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NATANAEL completo dia 15

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE JI-PARANÁ – CEULJI /ULBRA 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
NATANAEL ANTUNES VIEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL NO CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZ ADO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL (CREAS): Relato do Estágio em Se rviço Social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JI-PARANÁ/RO 
2014/1 
 
 
NATANAEL ANTUNES VIEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL NO CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZ ADO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL (CREAS): Relato do Estágio em Se rviço Social 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Serviço Social do Centro Universitário 
Luterano de Ji-Paraná/ CEULJI/ULBRA, como 
requisito para a obtenção do titulo de bacharel em 
Serviço Social sob a orientação da professora e 
Assistente Social Odete Rigato Mioto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JI-PARANA/RO 
2014/1 
 
 
 
 
 
NATANAEL ANTUNES VIEIRA 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL NO CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZ ADO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL (CREAS): Relato do Estágio em Se rviço Social 
 
AVALIADORES 
 
________________________________________________________________ 
Orientadora Prof.ª Odete Rigato Mioto 
 
________________________________________________________________ 
Examinadora: Prof.ª e MS. Dulce Teresinha Heineck 
 
________________________________________________________________ 
Examinadora: Assistente Social Yolanda Flores Acerbi 
 
 
JI-PARANA/RO 
2014/1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus que sempre me 
amparou em sua infinita sabedoria e misericórdia, 
e a minha esposa que nunca mediu esforços para 
que eu pudesse continuar a estudar e concluir 
mais esta etapa de minha vida. Às minhas filhas 
Emilly e Nathalia que são o orgulho de mais uma 
importante fase de minha história de vida. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Às vezes é difícil imaginar que uma dissertação para se materializar em 
conhecimento depende de uma semelhança relacionada à sua produção. Por isso, 
neste momento, passo a agradecer a essas pessoas maravilhosas que fazem parte 
de minha vida. 
Agradeço a DEUS, por ter me concedido a vida, a família, saúde, trabalho, 
pela inspiração, pelas palavras, e pela humildade (Senhor ajuda-me a aprender, 
para que eu ajude emancipar e validar direitos). 
À minha querida e amada esposa, Tatiane Franco de Oliveira Vieira, que me 
ajudou a enfrentar as dificuldades da vida, em compreender os momentos que 
estivemos ausentes e na hora da tristeza ela tem sido a minha alegria, e quando 
chorei foi ela que enxugou as minhas lágrimas, e por ter me dado duas lindas filhas 
(Emilly e Nathalia), que juntas me apoiam em meus projetos e nos meus sonhos. 
Às minhas filhas Emilly Franco Vieira e Nathalia Franco Vieira, bênçãos que o 
Senhor me concedeu de um modo todo especial, por terem que segurar firmes a 
ausência quando eu estava na faculdade, e todos os dias me esperavam para poder 
lanchar ao meu lado e me dar um beijo antes de dormir. 
À minha Mãe Saura Ponciana Vieira, por me ensinar os caminhos que conduz 
a dignidade, por ter sido um Pai quando precisei, e por me ajudar nas madrugadas 
em oração. 
Aos meus familiares por me apoiarem com incentivo moral, que DEUS os 
abençoe. 
Á professora e coordenadora do curso de serviço social Prof.ª Dulce 
Teresinha Heineck, por sempre esta presente quando precisei, nas horas das 
orientações das rematrículas, por suportar minhas reclamações, e quando queria 
desistir, ela sempre falava palavras que traziam animo, não tenho palavras que 
 
 
possa agradecer por todos estes períodos que passamos juntos dentro da 
universidade. 
Aos professores por nos suportarem dentro da sala de aula, e muitas das 
vezes não podiam estar presente, mais faziam de tudo para não prejudicar aos seus 
acadêmicos. 
A minha coordenadora do TCC Prof.ª Odete Rigato Mioto, por me 
compreender nas minhas dificuldades, e me apoiar nas horas mais difíceis deste 
período. 
À equipe do Centro de Referência Especializado de Assistência Social, e 
principalmente à Assistente Social Yolanda Flores Acerbi, onde foi minha 
orientadora de estágio, por ter dado esta oportunidade para eu enfrentar de perto as 
inúmeras situações quanto à complexidade de atuar no enfrentamento dessa 
expressão da questão social. 
Aos meus amigos que sempre estiveram presente em momentos alegres e 
tristes da minha vida. 
Quero também não deixar de agradecer as duas maravilhosas pessoas, que 
em memorias deixaram lembranças que nunca irão se apagar, a meu Papai Derval 
Antunes Vieira, e a minha prima Andressa Franco Carbuloni, que me convidou a 
entrar no curso. Onde quer que esteja, sei que estão com DEUS. 
Meus sinceros agradecimentos a todos e todas que me ajudaram nessa fase 
da minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim 
como a prática sem teoria, vira ativismo. No 
entanto, quando se une a prática com a teoria 
tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora 
da realidade. 
 Paulo Freire; 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ABRAPIA - Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e 
Adolescência 
ANDES-Associação Nacional de Ensino Superior 
CREAS- Centro de Referência Especializada de Assistência Social 
CFESS - Conselho Federal de Serviço Social 
CF - Constituição Federal 
ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente 
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDHM- Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
LOAS- Lei Orgânica de Assistência Social 
MEC - Ministério da Educação e Cultura 
NOB- Norma Operacional Básica 
PNAS - Política Nacional de Assistência Social 
PAEFI-Serviço de Proteção e Atendimento Especializado á Famílias e Indivíduos 
SUAS- Sistema Único de Assistência Social 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Resumo .....................................................................................................................11 
Introdução .................................................................................................................13 
Capítulo I Metodologia 
1.1 Metodologia.........................................................................................................14 
1.2 Método de Procedimento Estudo de Caso......................................................16 
1.3 Técnicas de coleta de dados...........................................................................18 
1.3.1 Entrevista....................................................................................................18 
1.3.2 Observação.................................................................................................19 
1.3.3 Pesquisa Bibliográfica e Documental..........................................................21 
1.3.4 Diário de campo..........................................................................................23 
1.4 Visita Domiciliar...............................................................................................24 
1.5 Visita institucionais..........................................................................................25 
1.6 Métodos de análise..........................................................................................26 
 
CAPÍTULO II 
QUESTÃO SOCIAL NO CENÁRIO BRASILEIRO: diversas expr essões 
2.1 EDUCAÇÕES NO BRASIL A PARTIR DA DÉCADA DE 80........................... 27 
2.2 A QUESTÃO SOCIAL COMO OBJETO DE TRABALHO DO ASSISTENTE 
SOCIAL................................................................................................................. 29 
2.3 A VIOLÊNCIA COMO EXPRESSÃO DA QUESTÃO SOCIAL....................... 33 
 
 
2.3.1 Conceituando a violência............................................................................. 33 
2.3.2 As principaisformas de violência contra criança e adolescente................. 35 
2.3.3 Violência sexual extrafamiliar e intrafamiliar................................................ 36 
 
CAPÍTULO III 
PROCESSO SOCIOEDUCATIVO VISANDO O DESPERTAR PARA A 
LEITURA COMO FORMA DE EMANCIPAÇÃO: relato da prátic a de estágio em 
Serviço Social 
3.1Intervenção na Questão Social: a escolha pelo Serviço Social....................... 43 
3.2 Históricos da Instituição.................................................................................. 44 
3.3 O estágio de observação................................................................................ 47 
3.4 A intervenção de estágio em Serviço Social no CREAS de Ji-Paraná/RO.... 49 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 58 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 61 
 
11 
 
RESUMO 
 
Ao analisar o processo histórico percebe-se que a violência sexual contra crianças e 
adolescentes ocorrem na sociedade desde o princípio da existência humana, 
atingindo a todas as faixas etárias, classes sociais, culturais, etnias e religiões. Na 
atualidade os índices de violência sexual contra crianças e adolescente têm crescido 
em grau alarmante, porém grandes conquistas em relação às politicas de 
enfrentamento e combate a violência sexual contra crianças e adolescentes foram 
alcançadas no decorrer da história. O trabalho apresenta o resultado do estágio em 
Serviço Social no Centro de Referência de Assistência Social – CREAS de Ji-Paraná 
/RO. Para a realização do mesmo se utilizou como método de procedimento o 
estudo de caso, com as técnicas para coletar dados a observação e entrevista não 
sistematizada e para análise dos dados coletados recorreu-se a dialética. A 
assistente social do CREAS trabalha com crianças e adolescentes que sofreram 
violações de seus direitos, neste caso o abuso sexual, essas crianças e 
adolescentes encontram-se em situação de vulnerabilidade social, desta forma, ao 
longo do seu processo de trabalho depara-se com vários tipos de violação de 
direitos. A partir da Constituição federal (CF) de 1988 e com o Estatuto da Criança e 
do Adolescente (ECA), houve mais ênfase no trabalho de prevenção entre os 
diferentes tipos de violência contra crianças e adolescentes destacando a 
negligencia, a violência física, psicológica e a violência sexual. Pode se dizer que o 
assistente social encontra muitas vezes dificuldades em realizar um trabalho voltado 
para emancipação dos usuários devido à dinâmica institucional e outros fatores 
diversos que interferem em uma ação mais preventiva educativa do que de 
atendimento aos vitimizados e seus familiares. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Questão social, Violência sexual, Serviço Social. 
Enfrentamento, Emancipação. 
 
