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CRESCIMENTO INTRAUTERINO RESTRITO (CIUR) Recém nascido que apresentou redução no seu potencial de crescimento no decorrer de sua vida intrauterina O critério mais utilizado é o peso ao nascer abaixo do percentil 10 para a idade gestacional estimada (feto PIG) mas este critério é passível de crítica porque podem ser considerados outros percentis, ou mesmo outros parâmetros diferentes do peso. - Atualmente outros autores consideram P5 ou P3 devido a presença de fetos PIG constitucionais e juntam a avaliação do peso fetal com a análise do doppler Epidemiologia 3-10% de todas as gestações Maior em países subdesenvolvidos - Baixas condições socioeconômicas - Insuficiência placentária (síndrome hipertensiva, desnutrição materna) Elevado gasto dos serviçøs da neonatologia Risco 8x maior de morte intra-uterina ou neonatal Taxa de 25% maior de morbidade perinatal devido a hipóxia cerebral e complicações - Distúrbios metabólicos e ácido básicos - Enterocolite necrotizante - Hemorragia intraventricular - Disfunções neurológicas - Disfunções cognitivas - Alterações na vida adulta (HAS, DM e cardiopatia) Crescimento fetal Processo amplo, complexo e rápido que ocorre de forma ordenada e constante ● Fase de hiperplasia - até a 16º semana Crescimento fetal à custa da população celular, formando órgãos, tecidos, placenta e anexas ● Fase de hiperplasia e hipertrofia - 2º trimestre Aumento da população celular, com hipertrofia e diferenciação das células de acordo com função que irão executar (especialização celular) ● Fase de hipertrofia - 3º trimestre População celular já está definida, ocorrendo hipertrofia celular com deposição de gordura e glicogênio Etiopatogenia Os fatores envolvidos na CIUR são frequentemente múltiplos e interdependentes ● Fatores maternos Desnutrição Leva a redução do volume plasmática → redução da perfusão placentária → menos substrato para o feto → redução do ritmo de divisão celular Condição socioeconômica Desnutrição, maior frequência de doenças associadas, maior prevalência de tabagismo, etilismo e uso de drogas) Idade Adolescentes têm o risco 2x maior IMC baixo Baixo peso pré-gestacional e ganho inadequado Histórica obstétrica CIUR prévio aumenta risco Hábitos de vida e trabalho Estresse estimula a liberação de catecolaminas Tabagismo Redução da carboxihemoglobina causando vasoconstrição placentária Alcoolismo Síndrome fetal alcoólica: ação teratogênica ou relaxamento da musculatura lisa dos vasos umbilicais e redução do fluxo placentário Drogas ilícitas Efeito citotóxico direto e vasoconstrição placentária Doenças maternas Síndromes hipertensivas, diabetes, cardiopatias, colagenoses, anemia crônicas, uso de medicamentos com efeito teratogênico ● Fatores fetais Anormalidades cromossômicas 10% dos CIUR graves e precoce Mais comuns: Trissomia 13, 18 ou 21; exclusões do cromossomo X, 4, 5, 13 ou 18, cromossomo de anel Dissomia uniparental do cromossomo 6, 14 ou 18 Deficiência de angiogênese, menor potencial intrínseco de crescimento e divisão celular Disturbios genéticos únicos (síndrome de Cornelia de Lange) Anemia de fanconi, algumas displasias esqueléticas, fístula traqueo-esofágica Defeitos do tubo neural (anencefalia) Doenças fetais Doença cardíaca congênita Hérnia diafragmática congênita Defeitos da parede abdominal (gastrosquise e onfalocele) Malformações anorretais Infecções bacterianas, virais ou parasitárias - África e amazônia: malária - Nações ocidentais: toxoplasmose e CMV - África e sudeste asiático: rubéola, sífilis, HIV, malária Agenesia do pâncreas Lipodistrofia congênita Galactosemia Gangliosides Hipofosfatasia Leprechaunismo Doença de células I Fenilcetonúria fetal Diabetes neonatal transitório Gestação múltipla Maior incidência de placentas pequenas, inserção velamentosa do cordão, insuficiência da placenta para o número de fetos ● Fatores placentários Placenta circunvalada Formação de anel membranoso envolta da placenta restringindo o crescimento da placenta → menos superfície de troca Redução de fluxo placentário, pode haver compressão do cordão Inserção marginal do cordão umbilical Gestação gemelar Placenta monocoriônica Anomalias placentárias Limitam a superfície de trocas nutricionais ou determinam menor aporte sanguíneo à circulação placentária, leva ao CIUR Hemorragias e isquemias placentárias Sequestros placentários de fluxo sanguíneo formando lagos Tumores placentarios Microinfartos placentários Insuficiência placentária Pré eclâmpsia Gestação gemelar (gestação monocoriônica) Classificação ● Período gestacional Precoce < 32 semanas Tardio > 32 semanas ● Gravidade CIUR grave < P3 ● Simetria CIUR simétrico - Resultado de agressão precoce no desenvolvimento fetal - 1º trimestre - Alteração irreversível - Afeta o corpo todo do feto - ⅓ dos casos de CIUR - Podem ser confundidos com RNs PIC não patológicos (80%) - Causas mais comuns: infecções com transmissão vertical, alterações cromossômicas, malformações congênitas CIUR assimétrico - ⅔ dos casos de CIUR - Resultado de agressão tardia no desenvolvimento fetal - 2 ou 3º trimestre - Redução gradual do ritmo de crescimento - Acometimento de segmentos corporais → proporcional ao momento, gravidade e duração da agressão - A gordura e os tecidos periféricos são os primeiros acometidos - Causas mais frequentes: doença vascular, insuficiência placentária crônica CIUR