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Rafaella Bonfim TXXIX • Todo fármaco precisa ser eliminado do organismo. Se um fármaco não é eliminado ele pode se acumular. Quando isso acontece este processo é chamado de bioacumulação e pode ter consequências tóxicas graves. • A eliminação dos fármacos pode acontecer por metabolismo ou por excreção. Alguns fármacos são excretados diretamente sem sofrer metabolismo. Alguns fármacos são 100% metabolizados antes de serem excretados, ou seja, o que é excretado são os metabólitos. Alguns fármacos são parcialmente metabolizados. • Metabolismo são reações químicas realizadas pelo nosso organismo. • O objetivo do metabolismo de fármacos é tornar o fármaco mais hidrossolúvel para que ele possa ser mais rapidamente excretado via renal ou biliar. • Moléculas lipofílicas não são eficientemente excretadas e podem sofrer bioacumulação. Sendo assim, fármacos mais lipofílicos são mais metabolizados enquanto fármacos hidrofílicos podem ser eliminados sem sofrer metabolismo. • O produto do metabolismo de um fármaco são os metabólitos. • Um fármaco pode sofrer várias reações de metabolismo diferentes e, portanto, apresentar diversos metabólitos diferentes. • Os metabólitos podem ser Inativos (bioinativação) ➢ Fármaco ativo → Metabólito inativo (encerra o efeito do fármaco) Ativos (bioativação) ➢ Fármaco ativo → Metabólito ativo (prolonga o efeito) ➢ Fármaco inativo → Metabólito ativo (pró-fármaco – fármacos administrados em forma inativa, sendo ativados somente após biotransformação/metabolismo normal) Tóxicos (biotoxificação) Não tóxicos (biodetoxificação) Nova estrutura química É mais hidrofílica Rafaella Bonfim TXXIX ➢ Fígado ➢ Intestino ➢ Sangue ➢ Pulmões ➢ Rins ➢ SNC ➢ Pele • Tipos de reações do metabolismo: REAÇÕES DE FASE I: (funcionalização) 1. Oxidação (mais comum) CYP’s 2. Redução 3. Hidrólise REAÇÃO DE FASE II: (conjugação) 1. Glucuronidação (mais comum) UGT’s 2. Sulfatação 3. Glutationilação 4. Metilação 5. Acetilação Citocromo P450 – CYP’S • Existem dezenas de famílias de genes do citocromo P-450 nos seres humanos, com várias enzimas em uma única célula. • As famílias 1 ,2 e 3 do citocromo P- 450 (CYP1, CYP2 e CYP3) participam da maioria das biotransformações de fármacos em seres humanos. • As CYP´s são todas hemeproteínas que fazem a oxidação • Outras CYP’s são envolvidas no metabolismo de lipídeos, hormônios, colesterol, etc • As CYP’s são as principais enzimas do metabolismo de fármacos • As CYP’s são muito pouco seletivas (chamadas de promíscuas). o Uma mesma enzima pode metabolizar diversos fármacos diferentes (interação medicamentosa) o Um mesmo fármaco pode ser metabolizado por várias CYP’s • Existem fármacos que podem inibir CYP’s • Existem fármacos que podem aumentar a expressão de CYP’s • Portanto, o metabolismo de fármacos é um importante ponto de interação medicamentosa UDP-glucuronil transferase - UGT’s Ç • As UGT’s são uma superfamília de enzimas que catalisam a conjugação do ácido glicurônico. • Substratos endógenos da UGT incluem bilirrubina, hormônios esteróides, hormônios da tireoide, ácidos biliares e vitaminas lipossolúveis. • Existem fármacos que podem inibir UGT’s • Existem fármacos que podem aumentar a expressão de UGT’s • Portanto, o metabolismo de fármacos é um importante ponto de interação medicamentosa!!!!!!!!! Efeito 1ª passagem Rafaella Bonfim TXXIX • Os fármacos que sofrem glucuronidação são excretados via biliar e são lançados no intestino. • As bactérias no intestino podem desfazer a conjugação liberando o fármaco novamente em sua forma original dentro do intestino. • O fármaco livre é reabsorvido pelo intestino. • Esse processo é chamado recirculação entero-hepática e prolonga a meia-vida e portanto o efeito do fármaco • A alteração da flora intestinal (com o uso de antibióticos) pode interferir neste processo causando mudanças na concentração plasmática de fármacos. Interação medicamentosa Indutores enzimáticos Causam um aumento da síntese de enzimas do metabolismo, o que aumenta a velocidade de metabolismo, causando uma diminuição da concentração plasmática de fármacos ou aumento da concentração plasmática dos seus metabólitos. Inibidores enzimáticos Causam a inativação das enzimas do metabolismo, o que diminui a velocidade de metabolismo, causando um aumento da concentração plasmática de fármacos ou diminuição da concentração plasmática dos seus metabólitos. Dieta Igual à interação medicamentosa, existem alimentos indutores enzimáticos (ex. Brócolis) e alimentos inibidores enzimáticos (ex. grapefruit). Genética Existe grande variabilidade genética na capacidade de sintetizar as enzimas do metabolismo de fármacos. Os indivíduos com pouca expressão das enzimas do metabolismo apresentam menor velocidade de metabolismo, causando um aumento da concentração plasmática de fármacos e diminuição da concentração plasmática dos seus metabólitos. Os indivíduos com super expressão das enzimas do metabolismo apresentam maior velocidade de metabolismo, causando uma diminuição da concentração plasmática de fármacos e aumento da concentração plasmática dos seus metabólitos. Doenças HEPATOPATIAS: diminuem metabolização CARDIOPATIAS: podem reduzir o fluxo sanguíneo para o fígado e comprometer o metabolismo de substâncias como amitriptilina, morfina, verapamil e lidocaína; Idade FETOS E RECÉM-NASCIDOS: menor conjugação e atividade enzimática reduzida; IDOSOS: atividade metabólica reduzida. Todos estes fatores que podem afetar o metabolismo fazem com que o efeito de um fármaco possa ser diferente de uma pessoa para a outra ou de uma pessoa para ela mesma em um outro momento da vida dela Rafaella Bonfim TXXIX Vias de excreção de fármacos: Renal (via urina) Hepática (via bile) Outras Expiração (apenas fármacos voláteis, ex. etanol, anestésicos Saliva (não clinicamente significativo, importante para exames toxicológicos) Lágrima (não clinicamente significativo) Leite (importante no caso de amamentação) Suor (não clinicamente significativo) • Alguns fármacos são excretados apenas pela via renal. • Alguns fármacos são excretados apenas pela via hepática. • Alguns fármacos são excretados parcialmente via renal e parcialmente via hepática • Os fármacos podem ser excretados na sua forma original inalterada, ou podem sofrer transformações e serem eliminados na forma de metabólitos. • Apenas moléculas hidrofílicas solúveis em água são eliminadas via excreção! Isso vale tanto para a excreção renal quanto para a hepática Excreção Hepática • O fígado recebe suprimento sanguíneo de duas fontes: 1. Veia porta- hepática: sangue venoso vindo do intestino delgado, rico em nutrientes e contendo fármacos absorvidos via oral. 2. Artéria hepática: sangue oxigenado contendo fármacos na circulação sistêmica; Ou seja, o fígado vai metabolizar e excretar tanto fármacos absorvidos via oral quanto fármacos administrados por qualquer outra via • Os produtos do metabolismo hepático podem voltar para a circulação sistêmica ou podem ser adicionados a bile, liberados no intestino delgado e eliminadas pelas fezes. Os metabólitos da excreção hepática excretados na bile podem sofrer recirculação entero-hepático Fatores que influenciam a excreção hepática • A excreção hepática pode ser influenciada por situações de: Indução ou inibição enzimática Alteração na circulação hepática Estase biliar (Colestase; cálculo biliar) Insuficiência hepática ✓ Aguda ✓ Crônica • Pacientes com insuficiência hepática podem necessitar ajustes de dose Rafaella Bonfim TXXIX Excreção Renal • A excreção renal de um fármaco vai ser o produto final de três mecanismos: Filtração glomerular Reabsorção Tubular Secreção tubular Filtração Glomerular de Fármacos • Acontece via transporte paracelular do compartimento vascular para o lúmen tubular • Todas as moléculas (de baixo peso molecular) dissolvidas no plasma são filtradas Isto é, tanto moléculas polares quanto apolares são filtradas • Macromoléculas (como anticorpos) ou moléculas altamente ligadas à albumina não são filtradas. Isto é, moléculas com alta ligação à albumina vão apresentar baixa taxa de filtração glomerular. • É dependente do fluxo sanguíneo no néfron. Portanto, a função cardíaca do paciente pode interferir na capacidade de excreção renal • A taxa de filtração glomerular é em média de 125 mL/min ou 180 L/dia • A taxa de filtração glomerular pode ser estimada (eTFG) a partir da concentração da creatinina no plasma. Creatinina é uma molécula produzida em um ritmo constante pelos músculos e é eliminada pelos rins por filtração glomerular. A creatinina não sofre reabsorção tubular, mas sofre um pouco de excreção tubular ativa. Portanto o clearance da creatinina (CrCl) se correlaciona com a taxa de filtração glomerular. eTFG ≅ CrCl • Ou seja, se a concentração de creatinina no sangue aumenta, isso é sinal que os rins não estão filtrando o sangue. • Existem diversas fórmulas para o cálculo da CrCl ou eTFG a partir da concentração plasmática de creatinina Rafaella Bonfim TXXIX Secreção Tubular • Acontece via transportadores presentes nas células epiteliais do túbulo renal • Existem transportadores específicos para ✓ cátions (OCT - organic cation transporter) ✓ ânions (OAT - OCT - organic anion transporter) • Pode ser um processo ativo ou difusão facilitada • Apenas moléculas específicas são transportadas • Pode ser saturado, inibido ou sofrer competição • Este processo não é influenciado pela ligação do fármaco nas proteínas plasmáticas • Fármacos que sofrem secreção tubular ativa vão apresentar valores de clearance maiores que o clearance da creatinina • A secreção tubular é um importante ponto de possível interação medicamentosa. Ex: a probenecida, por bloquear a secreção tubular da penicilina, leva a um aumento da concentração plasmática desta. Ex.: Competição entre altas doses de AAS e ácido úrico. • A inibição ou a competição pela secreção tubular ativa vai aumentar a meia-vida do fármaco, aumentando o seu tempo de exposição. Reabsorção Tubular: • Acontece via difusão simples através da membrana das células epiteliais do túbulo renal • Apenas moléculas lipofílicas são reabsorvidas As moléculas hidrofílicas são eliminadas pela urina. • Pode sofrer efeitos da ionização do fármaco, isto é, o aprisionamento iônico
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