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Espermatogênese à espermatogênese é o processo de formação e desenvolvimento das células germinativas (gametas). Os gametas são as únicas células que sofrem meiose (divisão celular com diminuição do número cromossômico), sendo que são altamente especializadas. A formação (citodiferenciação morfológica) do espermatozoide ocorre na luz dos túbulos seminíferos no testículo, esses que são envolvidos e separados por septos de tecido conjuntivo. Depois de formados seguem pela rede testicular e chega ao epidídimo, local que ocorre maturação funcional, concentração, armazenamento e proteção dos espermatozóides. Por fim, os espermatozoides ficam reservados na cauda do epidídimo, seguindo pelo ducto deferente, uretra e saindo para o meio externo durante a ejaculação. Fases da espermatogênese 1) Origem extra-embrionária das células e migração para as gônadas As células germinativas primordiais (gonócitos), essas que são iguais nos dois sexos, se diferenciam em espermatogônia após migrarem para o embrião, vindo da parede do saco vitelínico. Sabe-se que, antes da gastrulação, os precursores dos gonócitos saem do corpo do embrião e migram para a parede do saco vitelínico, para que não sofram alterações durante o desenvolvimento do embrião. Depois, as células germinativas primordiais migram de volta para a parede dorsal do embrião para povoar a crista genital, onde as gônadas estão se diferenciando. Em aves as células germinativas primordiais originam-se na extremidade cefálica do embrião e chegam ao seu destino via vasos sanguíneos, deixando a corrente sanguínea no intestino posterior para migrar em direção às cristas genitais. Para que essas células migrem para o local de desenvolvimento das gônadas é preciso que sejam promovidos estímulos para elas chegarem ao local correto. Assim, ocorre uma produção de proteínas específicas pelas gônadas, como tenascina C, integrina 2, laminina, SDF1 e CXCR4, essas que sinalizam a migração. Ocasionalmente algumas células germinativas primordiais podem, acidentalmente, se desviarem do seu caminho, fixando em sítios extragonadais e formando TERATOMAS, esses que podem ser incompatíveis com a vida. Isso ocorre, pois, se proliferam de modo não controlado com estruturas variadas em sua composição, já que as células não são diferenciadas, podendo originar qualquer estrutura. 2) Mitose para aumento da quantidade de células germinativas Uma vez que chegam até a gônada, ainda no período embrionário, essas células precisam se proliferar para ter a quantidade suficiente de gonócitos para gerar um indivíduo saudável. Esse aumento do número de células ocorrerá por mitose, sem alterar a ploidia. Essas mitoses nos homens acontecem já no período embrionário, mas se intensificam na puberdade (pico de testosterona que estimula a divisão) e continuam até a morte. Já no sexo feminino, elas ocorrem apenas no período embrionário. 3) Meiose para redução do número cromossômico Até chegar na fase da puberdade tem-se apenas espermatogônia fazendo mitose. Após esse evento, uma espermatogônia diploide passa a duplicar seu material genético e, posteriormente, formar quatro células haploides (sofrendo crossing over e aumentando a variabilidade genética). A espermatogônia cresce e se diferencia em espermatócito primário (muito maior que a espermatogônia), esse que irá sofrer a meiose I, formando dois espermatócitos secundários (cada um com metade do número cromossômico), sofrendo a segunda meiose e formando quatro espermátides haploides. Assim elas sofrem espermiogênese (DIFERENCIAÇÃO DA ESPERMÁTIDE EM ESPERMATOZOIDE), se transformando em um espermatozóide maduro com estrutura adequada. Espermatogônia (2n) Espermatócito primário (2n) Espermatócito secundário (n) Espermátide (n) Túbulos seminíferos nos testículos Epidídimo Ducto deferente Uretra Meio externo A meiose é importante para manutenção do número cromossômico da espécie e segregação aleatória e independente dos cromossomos maternos e paternos. Além disso, ocorre o processo de crossing over, que auxilia na variedade de gametas para produzir indivíduos diferentes. Para garantir que sempre tenha espermatozoide sendo produzido, no homem, a espermatogônia se divide pode formar, por mitose, uma do tipo A e do tipo B. A espermatogônia do tipo B SEMPRE entra em meiose, enquanto que a do tipo A se diferencia em A e B, e assim sucessivamente, agindo como células-tronco no testículo, que garante a produção ‘incessante’ de gametas masculinos, de modo que o homem não tem menopausa. Quando as fases imaturas do espermatozoide se dividem elas ainda ficam juntas por uma ponte citoplasmática, essa que faz a sintonização durante a espermatogênese garantindo que todas as células da espermatogônia se dividam ao mesmo tempo. Todavia, essas pontes são perdidas na espermiogênese para que os espermatozoides sejam liberados de modo individual. 