 
 
 
JI-PARANA/RO 
2014/1 
12 
 
ABSTRACT 
 
By analyzing the historical process is perceived that sexual violence against children 
and adolescents occur in society since the beginning of human existence, reaching 
all age groups, social classes, cultural, ethnic groups and religions. At present rates 
of sexual violence against children and teenagers have grown at an alarming degree, 
but great achievements in relation to policies addressing and combating sexual 
violence against children and adolescents were achieved throughout history. The 
paper presents the results of the stage in Social Work at the Center for Social 
Assistance Reference - CREAS Ji-Paraná / RO. To perform the same method was 
used as the case study procedure, the techniques for collecting data and not 
systematic observation and analysis of interview data collected resorted to dialectic. 
The social worker CREAS works with children and adolescents Who have suffered 
violations of their rights, in this case sexual abuse, these children and adolescents 
are in a situation of social vulnerability, thus over their work process is facing various 
types of human rights violations. From the Federal Constitution (FC) 1988 and the 
Statute of the Child and Adolescent (ECA), there was more emphasis on prevention 
work among the different types of violence against children and adolescents 
highlighting the neglect, physical, and psychological violence sexual violence. You 
could say that the social worker often finds difficulty in undertaking work toward 
emancipation of users due to the institutional dynamics and various other factors that 
interfere in a more preventive action than educational assistance to victimized and 
their families. 
 
 
KEY WORDS: Social Issues, Sexual Violence, Social Service. Coping Emancipation. 
 
 
 
 
JI-PARANA/RO 
2014/1 
13 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Ao analisar o processo histórico percebe-se que a violência sexual contra 
crianças e adolescentes ocorrem na sociedade desde o princípio da existência 
humana, atingindo a todas as faixas etárias, classes sociais, culturais, etnias e 
religiões. Na atualidade os índices de violência sexual contra crianças e adolescente 
têm crescido em grau alarmante, porém grandes conquistas em relação às políticas 
de enfrentamento e combate a violência sexual contra crianças e adolescentes 
foram alcançadas no decorrer da história. 
A violência cometida contra crianças e adolescentes em suas várias formas 
faz parte de um contexto histórico-social, podemos dizer que esta é a maior das 
violências que acontece em nossa sociedade. 
O primeiro capítulo trata do processo metodológico do trabalho, apresenta os 
métodos e técnicas de procedimento e análise em função do conhecimento científico 
em relação à temática em foco qual seja a violência sexual contra crianças e 
adolescentes bem como a busca de estratégias de enfrentamento e de formas de 
emancipação destes. 
O segundo capítulo contempla uma pequena discussão a cerca dos fatores 
que contribuíram nos avanços da educação do Brasil e em seguida aborda o 
conceito e as principais formas de violência contra crianças e adolescentes, 
fundamentada na visão de diversos autores. 
Já o terceiro capítulo caracteriza a instituição campo de estágio e apresenta o 
resultado da observação e da intervenção do acadêmico junto à instituição campo 
de estágio e faz um fechamento discutindo a prática profissional da assistente social 
e do estagiário em função de processos socioeducativos que contribuam à 
emancipação dos sujeitos gradativamente. 
 
 
 
14 
 
CAPÍTULO I 
 A METODOLOGIA 
1.1 Metodologia 
A metodologia é importante na elaboração de um trabalho científico, pois 
tem como função mostrar o caminho a percorrer para coletar os dados e alcançar os 
objetivos propostos. Desenvolver um processo em busca de conhecimentos 
científicos com a finalidade de produzir conhecimentos novos ou atualizar os 
existentes é tarefa que exige uma sistematização adequada. É impossível avançar 
nos conhecimentos científicos sem uma metodologia adequada. Demo (1994, p.25), 
descreve: 
Metodologia é uma preocupação instrumental. Ao mesmo tempo em que 
visa conhecer caminhos do processo cientifico. Cuida dos procedimentos, 
das ferramentas, dos caminhos. A finalidade da ciência é tratar a realidade 
teórica e praticamente. Para atingirmos tal finalidade, colocam-se vários 
caminhos 
. 
O caminho que se traça para atingir a finalidade científica não importa, mas 
importa sim que ele seja de acordo com a temática e que facilite o processo de 
busca pelo conhecimento de forma fidedigna para que não haja distorções. 
Demo (1994) destaca que a metodologia não aparece pronta e acabada, 
como uma resolução final, mas sim para fomentar a criatividade, apresenta 
caminhos a serem seguidos, porém dando lugar a novas estratégias e formas, que o 
próprio pesquisador deve encontrar, é a metodologia que estuda as técnicas 
utilizadas no processo de conhecimento. 
A metodologia vem estudando osinstrumentos, métodos de se formular um 
trabalho, ou seja, meios para se construir o trabalho. Tozoni-Reis (2006, p.17) 
propõe que: ”[...] a teoria e a metodologia caminham juntas, interminavelmente 
inseparáveis. Enquanto conjunto de técnicas a metodologia deve dispor de um 
15 
 
instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses teóricos 
para o desafio à prática”. 
O escrito acima vem realçando de que tanto a teoria quanto a metodologia 
são técnicas que andam juntas e são exigidas para desenvolver um trabalho 
científico com coerência e coesão. Sem uma metodologia apropriada se torna 
impossível uma pesquisa com resultados qualitativos que contribuam em termos de 
mudanças na sociedade. A autora Minayo (2007, p. 14), salienta que: 
Entende-se por metodologia o caminho do pensamento e a prática exercida 
na abordagem da realidade. Ou seja, a metodologia inclui simultaneamente 
a teoria da abordagem (o método), os instrumentos de operacionalização do 
conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua 
experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade). 
 
Compreende-se que ao se utilizar de uma metodologia adequada a temática o 
pesquisador se torna capaz de articular a teoria com a realidade empírica e adquire 
uma visão amplamente crítica do contexto. Essa articulação teoria e metodologia 
permitem a produção do conhecimento relevante à sociedade. 
Gil. (1999), compreende que os resultados da pesquisa se desenvolvem com 
base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos 
científicos entre outros que fundamentam os dados empíricos. Esse é sempre um 
processo dialético, pois ao terminar uma etapa já ocorre automaticamente a 
exigência de outra mais avançada. De acordo com Gil. (1999, p.42), 
O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas 
mediante o emprego de procedimentos científicos. A partir dessa 
conceituação, pode-se, portanto, definir pesquisa social como o processo 
que, utilizando a metodologia cientifica, permite a obtenção de novos 
conhecimentos no campo da realidade social. 
 
A partir do estágio de observação surgiu uma perspectiva de pesquisar a 
respeito da informação como ferramenta de emancipação das pessoas atendidas 
pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Ji-
paraná-RO, o mesmo trabalha com Serviço de Enfrentamento ao Abuso e 
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Aprofundar o conhecimento pela 
16 
 
pesquisa é permitir ao pesquisador ampliar a compreensão da problemática que 
envolve o tema em estudo, além de aguçar a curiosidade e contribuir com os 
resultados para o melhor atendimento das pessoas que procuram o CREAS. 
 
1.2 Método de Procedimento Estudo de Caso 
O estudo de caso é utilizado nas pesquisas para melhor entender o caso 
que se está estudando ou acompanhando. O estudo de caso permite um 
aprofundamento em relação à compreensão de todo o contexto que envolve o 
problema, neste momento a situação em que se encontram as crianças e 
adolescentes vitimizadas pela violência assim como seus familiares, tendo como 
direcionamento aproximar estas das informações que necessitam para superar a 
problemática. Diniz (1999, p.46) relata que, 
O estudo de caso é usado quando se deseja analisar situações concretas, 
nas suas particularidades. Seu uso é adequado para investigar tanto a vida 
de uma pessoa quanto a existência de uma entidade de ação coletiva, nos 
seus aspectos sociais e culturais. 
 
O estudo de caso quando bem aprofundado auxilia para desvendar o 
problema e instiga novos estudos que contribuirão para a prevenção para que outras 
situações semelhantes ou iguais não ocorram. O estudo de Caso é uma abordagem 
metodológica muito utilizada quando se pretende compreender acontecimentos que 
estão relacionados á área social de forma mais aprofundada. Nessa investigação o 
estudo de caso é o mais adequado para levantar os dados necessários para 
compreender o que ocorre em relação ao processo de informação das pessoas que 
procuram o PAEFI/CREAS e assim inferir novas intervenções. Segundo GIL, (1991, 
p.58-59), 
O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um 
ou de poucos casos de maneira que permita o seu amplo e detalhado 
conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros 
delineamentos considerados. Estudo de caso é adotado na investigação de 
fenômenos das mais diversas áreas do conhecimento. 
17 
 
 
Para a realização deste trabalho optou-se como método de procedimento o 
estudo de caso uma vez que é o mais adequado à temática que se deseja intervir 
buscando melhorias. Em outras palavras para Yin (2006, p.33), 
O estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um método que 
abrange tudo, tratando da lógica de planejamento, das técnicas de coleta de 
dados e das abordagens específicas à análise do mesmo. Nesse sentido, o 
estudo de caso não é nem uma tática para a coleta de dados nem 
meramente uma característica do planejamento em si, mas uma estratégia 
de pesquisa abrangente. 
 
