Buscar

Aprendendo com os erros: uma perspectiva comunicativa do ensino de línguas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESENHA DESCRITIVA
FIGUEIREDO, Francisco José Quaresma de. Aprendendo com os erros: uma perspectiva comunicativa do ensino de línguas. Goiânia, Editora da UFG, 1997.
No livro Aprendendo com os erros: uma perspectiva comunicativa do ensino de línguas, o Prof. Francisco José Quaresma de Figueiredo destaca a seção “Identificando e explicando o erro” com o intuito de analisar e classificar alguns erros cometidos no processo de produção escrita na língua-alvo, mais especificamente, a língua inglesa. Utilizando a variedade-padrão como um paradigma, propõe-se a demonstrar através de exemplos os tipos de erro e suas motivações, além de apresentar a maneira adequada de corrigi-los.
O autor destaca inicialmente os denominados “erros interlinguais”, que também podem ser chamados de interferência ou transferência. Esses erros acabam sendo cometidos principalmente pela interferência da língua materna no momento da produção da língua-alvo, os quais podem ser acarretados através de diferentes processos.
O primeiro processo destacado no texto é a extensão por analogia, na qual o indivíduo se utiliza de um vocábulo na língua inglesa de maneira inadequada, a partir de semelhanças encontradas na língua materna, sejam elas ortográficas, fonológicas, semânticas, sintáticas, etc. No que diz respeito à extensão semântica de um vocábulo na língua portuguesa, por exemplo, tem-se como um dos casos mais comum a utilização do verbo have [ter] em momentos em que deveria significar “haver”, que seria traduzido como there is/there are em inglês. Isso se dá, principalmente, pela utilização dos verbos “ter” e “haver” de maneira equivalente em sentenças na língua portuguesa. Quanto à semelhança ortográfica e/ou fonológica com a língua materna, percebe-se que o indivíduo é levado muitas vezes a utilizar falsos cognatos exclusivamente ao perceber uma semelhança na grafia e na pronúncia das palavras nas línguas materna e estrangeira. Isso pode ser observado através do uso equivocado de certos vocábulos, como por exemplo, realize [perceber] como “realizar”, music [música] como “canção”, necessity [necessidade] como verbo ao invés de substantivo, dentre outros.
No que concerne ao apoio no sistema gráfico da língua materna, sabe-se que a língua inglesa possui diversas palavras em que ocorre duplicação consonantal, como em intelligent, opportunity, addition. Também é comum a utilização da letra y em palavras como typical, rhythm, cognatas de palavras que utilizam a letra i (típico, ritmo). Ao tentar escrever sentenças em que esses casos ocorrem, o estudante acaba por cometer um erro ao utilizar essas palavras de acordo com o sistema gráfico na língua portuguesa, retirando a duplicação das consoantes ou substituindo a letra y pela letra i, aproximando-as da escrita na língua materna. Já em relação ao apoio no sistema fonético/fonológico e gráfico da língua materna, os erros são geralmente cometidos devido à influência da nasalização de algumas vogais. No inglês, as letras m e n constituem fonemas mesmo após uma vogal, o que muitas vezes pode levar o aluno ao erro a partir do momento em que ele tenta associar à utilização dessas em palavras do português, as quais muitas vezes acabam sendo nasalizadas. Ao pensar dessa forma, alguns equívocos como a escrita da palavra swim [nadar] como “swin” e soon [logo, breve] como “soom” podem acontecer.
Outro processo que se constitui como uma interferência da língua materna e acaba por vezes em conduzir ao erro é a não-distinção lexical na língua materna, em relação à L2. Ao recorrer aos dicionários em busca de uma determinada palavra, os indivíduos se deparam com uma série de significados listados em sequência em uma única entrada lexical. O que acontece é que, na maioria dos casos, esses dicionários não apresentam os diferentes contextos em que essas palavras podem ser utilizadas, o que pode acarretar no uso incorreto, visto que passam a assumir significações diferentes. É o caso da palavra “roubar”. Em inglês, existem duas traduções possíveis: steal, para o caso de furto de objetos, por exemplo, e rob, referente ao roubo de pessoas ou instituições. A palavra “sobre” também se aplica em diferentes contextos, tanto em português, quanto em inglês. Pode ser traduzida como about, on, above, over, adquirindo um significado diferente em cada contexto. O mesmo ocorre com as indicações de hora, como em o’clock, hour, time, ou até mesmo com as diferentes conjugações do verbo go, em inglês. Nesses casos, o erro é conduzido mais por uma falta de orientação e da carência de materiais didáticos que explorem os diversos contextos das palavras mostradas, do que propriamente a falta de conhecimento do indivíduo em relação às palavras.
