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M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Gestão financeira para negócios em alimentação Eduardo Scott Franco de Camargo M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Jeane Passos de Souza – CRB 8a/6189) Camargo, Eduardo Scott Franco de Gestão financeira para negócios em alimentação / Eduardo Scott Franco de Camargo. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2018. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-85-396-2335-8 (ePub/2018) e-ISBN 978-85-396-2336-5 (PDF/2018) 1. Administração financeira 2. Demonstrações financeiras 3. Gestão de custos 4. Negócios em alimentação I. Título. II. Série. 18-772s CDD – 658.15 658.1552 641.4 BISAC BUS001010 BUS000000 HEA048000 Índice para catálogo sistemático 1. Gestão financeira: Administração Financeira 658.15 2. Gestão de custos: Administração financeira 658.1552 3. Gastronomia: Negócios em alimentação 641.4 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. GESTÃO FINANCEIRA PARA NEGÓCIOS EM ALIMENTAÇÃO Eduardo Scott Franco de Camargo M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Jeane Passos de Souza Gerente/Publisher Jeane Passos de Souza (jpassos@sp.senac.br) Coordenação Editorial/Prospecção Luís Américo Tousi Botelho (luis.tbotelho@sp.senac.br) Márcia Cavalheiro Rodrigues de Almeida (mcavalhe@sp.senac.br) Administrativo João Almeida Santos (joao.santos@sp.senac.br) Comercial Marcos Telmo da Costa (mtcosta@sp.senac.br) Acompanhamento Pedagógico Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka Designer Educacional Hágara Rosa da Cunha Araujo Revisão Técnica Erli Keiko Nishio Coordenação de Preparação e Revisão de Texto Luiza Elena Luchini Preparação de Texto Patricia B. Almeida Revisão de Texto Eloiza Mendes Lopes Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Correa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Sidney Foot Gomes Sandra Regina Santana Ilustrações Sidney Foot Gomes Imagens iStock Photos E-pub Ricardo Diana Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.editorasenacsp.com.br © Editora Senac São Paulo, 2018 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sumário Capítulo 1 Regimes contábeis e modelo de fluxo de caixa, 7 1 Princípios contábeis, 8 2 Registro das operações financeiras, 10 3 Regimes contábeis e fato gerador, 12 4 Receitas, despesas, gastos e desembolso, 15 5 Fluxo de caixa, 18 Considerações finais, 21 Referências, 22 Capítulo 2 Avaliação e gestão do caixa, 23 1 Definição da estrutura do fluxo de caixa, 24 2 Construção do fluxo de caixa, 28 3 Capital de giro, 37 4 Investimento, 39 5 Juros e amortizações, 40 6 Depreciação, 41 Considerações finais, 41 Referências, 42 Capítulo 3 Formação de custos, 43 1 Gestão dos custos, 43 2 Margem de contribuição, 53 3 Análise de custos, 56 Considerações finais, 58 Referências, 58 Capítulo 4 Elaborações do demonstrativo de resultados do exercício, 59 1 Demonstrativo do resultado do exercício (DRE), 60 2 Lucro bruto, lucro operacional e Lajida, 69 3 O DRE como instrumento de avaliação de desempenho e de investimentos futuros, 72 Considerações finais, 74 Referências, 74 Capítulo 5 Formação de preços, 75 1 Ponto de equilíbrio (PE), 76 2 Construção de modelo de formação de preços, 84 3 Estratégia de formação de preços, 89 Considerações finais, 97 Referências, 98 Capítulo 6 Gestão de resultados, 99 1 Análise de cenários pelo DRE, 100 2 Gestão do custo de mercadorias vendidas a partir do mix de vendas e da margem de contribuição do cardápio, 103 3 Gestão do custo de mão de obra, 108 4 Gestão de despesas gerais, 110 5 Construção de indicadores financeiros, 111 Considerações finais, 121 Referências, 122 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Capítulo 7 Conceituação de orçamento, 123 1 Orçamento operacional, administrativo e estratégico: conceitos e diferenças, 124 2 O orçamento como ferramenta de gestão, monitoramento e controle, 129 3 Indicadores de desempenho, 134 Considerações finais, 138 Referência, 138 Capítulo 8 Elaboração de orçamento, 139 1 Orçamento base histórico, 140 2 Projeção de receitas, 141 3 Projeção de custos, 