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MARIA KAROLINA PALITOT TEIXEIRA DE CARVALHO DEBORAH CRISTINA NASCIMENTO DE OLIVEIRA MedEasy Terceira Unidade Saúde do Adulto Índice MedEasy Oftalmologia DEBORAH OLIVEIRA MARIA KAROLINA PALITOT Pneumologia Cardiologia Reumatologia Farmacologia Gastroenterologia Radiologia Índice MedEasy DOENÇAS OCULARES NA CARDIOLOGIA Oftalmologia DEBORAH OLIVEIRA MARIA KAROLINA PALITOT Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Doenças Oculares em Cardiologia As mais comuns: ❏ Retinopatia hipertensiva ❏ Oclusão ocular venosa e arterial ❏ Síndrome ocular isquêmica RETINOPATIA HIPERTENSIVA: A retinopatia hipertensiva resulta de alterações sofridas pelos vasos da retina em doentes com hipertensão arterial. As mudanças observadas na retina, resultantes da retinopatia hipertensiva, são mudanças ocorridas na circulação arterial e arteriolar como consequência da pressão arterial elevada. ➢ Fisiopatologia: ● Pressão arterial elevada com perda da auto-regulação vascular com dano microvascular transitório ou persistente. ● Primeiro evento: estreitamento das arteríolas pré capilares puro ou com ARTERIOSCLEROSE = doença degenerativa da artéria devida à destruição das fibras musculares lisas e das fibras elásticas que a constituem, levando a um endurecimento da parede arterial, ger. produzido por hipertensão arterial de longa duração ou pelo aumento da idade. ● Ruptura da barreira hematoretiniana. ● Aumento da permeabilidade vascular. ● Isquemia focal aguda. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot TRATAMENTO: ● Controle Pressórico e metabólico ● Fotocoagulação a laser ● Injeção Intraocular de ANTI VEGF OCLUSÃO RETINIANA VENOSA: A oclusão venosa da retina, conhecida também pela sigla OVR, é a obstrução ou bloqueio de uma ou várias veias que irrigam a retina levando oxigênio e nutrientes até ela. A OVR é um distúrbio vascular comum da retina e uma das causas mais comuns de perda de visão no mundo. É, na verdade, a segunda causa mais comum de cegueira por doença vascular da retina, após a retinopatia diabética. ➢ Fisiopatologia: ● Arteriolosclerose: arteríola e veia com adventícia em comum. ● Compressão, perda de células endoteliais e obstrução venosa. ● Elevação da pressão venosa e capilar. ● Estagnação do fluxo sanguíneo e hipóxia retiniana ● Lesão endotelial capilar e hemorragia. ● Aumento da pressão tecidual. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ➢ Fatores de risco: Idade acima de 65 anos HAS ( 73% idosos X 25 jovens) (oclusão de ramo) Dislipidemia ( 35% dos casos) DM ( 10% casos idosos) Tabagismo Em Pacientes < 50 anos ACO = anticoncepcional oral( suspensão do tratamento) DC Mieloproliferativa: Mieloma / Policitemia Hipercoagulação Deficiência proteína C e S/ Fator XXI / Leiden Ac Lúpico / Ac antifosfolipide Doença Inflamatória BEHCET/ sarcoidose / Wegner Insuficiência Renal Crônica / desidratação / hopotireoidismo ➢ Quadro Clínico: Oclusão de ramo venoso: Defeito de CV Mácula acometida: borramento de visão metamorfopsia Exame de fundo de olho: Dilatação e tortuosidade venosa Hemorragia em ponto e em chama de vela Manchas algodonosas Edema retiniano Prognóstico: resolução em 6 meses Acompanhamento trimestral Complicações: Edema macular com boa perfusão: laser Com mácula acometida perfusão ou neovascularização: injeção de ANTI VEGF ou corticoide. Oclusão de veia central: BAV severa, aguda e indolor DPAR + Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Exame de fundo de olho: Dilatação e tortuosidade venosa difusa Hemorragia em ponto e em chama de vela Edema e hiperemia de disco óptico Manchas algodonosas e edema retiniano difuso Acompanhamento mensal Complicações: Isquemia macular, neovascularização Rubeosis= glaucoma por 100 dias Tratamento: Panfotocoagoulação a laser e anti VEGF AVALIAÇÃO CLÍNICA: Pressão arterial Exames de sangue: glicemia colesterol VHS Função renal Função da tireoide Eletroforese de proteínas plasmáticas ECG e avaliação cardiológica Paciente jovem: Doença autoimune= RX tórax, PCR, LES, AR, sarcoidose, coagulograma. OCLUSÃO ARTERIAL DA RETINA: Causas: Trombose relacionada à aterosclerose= lâmina crivosa Embolismo carotídeo: Origem mais comum: bifurcação carotídea Colesterol ou placa de Hollenhorst Cálcio Fibrinoplaquetário Relacionado também a isquemia transitória Embolismo Cardíaco Vasculites, anemia falciforme Enxaqueca retiniana, trombofilia Síndrome de SUSAC: surdez + encefalopatia Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ➢ Fatores de risco: Idade HAS/ DM Dislipidemia Tabagismo ACO Hiper-homocisteinemia ➢ Avaliação clínica: Exame clínico cardiológico ECG, ECO, Doppler de carótidas Exames de sangue: hemograma, coagulograma, glicemia, função renal, colesterol, colesterol. triglicerídeos e função da tireoide VHS e PCR: ACG ● Pacientes Jovens: Doença autoimune: LES e FR Homocisteína ● Profilaxia sistêmica: Terapia antiplaquetária Anticoagulante oral SÍNDROME OCULAR ISQUÊMICA: Rara e unilateral Mais comum em homens, 70 anos Hipoperfusão ocular crônica Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Grave estenose carotídea ipsilateral, > 90% DM, HAS, ISQUEMIA CARDÍACA E CEREBRAL ➢ Quadro Clínico: BAV progressiva por semanas/ meses Amaurose fugaz Dor ocular ou periocular Piora da visão com exposição a luz POS- imagem persistente Considerar: Segmento anterior: ● Injeção episcleral ● edema de córnea ● flare e células em humor aquoso ● atrofia e rubeosis íris ● pupila em média midríase fixa ● catarata Índice MedEasy Tromboembolismo Pulmonar Derrame Pleural Pneumologia DEBORAH OLIVEIRA MARIA KAROLINA PALITOT Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Tromboembolismo Pulmonar Definição: É a migração de um ou coágulos das veias sistêmicas para o leito vascular pulmonar. O tromboembolismo pulmonar (TEP) é uma síndrome clínica e fisiopatológica que resulta da oclusão da circulação arterial pulmonar por um ou mais êmbolos. Os eventos tromboembólicos estão relacionados, em mais de 90% dos casos, com êmbolos originados em sítios de trombose venosa profunda (TVP), principalmente dos vasos da coxa e pelve. Raramente, os êmbolos podem ser procedentes das veias renais, membros superiores ou do ventrículo direito (VD) Importância: - Até 70% dos casos de embolia pulmonar não são diagnosticados (são pequenas embolias) - Mortalidade: 30% sem tratamento 2 a 4 % com tratamento adequado - Conduta diagnóstica: 43% -- aumento de até 5x na mortalidade Classificação: Há dois tipos: - TEP aguda: Podendo ser: 1. Maciço --- alteração hemodinâmica 2. Não maciço --- Não ocorre alteração OBS.: Tem a ver com o tamanho do coágulo, mas também tem a ver com a capacidade do paciente de regular a pressão, se possui doença cardíaca prévia… - De repetição Fisiopatologia: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ★ Até 40% da TVPs apresentam TEP ★ 30% TEP terão diagnóstico de TVP concomitante ★ Maioria (90%) êmbolos é proveniente do sistema venoso profundo inferior e o restante origina-se nos membros superiores e câmaras cardíacas direitas ★ Êmbolo causa distúrbio de perfusão tipo espaço - morto ★ Ventilação sem perfusão : A hipoperfusão gera liberação de mediadores vasoconstritores, causando vasoconstrição reflexa OBS.: Os alvéolos sãoventilados, mas não são perfundidos, ou seja, não há troca gasosa!! ★ Aumento da resistência vascular com redirecionamento do fluxo sanguíneo --- hiperperfusão de áreas sadias, com hipoventilação relativa --- distúrbio tipo shunt (hiperperfusão com ventilação normal) ★ Nas embolias mais graves o paciente cursa com hipoxemia: - Distúrbio V/Q tipo shunt - Broncoconstrição reflexa - Diminuição do surfactante: Atelectasia - Derrame pleural EXPLICANDO: Com a obstrução de um ramo da artéria pulmonar, surge uma área de espaço morto patológico no pulmão, definida como uma área em que há ventilação, no entanto, não há perfusão para que ocorra a troca gasosa. Dessa maneira, há uma alteração na relação ventilação/perfusão (V/Q), o que contribui o desenvolvimento de sintomas respiratórios como dispneia e alterações como hipóxia. Além disso, a dinâmica respiratória também é alterada na TEP em decorrência da resposta inflamatória, que contribui para a ocorrência de atelectasia, taquipneia e consequentemente hipoxemia e alcalose respiratória, nos casos mais graves. OBS.: No TEP há uma disfunção da relação ventilação/perfusão (V/Q) devido a um fenômeno vaso oclusivo, que vai levar a um quadro final de hipoxemia e alcalose. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ★ Na maioria dos casos, há formação de trombos nos membros inferiores em território de vasos venosos íleo-femorais (vasos proximais dos membros inferiores) que se movimentam em direção à circulação pulmonar, ocluindo os vasos arteriais pulmonares. ★ Consequências hemodinâmicas: - Aumento agudo da pressão da artéria pulmonar Disfunção VD Diminuição da pré carga de VE Movimento paradoxal septo Diminuição diastólico do VE - Queda da FE e do DC - Hipotensão Fatores de risco: Tríade de Virchow, descrita no século XIX pelo pesquisador alemão, e que descreve os fatores que contribuem para a ocorrência de trombose: estase venosa, hipercoagulabilidade e lesão endotelial. Qualquer situação que envolva um desses três elementos da tríade aumenta a chance de ocorrência do tromboembolismo pulmonar. OBS.: A estase venosa, um dos elementos da tríade de Virchow, apresenta grande correlação com a presença de imobilização. Isso faz do TEP uma grande preocupação entre pacientes internados, uma vez que um grande número desses pacientes, principalmente aqueles que que estão em período pós--operatório ou em centros de terapia intensiva, não estão deambulando com frequência. Por isso a maioria dos hospitais possuem hoje protocolos de profilaxia mecânica e/ou farmacológica para TEP e TVP nesses pacientes. Fatores de risco divide-se em: ➔ Primários ★ Fator V Leiden ★ Mutação gene protrombina ★ Hiperhomosisteinemia ★ Deficiência de fator XII ★ Deficiência de proteínas C e S ★ Doenças inflamatórias ➔ Secundários ★ Trauma / fraturas ★ Cirurgia > 30 min ★ AVC ★ Neoplasia ★ Gestação ★ ACO ★ Idade avançada Manifestações clínicas: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ★ Sintomas: Dispneia Dor pleurítica Tosse hemoptise Piora da doença de base O sintoma mais prevalente nos pacientes com TEP é a dispneia, seguido pela dor torácica de caráter pleurítico e tosse, que pode se apresentar seca ou hemoptoica. Alterações hemodinâmicas como hipotensão e até mesmo choque obstrutivo são observados nos pacientes com TEP de alto risco, podendo estar associados a arritmias. Sintomas menos comuns que podem ser manifestados por pacientes com TEP são síncope, dor retroesternal, ansiedade e redução do do nível de consciência. ★ Sinais: Taquipneia (FR maior que 20) Taquicardia Atrito Pleural Estase jugular Presença da quarta bulha Hiperfonese B2 Obs.: Assintomático a colapso circulatório sistêmico CASO CLÍNICO! Paciente do sexo feminino, 27 anos usuária de anticoncepcional, comparece ao serviço de Pronto Atendimento relatando falta de ar e dor torácica de início súbito. Ao exame físico apresenta-se com taquipneia, saturação de O2: 92%, FC: 110 bpm, Pressão arterial: 120x80 mmHg. Qual a suspeita diagnóstica diante desse quadro? - Não se esqueça de pensar no TROMBOEMBOLISMO PULMONAR! Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Diagnóstico diferencial: • Pneumonia • Asma / broncoespasmo • Exacerbação DPOC • EAP • Pneumotórax • Neoplasia de pulmão • IAM • Tamponamento cardíaco • Dissecção aórtica • Costocondrite • Ansiedade Escore de Wells Em decorrência da inespecificidade do quadro clínico são necessários exames complementares para fechar o diagnóstico de TEP. Para facilitar na condução da propedêutica e terapêutica utilizamos pré-testes diagnósticos (escores – tabela 1) para determinar a probabilidade clínica e não retardar o início da anticoagulação, buscando assim reduzir a mortalidade do quadro. A medicina baseada em evidência nos respalda quanto a iniciar o tratamento (anticoagulação) em casos de alta probabilidade em que o resultado dos exames complementares postergaria a terapêutica. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Pacientes com escore de Wells > 2 pontos apresentam baixa probabilidade de TEP. Entre 2 e 6 pontos os pacientes apresentam risco intermediário para TEP. Pacientes com ≥7 pontos no Escore de Wells apresentam alto risco para TEP. Apesar de o escore de Wells ser um dos escores mais validados para avaliar a probabilidade de TEP, outros escores como o Escore de Wells Modificado e o Escore de Geneva Modificado também podem ser utilizados com esse intuito. Exames complementares: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ★ Gasometria arterial: O paciente com TEP apresenta um distúrbio V/Q, com perfusão inadequada. Consequentemente, o paciente tenta compensar hiperventilando, que pode levar a uma diminuição da PCO2 no sangue. Assim, as alterações encontradas são a presença de hipoxemia e da hipocapnia, além da alcalose respiratória. Como são achados inespecíficos não podemos utilizá-los isoladamente para fechar o diagnóstico de TEP, podendo ainda vir NORMAL em alguns casos. ★ Radiografía de tórax: A radiografía de tórax apresenta baixa sensibilidade e especificidade para a avaliação de TEP e na maioria das vezes se apresenta sem alterações e isso pode ser um sinal de tromboembolismo. O TEP, porém, pode se manifestar na radiografia na forma de atelectasia ou derrame pleural. As principais alterações que podem ser encontradas na radiografia de tórax de paciente com TEP são: • Sinal de Westermark: é a consequência da obstrução do vaso, ou seja, são áreas de hipoperfusão pulmonar; • Sinal de Hampton (opacidade em cunha): é alteração clássica da TEP na radiografia, corresponde a área de infarto ou hemorragia pulmonar, que forma necrose e área de atelectasia podendo ou não estar associadaa derrame pleural. De forma geral, realiza-se a radiografia de tórax para avaliar os diagnósticos diferenciais, já que é um exame disponível, barato e de fácil manuseio e interpretação. ★ Eletrocardiograma: O ECG pode apresentar-se de forma variada, ou seja, normal assim como cursar com achados inespecíficos dentre eles a taquicardia sinusal e alterações no segmento ST em cerca de 70% dos casos. O padrão S1Q3T3 é altamente sugestivo, mas apesar de ser considerado um achado clássico apresenta baixíssima sensibilidade. ★ Troponina e BNP Exames Diagnósticos: ★ D-dímero: O D-dímero é um produto de degradação da fibrina é utilizado pelo seu alto valor preditivo negativo, ou seja, quando os níveis do D-dímero são baixos (D-dímero < 500 ng/ml) em pacientes com baixo risco da doença, o TEP pode ser excluído como hipótese diagnóstica. Porém, se os níveis de D-dímero forem > 500 ng/ml, não podemos afirmar que a causa da elevação do dímero D foi causada pela TEP, já que outras situações também cursam com a sua elevação como a gravidez e o envelhecimento. A maioria dos autores também acredita que pacientes com risco intermediário (escore de Wells < 6), e D-dímero < 500 ng/ml também não devem realizar exames radiológicos para investigar TEP. Baixa especificidade para câncer, trauma, pós-op, gestação, sepse Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Afasta diagnóstico em pacientes com baixa probabilidade no pronto socorro No slide: Produto de degradação da fibrina • Alta sensibilidade – Positivo ( ELISA > 500 ng/ml) em virtualmente todos os pacientes • Baixa especificidade – Câncer, trauma, pós-op, gestação, sepse Afasta diagnóstico em pacientes com baixa probabilidade no pronto socorro ★ USG Doppler membros inferiores: Útil em pacientes com sintomas MMII - Sensibilidade e especificidade de 90% Pouco sensível em assintomáticos - Sensibilidade e especificidade de 40% Usado em terapia intensiva ou em gestantes Tem valor maior em conjunto com outros exames em pacientes com alta probabilidade ★ Ecodopplercardiograma: Baixa especificidade e sensibilidade Bom valor prognóstico Usado em UTI: avaliação de TEP maciço para trombólise. - Achados mais comuns: ● Dilatação do VD (DTDVD>30mm, DEDVD/VE>0,6, >1) ● Hipocinesia de VD ● Movimento paradoxal septo ● Regurgitação tricúspide com hipertensão pulmonar ★ Cintilografia ventilação-perfusão (V/Q): O exame consiste na inalação de albumina marcada com tecnésio 99. Após a inalação, são realizadas várias imagens que relacionam ventilação com perfusão de cada área. O exame compara a perfusão com a inalação: se há áreas com ventilação SEM perfusão, deve-se pensar em diagnóstico de TEP. ● Por muitos anos exame não invasivo de escolha ● Se negativa, exclui TEP ● Tem valor diagnóstico quando positiva ou ● negativa ● Inconclusiva (intermediária / baixa) em 50 % ● dos casos - DPOC -- TEP PRÉVIO ★ Angiotomografia de tórax: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Apresenta