A não distinção gramatical na língua materna em relação à L2 é também um dos processos que mais incitam o erro. A pessoa comete o erro quando há uma determinada distinção gramatical na língua-alvo que não ocorre na língua materna. Um dos casos mais comuns é relacionado ao uso do Simple Past e do Present Perfect, cuja utilização só ocorre no inglês. O Simple Past representa um passado com o tempo definido, ao passo que o Present Perfect faz referência a um passado não definido, o que pode fazer com que o indivíduo, por falta de conhecimento, acabe utilizando o Simple Past para ambas as situações temporais.
Um dos erros recorrentes é o codeswitching, muito comum em casos em que o indivíduo não sabe como traduzir determinada palavra e acaba por utilizar vocábulos da própria língua materna nas sentenças da língua-alvo. Já o foreignizing é uma estratégia que visa “maquiar” as palavras em português para que elas se pareçam com termos em inglês, tentando camuflá-las para encaixarem na L2. A tradução literal, por sua vez, é talvez o erro mais comum na comunicação, quando os indivíduos possuem um determinado conhecimento das palavras em inglês, mas as utilizam a partir da estruturação das sentenças em português. É provável que o leitor ou interlocutor entenda a mensagem a ser repassada ou infira o sentido através do reconhecimento de termos isolados, mas certamente haverá dificuldades em se estabelecer uma comunicação adequada.
No tópico 7, “Erros causados por transferência de estrutura”, o professor José Quaresma fala sobre o apoio que os estudantes colocam da língua mãe sobre a língua-alvo, fazendo com que, ao produzir uma sentença na língua-alvo (inglesa), os estudantes possam se apoiar na estrutura sintática da língua portuguesa, levando-os a cometer os seguintes erros:
· Trocar ou usar um artigo definido ou indefinido indevidamente;
O artigo definido “the” em inglês, apesar de haver uma tradução ou equivalência, tem um próprio uso, sendo assim, não usado para indicar coisas em geral. Por exemplo, “as abelhas produzem mel”, uma verdade universal, ficaria “Bees produce honey”, tendo o artigo definido cortado da estrutura sentencial. Há diversos outros exemplos citados pelo autor, como “I’m going to school”, “estou indo para a escola”, que tem o artigo também cortado, e outro exemplo, no qual o artigo definido pode mudar o sentido da frase. “He is in prison” dá o sentido de que “ele está na prisão”, é um prisioneiro, enquanto “he is in the prison”, “ele está na prisão” tem o sentido de que “ele” está na prisão, mas não necessariamente preso, mas fazendo uma visita, trabalhando, qualquer outra possibilidade além do sentido de “estar preso”. É apoiando na estrutura sintática do português que os alunos cometem esses erros de transferência de estrutura.
Em inglês, não usamos o adjetivo possessivo sendo antecedido pelo artigo definido, como em “The beauty of the my country”, “A beleza do meu país” sendo em português, facultativo. Do mesmo modo, em português, os artigos definidos só antecedem um substantivo que designa uma profissão se o mesmo estiver acompanhado de um adjetivo ou se for usado para dar ênfase, como em “ela é médica”, “ela é uma boa médica”, já em inglês, o uso do artigo indefinido “a/an”, é obrigatório em qualquer situação que venha sendo antes de um substantivo designador deprofissão, que claro, esteja no singular, sendo “she is a doctor” e não “she is doctor”.