147 4 Projeção de despesas, 149 5 Projeção de resultados, 151 Considerações finais, 154 Referência, 154 Capítulo 9 Sistema tributário nacional, 155 1 Entendimento do modelo tributário no sistema federativo brasileiro, 156 2 Regimes tributários para apuração dos impostos e contribuições sobre a renda das empresas (lucro), 160 3 Imposto estadual: imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, 163 4 Regimes especiais de tributação, 165 Considerações finais, 168 Referências, 170 Capítulo 10 Captação de recursos financeiros, 171 1 Modelos de financiamento de investimentos, 173 2 Capital próprio, capital de investidores e empréstimos ou operações de crédito estruturadas, 177 3 Custos de recursos financeiros, 178 4 Fatores fundamentais do plano de negócios que atraem os investidores, 182 Considerações finais, 184 Referências, 184 Sobre o autor, 187 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Regimes contábeis e modelo de fluxo de caixa Toda prática gerencial financeira deve ser realizada com base em normas e princípios que regem acontabilidade, mesmo que, para sua aplicação cotidiana, algumas dessas normas ou princípios tenham que ser interpretados e aplicados de maneira menos acadêmica. Neste capítulo, entenderemos como estruturar e utilizar ferramentas de gestão financeira ligadas à contabilidade. Os conteúdos abordados são de aplicação imediata na gestão de negócios de alimentação, como cafés, serviços de buffet e restaurantes, sejam eles grandes projetos, sejam eles pequenos empreendimentos pessoais. Os conceitos que aqui apresentaremos são baseados nos princípios contábeis aplicados à realidade do empreendedor e alinhados às me- lhores práticas que observamos atualmente no mercado brasileiro. 8 Gestão financeira para negócios em alimentação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 Princípios contábeis Pode parecer que princípios, normas e regras são palavras sinôni- mas. No entanto, em relação à contabilidade e à gestão financeira, elas diferem substancialmente. Princípios são conceitos básicos sobre os quais se apoia a prática da contabilidade; eles são mais genéricos e não falam sobre a maneira específica de se processar esta ou aquela infor- mação, e não determinam métodos de lançamentos, fórmulas ou meto- dologias. Já normas e regras têm caráter mais específico e determinam a maneira de proceder (muitas vezes, de forma obrigatória). A resolução no 774/1994 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), revogada pela resolução no 1.282/2010, nos apresentou um bre- ve conceito sobre princípios: Os princípios simplesmente são e, portanto, preexistem às normas, fundamentando e justificando a ação, enquanto aquelas a dirigem na prática. No caso brasileiro, os princípios estão obrigatoriamente presentes na formulação das Normas Brasileiras de Contabilidade, verdadeiros pilares do sistema de normas, que estabelecerá regras sobre a apreensão, registro, relato, demonstração e análise das varia- ções sofridas pelo patrimônio, buscando descobrir suas causas, de forma a possibilitar a feitura de prospecções sobre a Entidade e não podem sofrer qualquer restrição na sua observância (CFC, 1994, p. 7). Identificamos seis princípios da contabilidade, as bases sobre as quais vamos apoiar nossa metodologia: • Princípio da entidade: estabelece que, ao tratar do patrimônio da empresa, devemos separar aquilo que é a atividade da empresa da vida pessoal dos sócios. • Princípio da continuidade: assume que uma empresa é forma- da tendo em vista a manutenção de suas atividades ao longo do tempo, e assim as práticas da contabilidade vão ter que assegu- rar essa continuidade. 