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CAPÍTULO 6 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS PROF. REGINALDO OTTO NAU. A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Aprender a ter uma visão sistêmica. Conhecer as abordagens de processos. Identifi car como calcular a produtividade. Diferenciar efi ciência e efi cácia. Conhecer indicadores de desempenho. 222 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE 223 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 CONTEXTUALIZAÇÃO Caro acadêmico, no capítulo anterior compreendemos os princípios e conceitos básicos da qualidade. Reconhecemos a contribuição dos gurus da qualidade e tivemos uma visão do que é a Gestão da Qualidade. Dando continuidade aos nossos estudos, aprenderemos neste capítulo a ter uma visão sistêmica, muito importante para conseguirmos resultados acima do esperado, com qualidade, e sairmos na frente no mercado competitivo. Devido à concorrência dos mercados, as organizações tendem a tornar- se cada vez mais produtivas, e a partir disto vêm efetuando avaliações de sua produtividade, dentro deste contexto entenderemos a infl uência da produtividade em busca da competitividade. Entenderemos também o que é efi ciência e efi cácia. No mundo das empresas, devemos ter informações cada vez mais precisas com relação à qualidade, por fi m, entenderemos como representar nossos processos em números, apreendendo assim, o que são indicadores de desempenho e a sua importância para a produtividade. Vamos lá! CRIANDO UMA VISÃO SISTÊMICA As organizações não vivem sozinhas ou isoladas do mundo. Elas vivem, interagem e operam no meio ambiente no qual estão instaladas. Neste ambiente, podem existir outras empresas que podem cooperar ou competir com ela. É do ambiente que as empresas tiram seus recursos, os transformam e devolvem como produtos ou serviços através de sua atividade organizacional. É neste sentido que as empresas trabalham como “sistemas”, isto é, um conjunto de atividades que estão integradas para criar valor e riqueza. 224 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Para Chiavenato (1999, p. 74), “um sistema pode ser defi nido como um conjunto integrado de partes, íntima e dinamicamente relacionadas, que desenvolve uma atividade ou função e é destinado a atingir um objetivo específi co”. Sistema é um conjunto de partes que interagem e se interdependem, formando um todo único com objetivos e propósitos em comum, efetuando sinergicamente determinada função (OLIVEIRA, 2004, p. 15). Para Martins e Laugeni (2006, p. 11), “sistema é um conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo comum”. Na fi gura a seguir, temos uma representação clássica de um sistema organizacional. Figura 52 – Representação de um sistema organizacional Fonte: Martins e Laugeni (2006, p. 11). Podemos visualizar, na Figura 52, que a visão sistêmica é composta de três elementos básicos: as entradas (inputs), as saídas (outputs), que estão relacionados com a fronteira do sistema, e o processo de transformação. A fronteira do sistema é o ambiente onde a empresa está inserida, criando relações com este meio. É a separação entre o que é a empresa e o que é o ambiente que a envolve externamente. Os inputs são todos os recursos utilizados na produção de bens ou serviços, quer eles sejam diretos (incorporados ao produto fi nal) ou indiretos (máquinas, equipamentos, energia). 225 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Ambiente aqui é defi nido como “tudo aquilo que envolve externamente uma organização, ou seja, tudo aquilo que está além das fronteiras ou limites da organização” (CHIAVENATO, 1999, p. 78). A função de transformação pode ser defi nida como um conjunto de atividades que transformam um bem ou serviço em outro de maior utilidade, e é devolvida ao ambiente. Ambiente aqui é defi nido como “tudo aquilo que envolve externamente uma organização, ou seja, tudo aquilo que está além das fronteiras ou limites da organização” (CHIAVENATO, 1999, p. 78). Os outputs são os produtos manufaturados, informações fornecidas, serviços prestados, que foram transformados dentro do sistema e devolvidos ao ambiente. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), a diferença que temos que ter em mente quanto a produtos ou serviços é sua tangibilidade, ou seja, produtos são tangíveis, podem ser tocados fi sicamente. Por exemplo, um jornal, livro ou um rádio. Geralmente, serviços são intangíveis, ou seja, você não pode tocar, como serviço de consultoria, corte de cabelo, manutenção mecânica, embora possa sentir ou comprovar os resultados destes serviços. A diferença que temos que ter em mente quanto a produtos ou serviços é sua tangibilidade Para aprofundar seus estudos sobre VISÃO SISTÊMICA, sugerimos a leitura do artigo “O que é visão sistêmica”, de Eline Rasera. Disponível em: <http://www.ibe.edu.br/o-que-e-visao- sistemica/>. Lembre-se de que os sistemas podem ser constituídos de subsistemas. Por exemplo, os departamentos das empresas divididos por área (engenharia, fi nanceiro, recursos humanos, produção) que interagem através de sistemas interligados e integrados. Todas as operações produzem produtos ou serviços através da transformação de entradas e saídas. Todas as operações produzem produtos ou serviços através da transformação de entradas e saídas. 226 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Atividade de Estudos: 1) Agora que você já estudou um pouco sobre visão sistêmica, verifi que e liste algumas atividades que podem ser tratadas como tangíveis ou intangíveis existentes em seu ambiente de trabalho. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ A visão sistêmica é muito importante para o sistema da qualidade. Por ser um sistema dinâmico, formado por diversas atividades que visam à melhoria contínua dentro da organização, tem como princípios fundamentais: foco no cliente e na qualidade em primeiro lugar; melhoria contínua de produtos e processos; envolvimento, comprometimento e desenvolvimento dos recursos humanos (CARPINETTI; MIGUEL; GEROLAMO, 2007). De uma forma geral, a visão sistêmica é a habilidade de tomar decisões de acordo com o cenário da empresa, ou seja, ponderando todos os fatores que infl uenciam no seu funcionamento. O profi ssional que, de certa forma compreende o funcionamento da empresa onde atua, tende a trazer resultados acima do esperado. EFICIÊNCIA E EFICÁCIA Uma das dúvidas mais frequentes na área dos negócios é a diferença entre efi ciência e efi cácia. As defi nições são muito parecidas, de acordo com Peter Drucker, o pai da Administração moderna, que defi ne os termos da seguinte forma: "a efi ciência consiste em fazer certo as coisas: geralmente está ligada ao nível operacional, como realizar as operações com menos recursos – menos tempo, menor orçamento, menos pessoas, menos matéria-prima etc.…”. "Já a efi cácia consiste em fazer as coisas certas: geralmente está relacionada ao nível gerencial". O autor Chiavenato (1999, p. 6) apresenta um quadro demonstrando melhor a diferença entre efi ciência e efi cácia, veja: 227 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Quadro 44 – Diferenças entre efi ciência e efi cácia Fonte: Chiavenato (1999, p. 6). Segundo Chiavenato (1999, p. 6), as medidas de efi ciência podem ser o custo do trabalho, a utilização de equipamento, manutenção de máquinas e o retorno do capital investido, por exemplo. A efi ciência signifi ca fazer as coisas bem e corretamente. Contudo, a efi ciência é necessária, mas não é sufi ciente.Deve haver efi cácia, principalmente, o que signifi ca atingir os objetivos e os resultados. A efi cácia relaciona-se com os fi ns e os propósitos. É o grau em que a administração consegue atingir seus objetivos. É a medida que aquele cuja unidade de trabalho alcança diariamente as metas de produção em termos de quantidade e qualidade de resultados. Assim, para melhor entendermos a efi cácia, é a medida de quão próximo se chegou aos objetivos estabelecidos. Já a efi ciência, é a relação entre as saídas (output) e as entradas (inputs). É um conceito muito importante para a área da qualidade, principalmente no que diz respeito a medidas de desempenho, que veremos mais adiante. Assim, para melhor entendermos a efi cácia, é a medida de quão próximo se chegou aos objetivos estabelecidos. Já a efi ciência, é a relação entre as saídas (output) e as entradas (inputs). 