funda‑ mentais que contribuem para o sucesso da implementação dessa estratégia. Este capítulo explora os tipos de decisões com que os gestores se deparam, as maneiras como as tomam e como deveriam tomá ‑las. OA4.1 Resumir as etapas básicas de qualquer processo de planejamento. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO Planejamento é o processo consciente e sistemático de tomada de decisões sobre metas e atividades que uma pessoa, um grupo, uma unidade, ou uma empresa tentará realizar no futuro. O planejamento não é uma resposta informal e caó‑ tica a uma crise: é um esforço proposital dirigido e controlado pelos gestores e que frequentemente recorre ao conhecimento e à experiência de funcionários de todos os níveis. A Figura 4.1 mostra as etapas do processo. Convém observar que o pla‑ nejamento ocorre em ciclos. Os planos têm seus resultados avaliados e, se necessário, são revistos. O planejamento fornece às pessoas e unidades de traba‑ lho um mapa claro a seguir em suas atividades futuras, mas, ao mesmo tempo, flexível o bastante para permitir lidar com situações singulares e alterações das condições. Iremos, agora, descrever mais detalhadamente o processo básico de planejamento. Mais adiante neste capítulo, vere‑ mos como as decisões e os planos gerenciais enquadram ‑se nos objetivos mais amplos da organização – na estratégia, missão, visão e metas. Etapa 1: analisar a situação O planejamento parte de uma análise conjuntural. De acordo com as restrições a que estejam sujeitos em termos de tempo e recursos, os planejadores devem coletar, interpretar e sintetizar todas as informações relevantes ao problema de pla‑ nejamento em tela. Eles estudam eventos passados, examinam as atuais condições e tentam prever tendências futuras. A aná‑ lise concentra ‑se nas forças internas da empresa ou unidade de trabalho e, segundo a abordagem dos sistemas abertos (ver Capítulo 2), examina as influências vindas do ambiente externo. O resultado desta etapa é a identificação e o diagnós‑ tico de premissas, questões e problemas de planejamento. Uma análise conjuntural detida irá fornecer informa‑ ções sobre as decisões de planejamento que precisaremos tomar. Por exemplo, se formos gestores de uma editora de revistas considerando lançar uma publicação esportiva para o mercado adolescente, nossa análise incluirá fatores como o número de adolescentes assinantes de revistas, o seu apelo para anunciantes, a capacidade da empresa de atender esse mercado de maneira eficaz, as condições eco‑ nômicas atuais, o nível de interesse dos adolescentes em esportes e quaisquer revistas esportivas que já atendam esse mercado, e seus atuais níveis de vendas. Tal análise ajudará a decidir se devemos ir adiante com o passo seguinte no lançamento da revista. Se você não gerenciar seu destino, alguém o fará por você. Jack Welch, ex ‑CEO da General Eletric Etapas formais de planejamentoF I G U R A 4.1 Análise conjuntural Metas e planos alternativos Avaliação de metas e planos Seleção de metas e planos Implementação Monitoramento e controle Cap 04_gestao_BATEMAN.indd 74 16/02/2012 11:40:53 fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce CAPÍTULO 4 | Planejamento Estratégico 75 Etapa 2: gerar metas e planos alternativos Com base nas conclusões da análise conjuntural, o processo de planejamento deve gerar metas alternativas que possam ser buscadas e planos alternativos para atingir tais metas. Esta etapa deve enfatizar a criatividade e incentivar gestores e funcionários a pensar de maneira ampla. Uma vez desen‑ volvida uma gama de alternativas, serão avaliados seus mé‑ ritos e suas metas. Prosseguindo com o exemplo da revista, as alternativas que poderemos querer considerar incluem a possibilidade de direcionar a revista para homens jovens, mulheres jovens, ou os dois grupos, e se as vendas devem ser principalmente online, por assinatura, ou em bancas. Metas são os objetivos ou fins que o gestor deseja atin‑ gir. Para ter eficácia, as metas devem apresentar determina‑ das características e ser: • Específicas – Quando as metas são precisas e descrevem comportamen‑ tos e resultados determinados, os funcionários têm mais