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Julie Oliveira – Turma IX CETOACIDOSE DIABÉTICA 1 CONCEITO: Acidose metabólica que acontece, principalmente, nos pacientes diabéticos do tipo 1 (insulino-dependende). É uma descompensação e uma complicação do diabetes tipo 1. 2. FATORES DESENCADEANTES: • Não uso da insulina. Acontece muito com adolescentes DM1 que se “revoltam” por ter diabetes. • Inadequação alimentar com pico hiperglicêmico. • Infecção (causa mais comum, deve ser pesquisada sempre: pulmão, urina, hemograma, ouvido): aumento do cortisol que é hiperglicemiante e aumenta a resistência das células à insulina. • Inflamação 4 I: INSULINA, INADEQUAÇÃO ALIMENTAR, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO. Todas essas causas levam a uma falta relativa de insulina, sobrando glicose e faltando insulina. Na falta de glicose intracelular a célula faz respiração anaeróbica para produzir energia resultando em ácidos e corpos cetônicos que caem dentro da circulação podendo, inclusive, sair na urina gerando cetonúria. Ocorre além disso da cetonúria e cetonemia a acidose metabólica. Com a acidose metabólica o organismo faz alcalose respiratória em compensação (manter Ph entre 7,35-7,45) fazendo respiração profunda e rápida para eliminar CO2 (Respiração de Kussmaul). Os corpos cetônicos também são eliminados no hálito gerando o hálito cetônico também conhecido como hálito podre ou de maçã verde. Os corpos cetônicos produzidos são o beta-hidroxi butirato, acetona e acetoacetato (ácido acético). 3. QUADRO CLÍNICO: O excesso de glicose dentro do vaso leva a poliúria (glicose puxa água, é osmolar), polidpsia (muita urina muita sede), polifagia (célula sem energia), desidratação. Quando se pensa em cetoacidose diabética deve-se pensar em hidratação sempre. O paciente fica tão desidratado que o olho fica fundo, a pele fica seca, a sede é extrema. Além disso o paciente tem a respiração de Kussmaul. 4. DIAGNÓSTICO: • Glicemia capilar > 250. Devemos lembrar que muitas vezes o paciente vai falar que não é diabético porque ele abre o quadro de DM1 com a cetoacidose. • Gasometria compatível acidose metabólica. Essa gasometria pode ser tanto arterial quanto venosa. O pH vai estar abaixo de 7,35. 5. TRATAMENTO DA CETOACIDOSE • Hidratação com soro fisiológico venoso: 3L de soro fisiológico. Abre o soro, deixa correr. O soro dilui o excesso de potássio, melhora pH pela diluição dos ácidos, melhora perfusão, evita a perda de função renal. Esses pacientes podem perder o rim por insuficiência pré-renal (perda de perfusão). HIDRATAÇÃO É A COISA MAIS IMPORTANTE, NÃO ADIANTA TENTAR HIDRATAR POR VIA ORAL! • Insulina. Cuidado com a entrada do potássio nas células junto com a glicose gerando hipocalemia! O potássio já saiu demais na urina. Antes de fazer insulina dosar potássio. Fazer eletro e saber como é o eletro do excesso de potássio e da falta. Hipercalemia: onda T apiculada, onda P aplainada, alargamento do QRS, bradicardia. Hipocalemia: onda T aplainada, onda P apiculada, onda U depois da onda T. NÃO FAZER INSULINA! Na cetoacidose diabética não se faz insulina subcutânea porque a desidratação impossibilita a absorção adequada. INSULINA CTI: Insulina regular ----------- 100ui Soro fisiológico 0,9% ----100ml Iniciar a 1ml/hora/10kg. Julie Oliveira – Turma IX Esse volume é muito pequeno e precisa de bomba de infusão (paciente de 70kg = 7ml/ hora da solução 1x1). INSULINA PRONTO ATENDIMENTO/UPA: • Pode-se fazer 7 microgotas por minuto na mesma concentração citada acima que dá 7ml/hora. • Insulina regular ----------- 100ui Soro fisiológico 0,9% ---- 1000ml Iniciar a 1ml/kg/hora (paciente de 70kg = 70ml/hora da solução 1x10). Para fazer no soro normal, sem bomba de infusão: dividir o ml por 3 que encontra a quantidade em macrogotas: 70/3=23 gotas por minuto. 6. PRESCRIÇÃO: 1. Dieta suspensa 2. Monitorização contínua 3. O2 nasal 3L/MIN se satO2<94 (lembrar que a respiração dele não está ligada ao O2 e sim a acidose). 4. Dipirona 2ML + ABD 6/6H 5. Plasil 2m EV 8/8h em caso de vômito. 6. 0,9% 500 +500 + 500 + 500 + 500 + 500 = 3 LITROS EV ACM. Caso haja hipocalemia 10 ml de potássio em cada esquema de soro fisiológico. Medir de 8/8H. Só inicia insulina quando o potássio estiver bom. 7. Ranitidina 150mg --- 1 ampola ABD --------------------- 10ML EV lento de 12/12h. 8. Liquemine (heparina não fracionada) --- 0,25ml, SC, 8/8H Sangue muito viscoso, maior risco de TVP. 9. Insulina regular 100 ui + Soro fisiológico 0,9% 100ml > Ev 7ml/hora (paciente de 70kg). Glicemia de hora em hora. Se alta aumenta a infusão se glicemia baixa reduz a infusão. CONSIDERANDO QUE O POTÁSSIO ESTÁ NORMAL. 10. Quando a glicemia chegar em 250mg/dl prescreve-se soro glicosado para evitar hipoglicemia. Não reduzir insulina pelo risco de ter uma nova cetoacidose. Soro glicosado 5% --- 500 + 500 + 500 ml EV, iniciar a 20gts/min se glicemia <250 mg/dl. • Retorno da insulina subcutânea: quando o PH normalizar, o bicarbonato deve estar em níveis normais: deixo de ter acidose. Voltar com doses mais baixas do que ele utilizava por risco de hipoglicemia. Insulina NPH: quando o paciente voltar a comer pela boca, parar de vomitar e etc. Julie Oliveira – Turma IX • Reposição de bicarbonato se a acidose for tão grave que gera arritmia. EVITO dar bicarbonato porque a acidose faz com que o O2 se solte mais facilmente. Se você corrige o PH artificialmente você altera a curva de dissociação da hemoglobina piorando a perfusão tecidual. Melhor dar insulina pra diminuir a produção de ácido corrigindo naturalmente. • Insuficiência respiratória após correção de insulina pensar em hipofosfatemia! Esses pacientes além de hipocalemia podem fazer baixa de fosfato. Repor potássio: metade cloreto de potássio e metade fosfato de potássio.
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