228 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE ABORDAGEM DE PROCESSOS Vimos que a produção de bens acompanha o homem desde a sua origem, quando o homem pré-histórico polia a pedra, a fi m de transformá-la em um utensílio mais efi caz. Todos os mecanismos empregados para a transformação de bens, ou seja, inputs em outputs, são chamados de processos. Todos nós estamos acostumados com este termo, mas devido a sua utilização generalizada, pode gerar problemas de interpretação devido à quantidade de signifi cados que ela possui. Aqui, apresentaremos algumas defi nições que nos darão um melhor entendimento para este termo, que será direcionado para operações de manufatura (produção de bens) ou para operações de serviços. Os autores Slack, Chambers e Johnston (2009) defi nem processo como sendo o arranjo de recursos que produzem alguma mistura de produtos e serviços. Observando o funcionamento de cada operação, você verá que ela é feita de vários processos, que podem ser chamados de “unidades” ou departamentos. O quadro a seguir demonstra algumas operações em função de seus processos. Quadro 45 – Exemplo de operações descritas em termos de seus processos Operação Alguns inputs da operação Alguns dos processos da operação Alguns dos outputs da operação Linha aérea Avião Pilotos Passageiros Equipe de Terra Check-in Transportar passageiros Transportar cargas Cuidar dos passageiros Passageiros e cargas transportados Fabricante de comida congelada Comida fresca Operadores Processamento de comida Compra de insumos Preparação de comida Empacotamento Comida congelada Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009). 229 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 De acordo com o autor Paim et al. (2009), os processos estão intrinsecamente relacionados aos fl uxos de objetos nas organizações, sejam eles objetos materiais, informações, capital, conhecimento, ideias ou desenvolvimento, ou desenrolar dos fl uxos de objetos. Todo trabalho realizado em uma organização faz parte de um processo. Não existe um produto ou serviço sem um processo. A abordagem de processos cruza as funções para focalizar o cliente, conforme demonstra a Figura 53. Figura 53 – Abordagem de processos com foco no cliente Fonte: O autor. Na abordagem por processos, o foco é uma visualização estruturada do trabalho da organização. Os benefícios da abordagem por processos podem ser defi nidos como: • Sistema de trabalho que exige novas habilidades, maior autonomia e compartilhamento de responsabilidade; • Sistema gerencial descentralizado, estimulando a cooperação e a comunicação direta; • Promove o trabalho em equipe, avaliando os resultados pelos resultados da equipe (fi m do individualismo); • As decisões são baseadas nas necessidades dos clientes; • Quebra do paradigma da visão por função, passando para a visão do todo. 230 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE A norma ISO 9001:2008 promove a adoção de uma abordagem de processo para o desenvolvimento, implementação e melhoria da efi cácia de um sistema de gestão da qualidade para aumentar a satisfação do cliente pelo atendimento de seus requisitos. Na Figura 54, podemos visualizar um modelo de sistema de gestão da qualidade baseado em processos. Figura 54 – Sistema de gestão de qualidade baseado em processos Fonte: NBR ISO 9001:2008 (2017). Segundo a norma ISO 9001 (2008), uma vantagem da abordagem de processo é o controle contínuo que ela permite sobre a ligação entre os processos individuais dentro do sistema de processo, bem como sua combinação e interação, conforme pudemos ver na Figura 53. Segundo Carvalho e Paladini (2005), o gerenciamento dos processos deve ser aplicado em todos os departamentos da empresa. Este gerenciamento torna possível atender à satisfação dos clientes internos e externos, pois ocorre no dia a dia das empresas e permite a tomada de ações corretivas sempre que algum aspecto não estiver sendo atendido. 