facilidade para determinar se estão caminhando em direção a elas. • Mensuráveis – Na medida do possível, uma meta deve quantificar os resultados desejados para que não haja dúvidas quanto a ter sido atin‑ gida ou não. • Factíveis (mas desafiadoras) – Para não ficarem desencorajados, os fun‑ cionários precisam reconhecer que são capazes de atingir as metas sob sua responsabilidade. Entretanto, também devem se sentir desafiados para trabalhar duro e ser criativos. • Relevantes – Toda meta deve contribuir para a missão geral da empresa (que discutiremos mais adiante neste capítulo) e condizer com seus valo‑ res, inclusive os padrões éticos. • Limitada no tempo – Metas eficazes especificam um prazo de conclusão. A meta da General Electric de ser a primeira ou segunda em todos os seus mercados é um exemplo notório de meta espe‑ cífica, mensurável e desafiadora. Metas como esta não só apontam aos funcionários a direção a seguir, como também facilitam a aceitação por aqueles que estão encarregados de atingi ‑las. Em outras palavras, elas tanto orientam quanto motivam os funcionários. Planos são as ações ou meios que o gestor pretende usar para atingir as metas. No mínimo, o planejamento deve delinear ações alternativas capa‑ zes de levar à realização de cada meta os recursos necessários para isso e os obstáculos que podem surgir. A IBM tem metas de aumentar seus lucros e a área de crescimento mais acelerada é o software. Para atender às suas metas de lucro, a unidade de software adqui‑ re novas empresas do setor com pro‑ dutos de elevado potencial, mas des‑ providas de meios para promovê ‑los com agressividade o suficiente. O gru‑ po de software da IBM planeja como sua enorme força de vendas irá oferecer os novos produ‑ tos. Esses planos incluem trei‑ namento dos vendedores na‑ quilo que o no vo software faz e em como ele pode ajudar os clientes da empresa. Para au‑ mentara eficácia de sua equi‑ pe de vendas, o grupo de software planejou um siste‑ ma que classifica e registra os clientes em potencial de cada vendedor.2 Neste capítulo, iremos tra‑ tar diversos tipos de planos: • Planos singulares são concebi‑ dos para atingir um conjunto de metas que provavelmente não se repetirá no futuro. Por exemplo, urbanistas podem se preparar para a comemoração do sesqui‑ centenário de uma cidade, planejando paradas, festividades, discursos e barracas de alimentação. • Planos permanentes concentram ‑se em atividades constantes concebi‑ das para atingir um conjunto duradouro de metas. Muitas empresas têm planos permanentes de recrutamento de membros de minorias étnicas e mulheres. Os planos permanentes podem tornar ‑se políticas e regras perenes da empresa. • Planos de contingência especificam as medidas a tomar quando os pla‑ nos originais de uma empresa não funcionaram ou quando acontecimen‑ tos no ambiente externo exigem uma mudança abrupta. Desastres, como os ataques terroristas de 2001 e os furacões do Golfo do México fizeram com que muitas empresas se lembrassem da importância dos planos de contingência. Mas esses planos também são importantes para situações mais comuns. Por exemplo, muitas empresas são afetadas por nevascas, aumento do preço da gasolina, falhas de computadores ou mudanças dos gostos dos clientes. ANÁLISE CONJUNTURAL Um processo que os planejadores, segundo as restrições a que estejam sujeitos em termos de tempo e recursos, usam para coletar, interpretar e sintetizar todas as informações relevantes para o problema de planejamento em tela. META Um objetivo ou fim que a gestão deseja atingir. PLANOS Ações ou meios que os gestores pretendem usar para atingir as metas organizacionais. As pequenas empresas estão preparadas?3 Empresas sem plano de prontidão para desastres 42% Empresas que afirmam contar com um plano de prontidão para desastres 58% Cap 04_gestao_BATEMAN.indd 75 16/02/2012 11:40:53 fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce 76 Administração Etapa 3: avaliar metas e planos Em seguida, os gestores avaliam as vantagens, desvantagens e efeitos em potencial de cada meta e plano. Eles devem priori‑ zar as metas e até mesmo eliminar algumas delas. Além disso, avaliam até que ponto os planos alternativos atendem as metas de alta prioridade, tendo em conta o custo de cada ini‑ ciativa e o provável retorno sobre o investimento. No exemplo da revista, nossa avaliação poderia determinar que as vendas em banca, por si, não seriam lucrativas o suficiente para justi‑ ficar o lançamento. Talvez pudéssemos melhorar os resulta‑ dos com uma edição online complementada com podcasts.