O estudo de caso como estratégia de investigação é o mais adequado em 
relação à verificação da situação das pessoas que procuram o CREAS e para poder 
aproximar estas de informações pela leitura, aprofundamento de estudos das leis e 
outros conhecimentos que conduzam a superar o problema enfrentado. Para 
Martinelli (1999, p.46), 
O estudo de caso é, portanto, a articulação do caráter técnico, que investiga 
a realidade, com o caráter lógico, que devem estar apoiados em referências 
teóricas. Além disso, deve-se considerar o processo histórico que, 
norteando a explicação do objeto estudado, destaca a gênese e a 
modificação de conceitos e hipóteses. 
 
O estudo de caso realizado no PAEFI/CREAS permitiu não apenas obter 
dados, mais também analisá-los e interpretá-los de modo que fosse possível 
compreender com maior profundidade todos os fatores que envolvem a problemática 
e perceber a necessidade de ampliar acesso das pessoas às informações para que 
estas lutem pela emancipação. De acordo com Martinelli (1999, p.49) “o estudo de 
caso é uma forma de investigar o real pela qual se coletam e se registram dados 
para a posterior interpretação, objetivando a reconstrução, em bases científicas, dos 
fenômenos observados”. O estudo aprofundado não contribui para a mudança de 
paradigma só no momento que este ocorre, mas de forma mais ampla em diversos 
outros casos. 
18 
 
 
1.3Técnicas de coleta de dados 
Coletar dados significa ligar informações necessárias ao desenvolvimento do 
raciocínio previsto nos objetivos. Para Santos (2001, p.74) “na prática, a coleta de 
dados consistirá em pôr em andamento os procedimentos planejados para os 
objetivos, obedecendo ao cronograma estabelecido pelo pesquisador”. 
As técnicas vêm somar ao método de procedimento. Técnicas bem 
adequadas facilitam no andamento da pesquisa e coleta dos dados bem como na 
posterior análise dos mesmos. Nesse processo optou-se por um conjunto de 
técnicas tanto de pesquisa quanto de intervenção visto que junto à pesquisa também 
ocorreu a prática de estágio em Serviço Social. 
 1.3.1 Entrevista 
A entrevista é uma técnica bastante utilizada por pesquisadores e por 
diversos profissionais e também faz parte do instrumental técnico operativo em 
Serviço Social. De acordo com Gil (1991, p.113): 
A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito 
das ciências sociais. Psicólogos, sociólogos, pedagogos, assistentes sociais 
e praticamente todos os outros profissionais que tratam de problemas 
humanos valem-se dessa técnica, não apenas para coleta de dados, mas 
também com objetivos voltados para diagnóstico e orientação. 
 
A entrevista é importante e utilizada pelos diversos profissionais das ciências 
sociais e tem como objetivo principal a coleta aprofundada de informações a respeitodo tema previamente escolhido pelo entrevistador. Conforme Lakatos (2001, p.195), 
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas 
obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma 
conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na 
investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnostico ou 
no tratamento de um problema social. 
 
19 
 
No campo da atuação do assistente social a entrevista é um instrumento que 
acompanha o profissional desde o primeiro contato com o usuário até à intervenção 
e vai adquirindo diferentes formas de operacionalização atendendo aos objetivos 
que o profissional planejou. Para Sperotto (2009, p.46) o momento da entrevista: 
É um espaço que o usuário pode exprimir suas idéias, vontades, 
necessidades, ou seja, que ele possa ser ouvido. Ser ouvido não é 
concordar com tudo que o usuário diz estabelecer essa relação é 
fundamental, pois se o usuário não é respeitado nesse direito básico, não 
apenas estaremos desrespeitando-o, como prejudicando o próprio processo 
de um conhecimento sólido sobre a realidade social que ele está trazendo 
[...]. 
 
Para a autora, a entrevista quando bem planejada, instiga confiança entre 
entrevistado e entrevistador e permite que o primeiro expresse suas opiniões e 
considerações sem nenhum constrangimento. A entrevista é um instrumento de 
trabalho que serve de base para se adquirir mais conhecimento a cerca da realidade 
dos usuários, portanto, uma forma de interação social, é uma forma de captar a 
realidade na busca do ouvir e ser ouvido. 
Magalhães (2006, p.48) relata que “a entrevista implica relacionamento 
profissional em todos os sentidos, na postura atenta e compreensiva sem 
paternalismo na delicadeza do trato com o usuário, ouvindo-o, compreendendo-o, 
principalmente enxergando-o como sujeito de direitos”. 
 O assistente social no momento da entrevista utiliza do olhar mais sensível 
e atento aos problemas relatados pelo entrevistado despertando uma relação de 
confiança entre o profissional e o usuário para que a intervenção também seja 
qualitativa. A entrevista foi realizada de forma direta e sem sistematização com a 
assistente social da instituição. 
 1.3.2 Observação 
20 
 
A observação é a primeira etapa da investigação e ela acompanha o 
pesquisador em todas as etapas permitindo captar dados a partir dos mais diversos 
gestos, olhares e postura em sociedade. Para Lakatos (2001, p.190): 
a observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações 
e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. 
Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou 
fenômenos que se desejam estudar. 
 
Mais importante ainda é que a observação ocorra de forma natural, pois 
nessa perspectiva há a captação de informações fundamentais e relevantes para 
que o assistente social construa sua proposta de ação pautada em conhecimento 
tanto prático quanto científico, contribuindo consequentemente para a solução dos 
conflitos que envolvem os usuários de seus serviços. Chizotti (2001, p.54) enfatiza 
que: 
a observação sistemática objetiva superar as ilusões das percepções 
imediatas e construir um objeto que, tratando por definições provisórias, 
seja descrito por conceitos e estes permitam ao observador formular 
hipóteses explicativas a serem ulteriormente constatadas e analisadas. 
 
Nesse aspecto cabe destacar que não importa o tipo de observação utilizada, 
importa sim ser adequada à temática e que contribua tanto para a pesquisa quanto 
para a solução de problemas manifestos pela sociedade, ou o usuário dos serviços 
sociais em cada contexto específico. Sperotto (2009, p.87- 88) faz sua observação 
de que o: 
Compromisso do Assistente Social é o de colocar seus saberes a serviço da 
luta de classes e de superação das desigualdades sociais [...] tendo como 
definição e concepção teórica [...] este tipo de instrumento serve 
perfeitamente para orientar o profissional em seu processo de compreensão 
da situação apresentada pelo usuário dos serviços sociais. 
 
A observação permite que o profissional melhor compreenda o conjunto de 
manifestações da sociedade e assim possa inferir ações interventivas de forma 
fundamentada, auxilia também no momento da entrevista e da visita domiciliar ou 
21 
 
institucional para captar dados que não são encontrados nos diálogos e com uso de 
outros instrumentais. Souza (2008, p.126) diz que o: 
Assistente Social, ao estabelecer uma interação face a face, estabelecer 
uma relação social com outros seres humanos, que possuem expectativas 
quando às intervenções que serão realizadas pelo profissional. Assim além 
de observar, o profissional também é observado. 
 
Com um olhar técnico a respeito do problema é possível observar vários 
fatores que envolvem os usuários do PAEFE/ CREAS bem como as questões 
cotidianas enfrentadas pelo profissional de Serviço Social em sua prática 
interventiva. 
 
1.3.3 Pesquisa Bibliográfica e Documental 
A pesquisa bibliográfica visa a coleta de informações pelo pesquisador em 
relação a tudo o que foi escrito, dito, ou filmado anteriormente sobre o tema em 
questão. A pesquisa bibliográfica e documental tem o caráter de investigar inclusive 
conferências, debates, simpósios e demais registros ocorridos em relação à 
temática. Para Manzo (1971, p.32), 
 
A bibliografia pertinente “oferece meios para definir, resolve, não somente 
problemas já conhecido, como também explorar novas áreas onde os 
problemas não se cristalizaram suficientemente” e tem por objetivo permitir 
ao cientista “o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou 
manipulação de informações”. 
 
A pesquisa bibliográfica não é simplesmente para copiar ou repetir o que já 
existe, mas sim refletir sobre o existente visando aprofundamento de conhecimentos 
e busca de novos achados a respeito do tema. A pesquisa bibliográfica serve ainda 
para fundamentar o novo que se encontra na caminhada investigativa. Para Lakatos 
& Marconi. (1991, p.44). 
22 
 
A descrição do que é e para que serve a pesquisa bibliográfica permite 
compreender que, se de um lado a resolução de um problema pode ser 
obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto a de 
campo documentação direta exigem, como premissa, o levantamento do 
estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. 
 
Assim, produzir o conhecimento exige o processo de pesquisa bibliográfica do 
inicio ao final das investigações, sem um referencial bibliográfico adequado não se 
chega a nenhum resultado mais relevante em termos de conhecimento. Santos 
(2001, p.29-30) enfatizam que as pesquisas documentais: 
São fontes de informação que ainda não receberam organização, 
tratamento analítico e publicação. A pesquisa de ação acontece quando 
qualquer dos processos é desenvolvido envolvendo pesquisadores e 
pesquisados no mesmo trabalho, já que a ambos interessaria a criação de 
respostas imediatas para uma certa necessidade. 
 