9Regimes contábeis e modelo de fluxo de caixa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Princípio da oportunidade: refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir in- formações confiáveis e rápidas. Esse princípio estabelece que as variações patrimoniais devem ser mensuradas no momento em que ocorrem. • Princípio do registro pelo valor original: todas as operações con- tábeis são registradas por seu valor à época da sua escrituração. Esse princípio garante que se mantenha a história da empresa e facilita a documentação dos lançamentos. • Princípio da competência: de acordo com o regime contábil da competência, as despesas e as receitas devem ser reconhecidas no momento (data) da ocorrência do fato gerador. O princípio da competência impacta fortemente a maneira como estruturamos os instrumentos de gestão financeira no dia a dia. • Princípio da prudência: estabelece que, se existirem duas possi- bilidades para o cálculo de variações patrimoniais, isto é, de au- mento ou diminuição de patrimônio da empresa, a contabilidade sempre fará a opção pela solução que apresente a menor varia- ção positiva ou a maior variação negativa. IMPORTANTE A boa gestão financeira se torna indispensável para a gestão das em- presas e da própria vida particular, por isso é importante evitar a desor- ganização e a falta de metodologia apropriada para a escrituração das operações financeiras e, ao mesmo tempo, insistir na separação clara da gestão financeira pessoal da gestão financeira das empresas. 10 Gestão financeira para negócios em alimentação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 2 Registro das operações financeiras O registro das operações financeiras tem como objetivo final a men- suração do resultado econômico da empresa, que é realizado contra- pondo-se as receitas aos custos realizados. A mensuração do lucro, cujo significado é objeto de intensa discussão acadêmica, demons- tra o aumento do capital do investidor no final dos ciclos econômicos analisados. Além disso, o registro das operações financeiras da empresa é parte de obrigações estabelecidas pelos órgãos governamentais res- ponsáveis pela tributação e pela arrecadação, como as Secretarias da Fazenda de Estados e Municípios e a Receita Federal. A gestão financeira é uma tarefa vital para garantir a tranquilidade do empreendedor, pois por meio dela somos capazes de controlar, pla- nejar e analisar situações do dia a dia e tomar decisões mais acertadas sobre as atividades da empresa. Para que isso aconteça, no entanto, é necessário ter organização pessoal e implantar algumas ferramentas de registro e controle. Entre essas ferramentas estão: • o registro das notas fiscais de entrada, para controlar a entrada de mercadorias na empresa; • a emissão das notas fiscais de venda, que registram a saída de produtos da empresa; • as requisições de mercadoria, que transferem estoques interna- mente do almoxarifado para as áreas de produção. Esses registros devem estar anotados em livro apropriado (sistema analógico) e/ou em sistema contábil digital. Ao longo deste capítulo, fa- laremos dessas ferramentas e daremos exemplos concretos de como iniciar ou desenvolver uma boa gestão financeira para a empresa. Existem hoje no mercado diversos softwares que prometem ajudar (e realmente o fazem) na gestão financeira, mas o ponto de partida de todos os sistemas de gestão são os documentos que devem ser 11Regimes contábeis e modelo de fluxo de caixa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. arquivados para comprovar todas as movimentações financeiras da empresa. Assim, todas essas transações devem ser registradas e iden- tificadas para serem organizadas de forma criteriosa posteriormente. Exemplos dessas transações são: • as notas fiscais que comprovam as compras; • as notas fiscais de saída, que comprovam as vendas; • os extratos bancários, que comprovam a entrada e a saída de re- cursos da conta bancária; • os boletos e os comprovantes de pagamento, que comprovam o efetivo pagamento de obrigações da empresa. A gestão do caixa é o ponto de partida maisnatural para a implan- tação da gestão financeira. Uma das maneiras mais fáceis de iniciá-la é centralizar todos os pagamentos e recebimentos relativos à empresa que está sendo administrada, evitando misturar movimentações finan- ceiras de empresas distintas, caso o empreendedor tenha mais de uma empresa. IMPORTANTE Centralizar recebimentos e pagamentos em uma única conta bancária e isolar as operações pessoais das operações da empresa são ações que facilitam o registro de todas as entradas e saídas da empresa. A partir dessa decisão, o extrato bancário passa a registrar todas as entradas e as saídas financeiras da empresa, evitando o uso de formas criativas, mas ineficientes, de registro de entradas e saídas financeiras. Desaconselha-se fortemente o pagamento em dinheiro de notas fiscais sem registros apropriados e a retirada de dinheiro do caixa para gastos pessoais sem controle. 