231 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Caso você queira aprofundar seu estudo na abordagem por processos, poderá fazer a leitura do livro PAIM, Rafael; CARDOSO, Vinícius; CAULLIRAUX, Heitor; CLEMENTE, Rafael. Gestão de Processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. PRODUTIVIDADE Atualmente, o termo produtividade tem sido usado exaustivamente pelas empresas, apesar de ser um termo bastante antigo. Segundo Martins e Laugeni (2006), foi utilizado por Littre, em 1883, como sinônimo de capacidade para produzir. No início do século XX, o termo assumiu outro signifi cado, ou seja, a relação entre o produzido (output) e os recursos empregados na produção (input). Segundo a Comunidade Econômica Europeia, produtividade é “o quociente obtido pela divisão do produzido por um dos fatores de produção” (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 13). Com os trabalhos de Frederick W. Taylor, que é considerado o pai da Administração Científi ca, surgiu o termo Produtividade, isto é, a procura incessante por melhores métodos de trabalho e processo de produção, com o objetivo de se obter melhoria da produtividade com o menor custo possível (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 2). Podemos defi nir a produtividade como sendo a medida da efi ciência com que recursos de entrada de um sistema são transformados em saídas. Simplifi cando este conceito, podemos ter a fórmula da Figura 55. Figura 55 – Produtividade Fonte: O autor. Produtividade, isto é, a procura incessante por melhores métodos de trabalho e processo de produção, com o objetivo de se obter melhoria da produtividade com o menor custo possível 232 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE A produtividade pode ser tida como o segredo para a sobrevivência das empresas no mercado. É a relação entre os recursos utilizados para a produção e o produto fi nal. É o resultado da capacidade de produzir. Vamos a um exemplo. A produtividade pode ser tida como o segredo para a sobrevivência das empresas no mercado. Qual a efi ciência econômica de uma empresa que teve custos de materiais e processos de R$ 75.000,00 para gerar uma receita de R$ 90.000,00? Nossa fórmula para o cálculo da produtividade é: Solução: = 1,20 ou 120% Com este resultado, podemos dizer que a empresa teve um rendimento de 20% a mais sobre seus custos, ou uma produtividade de 120%. Martins e Laugeni (2006, p. 9) dizem que “o estudo e a avaliação da produtividade vem recebendo atenção crescente dos empresários, pois são concordes que aí está o único caminho da sobrevivência da empresa a médio e longo prazos”. A forma de medir ou avaliar a produtividade em uma empresa tem sido foco de estudos entre muitos pesquisadores. Existem várias formas de avaliação da produtividade, sendo cada uma com a característica da própria empresa, e pode ter suas próprias vantagens e desvantagens. Medir a efi ciência dos processos produtivos é de suma importância para as empresas de manufatura, visto que éo resultado dos recursos consumidos versus o produto fi nal. 233 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 As medidas de produtividade devem ser vistas como instrumentos auxiliares na detecção de problemas e no acompanhamento dos sistemas de produção a que se referem. Para isso, faz-se necessário trabalhar em uma série interminável de variáveis que nos trazem uma quantidade muito grande de dados para auxiliar no processo da tomada de decisão (BORGES; NETO,1993 apud CORRÊA, 2010). Os Indicadores de Produtividade são ligados à efi ciência dos processos, tratando da utilização dos recursos para a geração de produtos e serviços. Esses indicadores são muito importantes, uma vez que permitem uma avaliação precisa do esforço empregado para gerar os produtos e serviços. Além disso, devem andar lado a lado com os Indicadores de Qualidade para que ocorra o equilíbrio necessário ao desempenho global da organização (CORRÊA, 2010). A medida da produtividade nacional é função do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), que periodicamente disponibiliza os indicadores. Os mais usuais são o produto nacional bruto (PNB), o produto interno bruto (PIB) e o PIB dividido pela população (PIB per capita) (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 15). Estas informações podem ser acessadas no site do IBGE: <www. ibge.gov.br>. A medição da produtividade representa a relação entre duas unidades de medidas diferentes, normalmente. Profi ssionais de diversas áreas, como engenheiros, economistas, administradores, usam diferentes formas de medir e as mais comuns são: • Produtividade Total: se refere a todas as entradas e saídas. • Produtividade Parcial: se refere a uma única entrada ou saída. Estas medidas ou índices de produtividade são realizados pelas empresas de acordo com o objetivo que se quer alcançar. O resultado destas medições é chamado também de efi ciência, que é um problema na maior parte das empresas hoje, pois a busca para a efi cácia é constante, para se tornarem cada vez mais competitivas. 