Ambas as técnicas são importantes para o desenvolvimento da pesquisa, pois vem 
contribuir de forma precisa com informações que vão direcionar o bom andamento de todo o 
processo, o desenvolvimento da pesquisa documental segue o mesmo caminho da pesquisa 
bibliográfica, considerando que esta se dedica mais na exploração de fontes documentais. 
Para Gil (2002, p.45): 
A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A 
diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a 
pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos 
diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-
se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que 
ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. 
 
Para Gil (2008), Nesse sentido, é possível até mesmo tratar a pesquisa 
bibliográfica comoum tipo de pesquisa documental, que se vale especialmente de 
material impresso fundamentalmente para fins de leitura. Tanto na pesquisa 
bibliográfica, documental, quanto na pesquisa de campo o diário de campo é um 
instrumento fundamental para anotações dos dados a serem analisados. Os 
documentos são instrumentos de pesquisas necessários, pois através deles é 
23 
 
possível observar relatos e detalhes da construção das atividades ocorridas em 
determinada época e serve como prova para as fontes de pesquisa. 
1.3.4 Diário de campo 
O diário de campo não precisa ser compartilhado com as outras pessoas, ele 
é um instrumento pessoal e muito importante para a análise da própria prática e 
compreensão do seu objeto de estudo. 
Sperotto (2009, p. 91) relata que, “o propósito do diário é marcar na linha do 
tempo quanto e porque o pesquisador chegou àquelas formulações, o que estava 
acontecendo no mundo, na instituição, ou mesmo na sua vida pessoal que indicaram 
outros caminhos”. O diário de campo é de fundamental relevância para não perder 
nenhum acontecimento que envolva a temática pesquisada. A autora destaca que o 
diário de campo é utilizado para registrar e explicar como se constrói o processo do 
conhecimento em seus diferentes momentos, ou, seja para registrar o cotidiano do 
pesquisador. De acordo com Lima (2007, p.95-96), o diário de campo: 
É um documento que apresenta tanto um caráter descritivo-analítico, como 
também um caráter investigativo e de sínteses cada vez mais provisórias e 
reflexivas, ou seja, consiste em uma fonte inesgotável de construção, 
desconstrução e reconstrução do conhecimento profissional e do agir 
através de registros quantitativos e qualitativos. 
 
A autora salienta que este é um instrumento que facilita o cotidiano do 
pesquisador, profissional, pois suas anotações livres e individuais e suas reflexões 
sobre seu trabalho estarão sempre guardadas para auxiliá-lo a qualquer momento 
que precisar. O diário de campo é o parceiro inseparável do estagiário ou 
pesquisador, pois é nele que deve ser registrado o cotidiano e os bastidores da 
pesquisa. Após cada dia de investigação ou intervenção recorre-se ao diário para 
extrair dele os fatos mais relevantes às análises da temática. 
 
 
24 
 
1.4 Visita Domiciliar 
 As visitas domiciliares permitem que o profissional possa ser inserido 
no contexto familiar e nas condições vivenciadas pelos seus integrantes. Ela auxilia 
também o estagiário para que ele compreenda como se dá a prática profissional 
diretamente in loco por isso que é importante que este acompanhe atentamente a 
ação profissional. Segundo Sperotto e Arena (2009, p.60). 
A visita domiciliar oportuniza a observação do espaço-tempo da vida 
familiar. É possível, pela observação desse contexto, identificar como 
a dinâmica familiar está sendo construídos, quais os arranjos e 
necessidades que estão satisfeitos e quais carências existem. Estes 
elementos vão chamando a atenção pelos detalhes dos fatos e 
relatados apresentados durante a visita. 
 
Assim a visita domiciliar como instrumento técnico operativo do Serviço 
Social, é tido como um importante complemento à entrevista e a observação. Esse 
instrumento dá ao assistente social a oportunidade de observar o indivíduo no 
espaço familiar e social contribuindo para que realize um estudo mais eficiente 
quanto às necessidades de cada usuário (Martinelli, 2007). 
Tendo em vista que “o objetivo da visita é classificar situações, considerar o 
caso na particularidade do seu contexto sociocultural das relações sociais 
(Magalhães, 2006, p.54)”. A autora destaca que é necessário entender algumas 
situações e responder os “porquês”, respeitando o contexto histórico no qual está 
inserido o indivíduo pesquisado. Assim sendo, tem-se na visita domiciliar um 
instrumento de trabalho que se bem utilizado contribuirá nos resultados qualitativos 
tanto nas pesquisas quanto na intervenção. 
Através deste contato direto no núcleo familiar foram obtidos elementos para 
abranger a realidade dos indivíduos e consequentemente suas necessidades. As 
visitas domiciliares foram realizadas durante o período de estágio supervisionado em 
Serviço Social acompanhando da assistente social que atua diretamente com as 
pessoas que demandam seus serviços para enfrentamento das situações de 
violência que vivenciam. 
25 
 
 
1.5 Visita Institucional 
A Visita institucional é mais um dos instrumentos utilizados no trabalho do 
assistente social que também completa a entrevista no estudo de caso para 
conhecer o trabalho da instituição, principalmente quando seus usuários estão de 
alguma forma vinculada à mesma, nesse intuito Sperotto e Arena (2009, p.70) 
descrevem: 
Considera-se importante entrar em contato com outras instituições 
que também prestem serviços de assistência aos membros do 
sistema que está sendo acompanhado. É o caso das escolas, 
instituições de abrigagem ou albergagem, hospitais, conselhos 
tutelares, secretárias de estado ou municipais, organizações 
governamentais, enfim, espaços onde o profissional pode obter 
informações de outra ordem das que são fornecidas pelo usuário. 
 
A visita institucional é importante para estreitar laços profissionais e fortalecer 
a rede de atendimento socioassistencial, pois conhecendo melhor cada serviço e a 
equipe que nele se insere se torna possível realizar os encaminhamentos e 
atendimentos aos usuários com mais eficiência e eficácia. 
1.6 Métodos de análise 
O método de análise escolhido foi o dialético por ser um método que 
interpreta a realidade e seus fenômenos em sua totalidade e com visão crítica de 
todo o contexto. Analisar uma problemática se utilizando da visão dialética significa 
sair da zona de conforto e buscar as múltiplas dimensões e fatores que envolvem o 
problema. De acordo com Gil (1999, p.32), 
 
[...] para conhecer realmente um objeto é preciso estudá-lo em todos os 
seus aspectos, em todas as suas relações e todas as suas conexões, Fica 
claro também que a dialética é contrária a todo conhecimento rígido. Tudo é 
visto em constante mudança: sempre há algo que nasce e se desenvolve e 
algo que se desagrega e se transforma. 
26 
 
 
O método dialético permite ao pesquisador ou profissional, captar a 
problemática de forma abrangente e analisar todas as contradições que envolvem o 
mesmo captando inclusive as relações que se estabelecem no em torno deste para 
compreender em sua totalidade. A análise dialética entende a problemática 
apresentada sempre ligada a seu contexto histórico, político e ideológico. Esse 
método permite observar o objeto investigado sempre em processo de mudança e 
transformação. Lakatos (2001, p.101) entende que “[...] para a dialética, as coisas 
não são analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em movimentos: nenhuma 
coisa está “acabada”, encontrando-se sempre em vias de se transformar, 
desenvolver; o fim de um processo é sempre o começo de outro”. Já o autor Konder 
(2006, p.84) reforça que, 
[...] a dialética não dá “boa consciência” a ninguém. Sua função é tornar 
determinadas pessoas plenamente satisfeitas com elas mesmas. O método 
dialético nos ensina a revermos o passado à luz do que está acontecendo 
no presente; ela questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo 
em nome do que “ainda não é”. 
 
Para o autor, a dialética possibilita o espírito da inquietação, é um processo 
desafiante tanto para o pesquisador quanto para o estagiário ou profissional que vai 
intervir na realidade visando uma solução para o problema que se manifesta. 
Em relação ao PAEFI/CREAS o método dialético se constitui em adequado 
por permitir averiguar toda a problemática que envolve o atendimento aos usuários 
que necessitam dos serviços de média e alta complexidade que a entidade oferece. 
 