· Trocar a ordem dos adjetivos;
Enquanto em português o adjetivo pode tanto anteceder como suceder, sendo mais frequente o uso sucessivo, em inglês o adjetivo vai sempre anteceder o substantivo. Tais diferenças também são responsáveis pelos erros causados por transferência de estrutura. Nos exemplos a seguir, o aluno comete o erro de transferência: “She’s a person wonderful” [Ela é uma pessoa maravilhosa], quando o correto seria “She is a wonderful person”.
· Trocar a ordem do pronome oblíquo; 
Em português, o pronome oblíquo pode tanto suceder o verbo (salvo algumas restrições), como também anteceder, enquanto em inglês sempre irá suceder o verbo. Tais diferenças também causam confusões nos alunos na hora de criar a estrutura sentencial, como observa-se no exemplo: “Beaches from Natal me fascinated”, [Praias de Natal me fascinaram], enquanto deveria ser “fascinated me”, sucedendo o verbo.
· Ausência advérbios necessários em estruturas;
Quando dizemos que sabemos fazer, preparar, manusear algo em inglês, usamos o advérbio “how”, equivalente a “como”, em português. Esse advérbio é necessário para dar sentido as estruturas, sendo em português usado, quando exprime a ideia de “de que maneira” ou sendo dispensável em outros usos. Portanto, em inglês é necessário o uso desse advérbio, fazendo com que alguns alunos errem na hora de produzir alguma frase, como por exemplo: “I don’t know swim well” como “Eu não sei nadar bem”, quando o correto seria “I don’t know how to swim well”.
· Ausência de pronome necessário e muito usado.
Em português, quando queremos tratar de algo previamente dito, ou repetimos o que foi dito anteriormente ou apenas não colocamos palavra alguma, apesar disso, o texto continua coerente. Já em inglês, se quisermos falar de algo que foi previamente dito, será necessário o uso do pronome “one”, caso queira-se evitar a repetição. Essa ausência, divergência linguística entre as duas línguas causa alguma dificuldade para os aprendizes da língua, cometendo erros como: “It was a nice trip, I hope the next * with ansiety” [Foi uma boa viagem, eu espero as próximas com ansiedade] quando a maneira mais adequada é “It was a nice trip, I’m waiting for the next ones with anxiety”
Todos esses erros citados foram de apoio na estrutura sintática do português, além desses, há os que se apoiam na estrutura morfológica da língua portuguesa, cometendo erros que acontecem também ao produzir uma sentença em inglês. Em inglês, o adjetivo é invariável, ele não concorda em gênero ou em número com a palavra que o modifica, como em “It’s a beautiful car”, “ É um carro bonito”, “They are beautiful children”, “Eles são crianças bonitas”. Em português, no entanto, o adjetivo concorda com a palavra a qual está modificando, seja em gênero e/ou em número. Tais divergências também causam confusões aos alunos, é o caso dos exemplos a seguir: “The transport in Goiânia isn’t of the betters in country”“ ao invés de “Transport in Goiânia isn’t one of the best in the country”.
Ainda tratando desse assunto, o autor mostra a oscilação de erros e acertos em relação à pluralização dos adjetivos, pois o aluno coloca um adjetivo no plural, “good” [bom], mas também mantém outros adjetivos em formas invariáveis, demostrando que eles produzem as sentenças com a hipótese sobre o adjetivo ser pluralizável ou não. Esse erro pode confundir mais tarde na hora do aluno conhecer outras palavras, já que “goods” significa “mercadorias”, assim, sem a correção necessária, o aluno pode achar que está no caminho certo e que de fato os adjetivos em inglês sofrem variações de plural, todavia, vemos que o erro altera todo o sentido do texto.
No que concerne aos “erros intralinguais”, segundo Richards, são erros resultantes da aprendizagem de uma língua-alvo, que não sofrem influência da língua materna do indivíduo. O autor então apresenta alguns tipos de erros que compõem essa categoria, como por exemplo, os erros desenvolvimentais, os quais podem ser explicados por vários processos: omissão, adição, generalização, formas alternadas e ordem indevida de palavras. 
Exemplos de erros desenvolvimentais são os erros por omissão, que podem ser caracterizados pela ausência de elementos que devem aparecer em uma sentença bem elaborada. Esses elementos podem ser flexões verbais e nominais, artigos, verbos auxiliares, etc., por exemplo, a omissão de preposição em “He work ___ a big state company.”
