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Amenorreia Definição: ausência de menstruação por 3 ciclos consecutivos OU falta de menstruação por 6 meses. Existe a amenorreia primária (ausência de menstruação em mulher que nunca menstruou – geralmente é uma adolescente) e amenorreia secundária (amenorreia em mulher que já menstruou). Principal suspeita de amenorreia secundária é gravidez. Então tem que pedir beta-HCG. INVESTIGAÇÃO DA AMENORREIA SECUNDÁRIA: Primeira coisa é pedir beta-HCG, TSH (o TSH pode bloquear o GnRH hipotalâmico, então tem que pedir para checar hipotireoidismo), prolactina sérica (hormônio secretado na adenohipófise, bloqueia a pulsatilidade do GnRH. Segundo passo é o teste da progesterona, que consiste em tomar progesterona por alguns dias e ver o que acontece; Acetato de medroxiprogesterona 10mg por pelo menos 5 dias; se quando a paciente parou de tomar e menstruou deu positivo, considera- se que o corpo dela não está produzindo progesterona. Se a paciente está sem progesterona é por que ela não está ovulando. Teste de progesterona positivo é paciente sem ovular (anovulação). Se teste da progesterona positivo, a principal hipótese que surge é síndrome dos ovários policísticos, aí você precisa usar o consenso de Roterdã para fazer o diagnóstico. Se 2 dos 3 fatores elencados a seguir forem positivos, pode considerar síndrome dos ovários policísticos (SOP): Menstruação infrequente/ amenorreia Hiperandrogenismo (clínico ou laboratorial) USG transvaginal com ovários de aspecto multicístico OBS: não necessariamente precisa de USG para confirmar a SOP, basta a amenorreia e o hiperandrogenismo. Se o teste de progesterona for negativo, vamos para outro caminho de investigação. Com o teste de progesterona negativo, a investigação continua com o teste do estrogênio mais progesterona, usa 14 dias de estrogênio e depois mais de 5 dias de progesterona (mais de 5 dias e menos de 14 dias). Com isso, estamos simulando um ciclo menstrual. Se com o teste de estrogênio e progesterona a mulher não menstruou (teste negativo), vamos pensar em alteração anatômica obstruindo a saída da menstruação. Quando se fala de causa anatômica, devemos pensar em sinéquias uterinas, cria uma espécie de lesão no útero e colaba as paredes uterinas, pode ocorrer após uma curetagem. Na maioria das vezes as sinéquias surgem de causa iatrogênica, ela fez algum procedimento médico antes. Quando faz essa sinéquia a gente chama de Síndrome de Asherman. Ao chegar nesse diagnóstico de causa anatômica realiza-se histeroscopia e desfaz a sinéquia, reestabelecendo a anatomia normal do útero. Esse teste do estrogênio e progesterona pode ser realizado com uso do anticoncepcional oral, e se ela não menstruar fala-se em causa anatômica. OBS: Síndrome de Asherman = amenorreia por causa anatômica (canalicular) Se com o teste de estrogênio e progesterona a paciente menstruou, é por que o organismo da mulher não está produzindo nem estrogênio, nem progesterona. Nesse caso, a mulher está em hipogonadismo. Precisa investigar se é problema ovariano ou se é problema na hipófise ou no hipotálamo. Como seguimento, vamos dosar o FSH e LH. Se a mulher estiver com muito FSH e LH, a paciente está com hipogonadismo hipergonadotrófico (o ovário não produz estrogênio e progesterona, mas a hipófise está mandando FSH e LH – a causa da amenorreia é o ovário – falência ovariana precoce). Se for em mulher de 40 anos é menopausa precoce. Nesses casos de menopausa precoce, tem que solicitar cariótipo, pois é possível que a mulher tenha alguma alteração genética. Uma das possibilidades de alteração genética é a Síndrome de Turner (45,X_), pode ter baixa estatura e pescoço alado, encurtamento de quarto e quinto metacarpo, porém pode ser que não tenha nenhum estigma. O tratamento, no caso da Síndrome de Turner, é repor estrogênio e progesterona. Se tiver níveis de FSH e LH baixos, teremos um hipogonadismo hipogonadotrógico (a hipófise não está mandando os hormônios, então o ovário também não), aqui o problema é central. Nesse caso faz o teste do GnRH, basicamente