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Estômago de equinos

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Gabriela Veras | Medicina Veterinária - UECE
Estômago de Equinos
Estômago
O estômago dos equinos constitui um
compartimento sacular do sistema
digestório de importância na fisiologia
geral do trato gastrintestinal, que pode
ser alterado por condições localizadas
antes e após esse órgão, além das
disfunções primárias derivadas de suas
próprias estruturas anatômicas. Por
conseguinte, a sanidade gástrica depende
de um ciclo mastigatório equilibrado e da
reciprocidade funcional normal com os
segmentos intestinais. Além disso,
apresenta sensibilidade a fatores
externos, como o manejo e o ambiente.
O estômago do cavalo tem uma capacidade
que varia entre 7,5 a 15 litros, sendo
pequeno em relação aos compartimentos
subsequentes do trato digestório, já que
só representa entre 8 e 10% de seu
volume. Anatomicamente, o estômago
possui curvaturas maior e menor, cuja
superfície interna é integrada por quatro
regiões: cárdica, fúndica, corpo e pilórica.
A parede gástrica é constituída pela
serosa, três camadas musculares,
submucosa e mucosa. A mucosa possui duas
áreas que são denominadas pavimentosa ou
não glandular e a secretora ou glandular,
pelo que se considera um estômago
unicavitário composto.
Mucosa aglandular
A porção aglandular assemelha-se com a
mucosa do esôfago e é destituída de
glândulas, na qual termina subitamente,
formando uma borda elevada e irregular,
denominada margo plicatus, onde se inicia a
porção glandular. A área não glandular, é
constituída aproximadamente por ⅓ da
superfície total do estômago, tem epitélio
escamoso estratificado sem auto-proteção
eficiente, o que leva à predisposição para a
ocorrência de 80% das lesões por
causticação ácida.
Mucosa glandular
A mucosa glandular do estômago
representa os 2/3 da superfície gástrica
interna, em que há produção de ácido
clorídrico e pepsinogênio. Também é onde
Gabriela Veras | Medicina Veterinária - UECE
há efetivos mecanismos protetores, como
a produção de muco, bicarbonato e rápida
reepitelização da mucosa. Contudo, é a
área em que ocorrem aproximadamente
20% das úlceras. As glândulas cárdicas e
pilóricas tem por principal função amenizar
a ação do suco gástrico e acidez estomacal
contra a mucosa, através da produção de
muco que propicia uma barreira de
proteção. Já as glândulas fúndicas possuem
três tipos de células diferentes: células
mucosas do colo que produzem muco,
células principais que produzem
pepsinogênio e as células parietais são as
que fornecem íons de cloreto e oxigênio
que estão diretamente ligadas a
reabsorção de vitamina B12 no íleo.
Sistema nervoso entérico
O sistema
nervoso entérico
(SNE) funciona
desde o esôfago
até o ânus.
Consiste em
duas camadas de
corpos celulares. Os corpos celulares do
plexo submucoso situam-se na submucosa,
abaixo da túnica mucosa. Os corpos
celulares do plexo mioentérico
localizam-se entre a camada de músculo
liso circular interna, que se estende ao
redor da circunferência do intestino, e a
camada de músculo liso longitudinal
externa, que acompanha paralelamente a
extensão do intestino. Esses neurônios
sensitivos são capazes de detectar uma
variedade de alterações no intestino,
incluindo distensão (receptores de
estiramento), pH do conteúdo luminal,
osmolaridade e até mesmo a presença de
determinadas toxinas. Em seguida, esses
neurônios sensitivos podem transmitir essa
informação para outros neurônios no plexo
submucoso e mioentérico, que, por sua vez,
podem ativar neurônios eferentes nos
plexos nervosos submucoso e mioentérico
para responder à alteração detectada.
Os neurônios efetores do SNC podem
secretar uma ampla variedade de
neurotransmissores que interagem com
receptores existentes nas células-alvo. Os
neurônios efetores do SNC podem
secretar uma ampla variedade de
neurotransmissores como acetilcolina,
norepinefrina, dopamina, serotonina e pelo
menos 30 outros neurotransmissores e
substâncias bioativas, como peptídeo
gastrintestinal, peptídeo intestinal
vasoativo (VIP) e peptídeo relacionado com
o gene da calcitonina, que exercem ações
muito específicas no tubo gastrintestinal.