* Etapa 4: selecionar metas e planos Uma vez que tenham avaliado as metas e planos, os gestores escolhem a alternativa mais adequada e viável. O processo de avaliação identifica as prioridades e trade -offs** entre as metas e os planos. Por exemplo, se o plano for lançar diver‑ sas novas publicações e tivermos de escolher entre elas, po‑ deríamos ponderar os diferentes investimentos iniciais de cada uma, o porte de seu mercado e qual delas melhor se uma empresa a sobreviver e até a se desenvolver em um ambiente turbu‑ lento. Por exemplo, quando, recentemente, a atividade econômica dimi‑ nuiu, grandes clientes pararam de recorrer à Cor Business, uma empresa de coaching em gestão, para ajudar a desenvolver seus gestores. Jeffrey Hull e os demais sócios da Cor Business perceberam que a sobrevivência da empresa exigia um novo plano para atrair negócios. Os sócios se reuniram para estudar ideias e um novo plano de negócio. Analisando os resultados do ano anterior, perceberam que a maior parte do crescimento da Cor Business naquele período viera de pequenas empre‑ sas, muito embora os sócios estivessem dedicando a maior parte de seus esforços a grandes clientes, como a MasterCard e a AT&T. Aliás, com o res‑ friamento da economia, cada vez mais proprietários de pequenas empresas surgiam, nervosos, em busca de ajuda. Hull e os demais sócios traçaram um plano segundo o qual se concen‑ trariam no atendimento a pequenos clientes, ajudando ‑os a fazer o que os gestores da Cor Business estavam fazendo – superar o medo da mudança para encontrar novas oportunidades em um momento desafiador. Hull acon‑ selhou o proprietário de uma incorporadora a parar de temer a queda do mercado imobiliário, reavaliar seus dados sobre as possibilida‑ des de conversão de um armazém em restaurante e ir adiante com os planos que tinha em relação a uma ideia prática e já bem pesquisada.4 adapta à linha de produtos existente ou à imagem da em‑ presa. A experiência em julgamentos representa um papel importante neste processo. Como veremos mais adiante neste capítulo, contudo, usar apenas a capacidade de julga‑ mento pode não ser a melhor maneira de proceder. Um processo formal típico de planejamento leva a um conjunto por escrito de metas e planos adequados e viáveis para um determinado conjunto de circunstâncias. Em algumas empresas, as etapas de geração, avaliação e seleção de alternativas geram cenários de planejamento. A cada cenário corresponde um plano de contingência. O gestor persegue as metas e implementa os planos associados ao cenário mais provável. Mas ele também deve estar prepa‑ rado para passar para outro conjunto de planos se a situa‑ ção mudar e outro cenário passar a ser relevante. Esta abordagem ajuda a empresa a prever e gerenciar crises e confere a ela mais flexibilidade e capacidade de resposta. Se uma empresa já não tiver considerado cenários possíveis, os gestores devem estar preparados para reiniciar o processo de pla‑ nejamento se uma mudança inesperada trouxer resultados frus‑ trantes. Essa abordagem flexível ao planejamento pode ajudar A maior parte do que se diz sobre a tomada de decisões presume que apenas os altos executivos tomam decisões, ou que apenas as decisões dos altos executivos importam. É um engano perigoso. Peter Drucker Etapa 5: implementar metas e planos Uma vez que tenham selecionado suas metas e planos, os gestores devem implementá ‑los. A implementação correta dos planos é fundamental para a realização das metas. Ges‑ tores e demais funcionários precisam entender o plano e dispor dos recursos e da disposição necessários para sua implementação. Abranger os funcionários nos passos ante‑ riores do processo de planejamento abre caminho para a fase de implementação. Os funcionários costumam ficar