 
 
 
27 
 
CAPÍTULO II 
QUESTÃO SOCIAL NO CENÁRIO BRASILEIRO: diversas expr essões 
 
2.1-EDUCAÇÃO NO BRASIL A PARTIR DA DÉCADA DE 80. 
Referenciamos a partir da década de 60, ressaltando que diferentes 
protagonistas e atores sociais, sujeitos coletivos e políticos, encontraram presentes 
no cenário nacional brasileiro, através dos movimentos sociais. Na década de 60 
muitos atores comprometidos com um Brasil menos autoritário e ditatorial sofreram 
fortes punições e outros até foram mortos e ocultados da família e sociedade e até 
hoje não foram encontrados. Essas pessoas lutavam contra regimes ditatoriais 
opressores. 
Esses movimentos estavam empenhados na luta pela redemocratização do 
país e pela consolidação e garantia de direitos, tais como os movimentos de 
trabalhadores urbanos e rurais, os movimentos populares, de gênero, étnicos, de 
meninos e meninas que vivem nas ruas, movimento pela cidadania e ética na 
política, movimentos ecológico e ambientalista, etc. No final dos anos 1970 quando 
se deu o combate a ditadura militar pelos setores organizados da sociedade civil, 
identificados com a construção histórica do socialismo. Sader (2010). 
Os Movimentos Sociais são um fenômeno com perspectivas de abordagem 
diferenciadas relacionando-os ao cenário social e econômico no qual surgem e se 
manifestam. Na década de 80 os movimentos sociais se destacam pelas diversas 
conquistas em função de melhorias na educação no Brasil. 
Segundo a teoria de Gohn (2007), Em 1981 ocorreu a Fundação da ANDES - 
Associação Nacional de Professores do Ensino Superior, ela nasceu da união das 
Associações Docentes das universidades, especialmente públicas e comunitárias. 
Por possuir na década de 80 movimentos sociais expressivos que lutavam, não só 
pela garantia e construção de uma educação pública de qualidade, mas também por 
condições de uma vida digna. 
28 
 
O ano de 1984 entrou para a História do Brasil como o grande ano “da 
virada”, de total esgotamento do regime militar, com o movimento das 
“Diretas Já” e também ele teve vários antecedentes destacando-se, 
também, a luta dos professores no início dos anos 80, com a crise 
econômica e o desemprego, ficou famosa a ação do movimento dos 
professores por derrubarem as grades do Palácio dos Bandeirantes, em 
São Paulo, em uma de suas manifestações (SADER, 1988, p. 15). 
 
Cury – ( 2002), A partir destes movimentos o Brasil teve um grande avanço 
que se deu inicio a formação do Fórum Nacional de Defesa da Escola Pública e 
lançado nacionalmente nos anos seguintes, o qual teve um papel decisivo no 
processo constituinte e na elaboração dos artigos relativos à Educação na Carta 
Constitucional de 1988. O lançamento do Fórum foi acompanhado de um manifesto 
em defesa da escola pública e gratuita. O Fórum demandou um projeto de educação 
como um todo e não apenas reformas no sistema escolar. Este movimento surgiu da 
articulação em torno da representação em seu capítulo da Educação e se fez 
necessário ante a exigência constitucional de elaboração de uma nova Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
Gruzinski (2003) concorda que ao longo dos anos 90 o cenário sociopolítico 
se transformou radicalmente, e teve-se um atraso das manifestações nas ruas que 
conferiam visibilidade aos movimentos populares nas cidades. Segundo Gohn, 
(2007), ressalta sobre os movimentos que eles estavam em crise porque haviam 
perdido seu alvo e inimigo principal - o regime militar, mais na realidade a partir de 
1990 ocorreu o surgimento de outras formas de organização popular, mais 
institucionalizadas - como a constituição de Fóruns Nacionais de Luta pela 
Educação, pela Moradia, pela Reforma Urbana Nacional de Participação Popular 
etc. 
As lutas e movimentos pela educação são antigos, mas às vezes invisíveis 
perante a sociedade mais geral e só recentemente ganharam visibilidade na 
mídia. Os movimentos sociais sempre têm um caráter educativo. A 
educação, de um modo geral, e a escola, de forma específica, tem sido 
lembrada como uma das possibilidades de espaço civilizatório numa era de 
violência, medo e descrença. A escola pode ser polo de formação de 
cidadãos ativos a partir de interações compartilhadas entre a escola e a 
comunidade civil organizada. As lutas pela educação podem ser o alicerce 
desta nova história. (OLIVEIRA, 2006, p. 22) 
29 
 
 
Todavia a mudança na política de educação originou novas provocações a 
estes movimentos que a partir dos anos 90, provocado por estes o governo idealizou 
canais institucionais de participação popular, como os conselhos de escola e as 
alianças de lideranças comunitárias que pudessem intervir diretamente nas decisões 
do âmbito escolar. 
Estes movimentos e lutas pela a educação no Brasil, está em consonância 
com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que é o principal 
documento de ordenamento jurídico educacional do país, constituído em nosso país 
em meados dos anos 90 e é ela que direciona, organizam, estabelece e legisla a 
educação brasileira. A educação escolar é compreendida como um papel 
fundamental de importância no enfrentamento às desigualdades sociais. Moreira - 
 (2003). 
A educação é o componente que mais avançou, entre 1991 e 2010, no Índice 
de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Portal do MC (2013) relata que em 
“1991, o Brasil possuía um IDHM da Educação de 0,279. Ao longo de duas décadas 
o País avançou 0,358 pontos, chegando a um índice de 0,637 em 2010 – 
crescimentos de 128% no período”. O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 
2013 aponta que o IDHM (índice de desenvolvimento humano municipal) médio do 
país subiu de 0,493 em 1991 para 0,727 em 2010. Com isso, o Brasil passou de um 
patamar "muito baixo" para um patamar "alto" de desenvolvimento social. Podemos 
dizer que nosso país teve o melhor avanço da Educação na História Brasileira. 
 
2.2 A QUESTÃO SOCIAL COMO OBJETO DE TRABALHO DO ASS ISTENTE 
SOCIAL. 
Sabe-se que a questão social está enraizada na contradição capital x trabalho 
como uma expressão de formação e desenvolvimento das classes operárias e ela 
30 
 
expressa, assim a desigualdade econômica, política e cultural das classes sociais. 
Na compreensão, de TELES, (1996, p. 85). 
[...] a questão social é própria das sociedades modernas que põem em foco 
a disjunção, sempre renovada, entre a lógica do mercado e a dinâmica 
societária, entre a exigência ética dos direitos e os imperativos de eficácia 
da economia, entre a ordem legal que promete igualdade e a realidade das 
desigualdades e exclusões tramada na dinâmica das relações de poder e 
dominação. 
 
A questão social resulta exatamente das contradições entre capital e trabalho 
no sistema capitalista de produção e gera nesse processo inúmeras expressões de 
desigualdade e nesse ínterim também resistências. A questão social em suas mais 
variadas formas de expressão se torna objeto de trabalho do Serviço Social como 
destaca Iamamoto, (1997, p. 14), 
 
Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais 
variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam 
no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social 
pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por 
envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resiste se opõem. 
É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e 
da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno 
movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou 
deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] a questão social, cujas 
múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social. 
 
O profissional de Serviço Social se insere no âmbito das desigualdades 
sociais, tais como: violência, criminalidade, desemprego, desigualdade racial e de 
gênero, guerras, educação precária, falta de acesso a serviços públicos de 
qualidade, entre outros visando diagnóstico e intervémem prol de mudança e 
transformação. Para Freitas (2001, p.10) “o assistente social tem na questão social a 
base de sua fundação enquanto especialização do trabalho; ou seja, tem nela o 
elemento central da relação profissional e realidade”. 
Nesta interface, os assistentes sociais são chamados a intervir nas relações 
sociais cotidianas, visando à ampliação e consolidação da cidadania na garantia dos 
direitos civis, políticos e sociais aos segmentos menos favorecidos e mais 
31 
 
vulnerabilizados socialmente (trabalhadores, crianças, adolescentes, idosos, 
portadores de necessidades especiais, mulheres, negros, homossexuais e suas 
respectivas famílias). Pastorini, 2007 e Iamamoto, 2008. 
É importante salientar que esta questão por muito tempo esteve relacionada à 
disfunção ou ameaça de alguns indivíduos à ordem social. Seu reconhecimento 
deu-se na segunda metade do século XIX, a partir da emergência da classe operária 
e seu ingresso no cenário político, na luta em prol dos direitos relacionados ao 
trabalho e na busca pelo reconhecimento de seus direitos pelos poderes vigentes, 
em especial pelo Estado. Segundo Iamamoto a expressão “questão social”, 
[...] diz respeito ao conjunto das expressões das desigualdades sociais 
engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a 
intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção, 
contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho 
–, das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos 
(IAMAMOTO, 2001, p.10). 
 
