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@isadora.assis_ Isadora Maciel Assis isadoramacielassis@gmail.com @isadora.assis_ • Anamnese, exame físico, elaboração de hipóteses diagnosticas, solicitação de exames complementares, conduta quanto a terapêutica e ao seguimento da paciente. • Durante o exame físico procura-se respeitar ao máximo o pudor da paciente, tomando alguns cuidados fundamentais. Deve-se permanecer afastado quando a paciente, preparando-se para o exame, troca de roupa e veste o avental, com ou sem a ajuda de uma profissional de enfermagem. Isso também é válido para o fim do exame, quando a paciente se veste novamente. • Durante o exame ginecológico, deixa-se amostra apenas a parte do corpo que está sendo examinada, o resto do corpo da paciente coberto. E a cada passo do exame, explicar a paciente o que será feito e tranquilizara sobre os procedimentos futuros. • Anamnese: identificação completa da paciente, queixa principal ou motivo da consulta, história da doença atual, revisão de sistemas, antecedentes ginecológicos e obstétricos, antecedentes mórbidos pessoais e familiares, perfil psicossocial – condições e hábitos de vida. ANAMNESE • Identificação: nome completo da paciente, idade, cor, estado civil (independente do estado civil, se tem companheira ou companheiro), profissão, grau de instrução, naturalidade, procedência, contatos de endereços e telefones. • Queixa principal: do mesmo jeito que a paciente fala e é importante lembrar, que as vezes o motivo da consulta não é uma queixa, mas tem necessidade de alguma orientação a respeito da saúde, realização de exame periódico de rotina ou orientação sobre planejamento familiar. • História da doença atual: evolução e comportamento dos sintomas referidos. Quando iniciaram, duração, intensidade, fatores associados, fatores que aliviam, fatores que agravam e fatores que desencadeiam, explorando cada detalhe. @isadora.assis_ • Revisão de sistemas: sintomas urinários, sintomas relativos ao hábito intestinal, pois muitas vezes motivam sintomas no baixo ventre e no abdome, e, nesse caso, é importante estabelecer se há patologia ginecológica associada ou não. Sintomas relacionados a coluna, ao aparelho locomotor e aos membros inferiores, podem estar associados a dor pélvica. Informações gerais sobre bem-estar, apetite, humor, qualidade do sono, sobre sistema nervoso central, circulatório, respiratório, digestório, endócrino, osteoarticular, pele e fâneros. • Antecedentes ginecológicos: pergunta-se sobre a menarca, sobre os ciclos menstruais, sua regularidade, intervalo, duração, intensidade do fluxo, cólicas ou outros sintomas associados, atrasos menstruais, data da última menstruação e se ela teve as características habituais ou foi atípica. Se a paciente já parou de menstruar, anotar a data da menopausa. Perguntar sobre o desenvolvimento puberal, telarca, pubarca. Quando indicado, investigam-se sintomas climatéricos, em especial, alterações menstruais e uso de terapia hormonal. Perguntar também sobre, sexarca, sobre os parceiros sexuais, uso de métodos de prevenção para ISTs, libido, prazer e orgasmo, pratics sexuais, dispareunia (dor durante ato sexual), vaginismo e sangramento nas relações sexuais. Lembrar que vida sexual da paciente de maneira respeitosa, sem manifestar aprovações ou desaprovações, e sem emitir julgamentos. Se houver alguma recomendação a dar sobre cuidado ou prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o momento de oferecê-la será ao estabelecer a conduta, na conclusão da consulta. • Antecedentes ginecológicos: investiga-se sobre sintomas relacionados à vulva, à vagina e ao colo uterino, como secreção vaginal e corrimento, características do fluxo (cor, odor, prurido associado), lesões ou alterações da pele e da mucosa observadas pela paciente, adenomegalias associadas, sensações de peso ou saliências na vagina sugestivas de distopias, incontinência ou urgência urinária e suas características. Também é importante saber sobre tratamentos de infecções com medicamentos tópicos ou sistêmicos, cauterizações ou outros procedimentos ambulatoriais. • Antecedentes ginecológicos: sobre sintomas relacionados às mamas: dor relacionada ou não ao ciclo menstrual e sua localização, percepção de nódulos, derrame papilar espontâneo ou provocado pela expressão e suas características (seroso, sanguinolento, purulento, leitoso). • Antecedentes obstétricos: número de gestações, e sua evolução (pré-natal) – partos espontâneos ou instrumentados, cesarianas, abortos, gestações ectópicas, partos @isadora.assis_ prematuros, curetagens, peso e condição dos recém-nascidos, períodos de amamentação, e eventuais