mais informados, comprometidos e motivados quando aju‑ dam a desenvolver o plano ou as metas. Finalmente, ligar o plano aos demais sistemas da empresa, especialmente aos de orçamentação e recompensas, ajuda a garantir o sucesso da implementação. Se o gestor não contar com os recursos financeiros para executar o plano ou não puder obtê ‑los, este provavelmente fracassará. Da mesma forma, ligar a realização de metas a recompensas como bonificações ou promoções ajuda os funcionários a atingir suas metas e implementar corretamente o plano. A alta administração da Wells Fargo percebeu a impor‑ tância de atrelar a remuneração dos funcionários a uma nova estratégia. Dick Kovacevich, o presidente do conselho, per‑ cebeu que sua empresa, um dos maiores bancos dos Estados Unidos, poderia manter ‑se competitiva se atingisse a exce‑ lência em “vendas cruzadas”, ou seja, em encorajar os clien‑ tes existentes a usar mais serviços financeiros. Os clientes * N. de R.T.: Podcasts são arquivos de áudio disponibilizados na internet que podem ser escutados em computadores ou outros equipamentos es‑ pecíficos para reprodução de som. ** N. de R.T.: Trade-off é uma expressão que define uma situação em que há conflito de escolha. Um exemplo é quando se abremão de algum bem ou serviço para se obter algo em troca, mesmo que esse retorno não seja imediatamente satisfatório ou gere outro problema. Cap 04_gestao_BATEMAN.indd 76 16/02/2012 11:40:54 fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce CAPÍTULO 4 | Planejamento Estratégico 77 bancários costumam recorrer a diferentes instituições para obter diferentes serviços, mas a Wells Fargo enfrentou o pro‑ blema, fazendo com que funcionários de todos os níveis se concentrassem nas necessidades dos clientes em vez de nas linhas de produto. Caixas e gerentes de agência foram treina‑ dos para atingir esta meta e os sistemas de remuneração recompensam os funcionários pela realização de vendas cru‑ zadas. Com isso, os clientes do Wells Fargo usam, em média, 5,2 produtos do banco, aproximadamente o dobro da média do setor. Vender para clientes existentes é muito mais lucra‑ tivo do que conquistar novos clientes, de modo que a estraté‑ gia pode parecer óbvia. E talvez o seja, mas, como disse Robert Joss, membro do conselho de administração do banco, “O conceito é simples, mas a execução é muito difí‑ cil”, acrescentando que o sucesso da implementação reflete a “grande capacidade de motivação” de Kovacevich.5 Etapa 6: monitorar e controlar o desempenho Embora seja por vezes ignorada, a sexta etapa do processo formal de planejamento – moni‑ toramento e controle – é essen‑ cial. Sem ela, nunca saberemos se o plano vai bem. Como já vi‑ mos, o planejamento se dá em ciclos. Os gestores precisam mo‑ nitorar continuamente o desem‑ penho efetivo de suas unidades de trabalho em relação às res‑ pectivas metas e planos. Eles também precisam de senvolver sistemas de controle para medir o desempenho e lhes permitir tomar medidas corretivas quando os planos fo rem incorreta‑ mente implementados ou a situação mudar. No exemplo da revista, os relatórios de vendas em bancas e por assinatura nos permitem saber como vai o lançamento da revista. Se as vendas por assinatura estiverem abaixo do esperado, pode ser necessário rever o plano de marketing. Mais adiante, trataremos em maiores detalhes dos sistemas de controle. OA4.2 Discutir como o planejamento estratégico deve ser integrado ao planejamento tático e operacional. NÍVEIS DE PLANEJAMENTO O planejamento é usado pelos gestores nos três níveis des‑ critos no Capítulo 1: na alta administração (gestores estra- tégicos), no nível intermediário (gestores táticos) e na linha de frente (gestores operacionais). Entretanto, o escopo do processo de planejamento e as atividades que o envolvem tendem a diferir entre os níveis. O planejamento estratégico estabelece um rumo de longo prazo O planejamento estratégico envolve a tomada de deci‑ sões sobre as metas e estratégias de longo prazo da empresa. Os planos estratégicos são fortemente orientados para o exterior da empresa e abrangem grandes segmentos dela. Os altos executivos são responsáveis pelo