Em decorrência com esta percepção, a questão social 1se fazer referência o 
aumento do trabalho na sociedade capitalista, começando pela degradação do 
trabalho, e a perda, também o afastamento de muitas categorias e postos de 
trabalho isso é quando o estado sobrevém a se ausentar-se do campo social com 
cortes, privatizações entre outros. Yazbek ( 2001, p.10) analisa que “as crises dos 
padrões produtivos, da gestão do trabalho e as recentes transformações societárias 
têm repercutido diretamente nas políticas públicas de proteção social” e no 
surgimento de novas configurações da “questão social” no cenário brasileiro, em 
especial, a partir da década de 1970. Diante desse quadro, a questão social é 
 
1
 [...] a questão social expressa à subversão do humano própria da sociedade capitalista 
contemporânea, que se materializa na naturalização das desigualdades sociais e na submissão das 
necessidades humanas ao poder das coisas sociais [...]. Conduz à indiferença ante os destinos de 
enormes contingentes de homens e mulheres trabalhadores – resultados de uma pobreza produzida 
historicamente (e, não, naturalmente produzida) –, universalmente subjugados, abandonados e 
desprezados, porquanto sobrantes para as necessidades médias do capital (IAMAMOTO, 2008, 
p.125) 
32 
 
redimensionada, sofre alterações e apresenta particularidades e especificidades 
para a sociedade brasileira no cenário contemporâneo. 
Segundo, Yazbek ( 2012) as profundas alterações do sistema capitalista, que 
intensifica o processo de exploração e expropriação das classes trabalhadoras, 
reduzem o papel do Estado na garantia de direitos e promoção de políticas públicas 
sociais2 que atendam as necessidades básicas de maior parte da população. Para 
Iamamoto esse tipo de ação conduz á banalização do humano, a descartabilidade e 
a diferença perante o outro, a questão social passa a condensar. 
[...] a banalização do humano, que atesta a radicalidade da alienação e a 
invisibilidade do trabalho social – e dos sujeitos que o realizam – na era do 
capital fetiche. A subordinação da sociabilidade humana às coisas – ao 
capital-dinheiro e ao capital mercadoria –, retrata, na contemporaneidade, 
um desenvolvimento econômico que se traduz como barbárie social 
(IAMAMOTO, 2008, p. 125) 
 
Conforme se observa e se entende pelas leituras e análises no procedimento 
de desenvolvimento do capitalismo, as formas de exploração e as manifestações da 
questão social estão ligadas a diversos fatores que seguem o desenvolvimento do 
capital, e está alienada a força de trabalho, no constante aperfeiçoamento das forças 
produtivas sob a autoridade do capital. 
De acordo com Carletto (2008), a preferência ao econômico em detrimento ao 
social das políticas governamentais, tanto nos países centrais como periféricos, tem 
levado a “banalização do humano” e radicalização das necessidades sociais. Ou 
seja, o aumento do desemprego, a instabilidade do trabalho, perda dos direitos 
trabalhistas, aumento da pobreza, empobrecimento da classe média, privatização 
dos serviços sociais, inserção das mulheres no setor de serviços colocam muitos em 
 
2
 [...] as políticas sociais nasceram, ao mesmo tempo, como uma resposta ao ímpeto mobilizador da 
classe trabalhadora por novos direitos e uma forma de articulação do Estado com a classe patronal a 
fim de preservar interesses comuns aos segmentos desta classe (CURRY, 2002, p. 149). 
 
33 
 
situação de extrema vulnerabilidade social – de pobreza, exclusão e subalternidade 
– que se agrava ante o momento atual de regressão dos direitos sociais. 
Conforme Mesquita, (2010), é nesse quadro, que ganham destaque as 
famílias pobres e suas questões. Essas famílias aparecem necessariamente como 
um “problema social”, principalmente diante da ausência de serviços públicos, como: 
creches, escolas, saúde, saneamento básico, habitação entre outros. Desse modo, 
temos a crescente vulnerabilização social das classes trabalhadoras frente ao 
aumento das desigualdades socioeconômicas que podem levar ao processo de 
criminalização das famílias pobres, tornando-as num perigo para a sociedade – que 
precisaria ser evitado. 
A autora destaca que assim, da mesma forma que crescem as desigualdades, 
tem-se o aumento das lutas cotidianas por trabalho digno, acesso os direitos dentre 
outras. Nesse sentido as relações sociais se constituem em processo de 
reprodução, não mera imitação é também criação de novas forças e necessidades 
produtivas do trabalho social em cujo processo arraiga- se desigualdades e são 
designadas novas relações entre os homens na luta pelo poder e pela hegemonia 
entre as dessemelhantes classes e grupos sociais. 
Falar em questão social é analisar o todo em suas diversas formas de 
expressão, e neste trabalho de conclusão de curso, o que se analisa é a violência 
sexual contra as crianças e adolescente como uma das expressões da questão 
social. 
 
2.3 A VIOLÊNCIA COMO EXPRESSÃO DA QUESTÃO SOCIAL. 
 Quando não ocorre uma educação de qualidade com bases sólidas e de 
forma emancipatória as pessoas ficam sujeitas as mais diversas formas de violação 
de direitos e com extrema dificuldade de libertação desse processo. 
 2.3.1 Conceituando a violência. 
34 
 
Para entender o conceito de violência recorreu-se ao Dicionário Houaiss 
(2001, p.2.866), violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar força física 
(contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém), ato violento, 
crueldade, força”. No aspecto legal o mesmo dicionário define o termo com o 
“constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obriga-la a submeter-
se á vontade de outrem; coação”, um ato violento dotado pela força. A filósofa 
Marilena Chauí define o conceito de violência como: 
Todo ato de transgressão contra oque alguém ou uma sociedade define 
como justo e como um direito. Consequentemente, violência é um ato de 
brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza 
relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e intimidação, 
pelo medo e o terror. (CHAUÍ 1999, p.3) 
 
De acordo oliveira (2010), a noção de violência dispõe de vários significados, 
uma vez que apresenta uma diversidade deatos violentos que devem ser 
analisados de acordo com o contexto social, histórico e econômico em que o sujeito 
se insere. Compreender a problemática da violência sexual contra crianças e 
adolescente é conceituá-la analisando a forma como vem sendo tratada, é explicar a 
natureza do fenômeno em estudo pautando-se em diferentes teorias. 
Segundo MINAYO (2001, p.26), No Brasil, as bases teóricas que conceituam 
a violência contra crianças e adolescentes tem por base a teoria do poder. Portanto, 
a relação violenta é considerada desigual e estrutura-se num processo de 
dominação, na qual o dominador utilizando-se de coação e agressão faz do 
dominado um objeto para alcançar seus objetivos. 
A questão social se configura como a contradição que se estabelece na 
relação entre o capital e o trabalho, e se expressa de diversas formas, dentre elas a 
violência, que atinge todas as camadas sociais e faixa etária, e o assistente social 
que tem como objeto de seu fazer profissional a questão social se depara com essa 
realidade no seu cotidiano. 
35 
 
No contexto da violência, uma que causa comoção a sociedade é a violência 
cometida contra criança e adolescente, por entender no imaginário social que são 
pessoas em situação de formação e indefesas. 
 2.3.2 As principais formas de violência contra criança e adolescente. 
De acordo oliveira (2010). A prática da violência contra crianças e 
adolescentes ocorre de diversas formas, por diferentes atores, independente da 
classe social em que se inserem. O Brasil, um país com grandes desigualdades 
sociais e econômicas é extremamente violento, principalmente quando se trata de 
crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social. Nesta 
situação, compreende-se a necessidade de abordar a violência estrutural, por 
considerar que esta constitui um dos principais fatores responsáveis por 
desencadear as demais violências cometidas contra crianças e adolescentes. A 
violência estrutural: 
Caracteriza-se pelo destaque na atuação das classes, grupos ou nações 
econômicas ou politicamente dominantes, que se utiliza de leis e instituições 
para manter sua situação privilegiada, como se isso fosse um direito natural. 
(MINAYO 1993, p.35). 
 
A população jovem é afetada diretamente por diferentes formas de violência, 
físicas e simbólicas. Preconceito e discriminação por raça, gênero, local e moradia 
são violências exercidas sobre os jovens, sem contar o estigma de baderneiro e 
rebelde sem causa que o jovem adquiriu socialmente. A violência estrutural é 
formada por um conjunto de ações que se produzem na esfera da vida cotidiana, 
mas que nem sempre são consideradas ações violentas. Trata-se do uso da força, 
não necessariamente física, mas com capacidade de impor regras, valores e 
propostas quase sempre consideradas naturais (DHNET, 2012). 
Na análise de Gonçalves (2003, p.161) “qualquer situação que coloque em 
risco o desenvolvimento pleno de uma criança ou adolescente pode ser uma forma 
de violência”. Esta violência poderá acontecer dentro e fora de casa, e as mais 
36 
 
comuns entre elas estão, a negligência, o abandono, a discriminação, as agressões 
físicas e psicológicas, o trabalho infantil, o abuso e exploração sexual. 
Todo o ato que possa prejudicar a integridade das crianças e dos 
adolescentes pode ser considerado uma forma de violência. Os conceitos de 
violência são geralmente propostos para abordar diversas práticas, hábitos e 
disciplinas, e tem-se estabelecido pelo senso comum a clareza de que a violência é 
um problema social e histórico. 
Conforme Faleiros e Faleiros (2007) as várias formas de violência, são: 
violência física, que é uma relação social de poder que se manifesta nas marcas que 
ficam pelo corpo; violência psicológica, pouco reconhecida como violência pela 
maioria das pessoas, devido ao alto grau de tolerância da sociedade caracterizada 
pela rejeição, humilhação, ameaça de abandono; negligência, ocorre quando a 
família ou os responsáveis pela criança se omitem em prover suas necessidades 
físicas ou emocionais básicas para o desenvolvimento saudável; violência sexual, 
abuso delituoso de crianças e adolescentes, em especial de sua sexualidade, 
negando o direito das crianças e adolescentes a sua sexualidade em 
desenvolvimento. 
As mais diversas formas de violência praticadas na e pela sociedade atual 
ficam encobertas pelo próprio sistema que não interesse que venha à tona. Dentre 
essas violências o fator determinante de todas as demais é a falta de educação de 
qualidade visando possibilitar que as pessoas desde sede construam mecanismos 
de defesa contra a miséria, a opressão e todas as outras formas de violência que a 
esta se soma, entre estas a violência sexual. 
 2.3.3 Violência sexual extrafamiliar e intrafamiliar. 
A violência sexual extrafamiliar pode ocorrer em qualquer espaço e pode ser 
uma pessoa que a criança conhece e confia e que muitas vezes a família também 
confia ou não percebe o quanto está deixando a criança exposta a tal agressão. Na 
concepção de Faleiros (2000, p7). 
37 
 
 
A violência sexual contra crianças e adolescentes sempre se manifestaram 
em todas as classes sociais de forma articulada ao nível de 
desenvolvimento civilizatório da sociedade, relacionando-se com a 
concepção de sexualidade humana, compreensão sobre as relações de 
gênero, posição da criança e o papel das famílias no interior das estruturas 
sociais e familiares. Desta forma, devemos entendê-la em seu contexto 
histórico, econômico, cultural e ético. 
 
