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Revisão de Equações de Euler-Lagrange Alexandre Masson Vicente 20/05/2021 O algoritmo utilizado para a resolução desta lista se desdobra em três etapas: Análise Cinemática, Análise Dinâmica e Aplicação das Equações de Euler-Lagrange. Na primeira etapa, procura-se detalhar caracteŕısticas geométricas do movimento do sistema, avaliando os v́ınculos e definindo coordenadas pertinentes à sua descrição. No segundo estágio, avalia-se os agentes causadores do movimento, no caso da Mecânica Lagrangiana, como se dão os acréscimos de energia potencial que levarão o sistema a ganhar ou perder energia cinética. Por último, de posse das coordenadas associadas aos graus de liberdade e da definição de uma função potencial (válida apenas para sistemas conservativos), utiliza-se as Equações de Euler-Lagrange para se obter as equações diferenciais que representam a evolução deste sistema. Este tipo de procedimento é inspirado em métodos trabalhados na Referência [1]. Por fim, respostas de cada exerćıcio se encontram, em cada sessão, reunidas na subsessão intitulada Śıntese. Sumário 1 O Problema de um bloco que desliza sobre uma rampa móvel 1 1.1 Análise Cinemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.2 Análise Dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2.1 Energia Potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2.2 Energia Cinética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.3 Equações de Euler-Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.3.1 Evolução do sistema na coordenada x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.3.2 Evolução do sistema na coordenada w . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.4 Śıntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2 O Problema da Máquina de Atwood Pendular 6 2.1 Análise Cinemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.1.1 Vı́nculos e graus de liberdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.1.2 Cálculo de velocidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.2 Análise Dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.2.1 Energia Potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.2.2 Energia Cinética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.3 Equações de Euler-Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.4 Soluções Aproximadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.5 Śıntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Bibliografia 15 1 O Problema de um bloco que desliza sobre uma rampa móvel Seja um bloco de massa m, em contato com uma rampa de massa M , apoiada em uma superf́ıcie horizontal. O bloco está livre para se mover sobre a rampa, enquanto esta última está solta sobre a superf́ıcie, conforme mostra a figura abaixo: 1 Figura 1: Bloco deslizando sobre rampa móvel. Exerćıcio Calcule a lagrangiana do sistema de part́ıculas apresentado, a aceleração da rampa em relação à superf́ıcie horizontal e a aceleração do bloco em relação à rampa. 1.1 Análise Cinemática A rampa se move apenas na direção horizontal e o bloco somente ao longo da direção do maior com- primento dela. Dada a independência de tais movimentos, pode-se utilizar duas coordenadas para a descrição deste sistema, uma para medir o movimento da rampa a partir do referencial inercial, deno- tado OXY , e outra para medir o deslocamento do bloco em relação à rampa, um referencial que se move junto a ela, aqui denotado por O′W . As coordenadas medidas pelos referenciais inercial e móvel serão chamadas de x e w, respectivamente, e são ilustradas na