12 Gestão financeira para negócios em alimentação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Quando os pagamentos não estão centralizados, ou seja, quando são feitos por meio de contas pessoais ou diretamente no caixa da opera- ção em dinheiro, manter o registro detalhado de todas essas transações requer muito mais disciplina e dá muito mais trabalho. Por isso, evite ao máximo pagar contas em dinheiro e à vista no caixa da operação. Caso o uso de dinheiro seja necessário para o pagamento de pe- quenas despesas, sugerimos a utilização controlada de uma conta em caixa auxiliar que será suprida por meio de saques da conta bancária e somente mediante a prestação de contas com documentos comproba- tórios do uso dos recursos do último saque. 3 Regimes contábeis e fato gerador Para iniciarmos as conceituações de receitas, custos e despesas, precisamos definir o que é fato gerador, e este será o primeiro conceito importante que vamos importar da contabilidade e do direito. O fato ge- rador representa o momento econômico em que o legislador identifica o nascimento da obrigação jurídica de pagar um imposto. NA PRÁTICA No contexto de uma operação de alimentos e bebidas, o fato gerador é o momento da venda de um produto, da remessa ou entrega desse produto ao comprador. Podemos tomar como exemplo: • a realização de um evento, no caso de um buffet; • a entrega de uma pizza, no caso de uma pizzaria; • a compra de um produto, no caso de um café. Os regimes contábeis são as normas que orientam o controle e o registro dos eventos contábeis e devem ser escriturados levando-se em 13Regimes contábeis e modelo de fluxo de caixa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. consideração documentos comprobatórios, como notas fiscais e guias de recolhimento. Eles são divididos em três modalidades, a depender de como são escriturados: • regime da competência; • regime de fluxo de caixa; • regime misto. De acordo com o regime contábil da competência, as despesas e as receitas devem ser reconhecidas no momento (data) da ocorrência do fato gerador. Lembrando que o conceito de fato gerador se refere à entrega do produto ao cliente, independentemente de seu pagamento ou do recebimento dos recursos financeiros. No caso dos gastos, o fato gerador é o momento em que acontece o gasto do insumo independen- temente da data de seu pagamento. IMPORTANTE O que chamamos de regime de competência estará sempre ligado ao fato gerador e não à entrada ou à saída de recursos financeiros, uma vez que elas podem acontecer em momentos diferentes. Figura 1 – Fluxograma para regime de competência Data dos desembolsos (etapa de produção) Data do fato gerador Data do recebimento Desembolso referente ao fato gerador Receita referente ao fato gerador Registro das receitas e desembolsos referentes ao fato gerador 14 Gestão financeira para negócios em alimentação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . O regime da competência é uma contrapartida ao regime contábil do fluxo de caixa. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) (SEBRAE, 2015), o fluxo de caixa utiliza as datas de entradas e de saídas de recursos financeiros para construir um modelo de análise, por isso pode ser mais simples de ser acompanhado. Figura 2 – Fluxograma para regime de fluxo de caixa Data dos desembolsos (etapa de produção) Data do fato gerador Data do recebimento Registro no fluxo de caixa Registro no fluxo de caixa Se o pagamento fosse à vista (portanto, acontecendo no dia), seria feito o registro no fluxo de caixa O fluxo de caixa é a principal ferramenta de gestão financeira da em- presa, enquanto o regime de competência está ligado a demonstrativos contábeis mais complexos, por exemplo, os balanços. Há ainda o regime misto, que usa a