Na análise do autor tais situações atingem toda a classe independente de seu 
nível social, em forma de afinidades igualitárias e esta violência ocorre de forma 
oculta, sendo que ninguém perceba durante algum tempo. A violência sexual 
praticada contra a criança e adolescente embora constitua um fenômeno social 
grave que atinge todas as idades, classes sociais, etnias, religião, culturas, 
geralmente acontece em um envolvente relacional favorável, a absoluta da 
confiança que a vítima coloca no abusador3, que se aproveita da inocência da 
criança e do adolescente. 
A violência sexual intrafamiliar constitui-se em qualquer relação de caráter 
sexual entre um adulto e uma criança ou adolescente, existindo um laço familiar 
direto ou não, ou relação de responsabilidade, esta violência sempre surgem de 
quem a criança espera amor, carrinho, respeito e dignidade. Carvalho (2009). 
 De acordo com o (MEC) Ministério da Educação (2004, p.39), na violência 
sexual intrafamiliar. 
O agressor é uma pessoa que a criança conhece e mantém laços de amor e 
confiança. Essa relação de parentesco do agressor com a vítima contribui 
para que ele exerça seu poder sobre ela. Este poder pode ser hierárquico e 
 
3
 [...] usa da imaturidade e insegurança da vítima, colocando em dúvida a importância que tem para a 
sua família, diminuindo ainda mais seu amor próprio, ao demonstrar que qualquer queixa da parte 
dela não teria valor ou crédito. O abuso é progressivo; quanto mais medo, aversão ou resistência pela 
vítima, maior o prazer do agressor, maior a violência (PFEIFFER; SALVAGNI, 2005, p. 199). 
 
38 
 
econômico, quando se trata do pai, padrasto ou mãe, e de relações afetivas, 
avós, tios, primos e irmãos. 
 
A violência sexual consiste não só numa violação á liberdade sexual do outro, 
mas também na violação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, 
essa violência vai interferir na vida do ser humano como todo. 
Segundo Azambuja (2011), o abuso sexual comedido contra crianças e 
adolescentes precisam ser entendidos como uma conjuntura de transposição de 
limites dos direitos humanos, e este enfrentamento vêm se manifestando de forma 
complicada, com inúmeras interconexões que para melhor compreensão devem ser 
analisadas em suas diferentes dimensões, tantofamiliar como social. Para Azevedo 
& Guerra (1989, p.42): 
Violência sexual infanto-juvenil é todo o ato ou jogo sexual, relação 
heterossexual entre um ou mais adultos e uma criança menor de 18 anos, 
tendo por finalidade estimular sexualmente esta criança ou utilizá-la para 
obter estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa. 
 
Desta forma todo ato de relação heterossexual ou homossexual que venha 
levar a vitimização de crianças e adolescentes pelo uso da diferença de idade, de 
conhecimento sobre o comportamento sexual é uma relação de poder, visando o 
prazer e gratificação individual. MINAYO (2001, p.26), descreve a violência contra 
crianças e adolescentes como: 
[...] todo ato ou omissão cometidos pelos pais, parentes, outras pessoas ou 
instituições capazes de causar dano físico, sexual e ou psicológico à vitima. 
Implica, de um lado, uma transgressão no poder/dever de proteção do 
adulto e da sociedade em geral, e de outro, numa coisificação da infância. 
Isto é, uma negação do direito que crianças e adolescentes tem de serem 
tratados como sujeitos e pessoas em condições especiais de 
desenvolvimento. 
 
A violência é também produto de relações sociais desiguais, onde a interação 
dos envolvidos se estabelece numa dinâmica em que o autor da agressão tem 
alguma condição de vantagem, seja física, emocional ou econômica sobre a vítima. 
Esse fenômeno viola o direito da criança e do adolescente constituído no Estatuto da 
39 
 
Criança e do Adolescente (ECA) que estabelece no artigo 5°. “Nenhuma criança ou 
adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer 
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais” (BRASIL, 1990). 
A violência sexual pode ocorrer sem contato físico e com contato físico e de 
acordo com a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e 
Adolescência (ABRAPIA, 2004) constitui a violência sem contato físico como: abuso 
sexual verbal que são conversas abertas sobre atividades sexuais destinadas a 
despertar o interesse sexual da criança ou adolescente; telefonemas obscenos que 
na maioria são feitos por adultos, especialmente do sexo masculino, que podem 
gerar ansiedade na criança, no adolescente e na família; exibicionismo que é do ato 
de mostrar os órgãos genitais ou se masturbar em frente a criança ou adolescente, 
tendo como intenção chocar a vitima; o voyeurismo que se configura como 
observação fixa de atos ou órgãos sexuais de outras pessoas quando elas não 
desejam ser vistas para obter satisfação com essa pratica. Esses tipos de violência 
não envolvem contato físico, mas também deixam marcas em suas vitimas. 
Para Abrapia (2004), constitui violência com contato físico o estupro que é a 
prática sexual onde ocorre penetração vaginal com o uso de violência ou grave 
ameaça; a sedução que é uma forma de abuso sexual considerado crime, 
caracterizando-se pela indução de mulheres virgens entre 14 e 18 anos a manter 
relações sexuais com penetração vaginal mesmo com consentimento; o incesto 
sendo a atividade de caráter sexual envolvendo crianças e ou adolescentes e um 
adulto que tenha com eles uma relação de consanguinidade, de afinidade ou de 
mera responsabilidade; a pedofilia considerada uma perversão sexual, com caráter 
compulsivo e obsessivo, em que adultos apresentam uma atração sexual, exclusiva 
ou não, por crianças e adolescentes. 
A violência sexual pode ocorrer com o contato físico deixando marcas 
externas e internas que, precisam de ajuda de profissionais especializados para 
facilitar a sua comprovação, e tratamento/acompanhamento de forma que seja 
menos dolorosa para a vítima. 
40 
 
Outra forma de violência cometida com crianças e adolescentes á exploração 
sexual: 
A exploração sexual é uma atividade essencialmente econômica, de caráter 
comercial. A violência sexual comercial é todo tipo de atividade em que 
redes, usuários e pessoas usam o corpo de uma criança ou adolescente 
para tirar vantagem ou proveito de caráter sexual com base em uma relação 
de exploração comercial e poder. Nessa perspectiva a exploração sexual 
comercial do segmento infanto-juvenil é um crime contra a humanidade. 
(LEAL 1999 p.10) 
 
De acordo com o mesmo autor, a exploração sexual é o modo que pessoas 
se utilizam da criança ou do adolescente para que estas lhes proporcionem 
resultados econômicos. Esses casos inclusive são muito comuns e hoje até 
expostos pela mídia que a todo o momento noticia casos de políticos e até mesmo 
de pessoas da lei envolvidos na exploração sexual de crianças e adolescentes. 
O pior é que as investigações se arrastam anos após anos até que sejam 
concluídas e durante esse tempo os agressores continuam explorando novas 
vítimas em seu próprio estado, município ou em outros locais para os quais mudam 
visando continuar a exploração sem nenhum entrave. 
No Brasil, aspectos culturais, econômicos e sociais, aliados a pouca 
visibilidade e impunidade que cercam a questão da violência, abuso e exploração 
sexual de crianças e adolescentes, têm se revelado como empecilho no processo de 
enfrentamento à exploração sexual. Na concepção de (LIBÓRIO 2005. p.413), a 
exploração sexual comercial pode ser definida como: 
Uma violação fundamental dos direitos da criança. Esta violação abrange o 
abuso sexual por adultos e a remuneração em espécie a criança ou 
adolescente, ou uma terceira pessoa ou várias. A exploração sexual 
comercial de crianças constitui uma forma de coerção e violência contra 
crianças que pode implícita o trabalho forçado e formas contemporâneas de 
escravidão. 
 