figura que segue: Figura 2: Ilustração das coordenadas do sistema. A partir desta escolha de coordenadas, pode-se posicionar tanto o bloco quanto a rampa, cujas localizações são dadas, respectivamente, pelos vetores ~r2 e ~r1: ~r2 = xX̂. (1) ~r1 = (x+ w cosα) X̂ + w senα Ŷ . (2) Uma vez calculadas as posições, basta aplicar o operador d dt a elas para computar as velocidades: 2 ~̇r2 = ẋX̂. (3) ~̇r1 = (ẋ+ ẇ cosα) X̂ + ẇ senα Ŷ . (4) 1.2 Análise Dinâmica 1.2.1 Energia Potencial Além das coordenadas, a Figura 2 mostra o campo gravitacional uniforme ao qual o sistema está sujeito, −gŶ , utilizado no cálculo da força aplicada a cada part́ıcula: ~Fi = −migŶ , (5) para i = 1, 2. Como as forças aplicadas são de natureza conservativa, é posśıvel associar a elas uma diferença de potencial. A ńıvel infinitesimal, essa diferença é o valor negativo do trabalho realizado pela força sobre a part́ıcula no limite quando seu deslocamento tende a zero: dVi = ~Fi · d~ri, (6) para i = 1, 2. A integral avaliada entre o ińıcio e o fim da trajetória da i-ésima part́ıcula leva à diferença de potencial à qual ela está sujeita entre os dois pontos: ∆Vi = Vi (~ri)− Vi ( ~0 ) = − ∫ ~ri ~0 ~Fi · d~ri, (7) para i = 1, 2 A diferença de potencial total do sistema de part́ıculas é ∆V = Vfim − Vińıcio = 2∑ i=1 Vi (~ri)− 2∑ i=1 Vi ( ~0 ) = − 2∑ i=1 ∫ ~ri ~0 ~Fi · d~ri. (8) Os deslocamentos infinitesimal do bloco e da rampa são definidos pelos acréscimos efetuados em suas posições, d~r2 = dxX̂ (9) e d~r1 = (dx+ dw cosα) X̂ + dw senα Ŷ . (10) Assumindo m1 = m, m2 = M , V1 ( ~0 ) = V2 ( ~0 ) = 0 e chamando o potencial do sistema na situação final das trajetórias de Vfim = V , a inserção de (5), (10) e (9) em (8) resulta em uma função potencial total dada por: V = mgw senα, (11) que é a energia potencial total deste sistema. 3 1.2.2 Energia Cinética Para o cálculo da energia cinética total, basta somar as parcelas associadas a cada part́ıcula, T = 2∑ i=1 1 2mi~̇ri · ~̇ri. (12) Considerando m1 = m, m2 = M , (3) e (4), (12) é atualizada para a relação que segue: T = (M +m)2 ẋ 2 + m2 ẇ 2 +mẋẇ cosα (13) 1.3 Equações de Euler-Lagrange De posse das energias potencial e cinética em termos das coordenadas generalizadas x e w, basta aplicar uma Equação de Euler-Lagrange a cada uma delas para a obtenção das equações de movimento do sistema. 1.3.1 Evolução do sistema na coordenada x A Equação de Euler-Lagrange para a coordenada x é d dt [ ∂ (T − V ) ∂ẋ ] = ∂ (T − V ) ∂x . (14) 1o. Resultado Complementar: Conservação do momento linear na direção X Note que a coordenada x não comparece explicitamente no funcional T − V . Por essa razão, o momento conjugado à coordenada x, ∂ (T − V ) ∂ẋ , se conserva. E, especificamente para este caso, este momento conjugado é o próprio momento linear na direção do eixo X, pX = ∂ (T − V ) ∂ẋ : pX = (M +m)ẋ+mẇ cosα = constante, (15) o mesmo resultado previsto pela Mecânica Newtoniana, já que a ausência de forças na direção X implica na conservação do momento linear na referida direção. Utilizando os funcionais V e T , calculados em (11) e (13), em (14), verifica-se que ẍ e ẅ são quantidades proporcionais, já que ẍ = − m(m+M) ẅ cosα. (16) 1.3.2 Evolução do sistema na coordenada w A Equação de Euler-Lagrange para a coordenada w é d dt [ ∂ (T − V ) ∂ẇ ] = ∂ (T − V ) ∂w . (17) Combinando (11) e (13) com (17), chega-se a ẍ cosα+ ẅ = −g senα. (18) 4 2o. Resultado Complementar: Bloco deslizante sobre rampa solidária ao chão A expressão para ẍ presente em (16) revela a medida do efeito de aceleração da rampa em consequente do deslizamento do bloco. Se a