como maiores qualidades ser um exame não invasivo, facilmente acessível, com aquisição rápida das imagens, avaliando a presença de TEP com alta sensibilidade e especifidade, apresentando sensibilidade acima dos 96% nos pacientes com alta e intermediária probabilidades de TEP. ● Cada vez mais utilizada ● Sensibilidade 90% e especificidade 90% ● Visualização direta do trombo ● Avalia diagnósticos diferenciais ● ‘Multi – slice’ : até vasos subsegmentares - Sensibilidade próxima à arteriografia A imagem mostra uma angio TC do tórax mostrando na seta da direita um trombo (representado pela falha de enchimento) na bifurcação do tronco pulmonar e a presença de outro trombo em um ramo da artéria pulmonar direita. ★ Arteriografia: É um exame invasivo considerado método padrão ouro para o diagnóstico da TEP. O uso de contraste iodado permite avaliar a circulação pulmonar. Apesar de ser considerada padrão ouro, a arteriografia pulmonar é reservada aos casos em que outros métodos não confirmaram TEP e a suspeita clínica permanece alta. ● Exame padrão ouro ● Invasivo: mortalidade 1% e morbidade de até 5% ● Reservada para casos sem diagnóstico através de técnicas não invasivas ● Pode ocorrer complicações como anafilaxia e nefrotoxicidade induzidas pelo uso do contraste. Investigação Risco (escore clínico): a) Baixo b) Intermediário c) Alto ★ Baixo risco a) D-dímero Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira - + – TC ★ Intermediário e alto risco a) Doppler MMII Neg Pos TC ★ Intermediário e alto risco a) TC Neg Pos Doppler MMII FLUXOGRAMA DE AVALIAÇÃO DE TEP – PACIENTE DE BAIXA PROBABILIDADE, APÓS REALIZAÇÃO DE D-DÍMERO. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Fluxograma de avaliação de TEP – paciente de alta ou intermediária probabilidade OBS.: Risco baixo: tratamento ambulatorial. Risco intermediário: tratamento hospitalar em enfermaria. Risco alto: tratamento hospitalar em unidade de terapia intensiva. Tratamento ★ TEP MACIÇO 1. Estabilização hemodinâmica e suporte 2. Trombólise Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Até 14 dias do evento agudo • Estreptoquinase - 250.000 UI em 30 min, seguido de 100.000 UI/h em BIC por 24 horas • Alteplase (rt-PA) * Uroquinase – 100 mg EV em 2 horas -- pouco usada ➔ Contra indicações trombólise ★ Absolutas ● AVCh ● Neoplasia de SNC ● Trauma/cirurgia SNC ( últimos 2 meses ) ● Sangramento interno ativo ou < 6 meses ● Uso prévio estreptoquinase ( se for usar SK) ★ Relativas ● PA > 180 x 110 ● PCR ● AVCi < 2 meses ● Punção não compressível < 10 d ● Sangramento TGI < 10 d ● Plaquetas < 100.000 3. Embolectomia por cateter percutâneo Pouco respaldo na literatura Após trombólise ou embolectomia: Iniciar anticoagulação sistêmica ★ TEP NÃO MACIÇO 1. Suporte 2. Anticoagulação Indicada se suspeita clínica intermediária ou alta Heparina não fracionada Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Heparina de baixo peso molecular a) Heparina não fracionada Possui efeito rápido e pode ser usado em pacientes com disfunção renal. Existem diversos esquemas terapêuticos para o uso da heparina não fracionada (HNF) em dose plena. Um dos principais esquemas sugere administrar uma dose de ataque de 80UI/kg, seguido por uma dose de manutenção de 12-18UI/kg por hora em bomba de infusão, com dose má- xima de 1000UI/kg. OBS.: O uso de Heparina (independente do tipo) pode induzir a plaquetopenia, sendo esse evento mais comum em pacientes que fazem uso de heparina não fracionada. Bolus 80 UI / kg 18 UI/ kg/ H ( máx 1600 UI/ h) em BIC - TTPA 1,5 a 2,5 x valor normal ( 6/6h) - Recomenda-se nomogramas de controle Atenção para plaquetopenia induzida pela heparina efeito pró - coagulante b) Heparina baixo peso molecular Exemplo: Enoxaparina – administrar 1,5 mg/kg de peso, via subcutânea, uma vez ao dia. Possui efeito rápido e menor risco de sangramento e plaquetopeniaem relação à heparina não fracionada. Não é necessário o acompanhamento por exames complementares (coagulograma) para avaliar sua atividade anticoagulante. Esta medicação deve ser contraindicada ou ajustada em pacientes com disfunção renal grave já que sua excreção é renal. A enoxaparina deve ser utilizada na dose de 1mg/kg de 12/12h em pacientes com função renal normal. OBS.: A enoxaparina é a droga de escolha em pacientes com câncer e TEP. • Enoxaparina - 1 mg/kg SC 12/12 h - 1,5 mg/kg SC 1x/dia • Dalteparina - 100 UI/kg SC 12/12 h • Não devem ser utilizadas em obesos ou pacientes hemodinamicamente instáveis 3. Anticoagulação oral • Deve ser iniciada assim que possível • WARFARIN - Inibe os fatores de coagulação vit K dependentes (II, VII, IX e X) - Altera o tempo de protrombina - Manter INR entre 2 e 3 - Nunca iniciar sem heparina concomitante Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira - Rivaroxabana • 15 mg 2x/dia por 3 semanas • 20 mg/dia a seguir Apixabana e Rivaroxabana: possuem efeito rápido. OBS.: A anticoagulação ne gestação deve ser feita com a Enoxaparina. ➔ Tempo de manutenção • TEP idiopático : - 6 meses • Causa reversível tratada : - 3 meses ( pouco utilizada) • TEP recorrente: - pelo menos 12 meses • Causa não reversível: - considerar anticoagulação indefinida Em caso de TEP provocada por um fator como imobilização, cirurgias, câncer ou gravidez, a recomendação é suspender a anticoagulação após 3 meses da resolução do fator desencadeante. Podendo ser postergada a partir da análise do especialista. Pacientes com câncer devem tratar durante todo o tratamento da neoplasia. Prognóstico ★ Escore de Mortalidade em 30 dias Sexo masculino + 10 Câncer + 30 ICC + 10 Doença Pulmonar Crônica + 10 Pulso > 110 + 20 PAS < 100 mmHg + 30 Freq respiratória > 30 + 20 Temperatura < 36°C + 20 Status mental alterado + 60 SpO2 < 90% + 20 Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Cerca de 4% dos pacientes que sobrevivem a um evento de TEP, em 2 anos Prevenção ★ Deambulação precoce após TVP não aumenta o risco de TEP ★ Reverter a imobilidade; - Estimular deambulação precoce – Prescrição médica? – Prescrição de enfermagem? Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira – Papel da Fisioterapia – Respeitar as contraindicações - Retirar SVD, Cat O2, Soro - Conscientizar o acompanhante ★ Medidas mecânicas: - Estimular deambulação precoce - Fisioterapia motora - Meias de compressão elástica - Meias de compressão pneumática ★ Medidas farmacológicas: - Heparina 5000U SC 8/8h - Enoxiparina 40ug/dia SC - Dalteparina 5000U/dia SC - Nandroparina 3800-5700U/dia SC Conclusão • Alto índice de suspeição • Escores clínicos • D-dímero, Angio TC, Doppler • Instabilidade hemodinâmica considerar trombólise • Seguimento TEP crônico Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Derrame Pleural ● Acúmulo anormal de líquido no espaço pleural que resulta do desequilíbrio entre formação e reabsorção. ● É sempre anormal e indica a presença de uma patologia subjacente! ● Pode ocorrer por aumento na formação de líquido ou por redução na sua absorção. É um problema médico comum e com mais de 50 etiologias já descritas, entre doenças pulmonares e extrapulmonares. No Brasil, as causas mais comuns são: insuficiência cardíaca, pneumonia, neoplasia, tuberculose e embolia pulmonar. ● Dispneia é o sintoma dominante, de intensidade variável a depender da extensão do derrame. ● A presença de sintomas associados como tosse, dor torácica ventilatório-dependente, hemoptise ou febre depende da etiologia subjacente. ● Carga tabágica, contato com TB e história prévia de TVP/TEP são informações importantes e podem direcionar a investigação diagnóstica. FISIOLOGIA: Fisiologicamente existe equilíbrio entre a entrada e saída de líquido na cavidade pleural; de modo a manter constante a quantidade e concentração proteica do fluído pleural. Os movimentos respiratórios, pela alternância da inspiração e expiração, facilitam a reabsorção do líquido e das partículas, assim como a sua progressão nos linfáticos. A acumulação de líquido no espaço pleural pressupõe a alteração deste estado de equilíbrio. O líquido pleural acumula-se quando a sua formação excede a sua absorção. Normalmente, o líquido entra no espaço pleural a partir de capilares da pleura parietal e é removido pelos linfáticos situados na pleura parietal. Este líquido pode também penetrar no espaço pleural a partir dos espaços intersticiais do pulmão através da pleura visceral ou da cavidade peritoneal através de pequenos orifícios no diafragma. Por conseguinte, o derrame pleural ocorre quando há excesso de formação de líquido pleural (da pleura parietal, dos espaços intersticiais do pulmão, ou da cavidade peritoneal) ou quando há menor remoção de líquidos pelos linfáticos. A mecânica pulmonar e as trocas gasosas são pouco afetadas pelo derrame pleural, a não ser que este seja suficientemente extenso para comprimir uma quantidade apreciável de parênquima subjacente. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Os mecanismos responsáveis pela acumulação de um volume anormal de líquido pleural são: ● Aumento da pressão hidrostática na microcirculação: na insuficiência cardíaca congestiva (ICC), parece ser a elevação da pressão dos capilares pulmonares, o factor determinante do desenvolvimento do derrame pleural. ● Diminuição da pressão oncótica na microcirculação vascular: baixas taxas de albumina fazem aumentar o líquido intersticial. Ex: síndrome nefrótico. ● Diminuição da pressão do espaço pleural (ex: neoplasia broncogênica com atelectasia). ● Aumento da permeabilidade da microcirculação: o aumento da permeabilidade vascular permite a passagem de líquido, proteínas e células. (ex: situações infecciosas ou neoplásicas que inflamam a pleura). ● Bloqueio da drenagem linfática: bloqueio da drenagem linfática desde os estomas até aos gânglios mediastínicos (ex: tumor, fibrose). È um dos mecanismos mais importantes na formação dos derrames. ● Passagem de líquido a partir do espaço peritoneal: as situações de ascite, geralmente por cirrose hepática podem originar derrame pleural, pela passagem de líquido, quer através dos linfáticos do diafragma ou por defeito deste. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Mecanismo de formação: ■ Aumento da pressão hidrostática capilar ■ Diminuição da pressão oncótica capilar ■ Aumento da permeabilidade capilar ■ Bloqueio linfático ■ Diminuição da pressão do espaço pleural ■ Passagem transdiafragmáticaQuadro Clínico: ■ Depende da velocidade de formação, doença de ■ base e do acometimento pleural ■ Dor torácica, tosse seca, dispnéia Exame físico: murmúrio vesicular reduzido ou abolido no hemitórax acometido, com macicez à percussão, redução do frêmito tóraco-vocal e da ausculta da voz. Pode ser observada redução da expansibilidade torácica. Exames Complementares: Raio-X de tórax: é o exame inicial a ser realizado, sempre que possível nas incidências PA (detecta derrames > 200ml) e perfil (obliteração do ângulo costofrênico posterior em derrames > 50ml) com o paciente em ortostase. O exame em AP no leito, comumente realizado nos pacientes críticos, dificulta a avaliação de derrame pleural. Nessa técnica, pode-se observar aumento difuso na opacidade do hemitórax acometido e borramento ou perda do contorno da cúpula diafragmática ipsilateral. A incidência de Laurell (decúbito lateral com raios horizontais) é muito utilizada para diferenciar derrame de espessamento pleural. Uma lâmina de líquido > 10mm nessa incidência usualmente permite a realização de toracocentese com segurança. Ultrassonografia: superior à radiografia de tórax na detecção de derrame pleural. Pode ser realizado à beira do leito e não tem contra-indicações. Detecta septações com sensibilidade superior à tomografia computadorizada. Utilizado também para guiar a toracocentese diagnóstica. Tomografia computadorizada de tórax: útil na avaliação do diagnóstico etiológico como neoplasia, TEP (angio-CT), pneumonia, etc. Auxilia na diferenciação de abscesso e empiema. Pode evidenciar septações e derrame loculado. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Exames de imagem: ■ Radiografia do tórax: exame inicial para o diagnóstico, podendo, muitas vezes, sugerir a causa ■ Tomografia do tórax ■ USG Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Raio-X de tórax após toracocentese: porém o exame está indicado em caso de tosse, dor torácica, piora da dispneia ou saída de ar durante a toracocentese. Aspecto do líquido pleural: - Amarelo-citrino: mais comum. - Turvo: derrame inflamatório, presença de lipídios, excesso de proteínas ou células. - Leitoso: quilotórax. - Purulento: empiema - Hemorrágico: acidente de punção, neoplasia, tuberculose, TEP - Odor de urina: urinotórax Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Toracocentese Diferenciar: Transudato X Exsudato Doença sistêmica X Doença pleural A toracocentese é o método de escolha para a obtenção de amostras de líquido pleural. Embora seja considerado um procedimento pouco invasivo, é fundamental que a toracocentese obedeça a uma técnica padronizada com a finalidade de aprimorar a chance de diagnóstico e minimizar riscos. A biópsia de pleura tem por objetivo ampliar e complementar a chance de diagnóstico das doenças pleurais, sendo indicada em casos selecionados. Não é necessário que a toracocentese seja realizada em centro cirúrgico, mas deve ser preferencialmente utilizado um local limpo e reservado para pequenos procedimentos. A toracocentese pode também ser realizada à beira do leito, de forma criteriosa e na dependência da rotina de cada serviço. O local a ser Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot puncionado deve ser delimitado através de um criterioso exame clínico e confirmado com uma radiografia de tórax ou ultra-sonografia. A ultra-sonografia tem indicação em situações em que o exame clínico e radiológico não é conclusivo, existe uma escassa quantidade de líquido, ou há uma suspeita de derrame pleural encistado. Deve-se realizar toracocentese em quase todos os pacientes com líquido pleural e espessura ≥ 10 mm nas incidências laterais de ultrassonografia ou radiografia, que seja de desenvolvimento recente ou de etiologia incerta. Em geral, os únicos pacientes que não necessitam de toracocentese são aqueles que têm insuficiência cardíaca com derrame pleural simétrico e sem dor torácica ou febre; nesses pacientes, pode-se tentar a diurese e evitar a toracocentese, a menos que o derrame persista por ≥ 3 dias. Toracocentese e análise subsequente do líquido pleural são frequentemente necessárias para os derrames pleurais que são crônicos, têm causa estabelecida e não desencadeiam sintomas. Dicas e conselhos Apesar de ser uma prática comum, a radiografia de tórax não precisa ser repetido depois da toracocentese, a menos que os pacientes desenvolvam sintomas sugestivos de pneumotórax (dispneia ou dor torácica) ou a menos que o médico suspeite que possa ter entrado ar no espaço pleural durante o procedimento. Sempre que possível, faz-se uma toracocentese usando orientação ultrassonográfica, o que leva à produção de líquido e diminui o risco de complicações como o pneumotórax ou punção intra-abdominal de um órgão. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Preparação do doente Toracocentese / Biópsias Pleurais / Dreno torácico NÃO deve estar em jejum!! TERAPÊUTICA A SUSPENDER: - AAS: 3 dias - Clopidogrel: 8 dias - Varfine: substituir por enoxaparina até INR normal Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot - Enoxaparina: suspender a partir da toma da noite anterior se ClCr < 30 ml/min suspender toma do dia anterior. Avaliação líquido pleural ■ Aspecto ■ Proteínas, Dhl ( critérios de light ) ■ glicose ■ Ph ■ Citologia: total diferencial e oncótica ■ Gram, baar ■ ADA ■ Triglicerídeos, gradiente de albumina, amilase Características das causas de derrame pleural: ■ ICC ■ Neoplasia ■ Parapneumônico ■ Empiema ■ Tuberculose ■ Pancreatite, exposição a asbesto, Síndrome unhas amarelas, síndrome de Meigs,quilotórax Técnica: Uma vez que o paciente esteja adequadamente posicionado, e demarcado o local da punção, a pele do hemitórax acometido deve ser limpa com solução anti-séptica e o campo estéril posicionado. Devem ser anestesiados com 10 ml de lidocaína todos os planos: pele, tecido subcutâneo, periósteo e pleura parietal. A anestesia da pele deve ser feita com agulha fina (10 x 4,5 mm) e utilizando-se apenas o suficiente para fazer um botão anestésico. Efetua-se em seguida a anestesia por planos com injeção de lidocaína em pequenas quantidades até se atingir o espaço pleural, com o cuidado de sempre aspirar a seringa antes da próxima injeção do anestésico, evitando deste modo a possibilidade de injeção endovenosa do mesmo. Ao se atingir o espaço pleural, e tendo sido identificada a presença de líquido, deve-se retirar a agulha e introduzir o Jelco® (calibre 14 ou 16), tomando-se o cuidado