234 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Existe uma ferramenta chamada “O Termômetro da Indústria”. É uma ferramenta interativa que apresenta o desempenho recente da indústria brasileira. A situação da indústria é identifi cada pela combinação de um conjunto de indicadores. Estas informações estão disponíveis no site: <http://termometro.portaldaindustria.com.br/>. Atividades de Estudos: Agora que você já estudou um pouco sobre produtividade, vamos a alguns cálculos. 1) Determinar a produtividade de uma empresa fabricante de peças automotivas, que em um mês produziu 40.000 peças que foram vendidas a R$ 25,00 a unidade. Para fabricar e vender estas peças, a empresa teve uma despesa de R$850.000,00. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Qual a efi ciência econômica de uma empresa que incorreu em custos de R$ 150.000,00 para gerar uma receita de R$ 176.000,00? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) No mês de janeiro, a empresa ABC produziu 1.250 unidades do produto Alpha, com a utilização de 800 homens/hora. Em fevereiro, devido ao número de dias úteis, produziu 1.100 235 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 unidades, com a utilização de 700 homens/hora. Determinar a produtividade total nos meses de janeiro, fevereiro e sua variação para gerar uma receita de R$ 176.000,00. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Além dos indicadores citados neste texto, você também encontrará alguns indicadores de produtividade, que são divulgados pelo Instituo Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ) – <www. ibqp.gov.br>, como também pelo Instituto Nacional de Estudos para o Desenvolvimento Industrial <www.iedi.org.br>. MEDIDAS DE DESEMPENHO Dois conceitos muito importantes, vistos anteriormente, quando se fala em desempenho, é a efi ciência e efi cácia. Normalmente, os cálculos efetuados pelas empresas têm como resultado a efi ciência de um processo, embora o que se busca constantemente é a efi cácia nos processos das empresas. Para verifi carmos se a empresa é efi ciente ou efi caz, necessitamos realizar algumas medições. Desta forma, constantemente, as organizações vêm realizando avaliações e sua produtividade com base em medidas de desempenho, ou também chamados indicadores de desempenho. Segundo os autores Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 563), “medição de desempenho é o processo de quantifi car a ação, no qual a medição signifi ca que o processo de quantifi cação, e o desempenho da produção é presumido como derivado da produção”. 236 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Uma medição sempre é necessária para avaliar se um processo produtivo ou se uma operação é boa, ruim ou indiferente. Assim, você poderá gerenciar seus processos de modo efi caz ou efi ciente. Duas variáveis são importantes: a unidade de medida e o método de medição. No Quadro 46, temos exemplos de medidas parciais de desempenho. Uma medição sempre é necessária para avaliar se um processo produtivo ou se uma operação é boa, ruim ou indiferente. Duas variáveis são importantes: a unidade de medida e o método de medição. Quadro 46 – Exemplo de operações descritas em termos de seus processos Objetivo de desempenho Medidas Qualidade Número de Defeitos. Nível de Refugo. Tempo médio de falhas. Velocidade Tempo do consumidor em fi la. Frequência de entregas. Tempo de ciclo. Confi abilidade Porcentagem de pedidos entregues com atraso. Aderência à programação. Atraso médio dos pedidos. Flexibilidade Tamanho médio do lote. Tempo de mudança de máquina. Tempo para aumentar a taxa de produção. Custo Valor agregado. Produtividade de mão de obra. Custo por hora de operação. Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009). Pode-se adotar que nada poderá ser melhorado na empresa se não for medido. Sempre que algum processo for melhorado e o seu desempenho não tiver sido medido, o resultado não poderá ser avaliado e nem reconhecido. 