massa do bloco for muito pequena em comparação à da rampa, ele não será capaz de fazê-la acelerar.A rampa, por sua vez, ao possuir uma aceleração despreźıvel, caso ela esteja inicialmente em repouso, ela assim permanecerá. Ou seja, neste caso limite, o processo é idêntico ao caso de um bloco deslizando sobre uma rampa em repouso. lim m M → 0 ẍ = 0⇒ ẅ → −g senα. (19) A expressão acima para ẅ é a mesma de (18) no limite de baixa aceleração da rampa, resultado esperado no deslizamento sem atrito de uma massa no plano inclinado. Resolvendo o sistema de equações dado por (16) e (18), chega-se aos valores de ẍ e ẅ: ( ẍ ẅ ) = [ 1 m cosα(m+M) cosα 1 ]−1( 0 −g senα ) = 1[ 1− m cos 2 α (m+M) ] [ 1 − m cosα(m+M) − cosα 1 ]( 0 −g senα ) (20) ( ẍ ẅ ) = m 2 (M +m sen2 α)g sen 2α −g senα[ 1− m cos 2 α (m+M) ] (21) 1.4 Śıntese A lagrangiana do sistema, cujo cálculo é exigido no enunciado do exerćıcio, é a diferença entre as energias cinética e potencial, L = T − V. (22) Outras quantidades exigidas no enunciado são acelerações da rampa em relação ao chão e do bloco em relação à rampa. Estes vetores que são definidos a partir da segunda derivada da localização das part́ıculas do sistema ilustrado abaixo: 5 Figura 3: Posição das part́ıculas do sistema. Denotando o ponto que o bloco ocupa no plano de B, observa-se, da figura acima, que a posição do bloco no referencial solidário à rampa se dá pelo segmento orientado ~r ′ = # » O′B = w Ŵ . Por outro lado, a rampa é localizada no referencial inercial pelo segmento orientado ~r2 = # » OO′ = x X̂. Como os versores Ŵ e X̂ não variam no tempo, as acelerações correspondentes são dadas pelas derivadas segundas de cada coordenada nas referidas direções: ~̈r2 = ẍ X̂ (23) ~̈r ′ = ẅ Ŵ (24) Solução do Exerćıcio Combinando (22) com (13) e (11), chega-se à lagrangiana L = (M +m)2 ẋ 2 +m ( ẇ2 2 + ẋẇ cosα− wg senα ) (25) Utilizando as entradas da matriz coluna de (21) em (23) e (24), obtém-se os vetores aceleração da rampa em relação ao chão e do bloco em relação à rampa, ~̈r2 = X̂ m 2 (M +m sen2 α)g sen 2α (26) e ~̈r ′ = −g senα[ 1− m cos 2 α (m+M) ] Ŵ . (27) 2 O Problema da Máquina de Atwood Pendular Seja a Máquina de Atwood modificada através da indução de um movimento pendular a uma de suas massas, conforme mostra a figura a seguir: 6 Figura 4: Máquina de Atwood Pendular. Exerćıcio Mostre os v́ınculos do sistema, calcule o número de graus de liberdade para o mesmo, construa a sua lagrangiana e, por fim, obtenha as equações de movimento através das Equações de Euler- Lagrange. 2.1 Análise Cinemática A máquina possui duas polias, de centros fixos ao teto, separados por uma distância D. É escolhido um referencial inercial cuja origem coincide com o centro da direita, para medir as quantidades cinemáticas das part́ıculas: 7 Figura 5: Atribuição de coordenadas ao sistema. De ińıcio, o enunciado sugere 2 coordenadas, r e θ, em função das quais as componentes do vetor posição da part́ıcula de massa M deverão ser definidas. E para o ponto de massa m, que varia sua distância até o centro da polia da esquerda durante o movimento, é intuitivo atribuir uma terceira coordenada, denotada na última figura por w. 2.1.1 Vı́nculos e graus de liberdade Porém, as 3 coordenadas, r, θ e w, não são independentes, uma vez que há uma restrição que conecta r a w. Este v́ınculo diz respeito ao comprimento total do fio que passa pelas polias e conecta as massas: o comprimento total, denotado por `, é a soma dos comprimentos que vão da massa m até a polia esquerda, da polia esquerda até a direita e desta última até a massa M , w +D + r = `. (28) A equação acima deixa claro que w pode ser escrita em função de r e vice versa. Para os demais passos de resolução do problema, será escolhida r como uma das coordenadas em função da qual as quantidades cinemáticas dependerão. E como r e θ são independentes, elas são suficientes para especificar a configuração da Máquina de Atwood Pendular de maneira uńıvoca, representando, portanto, os graus de liberdade deste sistema: Ngraus de liberdade = Ncoordenadas −Nv́ınculos (29) A equação acima mostra como se dá o cálculo do número de graus de liberdade que um sistema possui. Neste estudo de caso, haviam Ncoordenadas = 3 coordenadas (r, θ e w) e o v́ınculo descrito pela Equação (28), ou seja, Nv́ınculos = 1 v́ınculo. Isso implica na existência de Ngraus de liberdade = 2 graus de liberdade, representados agora pelas coordenadas r e theta, uma vez que optou-se por deixar w em função de r: w = `−D − r. (30) 8 2.1.2 Cálculo de velocidades Dada a simplicidade do Problema da Máquina de Atwood Pendular, não serão calculados os vetores posição e velocidade de cada part́ıcula de forma expĺıcita. Basta calcular os quadrados das normas das velocidades, quantidades que serão usadas na definição da energia cinética do sistema. Para obter o quadrado da norma da velocidade da massa m, ‖~v1‖2, aplica-se o operador d dt a (30) e se eleva o resultado ao quadrado, ‖~v1‖2 = ẇ2 = ṙ2. (31) A velocidade da massa M , ~v2, em coordenadas polares, possui uma componente na direção radial, ṙ, e uma componente na direção transversal, rθ̇. Portanto, o quadrado da norma de sua velocidade é a soma do quadrado das componentes, ‖~v2‖2 = ṙ2 + r2θ̇2. (32) 2.2 Análise Dinâmica 2.2.1 Energia Potencial Para o cálculo da energia potencial, somente coordenadas associadas a deslocamentos na direção vertical importam, já que a força peso, ~F , só realiza trabalho nessa direção. Além disso, o acréscimo infinitesimal de deslocamento vertical da part́ıcula, d~S, é um segmento orientado com o mesmo sentido da orientação de eixo. Quando esta última coincide com o sentido da força peso, o trabalho realizado por ela no trajeto é positivo, porém, a diferença de energia potencial, que é o valor negativo deste trabalho, é negativa, conforme mostra a figura abaixo: Figura 6: Energia potencial gravitacional para referência de potencial nulo coincidente com origem do eixo e quando este último é orientado para baixo. A figura acima mostra o cálculo da diferença de energia potencial mencionada e indica que essa diferença coincide com a energia potencial na coordenada da part́ıcula quando o ńıvel de potencial nulo é escolhido na origem do eixo vertical. Portanto, as energias potenciais das massas m e M são da forma V1 = −mgw (33) V2 = −mgx (34) Da Figura 5, sabe-se que x = r cos θ. Levando em conta isso e a Equação (30), a energia potencial total, V − V1 + V2, assume a forma 9 V = (m−M cos θ) gr +mg (D − `) . (35) 2.2.2 Energia Cinética A energia cinética total da máquina é dada pelas contribuições individuais das massas, T = m ‖~v1‖ 2 2 + M ‖~v2‖2 2 . (36) Reescrevendo este funcional em função das coordenadas através das relações contidas em (31) e (32), tem-se que T = M +m2 ṙ 2 + M2 r 2θ̇2. (37) 2.3 Equações de Euler-Lagrange De posse das energias potencial e cinética, expressas em (35) e (37), pode-se definir a lagrangiana da Máquina de Atwood Pendular, L = T − V , L = M +m2 ṙ 2 + M2 r 2θ̇2 − (m−M cos θ) gr −mg (D − `) . (38) Visando escrever as equações de Euler-Lagrange em um formato compacto, pode-se definir uma matriz coluna de coordenadas generalizadas, q, e também uma para as velocidades generalizadas, q̇: q = ( r θ ) . (39) q̇ = ( ṙ θ̇ ) . (40) Assim, as Equações de Euler-Lagrange são enunciadas através da seguinte equação matricial ∂t∂q̇L = ∂qL, (41) que resulta nas equações diferenciais ordinárias θ̈ = −2ṙθ̇ r − g sen θ r (42) e r̈ = rθ̇ 2 1 + µ + ( cos θ − µ 1 + µ ) g, (43) onde µ = m M . 