desenvolvimento e pela execução do plano estratégico, embora não costu‑ mem formular ou implementar pessoalmente todo o plano. As metas estratégicas são objetivos ou fins essenciais ligados à sobrevivência, ao valor e ao crescimento da empresa no longo prazo. Os gestores estratégicos – ou seja, a alta administração – costumam estabelecer metas visando a efi‑ cácia (produção de resultados adequados) e a eficiência (uma elevada proporção entre resulta‑ dos e insumos). As metas estraté‑ gicas frequentemente envolvem crescimento, aumento da partici‑ pação no mercado, aumento da lucratividade, aumento do retorno sobre o investimento, maior quan ‑ tidade e qualidade de produtos, maior produtividade, melhoria do atendimento ao cliente e contri‑ buições à sociedade. O Hard Rock Café ressalta sua estratégia – ser identificado com o rock ‘n’ roll – até nas placas de seus hotéis. CENÁRIO Uma narrativa que descreve um conjunto específico de condições futuras. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Um conjunto de procedimentos para a tomada de decisões quanto às metas e estratégias de longo prazo da empresa. METAS ESTRATÉGICAS Metas ou resultados finais amplos ligados à sobrevivência, ao valor e ao crescimento da empresa no longo prazo. ESTRATÉGIA Um padrão de atos e alocações de recursos que tem por objetivo atingir as metas organizacionais. Cap 04_gestao_BATEMAN.indd 77 16/02/2012 11:40:55 fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce 78 Administração Uma estratégia é um padrão de atos e alocações de recursos concebido para atingir as metas da empresa. Uma estratégia eficaz irá fornecer as bases para dar resposta a cinco perguntas amplas sobre a maneira como a empresa atingirá seus objetivos: 1. Onde iremos agir? 2. Como chegaremos lá (por exemplo, aumentando as vendas ou adquirindo outra empresa)? 3. Como iremos vencer no mercado (por exemplo, mantendo os preços bai‑ xos ou oferecendo o melhor atendimento)? 4. Com que velocidade nos moveremos e em que ordem faremos mudanças? 5. Como iremos obter retornos financeiros (baixos custos ou altos preços)?6 Mais adiante neste capítulo, veremos como os gestores pro‑ curam criar uma estratégia por meio do casamento entre as habilidades e recursos da empresa, de um lado, e as oportu‑ nidades encontradas no ambiente externo, do outro. pode chegar a abranger décadas, como se deu com o plano bem ‑sucedido de enviar uma sonda a Titã – uma das luas de Saturno. Os planos táticos podem cobrir um ou dois anos e os operacionais abrangem alguns meses. O planejamento tático traduz metas e planos estratégicos e gerais em metas e pla‑ nos específicos aplicáveis a uma determinada parte da empresa, muitas vezes uma área funcional, como marketing ou recursos hu‑ manos. Os planos táticos concentram ‑se nas ações amplas que uma unidade precisa reali‑ zar para cumprir sua parte do plano estraté‑ gico. Suponhamos que uma estratégia exija o lançamento de uma linha inédita de produ‑ tos. O plano tático da unidade industrial po‑ derá envolver, projetar, testar e instalar os equipamentos necessários para produzir a nova linha. O planejamento operacional identifica os procedi‑ mentos e processos específicos necessários nos níveis inferio‑ res da empresa. Os gestores de linha de frente costumam concentrar ‑se em tarefas rotineiras, como lotes de produção, cronogramas de entrega e requisitos de recursos humanos. O modelo formal de planejamento é hierárquico, sendo que as estratégias de alto nível fluem por meio dos níveis infe‑ riores da empresa, levando a metas e planos mais específicos, segundo um cronograma ainda mais limitado. Contudo, nas empresas complexas atuais, o planejamento nem sempre é tão rígido. Os gestores de toda uma empresa podem estar envolvidos no desenvolvimento do plano estratégico e contri‑ buir com elementos críticos. Além disso, na prática, os gesto‑ res de níveis inferiores podem tomar decisões que moldam a estratégia, ainda que a alta administração não perceba. Queríamos que a Nike fosse a melhor empresa de esportes e fitness do mundo. Quando você diz isso, você define um foco. Você não irá fazer sapatos sociais ou patrocinar uma turnê mundial