237 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Temos que ter ciência de que nada adianta ter diversos sistemas de medição se não conseguirmos avaliar ou acompanhar, e ainda ter um equilíbrio entre o que o cliente espera e as estratégias da empresa. As medidas de desempenho devem levar em consideração alguns fatores primordiais, que se destacam como sendo cinco objetivos de desempenho: qualidade, velocidade, confi abilidade, fl exibilidade e custo. Por exemplo, o custo de uma operação é derivado de muitos fatores, que podem incluir a efi ciência de compras da operação e a efi ciência de sua produção, produtividade de pessoal e assim por diante (SLACK, CHAMBERS E JOHNSTON, 2009). Além das medições, cada empresa deve desenvolver o seu modelo de apresentação e formatação dos indicadores. Não existe um padrão, o importante é que o indicador seja confi ável e de fácil compreensão, devendo refl etir o resultado mensurado. O ideal é que se possa apresentar indicadores de forma gráfi ca para melhor compreensão com a tabela de dadosmedidos. Uma ferramenta muito utilizada para tabular e criar gráfi cos é o Microsoft Excel. Um exemplo é demonstrado no Quadro 47. Como podemos observar, este é um indicador que demonstra a produção mensal de um tratamento de madeira, trazendo um comparativo com o ano anterior e uma média mensal de produção. Veja que, neste exemplo, temos a representação gráfi ca e a tabela com os dados numéricos. Quadro 47 – Exemplo de indicador de desempenho Fonte: O autor. 238 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE A linha tracejada indica a meta estabelecida pela empresa. A meta estabelecida pela empresa, neste exemplo do Quadro 47, é estratégica, pois refl ete o nível de desempenho que é visto pela empresa para alcançar seus objetivos, que pode ser atender à demanda externa de seus clientes. Ficar visível é uma ferramenta da Qualidade Total denominada de Gestão à Vista (GILSA, 2011, p. 77). Atualmente, as informações sobre o andamento dos processos podem também ser apresentadas de forma on-line para os operadores, preparadores e gestores. Os chamados Andons são muito úteis para apresentar, em tempo real, a situação do processo, permitindo que os gestores e operadores possam tomar ações corretivas durante o mesmo dia. A informação em tempo real sobre questões como volume de produção, faturamento e qualidade são vitais também para as empresas que implantam sistemas de Remuneração Variável, ou seja, baseadas nos resultados dos indicadores diretos do processo (GILSA, 2011). Ficar visível é uma ferramenta da Qualidade Total denominada de Gestão à Vista O Andon é uma forma de gestão à vista de ocorrências na linha de produção, que podem ser apresentadas em forma de alerta sonoro ou representações visuais (quadros, sinalizadores) (CITISYSTEMS, 2017). O importante após os indicadores serem estabelecidos pela empresa, é que estes fi quem visíveis para os gerentes, encarregados, supervisores e operadores, para acompanharem o desempenho da empresa. Este pode ser colocado em quadros simples, painéis sofi sticados ou eletrônicos. Sugerimos a leitura do artigo Andon. Disponível em: <https:// www.citisystems.com.br/andon/>. 239 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 Todo o estudo deste capítulo está relacionado à produtividade, desde o seu cálculo, como medir, como demonstrar com indicadores de desempenho. Tudo isto está relacionado à procura incessante por melhores maneiras de produzir, sempre com a fi nalidade da redução de custo, buscando a efi ciência ou a efi cácia dos processos. Uma técnica muito utilizada para a busca da produtividade é a Produção Enxuta ou Lean Manufacturing, ou simplesmente, Lean. A Produção Enxuta é uma abordagem voltada à eliminação de atividades que não agregam valor nos produtos e processos, cujos princípios e práticas vêm sendo adotados em diversos segmentos da indústria (WOMACK; JONES; ROOS, 1990). Para entender melhor este assunto e fi nalizar este capítulo, leia o artigo a seguir: “O que é Lean?” Bons estudos! O QUE É LEAN? Lean é uma fi losofi a de gestão inspirada em práticas e resultados do Siste- ma Toyota. Ao longo das últimas décadas, organizações de praticamente todos os setores têm usado lean