Algumas dessas ações são estimuladoras e
outras, inibidoras. As respostas moduladas
por esses transmissores amplamente
variados podem incluir contração das
camadas musculares em resposta à
distensão, secreção de líquidos para
neutralizar a acidez e secreção de muco
Gabriela Veras | Medicina Veterinária - UECE
para eliminar as toxinas de determinada
área.
Sonda nasogástrica
As obstruções estomacais
nos equinos são
relativamente raras e
geralmente ocorrem
devido a estase com
fermentação que leva à
formação de gás e
consequente dilatação
gástrica aguda (primária). Ou seja,
ocorrem devido a uma rápida e excessiva
ingestão de alimentos altamente
fermentáveis (erva, excesso de grão ou
concentrado). A dilatação gástrica
secundária ocorre devido à acumulação de
fluido proveniente do intestino delgado,
devido a Íleo, obstrução luminal,
inflamação severa do mesmo ou,
ocasionalmente, devido a 11 deslocamentos
do cólon maior que podem,
presumivelmente, fazer pressão no
duodeno à medida que este atravessa
dorsalmente a base do ceco.
A drenagem dos conteúdos do estômago
através da sondagem nasogástrica, além de
produzir conforto imediato ao animal, faz
com que seja acelerado fisiologicamente o
esvaziamento gástrico e estimulado o
reflexo gastrocólico. Nos casos de
sobrecarga por líquidos ou alimentos
volumosos, pode-se ainda proceder a
lavagem gástrica utilizando-se água à
temperatura ambiente. É importante que o
clínico controle o volume de líquido
infundido com o que for evacuado por
gravidade. Neste sentido, a sondagem
nasogástrica deve respeitar os preceitos
técnicos e constitui-se em valioso método
de diagnóstico, ou, simplesmente, como via
de evacuação ou de administração de
medicamentos.
Impossibilidade de vomitar
Na maioria das espécies, o vômito serve
principalmente como forma de remover
materiais tóxicos do estômago, sendo um
reflexo bastante complexo controlado por
grupos de neurônios que residem no bulbo.
A impossibilidade de vomitar no cavalo se
dá pela disposição das fibras musculares
em torno do cárdia – a muscular da mucosa,
que é formada por duas camadas de
músculo liso (circular interna e longitudinal
externa) cujas fibras correm em direções
opostas, juntamente com a espessa túnica
muscular externa também com duas
camadas musculares. Esta constituição da
parede do estômago nesta zona não
glandular impede o movimento retrógrado
da ingesta por impossibilidade de abertura
do cárdia. O cárdia (é a região de
transição entre o esôfago inferior e o
estômago), possui uma musculatura bem
desenvolvida, o que resiste a volta de
Gabriela Veras | Medicina Veterinária - UECE
alimentos pelo esôfago, esse e outros
fatores, como a ausência do centro do
vômito no sistema nervoso central (SNC)
na espécie equina, levam a incapacidade do
animal vomitar.
O estômago do cavalo não se distende
muito, e este cheio pode se distender a
ponto de iniciar o reflexo do vômito. O
estômago tenta se contrair (causando dor
em cólica) e os músculos abdominais
sofrem contração, porém o conteúdo do
estômago não consegue passar pelo
esfíncter esofágico inferior. Os músculos
abdominais do cavalo são tão fortes que a
tentativa prolongada de vomitar pode
causar ruptura da parede gástrica. É
interessante assinalar que o veterinário
pode introduzir uma sonda nasogástrica
pelo esfíncter esofágico inferior até o
estômago para remover o conteúdo
gástrico, aliviando os sintomas de cólica.
Timpanismo
Os cavalos com timpanismo severo podem
regurgitar pequenas quantidades de
conteúdo estomacal através das narinas
quando arqueiam o pescoço e fazem
esforços de vómito. Nos casos severos, o
estômago, pode mesmo, torcer
ligeiramente fechando o cárdia e portanto
impedindo qualquer libertação de gás
mesmo por entubação nasogástrica. Otimpanismo gástrico primário também pode
ser causado por aerofagia associada ao
vício de cribbing e por um transporte
incorreto da ingesta no caso de estenose
pilórica. O jejum prolongado e a
alimentação excessiva de concentrados,
ocasiona a queda do pH estomacal,
predispondo a formação de úlceras. Outro
ponto a ser ressaltado, é a oferta de
concentrado em poucas vezes e em grande
volume favorece às cólicas por
compactação e a distensão do estômago
por gás, que pode levar a ruptura e a
morte.

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