competência para registro das receitas e a data de saída do caixa para registro das saídas. Esse regime é menos utilizado atualmente. Figura 3 – Fluxograma para regime misto Data dos desembolsos (etapa de produção) Data do fato gerador Data do recebimento Registro dos desembolsos no momento em que acontecem Receita referente ao fato gerador Registro das receitas referentes ao fato gerador 15Regimes contábeis e modelo de fluxo de caixa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 4 Receitas, despesas, gastos e desembolso As entradas financeiras relativas à venda de produtos ou serviços são chamadas de receitas. Essas receitas podem ser recebidas: • Antecipadamente: quando há uma entrada de caixa antes do fato gerador no caso da venda de um produto, da remessa ou da entrega desse produto ao comprador. • À vista: quando a entrada de recursos e a entrega do produto acontecem simultaneamente. • A prazo: quando as receitas são recebidas posteriormente. A entrada financeira pode não corresponder ao valor exato da venda e pode não acontecer no tempo exato da venda. Esses fatores fazem com que algumas vezes, ao analisar as receitas de uma empresa so- mente pela data efetiva de entrada dos recursos financeiros no caixa, não seja possível ter uma boa visão do que está acontecendo. NA PRÁTICA Vamos pensar acerca de um serviço de buffet. Seu fato gerador seria o evento ao qual ele atende. Imaginemos uma festa de casamento. É muito comum os casamentos serem planejados com muita antece- dência, assim decisões quanto à festa são tomadas muito antes de ela acontecer de fato. Considerando que é comum os noivos e as famílias parcelarem os pa- gamentos dos buffets, esses pagamentos acontecem em um momento diferente da realização da festa. Assim, todas as entradas anteriores ao dia do casamento serão receitas antecipadas para o buffet e gastos antecipados para os noivos e seus familiares. 16 Gestão financeira para negócios em alimentação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al uno m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Desembolsos e gastos não são sinônimos. O desembolso será a efe- tiva saída do recurso financeiro do caixa da empresa, o que pode acon- tecer em momento diferente da realização do gasto. A maior parte da população brasileira entende essa diferença com o uso dos cartões de crédito: ao usá-los, o consumidor realiza o gas- to, mas não o desembolso efetivo, que ocorrerá com o pagamento da fatura. Em um fluxo de caixa, sempre lidaremos com desembolsos. Para conseguirmos recompor a história de determinado desembolso será importante identificar o fato gerador em cada lançamento do fluxo de caixa. Isso tornará possível a elaboração dos demonstrativos contábeis ligados ao regime de competência. Assim, apesar de acontecer em momentos diversos, todos os de- sembolsos estão ligados a fatos geradores. Além da competência e da data da efetiva saída financeira, cada lançamento deverá identificar o favorecido (fornecedor ou empresa que recebeu o pagamento) classi- ficado segundo sua natureza de acordo com alguns critérios objetivos de classificação. 4.1 Classificação por natureza de desembolso: custo ou despesa Um desembolso será classificado como custo sempre que estiver relacionado à produção do bem ou do serviço que vendemos, ou seja, a atividade-chave da empresa. Em um restaurante, exemplos claros de custos são as matérias-primas dos pratos, o material utilizado na cozi- nha e todos os gastos relacionados à equipe que produz os alimentos. Outros exemplos são o queijo que acompanha a massa, os condimen- tos servidos com as saladas e os petiscos, as embalagens que usamos para fazer o serviço em fast-food, etc. 17Regimes contábeis e modelo de fluxo de caixa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Um desembolso será considerado despesa quando não estiver li- gado diretamente à produção do alimento ou ao serviço associado às atividades dos restaurantes. Por exemplo, os custos de manutenção, as despesas de promoção e marketing, o pagamento de assessoria con- tábil, etc. PARA PENSAR Nem sempre é fácil identificar se um desembolso é custo