como meio fundamental para transformar realidades ger- enciais, potencializar resultados e melhor aproveitar o potencial humano. O inter- esse é crescente, novas técnicas e experiências continuam a ser desenvolvidas e compartilhadas, e isso tem permitido que o aprendizado seja cada vez mais rápido e efetivo. Trata-se de um corpo de conhecimento cuja essência é a capacidade de eliminar desperdícios continuamente e resolver problemas de maneira sistemáti- ca. Isso implica repensar a maneira como se lidera, gerencia e desenvolve pes- soas. É através do pleno engajamento das pessoas envolvidas com o trabalho que se consegue vislumbrar oportunidades de melhoria e ganhos sustentáveis. 240 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Toda iniciativa lean precisa estar embasada em propósitos claramente defi nidos e orientados à criação de valor para o cliente. A partir dessa necessi- dade, estabelece-se uma relação com as mudanças requeridas nos processos e na maneira como o trabalho está organizado. Novos processos tornam explíci- tas lacunas de conhecimento e habilidades, criando oportunidades direcionadas para se desenvolver o conhecimento e as habilidades das pessoas envolvidas com o trabalho. Para sustentar o esforço de transformação, mecanismos gerenciais pre- cisam ser criados ou modifi cados e o comportamento das lideranças deve ser con- dizente com as novas premissas fundamentais. Considerando esses importantes elementos, aumenta-se a chance de sucesso e sustentação dos esforços de trans- formação, tornando possível a incorporação do pensamento lean às práticas do dia a dia de maneira perene. Fonte: Lean Institute Brasil. O que é Lean? Disponível em: <http:// www.lean.org.br/o-que-e-lean.aspx>. Acesso em: 3 maio 2017. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, avançamos um pouco mais, e podemos verifi car que a qualidade não se limita apenas a atender necessidades de clientes, mas também visa à otimização de processos, de modo que tenha um mínimo de desperdício, reduzindo custos e variabilidade do processo. Apresentamos como ter uma visão sistêmica para nos tornarmos mais efetivos na abordagem de processos. Vimos que um número cada vez maior de empresas está se preocupando com sua produtividade, como estratégia para a competitividade frente à concorrência. Demonstramos o conceito de produtividade e como medi-la. Podemos considerar que sem produtividade e certo grau de efi ciência, difi cilmente as empresas se tornam bem-sucedidas no mercado. Vimos também a importância de traçar metas e defi nir indicadores para o acompanhamento da produtividade de seus processos. No próximo capítulo, conheceremos o Sistema de Gestão da Qualidade, as normas ISO e algumas ferramentas da qualidade. 241 VISÃO SISTÊMICA E ABORDAGEM DE PROCESSOS Capítulo 6 REFERÊNCIAS BORGES, L. A. J.; NETO, F. J. K. Gestão estratégica da produtividade e da qualidade. ENAMPAD, v. 3, p. 36-44, Salvador, set.1993. CARPINETTI, L. C. R.; MIGUEL, P. A. C.; GEROLAMO, M. C. Gestão da qualidade ISO 9001:2000: princípios e requisitos. São Paulo: Atlas, 2007. CARVALHO, Marly Monteiro de; PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da qualidade: teorias e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CITISYSTEMS. Andon. Disponível em: <https://www.citisystems.com.br/andon/>. Acesso em: 4 maio 2017. CORRÊA, Carla Eunice Gomes. Gestão da qualidade e produtividade. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010. GILSA, Dietmar Von. Gestão da qualidade de produtos e processos. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2011. MARTINS, Petrôneo G.; LAUGENI, Fernando P. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. NBR ISO 9001:2008. Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos. Disponível em: < fi le:///C:/Users/04810506983/Downloads/ISO9001- MovPortPortal.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2017. OLIVEIRA, Otávio J. Gestão da qualidade: introdução à história e fundamentos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. PAIM, Rafael et al. Gestão de Processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. WOMACK, J. P.; JONES, D. T.; ROOS, D. Machine that changed the world. Simon and Schuster, 1990.
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