Os erros por adição são ocasionados por elementos que não deveriam aparecer em uma sentença bem elaborada, caracterizados por partículas desnecessárias, como em “I know her for five years ago.” Em relação aos erros de alternância, esses são ocasionados pelo uso irregular de membros de mesma classe, por exemplo, He/She e This/Those e Me/Myself e At/In e Was/Were.
Segundo Dulay, Burt e Krashen, erros assim são comuns em indivíduos em processo de aprendizado do inglês como L2 e por isso são classificados como erro desenvolvimentais. 
Pode-se compreender também os erros ocasionados por invenção de uma nova palavra (word coinage), os quais são erros geralmente causados por falsos cognatos, palavras com um significado na língua alvo e outro na língua principal. Já em relação aos erros ocasionados pela não relação entre grafemas e fonemas da língua alvo com a língua portuguesa, pode-se citar como exemplos: Cookie – Kuki = Biscoito / Road - rəʊd = Estrada.
Vale ressaltar ainda dois tipos de erros relevantes ao aprendizado: os erros únicos - nos quais se incluem erros causados por adição, omissão, formas alternadas e por aglomeração de palavras; e os erros ambíguos - que por sua vez, incluem erros causados por omissão, adição, posicionamento indevido de advérbios e locuções, generalização e formas alternadas.
Os erros únicos se apresentam através de hipóteses em relação à língua-alvo, portanto são cometidos por aprendizes de L2 e não sofrem interferência da língua materna. Diante disso, no que se refere aos erros ocasionados por adição, acontece a adição do marcador de infinitivo “to” aos verbos modais que são acompanhados por um verbo no infinitivo, sem o marcador em questão e também se trata da adição desnecessária do artigo “the”, como no exemplo: “I swin and listen to the music”. Os erros ocasionados por omissão, neste caso, se exemplificam através do ato de omitir o marcador de particípio passado – ed – dos verbos regulares em tempos compostos, como por exemplo, “had played”. Quanto aos erros ocasionados por formas alternadas, se remete à forma infinitiva e à forma – ing –, pois assim como em português usamos um verbo na forma infinitiva após as preposições ou o verbo “ser”, em inglês, no mesmo contexto, usamos o – ing –. Além disso, em relação a esse tipo de erro, também podem ocorrer outras formas de alternância, como: alternância entre as formas verbais “has” e “be” ao invés de “is”; entre os tempos verbais simples e progressivos; o uso do auxiliar “don’t” ao invés do marcador “not”; e ainda, o uso da palavra “person” invés de “people”. Por fim, os erros ocasionados por aglomeração de palavras inglesas que o aluno escreve e que não levam à significação alguma, dificultando a interpretação.
Partindo para a classificação de erros ambíguos, é possível destacar seis tipos de erros ocasionados por omissão, sendo eles: omissão dos auxiliares “do/does” em sentenças negativas; omissão do marcador de infinitivo “to”; omissão do sujeito, como por exemplo: “They said that (they) loved Goiânia”; omissão do marcador de plural (também comum no português); omissão do marcador da 3º pessoa do singular e omissão do objeto direto. Quanto aos erros ocasionados por adição, neste caso, remetem ao marcador duplo de negativa, como por exemplo: “but I didn’t do nothing special”. Já os erros ocasionados por posicionamento indevido de advérbios e locuções adverbiais se tornam comuns, tendo em vista que em português possuem uma leve liberdade de movimentação, enquanto em inglês possuem regras e acabamnão sendo observadas pelo aprendiz. Por último, finalizando essa classificação, há ainda os erros ocasionados por generalização, que se dividem em: generalização dos substantivos em “contáveis”, sendo que alguns substantivos só possuem uma forma e não podem ser pluralizados; generalização do comparativo de superioridade, utilizando o “more”, quando que alguns adjetivos são modificados pelo morfema – er – e concluindo, a generalização do plural, com o acréscimo do – s – no final das palavras, como é feito no português.

Outros materiais