A autora destaca que foi a partir dos anos 90, do século XX, que se observou 
uma crescente visibilidade da exploração sexual comercial infanto-juvenil, ocorrendo 
principalmente nas cidades litorâneas e nas regiões de garimpo como mostram 
41 
 
alguns relatórios governamentais e não governamentais, além de materiais 
jornalísticos. A exploração sexual contra crianças e adolescentes é um ato 
repugnante, privado, geralmente mantido em silêncio e em segredo. Dessa forma, 
os abusos sexuais podem ocorrer tanto na dimensão intrafamiliar ou extrafamiliar e 
muitas vezes a vitima não tem noção do que está acontecendo, visto que não tem 
uma formação definida sobre conceitos morais. 
Os problemas que envolvem o abuso e exploração sexual de crianças e 
adolescentes incorrem diretamente nas estruturas familiares e é agravada pela falta 
de investimento público nos setores sociais onde ocorre a precarização dos valores 
humanos. 
Os crimes de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes 
alimentam-se do medo das vitimas de denunciar as agressões, nutrem-se 
da omissão ou da falência pública para lidar com a questão e ganham força 
na silenciosa cumplicidade social. Acompanhadas por receio ou tabu, os 
temas carecem da mobilização de todos os setores da sociedade para 
serem enfrentados [...] o silêncio das vitimas muitas vezes prevalece e 
denuncias deixam de ser registradas. (BRASIL, 2006, p.19) 
 
O medo é fator determinante para que a violência sexual fique acobertada, 
pois a relação de poder que o agressor exerce sobre a vítima conduz este a calar-se 
e sofrer a violência por longos períodos além do medo pelas ameaças do agressor 
existe a vergonha por ter sido violentado. Pode também a vítima calar-se por relação 
de afetividade com o agressor, isso é muito comum quando o violentador é pessoa 
da família. 
Entender e tratar a criança e o adolescente, enquanto seres humanos em 
desenvolvimento e sujeitos de direitos civis, humanos e sociais, ainda não é uma 
realidade vivenciada pela maioria da sociedade, pois na medida em que a sociedade 
como todo passar a não aceitar essa agressão com certeza o agressor também 
passará a ser punido com mais urgência e severidade. 
 O meio mais usado para denunciar é o disk100, além deste, essas informações 
precisam chegar até os conselhos tutelares e de direito, delegacias, promotoria da 
42 
 
Infância e da Juventude, após o recebimento da denúncia são tomadas as medidas 
cabíveis e repassadas à vara criminal onde são abertos inquéritos policiais e tomadas as 
medidas punitivas em relação aos acusados. Cabe ao Centro de Referência 
Especializada de Assistência Social (CREAS) tomar providências quanto ao 
atendimento/acompanhamento da vítima que teve seus direitos violados e ameaçados 
no sentido de encontrar estratégias de empoderamento destas para enfrentar e superar 
o problema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
CAPÍTULO III 
 
PROCESSO SOCIOEDUCATIVO VISANDO O DESPERTAR PARA A 
LEITURA COMO FORMA DE EMANCIPAÇÃO: relato da prátic a de estágio em 
Serviço Social 
 
3.1 Intervenções na Questão Social : a escolha pelo Serviço Social. 
 
Fazer uma graduação é plano de grande parte dos brasileiros, mas 
infelizmente uma grande parcela de sonhadores não consegue alcançar nem se 
quer a conclusão do ensino médio devido a ingressar no mundo do trabalho para 
sobreviver com o mínimo necessário e não conseguir ou não ter coragem de 
continuar os estudos por ser dominado pelo cansaço e até mesmo o desânimo. 
Como cidadão este estudante vislumbrou ingressar em um curso que 
pudesse proporcionar um bom retorno financeiro como, por exemplo: engenharia, 
direito ou medicina. A demora por ingressar no ensino superior se deu devido a 
problemas cotidianos, família, trabalho, condições financeiras. 
No ano de 2009, em conversas familiares, em especial com uma prima, o 
incentivo e motivação para cursar Serviço Social surgiu. Inicialmente as concepções 
em relação ao curso não eram claras eram embasadas pelo senso comum, pensava 
que a função do assistente social era apenas amparar, ajudar as pessoas 
necessitadas. Com os embates teóricos e debates em sala de aula e também 
pesquisas de campo, foi possível observar que o Serviço Social é uma profissão 
dinâmica e que o assistente social é capaz de intervir nas mais variadas expressões 
da questão social, para com a população encontrar estratégias de intervenção e de 
transformação ou no mínimo de empoderamento da população para validar direitos 
sociais. 
44 
 
Na visão de (Guerra apud Baptista e Battini 2009 p. 83), 
Como profissão interventiva no âmbito das chamadas “expressões da 
questão social”, o reconhecimento profissional advém da resolutividade 
dessa intervenção, o que exige respostas em nível imediato, emergencial, já 
que atende a questões que, pelo nível de tensão que provocam, põem em 
risco a ordem vigente. 
 
Nesta visão ser assistente social é ser capaz de se indignar frente às 
injustiças que cotidianamente se defronta na sociedade. Buscar incessantemente a 
validação dos direitos outorgados nas legislações vigentes para uma parcela da 
sociedade que se encontra em situação de vulnerabilidade social, e conduzir esses 
atores em um processo de emancipação para que se tornem sujeitos protagonistas 
de sua história. 
Diante do aprendizado percebeu-se que intervir nas mais diversas expressões 
da questão social é uma forma dos profissionais contribuírem com seu saber para 
que os cidadãos enfrentem seus problemas e superem reconquistando a dignidade 
em uma sociedade de tantas injustiças. Nesse mesmo caminho que se optou pelo 
estágio no CREAS - Centro de Referencia Especializado de Assistência Social de Ji-
Paraná-RO. 
 
3.2 Históricos da Instituição 
 
As instituições são organizações criadas pelo Estado para atuar como 
repassadoras de políticas públicas e sociais e são também mecanismos de controle 
do Estado, com finalidade de reconhecer de uma forma rigorosa sobre o modo de 
vida das pessoas, para poder desenvolver diferentes ações segundo o seguimento e 
classes dos indivíduos. Conforme Faleiros (2011, p. 31) as instituições são: 
[...] organizações específicas de política social, embora se apresentem 
como organismos autônomos e estruturados em torno de normas e 
objetivos manifestos. Elas ocupam um espaço político nos meandros das 
relações entre o Estado e a sociedade civil. Elas fazem parte da rede, do 
tecido social lançado pelas classes dominantes para amealhar o conjunto 
da sociedade. 
 
45 
 
Segundo o autor, as instituições também proporcionam características que 
passam a representar o estado perante todo o corpo social, essas são essenciais 
para a relação entre Estado e sociedade. As instituições são ainda mecanismos de 
manutenção da ordem vigente, pois possuem papel de amenizar ânimos pelos 
mínimos oferecidos. 
O CREAS pode ser definido como instituição pública que trabalha diretamente 
com o serviço de enfrentamento à violência, abuso e exploração sexual contra 
crianças e adolescentes e está em consonância com a definição expressa na Lei Nº 
12.435/2011, a qual descreve. 
O CREAS é a unidade pública estatal de abrangência municipal ou regional 
que tem como papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios, da 
oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em 
situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos. Seu papel no 
SUAS determina, igualmente, seu papel na rede de atendimento. 
 
O CREAS articula os serviços de média complexidade, sua política de 
atendimento é voltada para trabalhar em rede, sendo ela unidade pública e estatal, 
integrante do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Seus serviços devem ser 
desenvolvidos de modo articulado com a rede de serviços da assistência social, um 
órgão de defesa de direitos e das demais políticas públicas prestar serviços 
especializados e continuados a famílias e indivíduos com seus direitos violados. 
O CREAS de Ji-Paraná-RO, oferta serviços especializado e continuado às 
famílias e indivíduos em situação de ameaça ou violação de direitos (violência física, 
psicológica, sexual, tráfico de pessoas, cumprimento de medidas sócioeducativas 
em meio aberto, etc.). A oferta de atenção especializadas e continuada tem como 
foco o acesso da pessoa e família vitimada a direitos sócio assistenciais, por meio 
da potencialização de recursos e capacidade de proteção. De acordo com Serra 
(1984 p.33), 
As instituições enquanto parte e expressão de um processo social mais 
amplo, não são estáticas. Elas se transformam, se modificam, mudam seus 
programas de acordo com as rearticulações que se verificam entre as forças 
sociais que lutam para obter um espaço no controle do poder político e 
econômico. 
46 
 
 
As instituições são também espaço de poder político e que muitas vezes 
impedem ou dificultam a prática profissional da forma que deve ocorrer, qual seja 
com ética e transparência em todos os momentos. O assistente social tem seu fazer 
profissional muitas vezes dificultado e outras até impedido pelo jogo de poder e pela 
falta de recursos adequados ao desenvolvimento de suas ações interventivas. Vale 
ressaltar que: 
O profissional, em sua prática cotidiana, coloca-se entre as demandas da 
clientela e as exigências e determinações da instituição, e, frequentemente, 
as carências determinadas pelas instituições como sendo da clientela não 
são as mesmas que essa considera e define (SERRA, 1983, p. 41). 
 
Nas instituições a relação de poder político muitas vezes também é 
enfrentada e vencida pelo saber profissional que estrategicamente organiza seu 
trabalho com competência em função de atender as demandas dos usuários dos 
serviços institucionais e não o jogo político que se manifesta no cotidiano. 
O CREAS enquanto instituição proporciona além do atendimento às vítimas 
de violência, busca a construção de um espaço de acolhida e escuta qualificada, 
fortalecendo vínculos familiares e comunitários, priorizando a reconstrução de suas 
relações familiares. 
Os profissionais que atuam no CREAS focam suas ações no fortalecimento 
de laços e

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