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RESENHA CRITICA - PONTO DE MUTAÇÃO

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RESENHA CRÍTICA
“PONTO DE MUTAÇÃO”
Baseado em uma obra de Fritjof Capra “O Ponto de Mutação”. Filme: “O Ponto de Mutação”. Cannes Home Vídeo. Diretor Bernt Capra. Ano 1992. Duração 126 minutos.
Com lançamento em 1992, o filme “O Ponto de Mutação”, dirigido por Bernt Capra, conta a história de três pessoas de camadas diferentes da sociedade, que apresentam diferentes pontos de vista sobre a vida. Essas pessoas acabam entrando em uma discussão sobre suas perspectivas do mundo, a partir do modo de funcionamento de um relógio muito antigo e em cima disso se desenrola toda a trama do filme. O filme se passa em uma ilha na França, em uma espécie de castelo antigo, onde toda a história acontece. Lá, dois amigos, um senador americano e ex-candidato à presidência dos EUA e um poeta americano que não suportou a vida em uma grande capital e se mudou para a pequena ilha, se encontram com uma ex-cientista, que se mostrou decepcionada com o rumo que o mundo científico tomou ao longo dos tempos.
O cenário onde o filme ocorre é a ilha de Mont Saint Michel, na França. As personagens Sonia Hoffman (a cientista), Jack Edwards (o político) e Thomas Harriman (o poeta) encontram-se com muitos problemas pessoais e em crise com tudo que eles idealizam e se mudam pra essa ilha onde fica uma cidade pacata que serviria como um local para eles se encontrarem diante de tudo que acontecia em suas vidas. 
O filme “Ponto de Mutação” investiga as implicações e impactos que tomavam a forma de uma mudança de padrões, com seu ponto de partida na observação de que os principais problemas visíveis do século XX, dentre eles a ameaça nuclear, destruição do meio ambiente, desigualdades, exploração gritante entre Norte e Sul, preconceitos políticos e raciais, entre outrps, são todos sintomas ou aspectos diversos do que, no fundo, não passa de uma única crise fundamental, que é uma crise de percepção distorcida, baseada no individualismo e na separatividade entre pessoas, coisas e eventos. Esta crise é promovida quando, pela educação, cultura e ideologia dominantes, nós e nossas instituições adotamos conceitos e introjetamos valores que, apesar de sentidos como obsoletos, servem para justificar e racionalizar sentimentos menos nobres como a avareza, por exemplo.
Os personagens em meio à conversa discutem que o processo de globalização acelerou o desenvolvimento dos grandes centros urbanos e pequenas cidades, fato este que as tornaram mais populosas  em decorrência do  desenvolvimento capitalista desenfreado, acarretando sérios riscos ao meio ambiente em toda sua totalidade, principalmente por conta dos processos industriais que se desenvolveram nas ultimas décadas. O Brasil é citado pela cientista, quando a mesma se desfaz a cada segundo de parte da floresta Amazônica para quitar dívidas externas, gerando sérios problemas ambientais. Desta forma, o Brasil teria um olhar mecanicista. Para resolver a crise do mundo, a cientista acredita que deveríamos mudar a nossa percepção. Os sistemas não encorajam a prevenção, só a intervenção. Os mecanicistas não se preocupam em prevenir, mas em intervir. Se surgir algum problema, descobre-se o que está causando e resolve-se, no entanto, esquecem-se do todo. 
            De fato, o filme retrata o que se pode ver nas sociedades atuais misturando vertentes distintas como ciência, política, poesia e religião, e trazendo um caráter de denúncia e advertência,  incentivando a sociedade à adotar comportamentos e ações racionais como forma de se criar uma nova concepção quanto aos paradigmas mencionados, propiciando um bem  estar social entre todos. Com a mudança radical dos ideais e valores da humanidade, é possível que possamos promover o avanço de um novo padrão de ciência que venha a propor uma efetiva resolução de parte dos problemas da humanidade sem criar outros muito mais nocivos. Somente assim, a ciência alcançará um patamar ético aceitável para a convivência entre homem e natureza, entre a vida e a sua reprodução saudável.
      O atual paradigma, que já nos deu inúmeras provas de esgotamento e de incapacidade de solucionar inúmeros problemas básicos e existenciais do ser humano, vem dominando amplamente nossa cultura e educação. Tal paradigma, denominado de newtoniano-cartesiano, teve um impacto benéfico ao libertar a razão das amarras da superstição e do controle eclesiástico, mas foi, com o tempo, hipertrofiado. Ele consiste numa série de ideias e pressupostos, com determinados valores implícitos, que acaba por ser o referencial subliminar de nosso modo de entender o mundo já que é a base filosófica pela qual a ciência se apoia.
O que se entende diante da mensagem passada no filme é que é mais correto se falar em eventos e inter-relações como a descrição da realidade do que dizer que determinadas partes atuam de tal ou tal forma para definir o todo. Esta é exatamente a mesma ideia da ecologia: “somos frutos em interação do ambiente natural, e não independentes dele”. O que fazemos contra a natureza fazemos, de modo brutal e estúpido, a nós mesmos. No final, o que Capra deixa bem claro que, a sobrevivência humana, que é ameaçada por várias ações igualmente humanas provenientes de uma visão de mundo mecanicista e fragmentada, só será possível de formos capazes de mudar radicalmente os métodos e os valores subjacentes à nossa cultura individualista e materialista atual e à nossa tecnologia de exploração do meio ambiente. Esta mudança deverá, logicamente, refletir-se em atitudes mais orgânicas, holísticas e fraternas entre os seres humanos e entre estes e a natureza, em todos os seus aspectos.

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