dos Rolling Stones. Philip Knight, fundador da Nike Hierarquia de metas e planosF I G U R A 4. Estratégicos Nível gerencial Nível de detalhamento Horizonte de tempo Táticos Operacionais Alto Alto Médio Médio Linha de frente Baixo Longo (3 a 7 anos) Médio (1 a 2 anos) Curto (< 1 ano) Quando Andy Grove, um assessor graduado da Intel, recomendou que a empresa saísse da área de memória para computadores, ela estava dedicando cerca de um terço de seu orçamento de pesquisa a projetos relacionados à memó‑ ria. Ainda assim, no nível prático, a empresa já estava saindo do segmento; apenas 4% de seu faturamento total vinha de produtos para memória.Por que isso acontecia, se não se tratava de uma estratégia definida? Os executivos da área financeira tinham instruído os gestores industriais a confi‑ gurar as fábricas de maneira a gerar as maiores margens (receitas menos custos) por centímetro quadrado de micro‑ chips fabricados. Como a memória para computadores O planejamento tático e operacional dá respaldo à estratégia As metas e os planos estratégicos da empresa dão base ao pla‑ nejamento realizado pelos gestores intermediários e da linha de frente. A Figura 4.2 mostra que, à medida que as metas e os planos passam do nível estratégico para o tático, e deste para o operacional, tornam ‑se mais específicos e envolvem períodos de tempo menores. O horizonte de tempo dos pla‑ nos estratégicos costuma variar entre três e sete anos, mas Cap 04_gestao_BATEMAN.indd 78 16/02/2012 11:40:55 fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce CAPÍTULO 4 | Planejamento Estratégico 79 estava se tornando uma commodity causadora de prejuízos, a área industrial fazia uma menor quantidade desses produ‑ tos. Assim, quando a Intel anunciou que iria sair do mercado de memória, sua estratégia apenas alcançava o planejamento operacional, que tinha sido gerado por planos táticos.7 A lição para os altos administradores é a de que devem certi‑ ficar ‑se de que estejam comunicando a estratégia a todos os níveis da empresa e dando atenção ao que neles acontece. Todos os níveis de planejamento precisam estar alinhados Para serem realmente eficazes, as metas e os planos estraté‑ gicos, táticos e operacionais da empresa precisam estar ali- nhados – ou seja, devem ser coerentes, sustentar ‑se mutua‑ mente e focar a consecução de um propósito e uma orientação comuns. A Whole Foods Market, por exemplo, liga seu planejamento tático e operacional diretamente ao planejamento estratégico. A meta estratégica da Whole Foods é “vender produtos da mais alta qualidade que tam‑ bém ofereçam alto valor aos nossos clientes”. Suas metas operacionais envolvem ingredientes, frescor, sabor, valor nutricional, segurança e aparência que atendam as expecta‑ tivas dos clientes ou superem ‑nas, inclusive com garantia de satisfação com o produto. As metas táticas incluem ambien‑ tações de loja que sejam “convidativas, divertidas, singula‑ res, informais, confortáveis, atraentes, propícias ao desen‑ volvimento e educativas”, além de um ambiente de trabalho seguro e prazeroso para os funcionários. Antigamente, em uma das áreas nucleares da Boeing, a Commer‑ cial Airplanes, uma orientação implacável para a obtenção do máximo de vendas resultou em um mau planejamento operacio‑ nal e relacionamentos desastrosos com clientes e fornecedores. Os vende‑ dores obtinham pedidos de centenas de aeronaves, fixando preços baixos demais e prometendo entrega rápida. Os gestores de produção correram para contratar dezenas de milhares de trabalhadores para dobrar os níveis de produção e os fornecedores foram pressionados para acelerar as entre‑ gas. A demanda por componentes tornou ‑se tão intensa que algumas eram entregues de helicóptero e táxi. Os custos aumentaram e o lucro caiu. Atualmente, por outro lado, a estratégia da Boeing Commercial Airplanes é crescer a um ritmo sustentável. A unidade agora só expande a capacidade produtiva quando determina que a necessidade irá perdurar por pelo menos dois anos. Se um cliente quiser fazer algum grande pedido, é necessária a aprovação de um comitê que inclui engenheiros e contabilistas, depois de terem certeza de que a empresa