administra o hormônio GnRH e depois dosa o FSH e LH. Se aumenta FSH e LH, trata- se de um problema hipotalâmico, se não aumentou o FSH e LH, é um problema na hipófise. OBS: na maioria dos casos a síndrome de Turner é amenorreia primária, porém é possível que a mulher tenha uma amenorreia secundária. OBS: possíveis causas hipotalâmicas de amenorreia é o exercício físico intenso, uma vez que no exercício físico ocorre muita produção de opioide endógeno, e eles bloqueiam a produção de GnRH. Outra situação é a paciente com anorexia, já que tem hipercortisolismo e inibe a pulsatilidade do GnRH. A hiperprolactinemia e hipotireoidismo também bloqueiam o hipotálamo. OBS: Pede TSH e PROLACTINA logo no inicio da investigação, pois se der alterado já se pensa em causa hipotalâmica. OBS: na questão da residência eles podem colocar pra vc que a mulher é maratonista, bailarina... é indicando amenorreia de causa hipotalâmica. OBS: de causa hipofisária para amenorreia secundária tem-se a síndrome de Sheehan, que ocorre com necrose da hipófise anterior por sangramento de causa obstétrica. Esquematicamente, temos: Amenorreia primária é o caso da mulher que nunca menstruou (ausência de menstruação em uma mulher que nunca menstruou); se não iniciou o desenvolvimento de caracteres sexuais, investigamos amenorreia a partir dos 14 anos; se já iniciou o desenvolvimento de caracteres sexuais, mas não menstrua, investiga a partir dos 16 anos. A paciente com 14 anos que não tem caracteres sexuais desenvolvidos (não tem mama, não tem pelos pubianos), inicia investigando o estrogênio (é o estrogênio que faz desenvolvimento de mama), então vamos dosar FSH e LH. Se encontra FSH e LH aumentado, significa que a hipófise está mandando hormônio, mas o ovário não responde, é um quadro de hipogonadismo hipergonadotrófico, isso indica falência ovariana precoce, temos que investigar causa genética. Pede um exame de cariótipo, a principal síndrome relacionada com amnorreia primária por falência ovariana é a Síndrome de Turner, nesses casos a paciente tem um ovário em fita. Se FSH e LH baixos, é um hipogonadismo hipogonadotrófico, nesses casos o problema é central, que pode ser hipotalâmico ou hipofisário. Para saber qual o problema, faz o teste do GnRH, se aumentou FSH e LH, era problema hipotalâmico, se não alterou o FSH e LH, trata-se de um problema hipofisário. É possível que a amenorreia de causa hipotalâmica seja constitucional (quando é uma característica dela, considera-se isso quando as outras causas foram eliminadas), é possível que seja por exercício físico em excesso, pode ser anorexia (por hipercortisolismo), por hiperprolactinemia, e por hipertiroidismo (muito TSH bloqueia hipotálamo. Síndrome de Kallman é um evento raro, em que a mulher não produz GnRH, pois a mulher não tem neurônios produtores de GnRH, esses neurônios embriologicamente ficaram na placa olfatória e as pacientes apresentam anosmia. ANOSMIA + AMENORREIA PRIMÁRIA = SÍNDROME DE KALLMAN Das causas hipofisárias teríamos craniofaringeoma, e sela túrcica vazia; isso faz diagnostico na infância. O tratamento da amenorreia primária na menina sem caracteres sexuais que ainda não menstruou é baseado na causa do problema. Nos casos de meninas que com 16 anos possuem características sexuais (tem estrogênio) e não menstruam deve-se, inicialmente, fazer um exame físico. Se a paciente refere que sente cólica, tem TPM e não sai sangue, pode ser um hímen imperfurado, a paciente faz uma criptomenorreia, fica tudo retido dentro da vagina, e se abrir o hímen, o sangue sai. Se a menina tem hímen pérvio, faz teste da progesterona. Se teste de progesterona positivo, você entende que o problema é anovulação. Se o teste da progesterona é negativo, temos que suspeitar daausência de útero, então faz USG pélvico. Na ausência de útero faz cariótipo, se XY é síndrome de Morris (a paciente não responde a testosterona – insensível aos andrógenos), se XX é Síndrome de Rokitansky (falha na diferenciação embionária e os ductos de Miller não se desenvolvem).
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