10 Resultado Complementar: Máquina de Atwood Na ausência do movimento pendular da massa M , ou seja, θ̇ = 0 e θ = 0, (43) se reduz a r̈ = ( 1− µ 1 + µ ) g, (44) exatamente o valor de aceleração da massa M na Máquina de Atwood. 2.4Soluções Aproximadas (42) e (43) formam um sistema equações diferenciais ordinárias não-lineares de alta sensibilidade paramétrica no que diz respeito às suas propriedades de inércia e às condições iniciais prokopenya2017motion. O acoplamento entre os graus de liberdade dificulta o isolamento de cada derivada de segunda ordem como função exclusiva de suas primitivas correspondentes, inviabilizando, assim, a procura por fatores integrantes. Por isso, faz-se necessário o uso de aproximações numéricas para altas amplitudes ou aprox- imações por funções conhecidas em certos casos limite. Procurando um exemplo de caso limite, na inspeção de (43), nota-se que para baixas amplitudes, θ → 0 e θ̇ → 0, as funções seno, cosseno e velocidade angular ao quadrado atingem valores aproximados de, respectivamente, sen θ ≈ θ, cos θ ≈ 1 e θ̇2 ≈ 0. Isso faz com que a massa M possua aceleração aproximadamente igual ao valor da Máquina de Atwood [Equação (44)], fazendo com que r obedeça r = r0 + ṙ0t+ ( 1− µ 1 + µ ) gt2 2 , (45) onde r0 = 0.5m e ṙ0 = 0.01 m s são as condições iniciais na variável r, enquanto g = 9.81 m s2 e µ = 1.000010.99999 são, respectivamente, o valor do campo gravitacional e a razão entre as massas da máquina. Essa aproximação de r por uma parábola leva θ a se comportar segundo o seguinte oscilador: θ̈ ≈ −2 ṙ0 + ( 1− µ 1 + µ ) gt r0 + ṙ0t+ ( 1− µ 1 + µ ) gt2 2 θ̇ − gθ r0 + ṙ0t+ ( 1− µ 1 + µ ) gt2 2 . (46) (46) é semelhante à equação de um oscilador harmônico amortecido, θ̈ = −2ζωnθ̇ − ω2nθ. No entanto, este último é um sistema dinâmico linear invariante no tempo, de constantes reais positivas, o fator de amortecimento (ξ) e a frequência de oscilação ωn √ (1− ζ2) , cuja solução é uma senóide amortecida, θ ∝ e−ζω0t sin (√ 1− ζ2ω0t ) [2]. Pelos parâmetros da Equação (46) não serem constantes, a previsão da sua resposta temporal não é tão simples quanto seria para o caso de invariância paramétrica. Para se ter uma idéia, a tentativa de definição de um fator de amortecimento variante no tempo, ξ(t), por comparação com o oscilador amortecido, o faria assumir o formato ζ(t) = ṙ0 + ( 1− µ 1 + µ ) gt√ r0g + ṙ0gt+ ( 1− µ 1 + µ ) g2t2 2 . (47) Se não bastasse o fato de ζ não ser constante, com r0 e ṙ0 positivos, essa função parte de t = 0 positiva, mas tende a assumir valores negativos à medida que o tempo passa, fazendo com que não seja mais posśıvel interpretá-la como uma medida de perda de energia cinética. Por isso, o oscilador de parâmetros variantes no tempo, dado por (46), deve ser integrado numericamente para vizualização de sua resposta temporal. 