tem capacidade para honrar os prazos do contrato. A Boeing também aumentou o foco sobre a colaboração com seus fornecedores, compartilhando informações para garantir que peças em quantidade suficiente estejam disponíveis, sem incorrer na despesa de pedi‑ dos de urgência. Os fornecedores se beneficiam porque não precisam con‑ tratar pessoal para fazer frente a um surto de pedidos e demitir depois de um ou dois anos. O planejamento de produção abrange um prazo de diversos anos porque a fila de espera pode ser igualmente longa. Quando determina‑ dos clientes estão incertos a respeito de suas necessidades, os planejadores ajustam o cronograma para atender clientes que já estejam prontos para comprar e adiam os pedidos daqueles que não se importam com a espera, mantendo todos satisfeitos sem contratar mais trabalhadores para lidar com picos de demanda. Graças aos níveis mais constantes de pessoal, a Boeing pode se dedicar ao treinamento dos funcionários que já tem, em vez de contratar e demitir constantemente de acordo com o volume de pedidos.8 PROCESSO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Muitas empresas estão mudando a maneira de desenvolver e execu‑ tar seus planos estratégicos. Tradi‑ cionalmente, o planejamento es‑ tratégico vinha de cima. Os altos executivos e unidades especiali‑ zadas de planejamento desenvol‑ viam metas e planos para toda a empresa. Os gestores táticos e ope‑ racionais recebiam essas metas e planos e limitavam ‑se a preparar procedimentos e orçamentos para suas unidades. Atualmente, cada vez mais a alta administração en‑ volve os gestores de toda a empre‑ sa na formulação de estratégias.9 No ambiente atual, altamente com‑ petitivo e em mutação acelerada, os executivos precisam procurar por ideias em todos os níveis da empresa. Embora a alta adminis‑ tração continue a fornecer a dire‑ ção estratégica da empresa, ou sua “visão”, os gestores táticos e opera‑ cionais oferecem insumos impor‑ tantes para o plano estratégico. Esses gestores também po‑ dem formular ou alterar seus próprios planos, conferindo mais flexibilidade e capacidade de resposta à empresa. Por causa dessa tendência, surgiu uma nova expressão para designar o processo de planejamento estratégico: gestão estra- tégica. A gestão estratégica envolve gestores de todas as partes da empresa na formulação e implementação das metas estratégicas e das estratégias. Ela integra o planejamento estra‑ tégico e a gestão em um só processo. O planejamento estraté‑ gico se torna uma atividade contínua na qual todos os gestores são encorajados a pensar estrategicamente e a focar em ques‑ tões de longo prazo, voltadas para o exterior da empresa, além de aspectos táticos e operacionais de curto prazo. Como mostra a Figura 4.3, o processo de gestão estraté‑ gica envolve seis etapas: (1) estabelecimento da missão, da visão e das metas; (2) análise das oportunidades e ameaças externas; (3) análises dos pontos fortes e fracos internos; (4) análise SWOT e formulação da estratégia; (5) implemen‑ tação da estratégia; e (6) controle estratégico. Esse processo de planejamento e tomada de decisão é muito parecido com o sistema de planejamento do qual já tratamos. Primeiro, estabelecer a missão, a visão e as metas O primeiro passo do planejamento estratégico é estabelecer uma missão, uma visão e as metas da empresa. A missão é PLANEJAMENTO TÁTICO Um conjunto de procedimentos para traduzir metas e planos estratégicos amplos em metas e planos específicos e aplicáveis a uma parte determinada da empresa, como uma área funcional – marketing, por exemplo. PLANEJAMENTO OPERACIONAL O processo de identificação dos procedimentos e processos específicos necessários em níveis inferiores da empresa. GESTÃO ESTRATÉGICA Um processo que envolve os gestores de todas as partes da empresa na formulação e implementação de metas estratégicas e das estratégias. MISSÃO O propósito e o escopo operacional básicos de uma empresa. Cap 04_gestao_BATEMAN.indd 79 16/02/2012 11:40:56 fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce fisch Realce Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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