ou despesa. Por exemplo: a mão de obra dos garçons é custo ou despesa? Alguns teóricos classificam a mão de obra dos garçons como despe- sa, por entender que o serviço não é parte da atividade do restaurante. Neste volume, contudo, vamos classificá-lo como custo, pois entende- mos que o serviço é parte do conceito e do produto que o restaurante vende, seguindo a teoria contemporânea do marketing que identifica a experiência completa do consumidor como o produto efetivamente ven- dido pelo restaurante. Algumas vezes, para simplificar, classificaremos como despesas de- sembolsos mais difíceis de precisar em que as parcelas são insumos dos produtos ou serviços vendidos. Por isso, a classificação em custo ou despesa deve ser definida logo no início da implantação das ferra- mentas de gestão financeira, e mantida ao longo do tempo. O risco de modificar a classificação constantemente é levar a uma falta de parâmetros claros e à consequente produção de dados sem nexo, o que é ruim para a análise de desempenho da empresa. Uma das atividades mais importantes nos fechamentos dos demonstrativos contábeis periódicos é a revisão da classificação dos lançamentos de acordo com o critério adotado por cada empresa. 18 Gestão financeira para negócios em alimentação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Cabe observar que custo e despesa têm, na prática, o mesmo signifi- cado (gasto). A distinção que fazemos entre ambos decorre da técnica de registro dos gastos e de sua apresentação na demonstração do re- sultado do exercício (DRE). IMPORTANTE Os custos só ocorrem quando há a produção de um bem ou a prestação de um serviço; já as despesas ocorrem independentemente da produ- ção de um bem ou da prestação de um serviço. 5 Fluxo de caixa O fluxo de caixa de uma empresa é o resumo organizado de todas as entradas e saídas do caixa registradas diariamente segundo uma chave de classificação que chamamos de “plano de contas”. Essa chave de classificação é pensada para nos ajudar a entender melhor o funciona- mento da empresa. O plano de contas serve para classificar cada entra- da ou saída de acordo com sua natureza e possui uma lógica própria para cada ramo de atividade. Geralmente organizamos os fluxos de caixa em planilhas que nos ajudam a fazer a gestão financeira do dia a dia, outras vezes usamos programas pré-formatados. Aconselha-se pesquisar diversos planos de contas e questionar seus formatos. O uso desses planos pré-formata- dos sem entendimento da realidade das empresas e seus ramos de ne- gócio pode causar incompatibilidades nos registros. Cada negócio tem diferenças operacionais que impactam na melhor escolha de planos de conta. Planos de buffets não são bons critérios de classificação para cafés, enquanto planos de cafés não são boas cha- ves de classificação para empresas de entrega de refeição. 19Regimes contábeis e modelo de fluxo de caixa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A primeira das classificações de um lançamento de fluxo de caixa é identificar uma entrada ou uma saída de caixa. Se for uma saída, sepa- raremos os custos das despesas. Entre os custos, separaremos: custos de insumos, custos com mão de obra, impostos e taxas. A organização do fluxo de caixa é feita diariamente e deve regis- trar operações do dia e operações futuras também. As receitas futu- ras lançadas no fluxo de caixa constituem nossas contas a receber. Identificamos essas contas quando já ocorreu o fato gerador, mas não recebemos efetivamente a receita. Tabela 1 – Fluxo de caixa do restaurante ABC (1o de fevereiro) FLUXO DE CAIXA RESTAURANTE ABC 1-FEV Saldo de caixa inicial R$ 10.000,00 RECEITAS Total de receitas da loja R$ 1.469,00 Total de receitas do restaurante R$ 13.285,00 Total de receitas do período R$ 14.754,00 CUSTOS E DESPESAS Total de insumos R$ 2.263,00 Total de mão de obra R$ 3.586,00 Total de ocupação R$ 7.000,00 Total de contas públicas R$ 950,00 Total de manutenção R$ 500,00 Total de serviços terceirizados R$ 1.500,00 Total de despesas comerciais R$ 20,00 Total de despesas com marketing R$ 97,00 (cont.) 20 Gestão financeira para negócios em