de se utilizar o pertuito previamente criado. Após a introdução doJelco, o mandril deve ser removido, e mantido no espaço pleural somente o cateter plástico. A seguir, conecta-se uma seringa de 20 ml para a retirada do líquido para exames. Sempre se deve tentar esvaziar todo o líquido contido no espaço pleural. No entanto, é prudente não retirar mais de 1.500 ml de líquido por sessão, em virtude do risco de edema pulmonar de reexpansão. Recomenda-se ainda que o Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot procedimento seja interrompido se o paciente apresentar desconforto respiratório, tosse ou hipotensão. Para a retirada do líquido, podem ser utilizados frascos comuns ou a vácuo. O uso do vácuo para o esvaziamento do conteúdo do espaço pleural não parece ocasionar aumento da morbidade. BIÓPSIA PLEURAL POR AGULHA A biópsia de pleura por agulha com a finalidade de se obter fragmentos da pleura parietal tem sido tradicionalmente indicada no diagnóstico diferencial dos derrames pleurais exsudativos. Desde 1989, a American Thoracic Society preconiza este procedimento como rotina em derrames pleurais com etiologia sugestiva de câncer ou tuberculose. Atualmente, devido ao aparecimento de novos métodos e técnicas diagnósticos, a indicação da biópsia pleural por agulha como primeira abordagem para diagnóstico, principalmente da tuberculose, é controversa. O número mínimo de fragmentos necessários para análise por anatomia patológica pode variar, porém os resultados são melhores quando são obtidos entre duas e quatro amostras. Estudos indicam que, para um desempenho diagnóstico adequado no exame histológico, são necessários pelo menos dois fragmentos de pleura parietal. Técnica As mesmas considerações apontadas para a realização da toracocentese com relação ao local da realização do procedimento, material utilizado e técnicas de anti-sepsia e analgesia são válidas para a biópsia pleural por agulha. Na realização da biópsia é feita uma pequena incisão na pele, usando-se preferencialmente uma lâmina de bisturi no 11, através da qual se introduzirá a agulha. Entre as agulhas utilizadas destacam-se a de Abrams e a de Cope. Não existe diferença significativa entre as duas agulhas com relação ao desempenho Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot diagnóstico. A grande maioria dos serviços no Brasil utiliza rotineiramente a agulha de Cope, mesmo sem evidência de claras razões para esta escolha. Os derrames transudativos são provocados por alguma combinação de aumento da pressão hidrostática e diminuição da pressão oncótica na circulação pulmonar ou sistêmica. A insuficiência cardíaca é a causa mais comum, seguida pela cirrose com ascite por hipoalbuminemia, geralmente em decorrência da síndrome nefrótica. Os derrames exsudativos são provocados por processos locais, causando aumento da permeabilidade capilar e resultando em exsudação de líquido, proteína, células e outros constituintes séricos. As causas são diversas, mas as mais comuns são pneumonia , doença maligna, embolia pulmonar, infecções virais e tuberculose . A síndrome da unha amarela é um distúrbio raro que causa derrames pleurais exsudativos crônicos, linfedema e unhas amarelas distróficas—todas consideradas resultado de drenagem linfática prejudicada. https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca-ic https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/fibrose-e-cirrose/cirrose https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/doen%C3%A7as-glomerulares/vis%C3%A3o-geral-da-s%C3%ADndrome-nefr%C3%B3tica https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/pneumonia/vis%C3%A3o-geral-da-pneumonia https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/embolia-pulmonar-ep/embolia-pulmonar-ep https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/micobact%C3%A9rias/tuberculose-tb Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot O derrame quiloso (quilotórax) é o derrame branco e leitoso, rico em triglicerídeos, causado por lesão traumática ou neoplásica (linfomatosa, com maior frequência) ao ducto torácico. Esse derrame também ocorre na síndrome da veia cava superior. Os derrames quiliformes (colesterol ou pseudoquiloso) assemelham-se aos derrames quilosos, mas têm baixo teor de triglicerídeos e alto teor de colesterol. Admite-se que os derrames quiliformes decorram da lise de eritrócitos e neutrófilos em derrames de longa evolução, quando a absorção é bloqueada pela pleura espessada. O hemotórax é o líquido sanguinolento (hematócrito do líquido pleural > 50% do hematócrito periférico) na cavidade pleural, decorrente de trauma ou, raramente, de coagulopatia, ou após ruptura de grande vaso sanguíneo, como aorta ou artéria pulmonar. O empiema é pus no espaço pleural. Ele pode ocorrer como uma complicação da pneumonia, toracotomia, abscessos (pulmonar, hepático ou subdiafragmático) ou trauma penetrante com infecção secundária. O empiema necessitatis é a extensão do empiema aos tecidos moles, causando infecção da parede torácica e drenagem externa. O encarceramento pulmonar é o encarceramento do pulmão por tecido fibroso desencadeado por empiema ou tumor. Como o pulmão não pode se expandir, a pressão pleural torna-se mais negativa que o normal, aumentando a transudação de líquido dos capilares pleurais parietais. O líquido é caracteristicamente limítrofe entre o transudato e o exsudato; ou seja, os valores bioquímicos encontram-se nos 15% dos níveis limítrofes dos critérios de Light. Os derrames iatrogênicos podem ser provocados por migração ou deslocamento da sonda de alimentação para dentro da traqueia ou a perfuração da veia cava superior por um acesso venoso central, acarretando a infusão de alimentos ou de solução intravenosa para a cavidade pleural. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Os derrames sem causa óbvia decorrem com frequência de embolia pulmonar oculta, tuberculose ou doença maligna. A etiologia é desconhecida para cerca de 15% dos derrames, mesmo após estudo extensivo; considera-se que muitos desses derrames decorram de infecção viral. https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/embolia-pulmonar-ep/embolia-pulmonar-ep https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/micobact%C3%A9rias/tuberculose-tb Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Índice MedEasy Bloqueio Atrioventricular (Ecg 3) Valvopatias - Estenose Mitral Valvopatias - Estenose Aórtica Cardiologia DEBORAH OLIVEIRAMARIA KAROLINA PALITOT Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Bloqueio Atrioventriculares Ecg 3 Definição: Os bloqueios atrioventriculares são distúrbios de condução atrioventriculares. Esses distúrbios ocorrem quando há um bloqueio ou lentificação do estímulo atrial aos feixes intraventriculares ou ao nível do nó atrioventricular. Logo, pode ocorrer atraso/ ausência de condução, falhas contínuas e intermitentes, sendo temporários ou permanentes. Na avaliação e classificação do ECG, observam-se: alterações na relação entre as ondas P e os complexos QRS e o intervalo PR. Definição pelo slide do professor: São transtornos dromotrópicos (condução) nos quais os impulsos originados no Nó sinusal são conduzidos aos ventrículos ou com atraso ou não são conduzidos (bloqueados) - Esse bloqueio da condução pode ocorrer: 1. No nó NAV 2. No feixe de HIS 3. Nos ramos do feixe de HIS Sistema de condução do estímulo elétrico cardíaco: - Nó sinusal - NS: O automatismo das células do NS gera o impulso elétrico. O estímulo elétrico é conduzido através dos átrios provocando a contração da musculatura atrial: ONDA P - Nó atrioventricular - NAV: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira A condução do estimulo elétrico sofre um retardo fisiológico no NAV para o completo esvaziamento dos átrios para os ventrículos - Feixe de HIS - Ramos de purkinje: O estímulo elétrico é conduzido rapidamente pelo feixe de his, ramos direito e esquerdo chegando a rede de Purkinje na musculatura ventricular. NÓ sinusal até purkinje = Intervalo PR Purkinje: Ocorre a contração ventricular com seu esvaziamento Etiologia: Vários fatores podem levar ao BAV, como: - Condições cardíacas preexistentes, como ex.: Idade, miocardite - Uso de medicamentos, ex.: betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio (Medicamentos betabloqueadores negativos) - Anomalias congênitas Causas de BAV temporários: 1. Infarto do miocárdio - parede inferior 2. Intoxicação por drogas 3. Miocardites agudas 4. Causas metabólicas 5. Vagotomia: atletas Causas de BAV permanente: 1. Infarto do miocárdio da parede anterior 2. Doença degenerativa do sistema de condução 3. Miocardiopatias 4. Cirurgias cardíacas: Comum troca de válvulas 5. BAV congênita e cardiopatias congênitas Bloqueios atrioventriculares no eletro: 1. Atraso na condução do impulso elétrico dos átrios para os ventrículos ★ BAV do primeiro grau (Chama-se bloqueio mas é só atraso!) Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Caracteriza-se pelo prolongamento do intervalo PR, ou seja, intervalo PR > 0,20 s no adulto, mas as ondas P são conduzidas, com relação 1:1 (uma onda P para cada QRS). 2. Bloqueio intermitente da condução do impulso elétrico dos átrios para os ventrículos ★ BAV do segundo grau:, subdividido em: ➔ Tipo I de mobitz (ou Wenckebach) No bloqueio AV de segundo grau tipo I, é observado um atraso progressivo da condução AV até a interrupção da passagem do impulso. Bloqueio AV de segundo grau, Mobitz I (Wenckebach): Prolongamento progressivo do PR até que uma P (marcada em vermelho) não é conduzida No ECG observamos: ● Prolongamento progressivo do intervalo PR até que uma onda P não é conduzida. ● O intervalo RR se encurta gradualmente até a onda P bloqueada. ● Complexo QRS de características normais, se não há outra alteração. ● O intervalo RR que contém a onda P bloqueada é mais curto do que dois intervalos RR anteriores ➔ Tipo II de mobitz O bloqueio AV de segundo grau tipo II, é menos comum do que os anteriores, e geralmente envolve doença cardíaca subjacente . Este tipo de bloqueio AV é caracterizado por um súbito bloqueio de condução AV, sem prolongamento do intervalo PR prévio https://pt.my-ekg.com/como-ler-ecg/intervalo-pr.html https://pt.my-ekg.com/generalidades-ecg/ondas-eletrocardiograma.html https://pt.my-ekg.com/como-ler-ecg/intervalo-pr.html Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Bloqueio AV de segundo grau, Mobitz II: PR constante antes de onda P no conduzida. Onda P bloqueada, intervalos PR anteriores e posteriores de duração semelhante. - O intervalo RR que inclui a onda P bloqueada é igual à soma de dois intervalos R-R anteriores. - Complexo QRS de características normais, se não há outra alteração. - ➔ BAV 2:1 ➔ BAV avançado ou de alto grau 3. Bloqueio permanente da condução do impulso elétrico dos átrios para os ventrículos - Algumas células do sistema de condução possuem automatismo por isso, o paciente não morre. ★ BAV do Terceiro grau O bloqueio atrioventricular completo (ou total) é caracterizado pela interrupção completa da condução AV. Nenhum estímulo gerado nos átrios passa para os ventrículos, de modo que os átrios e os ventrículos são contraídos cada um ao seu próprio ritmo. O ritmo ventricular dependerá do ponto do sistema de condução onde o ritmo de escape tem origem, no nó AV, feixe de His ou endocárdio ventricular (quanto mais alto o ponto do bloqueio, maior é a frequência cardíaca e os QRS mais estreitos) Seus características no ECG são as seguintes: Bloqueio AV completo a 44 bpm. Dissociação de ondas P (marcadas em vermelho) dos QRS ● Ondas P e complexos QRS sem relação entre eles, sendo maior a frequência das ondas P. https://pt.my-ekg.com/como-ler-ecg/intervalo-pr.html https://pt.my-ekg.com/bases/sistema-conducao-cardiaco.html Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ● Ondas P localizadas perto dos QRS, inscritos no QRS ou na onda T. ● A morfologia e a frequência dos complexos QRS dependem da origem do ritmo de escape. Se provenie do nó AV, a frequência será maior e os QRS estreitos. Se provenie dos ramos distais do feixe de His, haverá marcada bradicardia e QRS semelhantes ao bloqueio de ramo . Classificação: De acordo com a localização do sítio do bloqueio no NAV, os BAV são classificados em bloqueios: 1. Supra-hissiano (pré hissiano):Possui localização no nó av, percentual de 75% e duração do QRS até 0,10 seg, possui influência autonômica importante e é de melhor prognóstico 2. Hissiano - Exatamente no feixe de HIS 3. Infra-Hissiano: Localiza-se nos ramos e divisões - Hissiano e Infra-hissiano: Localizam-se no feixe de his e divisões, possui um percentual de 5 a 20% e uma duração do QRS maior que 0,12 segundos com morfologia de bloqueio de ramo, a sua influência autonômica é menor e o prognóstico é pior pois evolui subitamente para BAVT BAV Primeiro Grau: Atraso na condução do impulso elétrico dos átrios para os ventrículos No Bloqueio Atrioventricular de 1o grau ocorre uma lentificação do impulso elétrico, que pode ocorrer a qualquer nível do trajeto Atrioventricular (AV). Está associado ao prolongamento do intervalo PR maior 200 ms ou 0,2 segundos seguidos do complexo QRS. IMPORTANTE: As ondas P irão gerar um QRS, logo não haverá um bloqueio real do impulso elétrico. 1 P para um QRS Esse retardo de condução leva a um prolongamentoanormal e constante do intervalo PR Não é um bloqueio mas sim um retardo da condução, demonstrado por um intervalo PR prolongado, maior que 0,20 segundos, maior que 5 quadradinhos. https://pt.my-ekg.com/bloqueios-ramo/bloqueios-ramo.html Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira BAV de segundo grau: ● No Bloqueio Atrioventricular de 2o grau ocorre o bloqueio de alguns impulsos atriais. Ou seja, as ondas P não têm seguimento do complexo QRS. O BAV de formas distintas, que irá auxiliar no prognóstico e tratamento além de localizar o bloqueio. DE FORMA INTERMITENTE! Uma hora tem a onda P acompanhada de QRS, outra, apenas a onda P. ● A proporção de ondas P para QRS se torna maior do que 1:1. Há um número maior de ondas P do que de complexo QRS. ● Esse bloqueio da condução pode localizar se no NAV, no feixe de HIS ou seus ramos ➔ Subdivido em: ★ BAV de 2o Grau tipo Mobitz I: É o prolongamento progressivo do intervalo PR até a despolarização atrial sem ser seguida por uma ventricular. Esse fenômeno chama-se fenômeno de Wenckebach e esse defeito no sistema de condução encontra-se geralmente no NAV. Logo, haverá aumento do intervalo PR até aparecer uma Onda P, não seguida do complexo QRS. Importante: Vai aumentando o intervalo PR PROGRESSIVAMENTE! Até que a onda P não ultrapassa o NAV e não tem o intervalo QRS. São necessários pelo menos dois intervalos PR, antes da onda P bloqueada para poder determinar o tipo do bloqueio AV de segundo grau. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira O iPR após a onda P bloqueada é menor do que o iPR antes da onda P bloqueada. Geralmente o padrão de bloqueio é 4:3, 4 ondas P, sendo a quarta bloqueada para o terceiro QRS ★ BAV de 2o Grau tipo Mobitz II: É a ausência de despolarização ventricular (falha de condução AV) ou regular (duas ondas P para cada QRS). Não ocorre o fenômeno de Wenckebach, de ser progressivo, e sim um distúrbio de condução infranodal (sistema de His-Purkinje) que frequentemente evolui para o BAVT – Bloqueios Atrioventriculares Totais. Ou seja, intervalo PR constante com uma parada SÚBITA do estímulo ventricular (onda P sem QRS). - Tratamento: não responde à atropina. Necessário fazer o marca-passo. - Observação: está associada comumente a defeitos intra ou infra-hissianos, considerados mais graves, com maior risco de evolução para BAV 3o grau. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ECG mostra dois ou mais batimentos atriais normais (ONDA P), com iPR normal, seguido de uma onda P que não conduz. A relação P:QRS é maior que 1:1, ou seja, será 3:2, 4:3, 5:4 O bloqueio da condução quase sempre ocorre no feixe de HIS. É menos frequente OBS.: É mais grave do que o tipo I, pois o tipo I é progressivo e vai “avisando” o tipo II é súbito, para do nada! ★ BAV de 2o Grau tipo 2:1 É caracterizado por um bloqueio súbito de uma onda P, onde se observa uma onda P conduzida alternando com uma onda P bloqueada. Como não existem 02 intervalo PR consecutivos, antes da onda P bloqueada, é impossível determinar se é um BAV do segundo grau tipo I ou tipo II, porque não se pode determinar se o intervalo PR é variável (tipo I) ou é constante (tipo II) A relação sempre vai ser 2:1, 2 ondas P para 1 QRS BAV do segundo grau avançado: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira É caracterizado quando duas ou mais ondas P consecutivas são bloqueadas antes que haja condução Se observa no ECG mais de uma onda P não conduzida consecutivas (3:1 ou mais). Existe condução AV em menos de 50% dos batimentos atriais, sendo em proporção 3:1, 4:1 ou mais. É de maior risco e de pior prognóstico, podendo ocasionar episódios de bradicardia severa. Indicado implante de MARCAPASSO definitivo pois pode evoluir Depois de uma onda P conduzida, dois ondas P bloqueadas (em vermelho). BAV 3o grau ou BAV total (BAVT) No BAV total não tem condução de impulso dos átrios para os ventrículos e há total dissincronia do Atrioventricular. Não há condução de impulso algum do átrio para os ventrículos, com total dissincronia AV. O ritmo de escape quanto mais distais menor é a frequência cardíaca (FC), ou seja, a gravidade dos bloqueios infra-hissianos apresentam FC< 45 bpm, o que gera instabilidade hemodinâmica. ★ Nenhum impulso atrial consegue ativar os ventrículos ★ O local do bloqueio pode ser no Nó AV ou abaixo dele ★ Os átrios e os ventrículos geram seu próprio impulso, não existindo relação entre P e QRS (Dissociação atrioventricular) ★ Átrios com uma frequência de 60 a 100 bpm e os ventrículos de 30 a 45 bpm No ecg: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ● Intervalos P-P e R-R regulares. ● As ondas P e os complexos QRS não têm relação entre eles, se obserbam ondas P próximas aos complexos QRS, inscritas nos QRS ou na onda T. ● A frequência atrial é maior do que a frequência ventricular. ● Intervalos PR muito variáveis. Causas do bloqueio atrioventricular completo ● Esclerose do sistema de condução (doença de Lenegre ou Lev). ● Cardiopatia isquêmica . ● Secundário aos medicamentos (beta-bloqueadores, digoxina, diltiazem, verapamil). ● Doença cardíaca valvular: estenose aórtica calcificada, calcificação do anel mitral, endocardite bacteriana. ● Após cirurgia cardíaca ou implante percutâneo de prótese valvar aórtica. ● Cardiopatias congénitas. ● Bloqueio atrioventricular completo congénito. Os ventrículos são despolarizados por um estímulo originado no próprio ventrículo, chamado de ritmo de escape (escape idioventricular) que pode ser um: 1. Marca passo juncional - Feixe de HIS - QRS estreito (menor que 0,12 s) 2. Marca passo ventricular - Fibras de Purkinje - QRS alargado (maior que 0,12 segundos) - ★ Características: ● Frequência cardíaca: Regular com FREQUÊNCIA ATRIAL MAIOR que a FREQUÊNCIA VENTRICULAR ● Ritmo: Atrial regular e o ventricular regular, não há relação entre os ritmos atrial e ventricular ● Onda P: Normais em tamanho e forma, mais ondas P do que complexo QRS ● Intervalo PR: Não mensurável ● Duração do QRS: Estreito ou largo, dependendo da localização do ritmo de escape e da condição do sistema de condução intraventricular Importante: Pergunta de prova --- Pq o BAV de terceiro grau não se mede o intervalo PR? R: Porque o nó sinusal bate independente e o ventrículo bate independente, então não existe relação, por isso não é mensurado! Necessidade de intervenção: MARCAPASSO definitivo! https://pt.my-ekg.com/como-ler-ecg/intervalo-pr.html https://pt.my-ekg.com/bases/sistema-conducao-cardiaco.html https://pt.my-ekg.com/infarto-ecg/cardiopatia-isquemica.html https://pt.my-ekg.com/metabolicas-drogas/digoxina-ecg.html Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Valvopatias - Estenose Mitral Estágios de Progressão da doença valvar: Introdução: As doenças que acometem as válvulas cardíacas geralmente levam a sequelas que deformam sua estrutura e, por conseguinte, alteram sua função. Dependendo do grau de deformação e daevolução do quadro, podem significar alterações hemodinâmicas consideráveis. De forma geral, a estenose é considerada quando há redução da área valvar (“a válvula não abre direito”), e a insuficiência, quando há regurgitação através da válvula (“a válvula não fecha direito”). As valvas mitral e aórtica são, de longe, as mais acometidas. ★ Função da Valva Mitral A valva mitral posiciona-se entre o Átrio Esquerdo (AE) e o Ventrículo Esquerdo (VE), sendo categorizada, juntamente com a valva tricúspide, como uma valva atrioventricular. A sua integridade é fundamental para a função cardíaca. Na Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira diástole, a valva se abre, permitindo o enchimento ventricular esquerdo, sem oferecer nenhuma resistência à passagem de sangue entre o AE e o VE. Na sístole, a valva se fecha, direcionando o sangue para a aorta, impedindo-o que reflua para o AE. Para garantir uma boa abertura, os folhetos valvares precisam ter uma boa mobilidade e elasticidade. Para garantir o seu fechamento, é necessária a integridade de todo aparelho valvar mitral. ★ Aparelho Valvar Mitral O aparelho valvar mitral é composto por: (1) anel ou ânulo mitral; (2) dois folhetos ou cúspides valvares; (3) cordoália tendínea; (4) músculos papilares. Os músculos papilares são proeminências musculares do miocárdio do VE, ligando-se à borda dos folhetos mitrais através da cordoália tendínea, um conjunto de cordões fibrosos. Durante a sístole, os músculos papilares se contraem, tensionando a cordoália tendínea, de forma a ancorar os folhetos mitrais. Isso evita que eles prolapsem para o interior do AE, permitindo o fechamento da valva. Para um adequado fechamento mitral, os folhetos devem estar íntegros e o ânulo mitral deve reduzir o seu diâmetro pela contração sistólica, um efeito semelhante a um esfíncter. Durante a sístole, a valva mitral “tem a obrigação” de evitar o refluxo de sangue para o átrio esquerdo, direcionando todo o fluxo para a aorta, através da valva aórtica aberta. Para se manter fechada, os folhetos mitrais devem estar íntegros e o aparelho subvalvar (cordoália tendínea e músculos papilares) deve estar normofuncionante, de modo a manter os folhetos ancorados no VE. Etiologia: A principal etiologia da estenose mitral é a febre reumática, geralmente por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, acometendo mais mulheres do que homens, numa taxa de 2:1 ou 3:1. Apesar de ocorrer principalmente antes dos 20 anos, as sequelas cardíacas só irão aparecer duas a três décadas após o evento agudo. A estenose é consequência de um processo inflamatório intenso seguido de cicatrização exacerbada, levando a espessamento dos folhetos, fusão de comissuras, depósito de cálcio, fusão e encurtamento das cordas tendíneas. É comum, como resultado dessas lesões, a associação entre estenose e insuficiência mitral. Outras etiologias possíveis são a calcificação anular ou dos folhetos em idosos, trombos de átrio esquerdo, vegetações por endocardites, tumor carcinóide maligno, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide ou malformações congênitas da valva mitral. São causas raríssimas de estenose mitral: congênita, endocardite infecciosa, endocardite de Liebman-Sacks, amiloidose, síndrome de Hunter--Hurler (mucopolissacaridose tipo 1). Algumas doenças simulam a estenose mitral, por levarem à obstrução do fluxo sanguíneo através do orifício mitral (mixoma atrial Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira esquerdo, trombo atrial esquerdo pedunculado) ou no interior do próprio átrio esquerdo (cor triatriatum – uma membrana congênita que divide o AE em duas câmaras). OBS.: A etiologia de mais de 95% das estenoses mitrais é a cardiopatia reumática crônica. É importante compreender que a lesão mitral reumática mais comum no Brasil é a dupla disfunção não balanceada, isto é, estenose e insuficiência mitral em estágios diferentes de evolução. O que acontece é que na fase aguda da cardite reumática predomina o componente de insuficiência, enquanto na fase crônica predomina a estenose. Assim, boa parte dos portadores de estenose mitral reumática crônica possui algum grau de insuficiência mitral associada (“a valva não abre direito, mas também não fecha direito”). Fisiopatologia: A redução da área valvar leva a um aumento da pressão atrial esquerda e ao desenvolvimento de gradiente pressórico transvalvar (em condições normais, o gradiente é zero). Com a piora da estenose, a pressão atrial é retrogradamente transmitida às veias, capilares e arteríolas pulmonares, levando a edema e hipertensão pulmonar. O acúmulo de sangue no átrio esquerdo e o aumento da pressão levam também à dilatação e hipertrofia atrial, podendo determinar remodelamento atrial e o desenvolvimento de fibrilação atrial. Uma vez que a contração atrial é responsável por até 30% do fluxo transvalvar, a fibrilação atrial pode resultar em redução do volume diastólico final do ventrículo esquerdo. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ★ Congestão Pulmonar: Na estenose mitral, há uma obstrução fixa ao fluxo de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo durante a fase de enchimento ventricular – diástole. Para que este fluxo se mantenha adequado, apesar da obstrução, faz-se necessário um Gradiente de Pressão Transvalvar, que não existe em condições normais. A congestão pulmonar é a principal responsável pelos sintomas da estenose mitral, especialmente a dispneia aos esforços e a ortopneia. Um pulmão “cheio de líquido” torna-se pesado e dificulta o trabalho respiratório, além de prejudicar a troca gasosa nos casos mais graves. IMPORTANTE: O esforço físico aumenta o gradiente de pressão transvalvar na estenose mitral, promovendo uma súbita elevação da pressão atrial esquerda e venocapilar pulmonar e, portanto, uma piora aguda da congestão. ★ Hipertensão Arterial Pulmonar: (HAP) – O aumento crônico da pressão venocapilar pulmonar é transmitido retrogradamente para o leito arterial pulmonar, levando a um pequeno aumento da pressão arterial pulmonar (HAP passiva). Este aumento inicial pode desencadear uma vasoconstrição pulmonar (HAP reativa). Com o passar dos anos, as arteríolas e pequenas artérias pulmonares vão se hipertrofiando e começam a entrar em um processo fibrodegenerativo, levando à obliteração crônica e progressiva do leito arteriolar pulmonar. Esta é a fase avançada da HAP reativa. Quando já chegou nesse estágio, pelo menos parte da HAP torna-se irreversível. História Clínica: O principal sintoma da estenose mitral é a dispneia aos esforços,sintoma cardinal da síndrome congestiva pulmonar. Em fases mais avançadas, associa-se à síndrome Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira de baixo débito, caracterizada por fadiga, cansaço e lipotímia (tonteira) provocados por esforços. Os sintomas da estenose mitral, portanto, são os mesmos da insuficiência cardíaca congestiva. Aliás, a estenose mitral é considerada um tipo especial de insuficiência cardíaca diastólica. Contudo, a estenose mitral pode manifestar-se de maneiras peculiares, confundindo eventualmente os próprios médicos. O paciente pode apresentar uma história de tosse com hemoptise, associada a emagrecimento, o que leva a pensar no diagnóstico de tuberculose ou neoplasia pulmonar. O mecanismo da hemoptise, em geral de pequena monta, é a ruptura de capilares ou pequenas veias brônquicas, que se encontram ingurgitadas e hipertensas (a hipertensão venosa é transmitida do sistema venoso pulmonar para o sistema venoso brônquico). Os pacientes com hipertensão pulmonar secundária à estenose mitral podem queixar-se de dor torácica, às vezes de caráter anginoso, pela distensão do tronco da artéria pulmonar. Em pacientes com mais de 40 anos, a dor anginosa pode ser causada por doença coronariana aterosclerótica associada, que sempre deve ser pesquisada nesses casos. Um grande aumento do átrio esquerdo pode causar compressão do nervo laríngeo recorrente esquerdo contra o brônquio fonte, acarretando rouquidão (síndrome de Ortner). A compressão esofágica acarreta disfagia para sólidos. IMPORTANTE: ★ Assintomáticos (estágios B e C) ★ Dispneia • Principal sintoma (NYHA II-IV); • Piora com esforço físico, FA, gestação; • Associada a palpitações, tosse, hemoptise ★ Síndrome de Ortner (cardiovocal): ocorre quando há comprometimento do nervo laríngeo recorrente entre a aorta e a artéria pulmonar, causando disfagia e rouquidão. ★ Complicações: • Hipertensão arterial pulmonar • Embolia sistêmica (10 – 20%): 50% (SNC) • Endocardite infecciosa Exame Físico: ★ Fácies mitralis ★ Estalido de abertura precoce (sinal clínico mais específico) ★ Primeira bulha hiperfonética (M1) ★ Segunda bulha hiperfonética (P2) ★ Sopro diastólico em ruflar com reforço pré-sistólico (em ritmo sinusal) ★ Sinais de congestão pulmonar e insuficiência cardíaca direita ★ Presença de insuficiência tricúspide Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira OBS.: A estenose mitral pura não cursa com bulhas acessórias (B3 ou B4), pois o ventrículo esquerdo é poupado nesta patologia. Mas podemos ter bulhas acessórias provenientes do ventrículo direito (B3 ou B4 de VD) nos casos de sobrecarga ou insuficiência ventricular direita. OBS.: Estenose Mitral Silenciosa: alguns pacientes com estenose mitral não têm o ruflar diastólico audível. Isso ocorre devido à idade avançada, obesidade, DPOC, aumento do diâmetro anteroposterior do tórax ou estados de baixo débito cardíaco (baixo fluxo). A doença deve ser suspeitada por outros dados. IMPORTANTE: O principal achado é um sopro diastólico em focos de ponta, em ruflar, que reduz com a inspiração e se exacerba com a expiração. Fácies mitralis Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Estenose mitral no ECG: O ECG é importante para determinar se o paciente está em ritmo sinusal ou se tem fibrilação atrial crônica. Pode revelar os sinais de aumento atrial esquerdo (onda P larga e bífida em D2 e o índice de Morris em V1 – porção negativa da P aumentada, com área maior que 1 “quadradinho”). A alteração da onda P nesses casos é denominada de P mitrale. Nos casos mais avançados, pode haver sinais de sobrecarga de VD, com desvio do eixo para a direita, ondas S amplas em V5, V6 e ondas R amplas em V1, V2 SAE = Sobrecarga atrial esquerda SAD = Sobrecarga atrial direita SVD: Sobrecarga ventricular direita RAIO X de tórax: O sinal mais precoce é o aumento atrial esquerdo isolado. Na incidência de perfil, com o esôfago contrastado com bário, observa-se o aumento do AE pelo deslocamento posterior do esôfago. O aumento do AE pode ser notado na incidência PA, através dos sinais: (1) duplo contorno na silhueta direita do coração; (2) sinal da bailarina (deslocamento superior do brônquio fonte esquerdo); (3) abaulamento do 3o arco cardíaco esquerdo, correspondente ao apêndice atrial esquerdo. O átrio esquerdo localiza-se posteriormente ao coração e, por ser uma câmara pequena, suas bordas não aparecem na incidência PA. O aumento para direita permite a visualização da sua borda direita, que se aproxima da borda do átrio direito – justificando o sinal do duplo contorno. O sinal da bailarina ocorre quando o AE aumenta para cima. De todos os sinais radiológicos de aumento do AE, o mais precoce é o deslocamento posterior do esôfago contrastado. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Ecocardiograma transtorácico : Principal método diagnóstico. Pode-se calcular a área valvar mitral, o gradiente de pressão transvalvar, observar o espessamento, a mobilidade e a calcificação do aparelho valvar e subvalvar, o volume das câmaras cardíacas, se há refluxo através da valva, etc. Tratamento Clínico: • Melhora dos sintomas / sem efeitos diretos na obstrução fixa • Restrição hídrica e salina • Diuréticos, betabloqueadores, digitais • Profilaxia para FR e EI • Anticoagulação (pacientes com FA) • Métodos contraceptivos ★ Sintomáticos e assintomáticos com HAP, FA de início recente: ★ Valvoplastia percutânea por cateter balão • EM moderada à importante com morfologia favorável (Wilkins ≤ 8) • Contraindicações: IM moderada /severa / Trombo no AE • Comissurotomia aberta • Anuloplastia • Troca valvar mitral O tratamento definitivo da estenose mitral é fundamentalmente cirúrgico. Em pacientes pouco sintomáticos, pode-se tentar o tratamento clínico utilizando-se Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira diuréticos para reduzir a pressão atrial além de beta-bloqueadores e bloqueadores de canal de cálcio, para controle da frequência cardíaca. Pacientes com fibrilação atrial devem receber anticoagulação plena com warfarina. Além disso, é necessária a profilaxia contra endocardite bacteriana. Pacientes muito sintomáticos, portadores de endocardite bacteriana, com piora da hipertensão pulmonar ou com área valvar mitral igual ou menor a 1 cm2 devem ser considerados para correção definitiva, que inclui a valvuloplastia mitral por balão, comissurotomia aberta ou troca da valva mitral. Valvuloplastia mitral por balão: indicado para pacientes sem espessamento ou calcificação dos folhetos, sem alterações do aparelho subvalvar e sem regurgitação mitral associada, ou como procedimento paliativo para pacientes com alto risco cirúrgico. Consiste no avanço de um ou dois cateteres-balão através do septo interatrial, e da insuflação do balão entre os folhetos, aumentando a área valvar para até 2 cm2. Quando
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