11 Para a dinâmica da máquina, confrontou-se a aproximação limite dada pelas Equações (45) e (46) com a aproximação numérica sem hipóteses simplificadoras, dada pelas Equações (42) e (43). As condições iniciais em θ foram θ0 = 0.1π 180 rad e θ̇0 = 0 e a integração foi executada via Método de Runge-Kutta 4 a. Ordem, sumarizado a seguir: Método de Runge-Kutta 4a. Ordem Seja um sistema dinâmico da forma ṙ = f , (48) onde r ∈ Rn é a posição do sistema no Espaço de Estados e f = f (r, t) mede a dependência da sua velocidade com a trajetória assinalada neste espaço. O Método de Runge-Kutta 4a. Ordem permite o cálculo de r em um dado instante a partir de f e das expansões em séries de Taylor desta última (até ordem 4), avaliadas em um instante anterior, ri+1 = ri + h 6 [(k1)i + 2 (k2)i + 2 (k3)i + (k4)i] ti+1 = ti + h, i = 0, 1, . . . , p− 1 (49) com (k1)i = f (ri, ti) (k2)i = f ( ri + h 2 (k1)i , ti + h 2 ) (k3)i = f ( ri + h 2 (k2)i , ti + h 2 ) (k4)i = f (ri + h (k3)i , ti + h) (50) e h = ∆t p , (51) onde ∆t = tfim − tińıcio marca o intervalo entre o ińıcio e o fim da integração, p é o número de sub-intervalos no qual se deseja fatiar o intervalo para execução das iterações (registradas pela variável contadora i) e h, definido pelas quantidades anteriores, é o passo de integração. A simulação se deu em ambiente Matlab/Simulink e resposta temporal em θ encontrada é apresentada a seguir: 12 Figura 7: Comaração de resposta θ entre os osciladores não-linear (curva azul) e linear com coeficientes variáveis (curva amarela). Em t ≈ 245 s, a resposta de (46) diverge, um resultado esperado, dada a limitação deste modelo, no caso, uma singularidade existente neste instante, valor de tempo que leva o denominador do lado direito da equação à nulidade, deixando θ̈|t=235 s inexistente. Na coordenada r, a aproximação r(t) da Equação (44) apresentou um erro relativo à resposta do sistema não-linear [Equação (43)] menor do que 5% até o instante t ≈ 190 s. No entanto, ainda com o crescimento do erro nos instantes subsequentes, o sistema não-linear continuou a apresentar o caráter parabólico na coordenada: 13 Figura 8: Comaração de resposta r entre o sistema não-linear (curva azul) e a lei encontrada para pequenos ângulos (curva amarela). 2.5 Śıntese As respostas para o exerćıcio da Máquina de Atwood Pendular, encontradas após os cálculos mostrados nas subsessões anteriores, estão reunidas no quadro que segue: Solução do Exerćıcio O v́ınculo do sistema está na conexão entre a altura da massa m e a distância radial da massa M à polia da direita, expresso pela Equação (28) e verificável geometricamente através da Figura 5. Já o número de graus de liberdade é dado pela Equação (29). E como já discutido anteriormente, foram considerados inicialmente Ncoordenadas = 3 coordenadas (r, θ e w). O v́ınculo holônomo é o descrito pela Equação (28), ou seja, o sistema possui Nv́ınculos = 1 v́ınculo. Consequentemente, o sistema possui Ngraus de liberdade = 2 graus de liberdade. Adicionalmente, a lagrangiana já foi constrúıda pela diferença entre as energias cinética e potencial [Equações (35) e (37)] e é apresentada na Equação (38). Por fim, da aplicação das Equações de Euler-Lagrange, foram obtidas as Equações (42) e (43), que são as equações de movimento da Máquina de Atwood Pendular. 14 Bibliografia [1] R Douglas Gregory. Classical mechanics. Cambridge University Press, 2006. [2] Chi-Tsong Chen and Bahram Shafai. Linear system theory and design. Vol. 3. Oxford university press New York, 1999. 15 O Problema de um bloco que desliza sobre uma rampa móvel Análise Cinemática Análise Dinâmica Energia Potencial Energia Cinética Equações de Euler-Lagrange Evolução do sistema na coordenada x Evolução do sistema na coordenada w Síntese O Problema da Máquina de Atwood Pendular Análise Cinemática Vínculos e graus de liberdade Cálculo de velocidades Análise Dinâmica Energia Potencial Energia Cinética Equações de Euler-Lagrange Soluções Aproximadas Síntese Bibliografia
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