alimentação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Total de despesas bancárias R$ 153,00 Total de taxas de cartões R$ 424,54 Total de despesas diversas R$ 0,00 Total de taxas e impostos R$ 0,00 Totalde custos e despesas R$ 16.493,54 Saldo de caixa final R$ 8.260,46 Variação diária do caixa -R$ 1.739,54 As despesas futuras constituem nossas contas a pagar e se carac- terizam quando realizamos os gastos, mas ainda não efetuamos os de- sembolsos. Com a popularização dos meios de pagamento eletrônicos, como os cartões de crédito, os cartões de débito e os vales-refeições, grande parte dos recebimentos passaram a ser por esses meios. As operadoras de cartão cobram taxas para processar operações, mas muitas vezes isso não fica claro nos extratos bancários. O que iden- tificamos neles é um valor menor que o que efetivamente vendeu, corres- pondente a receitas líquidas já deduzidas de comissão ou taxa. Para que possamos entender quanto pagamos por alguns serviços de intermediação de maneira clara, na conta da empresa teremos que identificar exatamente o valor da receita e o desconto que foi realizado antes do crédito na conta da empresa. Para classificar a receita total e o desembolso realizado para pagar esses descontos, teremos que fazer um lançamento complexo de ajus- te. Usando a ideia de possuir uma única conta bancária na qual de- positamos todas as entradas financeiras e de onde realizamos todos os desembolsos, o fluxo de caixa será uma reorganização do próprio extrato bancário. 21Regimes contábeis e modelo de fluxo de caixa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Considerações finais Todas as transações financeiras devem ser registradas e identifica- das para serem organizadas de forma criteriosa posteriormente. Para uma organização, é recomendável centralizar recebimentos e paga- mentos em uma única conta bancária. De outra maneira, se tivermos várias contas para registros de entradas e saídas de caixa, teremos que fazer diversos fluxos de caixa e somá-los ao final. Emprestamos da contabilidade e do direito a definição de fato ge- rador, o que vai dar origem a diferentes regimes contábeis. Vimos três regimes contábeis: • O fluxo de caixa, que analisa as entradas e as saídas de recurso conforme acontecem. • O regime de competência, que os analisa com base em seu fato gerador. • O regime misto, pouco utilizado hoje em dia. Neste capítulo, também conceituamos receitas, gastos, custos e despesas e concluímos acerca das entradas e das saídas financeiras que: • Receita é a entrada financeira que a empresa obtém pelas vendas de mercadorias e produtos, pela prestação de serviços, etc. (quer receba os valores à vista ou não). • Gasto é todo desembolso realizado para manter as atividades operacionais da empresa e pode ser classificado em custos ou despesas: ◦ custo é o gasto com insumos utilizados na produção de pro- dutos ou serviços de venda ou de uso ou, ainda, o gasto dire- tamente relacionado com a prestação de determinado serviço; 22 Gestão financeira para negócios em alimentação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . ◦ despesa é o gasto com os demais fatores de produção, ou seja, os gastos com as vendas e com o marketing ou assesso- ria de comunicação. Sobram ainda algumas divergências quanto à classificação de cus- tos ou despesas de acordo com a interpretação dada e com a ideia de qual é o produto ou serviço que uma empresa vende. Sobre fluxo de caixa, aprendemos que ainda que utilizemos progra- mas pré-formatados, o conhecimento do negócio que está sendo gerido é fundamental. Referências CFC. Resolução CFC no 774/94. Aprova o apêndice à resolução sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Disponível em: <http://www1.cfc. org.br/sisweb/SRE/docs/RES_774.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2017. SEBRAE. Como fazer a gestão financeira do pequeno negócio. 13 fev. 2015. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como- fazer-a-gestao-financeira-do-pequeno-negocio,d999a442d2e5a410VgnVCM10 00003b74010aRCRD>. Acesso em: 10 ago. 2017. _Hlk501214138 _GoBack
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