misto - Difícil diagnóstico (exceto se identificado precocemente) - Acometimento global de todos os segmentos corporais fetais - Etiologia: fatores que incidem precocemente e perduram; atores que incidem precocemente e se associam a redução do fluxo placentário; doenças cromossômicas e infecções - Sobreposição de ambos os CIUR Mecanismos defensivos fetais Hipóxia fetal Insuficiência placentária Restrição do crescimento intrauterino ● Centralização do fluxo Redistribuição do fluxo sanguíneo fetal Aumenta a PO2 cerebral Reduz o consumo de consumo de O2 sistêmico Consumo de glicose sem uso de O2 glicólise anaeróbica): aumenta o ácido lático, acidose metabólica Acidose causa dano tecidual então o corpo faz vasodilatação dos tecidos mais importantes - Um acompanhamento é a dilatação da artéria cerebral média Centralização é evidenciado pelo Aumento da resistência da umbilical + dilatação da cerebral média Complicações do CIUR ● Alterações precoces (intrauterinas) ● Alterações a longo prazo Consequências Aumento da mortalidade perinatal Aumento da prematuridade Aumento da morbidade precoce e tardia Marcador de condição patológica materna Marcador de mau prognóstico cardiovascular na vida adulta Diagnostico ● Suspeição Altura uterina reduzida Redução do percentil ● Ultra sonografia Principal método de diagnóstico e para procedimentos invasivos no CIUR Permite avaliação da vitalidade fetal e avaliação seriada para acompanhamento do líquido e peso Parâmetros de diagnóstico do CIUR: - DBP: diâmetro biparietal - CC: circunferência cefálica - CA: circunferência abdominal: parâmetro mais precoce e sensível, principalmente do CIUR tardio - CF: comprimento do fêmur Peso fetal (DBP + CA + CF + curva de %) é o parâmetro mais preditivo de CIUR Relação entre segmentos fornece ideia de proporcionalidade fetal no CIUR (simétrico ou assimétrico) - CC/CA: >1 até 34 semana e < 1 semana da 35º semana - CF/CA: 22 +-2; constante, principalmente após a 22º semana Acompanhamento de fetos com CIUR pelo perfil biofísico fetal (análise da vitalidade) - Movimentos corporais (sofrimento agudo) - Movimentos respiratórios (sofrimento agudo) - Tônus fetal (sofrimento agudo) - Volume de líquido amniótico (sofrimento crônico) → oligohidrâmnio Maturidade placentária → grau 0 a 3 - Associada com o grau de calcificações da placenta - Evidência fraca → não altera conduta ● Dopplerfluxometria Artéria uterina Incisura (chanfradura protodiastólica) desaparece até 26º semana Incisura após 26º semana = pré eclâmpsia + CIUR + DDP Artéria umbilical Principal método de diagnóstico de CIUR para insuficienciaplacentária Ausência de fluxo diastólico (diástole zero) Fluxo reverso na diástole Artéria cerebral média Principal vaso de circulação fetal estudado no CIUR Aumento da resistência na artéria umbilical leva a redução da resistência na artéria cerebral média → mecanismo reflexo de redistribuição ● Centralização do fluxo Privilegia órgãos indispensáveis à vida uterina (cérebro, coração e supra-renais) Feto centralizado é feto de alto risco → hipóxico e acidótico Parâmetros de vitalidade podem estar presentes (refletem integridade do SNC) Diástole zero → alto índice de complicação e obituário perinatal Avaliação da progressão da gravidade da artéria umbilical ao doppler: A: doppler normal B: início da redução C: sangue apenas na sístole, ausência de fluxo na diástole D ainda mais grave: diástole reversa O doppler é realizado desde o momento que o CIUR é identificado, o intervalo depende do resultado geralmente em 15 dias se normal, 1 semana se alteração leve a moderada, diário/48h se alterações graves Doppler no 3º trimestre de fetos normais mas gestantes com fatores de risco (necessário avaliar curva de crescimento) ● Cardiotocografia Método biofísico de avaliação da vitalidade fetal Avaliação alterações no BCF perante estímulos: - Movimento corporal - Estímulo sonoro - Contrações uterinas Mecanismo reflexo regulado pelo SNA → integridade oxigenativa do SNC Não serve para diagnóstico de CIUR Conduta Rastrear a vitalidade fetal enquanto for possível, com a intenção de postergar a interrupção Interromper no momento que se julgar adequado, em função da gravidade do sofrimento fetal ● Rastreamento da vitalidade fetal Testes biofísicos: cardiotocografia basal e estimulada, perfil biofíscio fetal Teste hemodinâmico: doppler fetal arterial e venoso e doppler materno ● Pontos chave Diagnóstico antenatal Determinação e manejo do fator etiológico Vigilância do crescimento fetal Vigilância da vitalidade fetal Intervenção obstétrica oportuna Prevenção das complicações imediatas e tardia ● Frequência dos testes Biometria a cada 2 semanas Doppler arterial semanal Doppler venoso se arterial alterado CTB individualizada (1 a 7 dias) PBF modificado (LA + CTG) Avaliação materna diária dos movimentos fetais ● Interrupção da gravidez Realizar se indicações maternas ou obstétricas A centralização de fluxo indica a antecipação do parto devido às possíveis complicações neurológicas futuras Administrar corticóide sempre que for possível em benefício fetal ● Sobrevida dos RNs 500 a 600 gramas - 20% 1250 a 1500 gramas - 90% ● Via de parto Indica-se mais liberalmente a cesariana nos fetos com CIUR, porque eles apresentam baixa reserva de oxigênio e são suscetíveis ao sofrimento agudo que o trabalho de parto pode provocar
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