4) Maturação estrutural e funcional A maturação estrutural garante que a forma do espermatozoide esteja pronta para fecundar o ovócito, enquanto que a funcional garante que o espermatozoide saiba reconhecer o ovócito e como agir no momento da fecundação. Na espermiogênese a espermátides se transformam em espermatozoides maduros. Os principais eventos são: Condensação cromossômica para proteger o material genético, essa que é feita pelas protaminas, que tem a capacidade de condensar MUITO o material genético Perda significativa de citoplasma, perdendo também organelas desnecessárias, para ser mais leve e facilitar sua movimentação. Formação do acrossomo (bolsa cheia de enzimas na frente do núcleo), essencial para o processo de fertilização. Ele é derivado do complexo de Golgi e tem enzimas hidrolíticas. Desenvolvimento do flagelo, que cresce a partir de um par de centríolo e é responsável pela movimentação do espermatozoide. Tem-se uma peça intermediária com acúmulo de mitocôndrias para auxiliar no batimento flagelar. Partes do espermatozoide O acrossomo é a parte importante para a fecundação, já que é uma bolsa cheia de enzimas. Também se tem um núcleo com material genético altamente compactado. O colo ou pescoço promove a conexão da cabeça com a cauda, onde estão os centríolos que originarão o axonema, esses que tem dineína, uma proteína motora que auxilia no batimento flagelar. A peça intermediária da cauda possui microtúbulos organizados em axonema com mitocôndrias que fornecem ATP pro batimento flagelar. A peça principal da cauda não possui mitocôndrias, só axonema, esse que pra funcionar precisa do ATP produzido pelas mitocôndrias na peça intermediária. A peça terminal da cauda não tem mais axonema, só citoplasma envolto por membrana plasmática. A espermatogênese vai de fora do túbulo seminífero para a luz, num processo centrípeto, já que o fato deles estarem mais perto da luz facilita para que sejam liberados durante a espermiação, indo pro epidídimo. No túbulo seminífero, além das células germinativas tem-se as células de Sertoli, que são grandes células somáticas presentes no epitélio germinativo. Vai desde a base até a luz do túbulo seminífero, aderida à lâmina basal, sendo bem grande e envolvendo todas as células germinativas. Tem núcleo piramidal e evidente na porção basal do túbulo seminífero. A fusão do prolongamento de duas células de Sertoli forma a barreira hematotesticular. Quando a espermatogônia começa a espermatogênese ela passa por essa barreira pra que ela possa se diferenciar protegida de agentes, como o sistema imunológico, por ser uma célula estranha (haplóide) ou até mesmo medicamentos e substâncias tóxicas. Essa célula tem a população estabelecida APENAS na puberdade, não se multiplicando posteriormente. Além disso, tem função de: Nutrição (passa nutrientes para células germinativas por difusão) e sustentação das células germinativas (apoio físico); Secreta um fluido nos testículos, a fim de que os espermatozóides possam se mover até o epidídimo; Secreta hormônio INIBINA, que faz feedback com FSH para produzir gonadotrofinas da maneira adequada; Produz e secreta o hormônio antimulleriano, que no período embrionário impede formação de estruturas femininas; Faz fagocitose, como dos restos citoplasmáticos liberados na espermiogênese; Produção e secreção de proteína ligadora de andrógeno, que se liga à testosterona e mantém os níveis desse hormônio mais altos no túbulo seminífero em relação ao restante do corpo. Sem a testosterona a espermatogênese ocorre de maneira insuficiente. O compartimento basal é o local entre túbulo seminífero abaixo da barreira hematotesticular onde se localizam as espermatogônias. Para cima tem-se o compartimento adluminal, que tem a presença de células espermatogênicas em diferentes estágios de maturação. Essa barreira hematotesticular não é estática, se moldando de acordo com as necessidades da diferenciação das células germinativas. Entre os túbulos seminíferos tem tecido intersticial composto por fibroblastos, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, macrófagos, células de Leydig, entre outros. Células de Leydig: especializadas na produção de hormônio masculino (testosterona), para estimular a diferenciação de espermatogônia em espermatozoide. Citoplasma acidófilo, como REL e mitocôndrias. Ela precisa estar cercada de vasos sanguíneos para jogar a testosterona no sangue, mas elas estão expostas a danos, podendo influenciar na produção de espermatozoide. Onda espermatogênica: cada parte do túbulo seminífero está em um estágio diferente da espermatogênese, garantindo que sempre tenha produção de espermatozóide. No epidídimo, órgão acoplado ao testículo, acontece a maturação final do espermatozóide. Acontece a aquisição da motilidade de reconhecimento de ovócito e o transporte até a cauda, para que vá para o tubo deferente durante a ejaculação. Além disso, promove a concentração, proteção e armazenamento temporário. É onde o espermatozoide ‘aprende’ a agir no momento da fecundação, com base em ganho de proteínas em sua superfície. É uma rede de um túbulo seminífero altamente enovelado. Podem haver algumas alterações espermáticas, como: baixa produção espermática (oligospermia), ausência de espermatozoide no ejaculado (azoospermia) ou presença de grande número de espermatozóides defeituosos, dificultando e até impossibilitando a fecundação. Se conseguir fecundar, provavelmente o embrião não será viável (teratospermia). Fatores que alteram a espermatogênese Níveis alterados de hormônio: testosterona, FSH, LH, etc); Temperaturas elevadas (criptoquirdia): locais anormais de posicionamento do testículo; Desnutrição: principalmente proteica; Alcoolismo: atrapalha a produção de espermatozoides; Drogas: principalmente a maconha, apresentando aumento de teratospermia e baixa motilidade, além de induzir apoptose de células de Sertoli; Varicocele: plexo pampiniforme junto com a artéria testicular rouba calor da artéria para deixar a temperatura mais baixa. Se esses vasos se dilatam, o fluxo sanguíneo fica mais lento e a temperatura aumenta, atrapalhando a espermatogênese.
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