complicações decorrentes dos partos, como lacerações, infecções de parede e outras infecções. • Antecedentes mórbidos: problemas de saúde ocorridos no passado, sua evolução e resolução. Doenças e seus tratamentos, internações hospitalares, cirurgias, período de recuperação, alergias, transfusões de sangue e vacinação. • Antecedentes familiares: toda história de patologia em familiares é importante, sobretudo doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, varizes, tromboembolismo), endócrinas (doenças da tireoide, diabetes), osteoporose, obesidade, tumores da mama e tumores ginecológicos. Anotando com que idade ocorreu, a gravidade e o desfecho. • Perfil psicossocial – condições e hábitos de vida: suas condições de habitação, hábitos de higiene e de cuidado com sua saúde. Pergunta-se sobre sua casa (se é de alvenaria, se há luz, água encanada, esgoto, se há animais na casa) e sobre a estrutura de sua família (com quem vive). São também itens importantes: escolaridade, alimentação, trabalho, lazer, exercícios e atividades físicas, etilismo, tabagismo, uso de outras drogas ou medicamentos. • É oportuno perguntar à paciente se há algo mais que ela gostaria de contar, algo que a preocupe ou que ela só tenha lembrado neste momento. Esse cuidado leva em consideração as inibições e os receios que a paciente pode apresentar quando inicia a consulta, a ponto de não referir ao início questões que lhe motivem vergonha, medo, constrangimentos e que, por esses motivos, ainda não tenham sido expressos. EXAME FÍSICO • Inicia com peso, altura, observação do estado geral da paciente, ectoscopia (pele e distribuição de pelos), pressão arterial, palpação da tireoide, ausculta cardíaca, ausculta pulmonar e avaliação das extremidades. A paciente deve ser orientada sobre a necessidade da realização de exame físico ginecológico anual e sobre como o exame será feito. • Exame das mamas: a avaliação das mamas inicia pela inspeção estática seguida da inspeção dinâmica, palpação das cadeias de linfonodos e palpação das mamas com expressão delicada dos mamilos. @isadora.assis_ o Inspeção estática: Paciente com tronco desnudo, na posição sentada e com braços ao longo do corpo é observada para afastar ou diagnosticar áreas de hiperemia, edema, inversão de mamilos, alteração de volume. o Inspeção dinâmica: Na posição sentada, com as mãos apoiadas na cintura, a paciente é orientada a contrair os músculos peitorais com o objetivo de expor possíveis abaulamentos, retrações e assimetrias. o Palpação dos linfonodos: palpam-se os linfonodos da cadeia supraclavicular, cervical posterior, cervical anterior e, por último, da cadeia axilar. o Palpação das mamas: A paciente deve estar na posição supina e com os braços apoiados sob a cabeça. A palpação deverá seguir movimento circular, abrangendo todos os quadrantes, a região retroareolar e o prolongamento axilar. A palpação deverá ser feita com as duas mãos espalmadas para dar mais precisão ao exame, como percepção de adensamentos e nódulos. No fim da palpação, pode-se realizar a expressão suave dos mamilos para avaliar a presença de derrame papilar. • Exame do abdome: paciente em decúbito dorsal e inicia-se pela inspeção,observando o aspecto da pele, estrias, hérnias, cicatrizes e diástases dos músculos retos do abdome. A ausculta pode ser feita para pesquisar a presença de ruídos hidroaéreos. Segue-se a percussão e a palpação do abdome, investigando a presença eventual de massas abdominais, de sinais de ascite ou de irritação peritoneal • Exame da vulva e do períneo: O exame da vulva e do períneo deve ser realizado de forma sistemática, abrangendo a área desde o monte púbico até o ânus. Os linfonodos inguinais também devem ser palpados, pois tanto as neoplasias como as infecções podem afetá-los. Observa-se pele e trofismo vulvar, eventuais alterações como eritema e outras mudanças na coloração da pele, lacerações perineais, secreções e lesões, aspecto do hímen e carúnculas himenais, pequenos lábios e clitóris. Prolapsos urogenitais podem ser investigados, pedindo-se que a paciente faça esforço (manobra de Valsalva). As glândulas vestibulares (glândulas de Bartholin) normalmente não são vistas nem identificadas à palpação. A uretra também deve ser observada quanto à eventual presença de secreções que podem indicar infecções ou a alterações de coloração ou irregularidade da superfície associadas ao prolapso uretral. • Exame especular: Com o objetivo de diminuir o desconforto, o espéculo deverá ser o menor possível para permitir a visualização adequada das paredes vaginais e do colo do útero. Na clínica diária, a maioria dos exames poderá ser realizada com espéculo 1 de @isadora.assis_ Collins, salvo em exame de grande multípara, mulher obesa ou com distopia genital. A técnica exige a introdução oblíqua do espéculo em relação ao períneo, aprofundando em direção ao fundo da vagina, ao mesmo tempo em que é feita a rotação para a direita até a posição transversa. Dessa forma, evita-se pressionar a uretra e provocar dor. Além da inspeção da vagina e do colo do útero, esse exame permite coleta de secreção vaginal, endocervical, células para citopatológico (CP) de colo uterino, colposcopia, entre outros. • Toque vaginal bimanual: Com as mãos enluvadas para realizar o toque vaginal bimanual, pode-se lubrificar os dedos indicador e médio que serão introduzidos no canal vaginal, fazendo pressão uniforme para trás enquanto os pequenos lábios são afastados. Palpa-se a musculatura pélvica, as paredes da vagina, o colo uterino e os fundos de saco vaginais. Colocando-se a outra mão espalmada no hipogástrio, comprime-se a parede abdominal enquanto o colo uterino é delicadamente elevado pelos dedos que realizam o exame vaginal, palpando-se o útero entre as duas mãos. Por meio desse exame, é possível avaliar o útero quanto ao seu volume, posição, mobilidade, consistência, regularidade de superfície e dor à mobilização do colo uterino. Faz-se a palpação bimanual das regiões anexiais. @isadora.assis_ • Toque retal: o toque retal não é feito rotineiramente em todas as consultas. Ele é útil nas avaliações de pacientes com dor ou massa pélvica identificada, suspeita de endometriose ou neoplasia, na presença de sintomas intestinais ou sangramento ou, ainda, quando for considerada a possibilidade de um tumor nessa área. EXAMES COMPLEMENTARES • Os exames complementares realizados rotineiramente na consulta ginecológica são exame de secreção vaginal e coleta de CP de colo uterino. • O exame de secreção vaginal é realizado com a espátula de Ayre (ponta arredondada, ao contrário daquela utilizada para a coleta de citologia cervical). A secreção é colhida do fundo de saco vaginal e colocada sobre uma lâmina previamente preparada com uma gota de soro fisiológico e outra lâmina com hidróxido de potássio (KOH) a 10%. Após, esses dois materiais são cobertos com lamínulas para proceder à análise da microbiota vaginal, que é realizada por meio de microscopia no próprio consultório. O exame com KOH facilita a visualização de hifas e também de esporos de fungos. • A técnica de coleta de CP de colo uterino exige amostragem da junção escamocolunar (JEC) para que o exame seja considerado satisfatório. Utiliza-se a ponta da espátula de Ayre “em rabo de peixe”, colocando a parte mais longa no orifício cervical e girando 360°. Dessa forma, são coletadas células representativas da JEC. Imediatamente, espalha-se esse material sobre lâmina previamente identificada com nome da paciente e, se for o caso, número de prontuário. Utiliza-se também a escova endocervical, após a coleta com a espátula, que deve ser girada gentilmente 360° para descamação e coleta das células endocervicais. A lâmina deverá receber os materiais separados, cada um em uma metade da lâmina ou sobrepostos e fixados imediatamente (álcool etílico 95% ou outro fixador oferecido pelo serviço de citologia). O uso de lâmina única não empobrece o diagnóstico e o custo é menor. • Outros exames podem ser necessários, dependendo da clínica da paciente, esses exames são colposcopia, biópsia de colo uterino, vulva ou vagina, biópsia de endométrio ou endocérvice. • O exame das mamas também poderá exigir exames complementares, como punção aspirativa por agulha fina (PAAF) para CP, ou biópsia com agulha grossa para exame histopatológico. @isadora.assis_ CONCLUSÃO DA CONSULTA GINECOLÓGICA • É fundamental que a consulta seja concluída com a mais completa orientação que se puder oferecer à paciente. • É preciso explicar a ela, em linguagem simples e acessível, quais são as hipóteses diagnósticas e sua fundamentação, a necessidade eventual de exames complementares que ainda não tenham sido realizados, e como eles serão feitos. Explicam-se, também, quais são as primeiras medidas terapêuticas a serem estabelecidas e a programação do seu seguimento a partir dessa consulta. • Quando medicamentos são prescritos, é preciso assegurar que a paciente e/ou os familiares presentes compreenderam como se deve utilizá-los e como proceder se surgir algum efeito colateral. Finalmente, combina-se a periodicidade das consultas e os exames de prevenção que devem ser realizados. Dessa maneira, faz-se um planejamento cujos objetivos são a promoção da saúde nessa área e o acompanhamento mais adequado para cada paciente.
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